A chegada do inferno escrita por Andrew Ferris


Capítulo 17
O segredo por trás da caixa


Notas iniciais do capítulo

Derek está sozinho em sua jornada, mas ainda assim chegou o momento de descobrir algumas coisas!!!



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Jogo um pedaço de cartolina fora antes de me levantar da calçada, mantendo o rosto coberto por meu capuz antes de seguir viagem, aproveitando o fato de estar cedo para passar despercebido. Muitas pessoas saem para trabalhar, enquanto eu nem isso posso fazer, afinal os Templários poderiam vir em meu encalço a qualquer momento. Se eu quisesse me manter seguro precisava estar afastado de tudo, inclusive de meus próprios aliados. Eu sabia o que precisava fazer, mas como iria fazê-lo? Tinha de começar por algum lugar, então fiz o óbvio. Voltei à minha mansão, (ou o que restou dela) e joguei um pouco de terra pela grade, que desperta uma série de lasers pelo mato. Verifiquei os cantos, todas as câmeras continuavam ali, com a adição de quatro ou cinco em cantos estratégicos, não que isso fosse funcionar comigo, fora feito por alguém que esperava uma pessoa normal invadindo propriedade privada de um defunto, não um Assassino treinado que, por mais que não fosse muito habilidoso, tinha uma série de poderes que compensavam seu fracasso em aprender. Atravessando a rua pars tomar impulso, saltei a série de barras, ativando no mesmo momento minha visão aprimorada, passando nos mínimos espaços onde não havia lasers, correndo depressa entre eles para conseguir jogar um dispositivo que cobre cada uma das câmeras antes de saltar para fora do campo-minado, chegando próximo à entrada da mansão. Ao invés de entrar pela porta principal, sabendo o que poderia esperar por mim, vou até uma janela baixa em um canto ao lado de um cano, empurrando a maldita com a perna, que abre depois de algum tempo, permitindo minha entrada em uma oficina repleta de ferramentas e utensílios de madeira e ferro. Focando no meu objetivo ali dentro, fechei a pequena janela e quebrei a fechadura com um martelo, observando do lado de fora que todos os objetos tinham sido retirados do lugar, as paredes e teto haviam sido furados sem dó, expondo encanamento e fiação. Os templários tiveram muito tempo para explorar o lugar, o que significa que estão desesperados para obter respostas. Subo atéo quarto do meu pai, onde as coisas estavam bem piores do que no restante da casa. O guarda-roupas embutido tinha sido arrancado da parede e completamente destruído, assim como a parede atrás dele. O cofre fora arrombado, mas o dinheiro continuava ali, mostrando que o interesse do invasor claramente não era roubar. Fui ao meu quarto e as coisas estavam parecidas como diferencial que havia sangue no tapete. Passei a mão para ter certeza de que não era recente antes de voltar ao quarto do meu pai, apanhando o dinheiro e empurrando a parte que consegui para seu sentido correto, ativando o mecanismo de uma gaveta, que abre sem demora revelando uma caixa de aço com o símbolo que me aflige desde os sete anos, quando vi pela primeira vez meu pai mexer naquela caixa. Não demora muito para começar a chover, e como a maioria dos quartos tinham furos no teto, tive que me abrigar na biblioteca do primeiro andar, levando para lá um colchão que encontrei em um armário de reserva e uma manta grossa. Me sentei e começei a rasgar os livros, gerando uma montanha de papel que posteriormente queimo para fazer uma fogueira. A noite chega e devoro uma lata de apresuntado como se tivesse ficado uma semana sem comer, mas logo isso se tornaria verdade, já que havia juntado provisões para menos de um mês, fora o fato de eu ter de racionar tudo duas vezes mais do que o normal, já que ainda teria de achar a tal base Templária. De repente escuto uma pedra sendo arrastada de leve em um corredor. Poderia ser impressão por estar tanto tempo sozinho, mas esse mesmo tempo que estive sozinho meus sentidos ampliaram sua extensão, ainda mais a audição. Corri sem fazer ruído algum por entre buracos de paredes, subindo um cano exposto que dá acesso ao corredor mais próximo à biblioteca, onde analisei as armadilhas suspensas. Todas permaneciam intactas. Fios transparentes e finos cujo menor sinal de aproximação ativariam cinco quilos de mina que encontrei no salão de armas do meu pai. Voltei ao quarto e reparei que minha mochila estava aberta. Verifiquei se tudo continuava ali, seria uma dupla impressão errada? Decido contar as latas de comida. Onze. Eu contei doze hoje cedo. Quando me levanto há uma pistola mirando minha cabeça e um riso abafado no ar mostrando uma lata aberta de ervilha.
— Não comi tudo. Fica tranquilo. De qualquer modo, trouxe mais comida pro caso de ficarmos mais tempo fora - Jade abaixa a pistola e me encara sorridente, sem deixar dúvidas do quão forte ela é.
— Não imaginei que fosse vir - Confessei com vergonha de mim mesmo.
