Letras e Vinhos escrita por PriscilaRoza


Capítulo 9
Necessidade




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Eu estava na cama, rolando de um lado para o outro, quando ouvi um barulho. Eu levantei e coloquei a calça do meu terno o mais rápido possível e desci as escadas procurando de onde vinha o som. Qualquer pessoa acordada aquela hora já estaria passando do horário de recolher, e iria se ver comigo. O som vinha de dentro de um das arenas. A menor e mais afastada. Eu me aproximei e pude distinguir o tipo de música, era instrumental e bem forte, como se estivesse sendo tocada com raiva. Eu entrei na arena e me escondi. O que eu vi me chocou o bastante para eu não saber o que fazer. Uma pessoa estava caída no meio da arena. Eu não sabia se era sonâmbula, ou simplesmente maluca. Quando decidi me aproximar para acordar a pessoa, e então ela levantou o rosto e é claro, era a filha de Apolo. Eu aguardei seus movimentos e ela foi se levantando devagar com os olhos fechados, como se sentisse a música andando por seu corpo. Ela começou a se movimentar e eu reparei em suas roupas. Roupas de dança, sapatilhas de balé. Ela estava dançando e ficava na ponta do pé enquanto seus braços se movimentavam devagar. Era bonito e triste, principalmente com aquela música. Ela rodou e eu ouvi seu choro. Depois de um tempo a música simplesmente parou e ela continuou dançando e eu não sabia o que fazer, eu não movia um músculo, mas quando ela caiu no chão e ficou eu fui até ela.
–O que você está fazendo aqui?-ela perguntou confusa e assustada.
–Eu te pergunto a mesma coisa. Você está passando do horário de recolher. Vai virar comida de fúria desse jeito.
–Você estava me seguindo?
–O que eu ganharia seguindo você? Eu simplesmente ouvi um barulho e vim ver o que tinha acontecido