— Sou sua amiga, uma das poucas que acredita em você, talvez a única que saiba seu potencial. Dustin e os outros podem discordar, mas não vejo ninguém melhor para nos liderar além de você. Tem o dom vindo dos deuses, tem o que os Templários não vão conseguir, você é o que precisamos.
— Você largou a Irmandade?
— Nós não estamos indo na direção certa para deter os Templários. Deveríamos escutar você, já que foi o único Assassino que recuperamos depois de ter entrado em contato com o Animus.
— Obrigado - Declarei impressionado com o nível de confiança que Jade tinha por mim. Apesar de toda a dor, ela abria mão daquilo para acreditar que eu poderia mudar tudo.
— Eles abandonaram a base assim que perceberam que os Templários vinham atrás. Aproveitei a chance para fugir e ir te procurar. Parece que Alex contou a Stonenberg e seus comparsas onde fica o quartel-general - Revela angustiada.
— Sinto muito - Me aproximo de Jade e a abraço com força, me solidarizando o máximo possível. Quando percebemos, nossos rostos estão mais próximos do que deveriam estar em um momento como esse, o que faz com que eu me afaste na mesma hora. Não precisava dar mais motivos para ela se sentir culpada, embora duvido muito que alguém como Alex teria resistido à tortura por um segredo tão irrelevante para ele - Deita um pouco. Deve estar cansada de tanto andar.
— Na verdade foi fácil concluir que estaria aqui. É um lugar que não parece inteligente se esconder por conta dos Templários estarem de olho - Els come mais um pouco de enlatado antes de continuar - Armadilhas interessantes. Teriam funcionado caso não tivesse um espelho refletindo a fogueira aqui, o que tornou parte das linhas visíveis. Eu encontrei a ponta da corda e a cortei, amarrando a ponta solta em uma rocha mal escavada e pondo um peso na ponta onde a mina se encontra.
— Aproveita que está aqui e aprimora minhas habilidades.
— Pode deixar - Ela põe a lata no chão para me fitar com uma expressão séria - Você encontrou a caixa que pertencia a seu pai?
— Encontrei sim, por que?
— Já tentou abri-la? - Perguntou intrigada.
— Só abre com a digital do meu pai. Acredite, tento abrir essa coisa desde pequeno.
— Já tentou fazer isso ativando seu poder? - Abro minha mochila, pegando a caixa com a esperança renovada. Coloquei meu polegar sobre o leitor e ativei o poder, que subitamente faz a caixa emitir um estranho brilho esverdeado. Meu corpo não se move, assim como Jade, no entanto outra coisa ganhava forma e possibilidade de movimento. Incrédulo, observo minha alma se deslocar do meu corpo enquanto consigo por meu dedo dentro de um mecanismo que surgiu do leitor, permitindo que eu movesse uma série de engrenagens em padrões complexamente distintos até finalmente destravar a tampa. Admirado com a extensão do que eu podia fazer, desativo meu poder em um novo momento de concentração, o que faz tanto meu corpo quanto os objetos ao redor e Jade voltar a ter vida.
— Incrível - Observei sem fôlego minha parceira e tudo o resto que havia, bem como a caixa do meu pai, que não emitia mais o brilho esverdeado.
— Funcionou? - Pergunta Jade se aproximando receosa.
— Melhor do que eu esperava - Coloquei uma mão sobre a tampa e, sem hesitar, abri a mesma para ver o conteúdo em seu interior, aquilo que fora escondido com tanto zelo por tanto tempo - Uma esmeralda? - Jade se aproxima perplexa para ver a caixa com os próprios olhos - Mais clara talvez, mas ainda assim uma esmeralda.
— Parece um olho, talvez o pedaço de um olho - Observou com cautela tirando a pedra verde da caixa.
— Isso me lembra algo. Meu ancestral, Wilkar, estava atrás de uma arma que segundo seus mestres podia ser a salvação ou a destruição do mundo. Se chamava Arco de Armon - Jade se senta em silêncio, me observando com profunda atenção.
— É isso que os Templários buscam, isso e mais uma coisa, algo que eles tentam reproduzir há muito tempo mas nunca conseguiram verdadeiramente. O olho de Hórus.
— Olho de Hórus?
— Sim, um deus egípcio assim como Armon. Eles precisam das duas ferramentas juntas para trazer o inferno. Você tem uma delas, agora falta a outra.
— Nós não queremos conjurar o inferno, queremos trazer a salvação. Precisamos descobrir um meio de destruir essa coisa.
— Seus ancestrais podiam ter deixado umas dicas - Admitiu Jade revoltada com nossa situação.
— Eles não precisavam ter deixado, eu só tenho que voltar até mais uma vez - Me lembrei do que Stonenberg tinha me dito - Jade, você acha que poderia encontrar uma base da Abstergo que tenha sido abandonada?
— Sem dificuldades, mas porque?
— Preciso entrar na pele de Wilkar Azhiph mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Jade e Derek terão de partir rumo a novas descobertas. Sozinhos terão de enfrentar os Templários, como lidarão com essa vivência a dois?



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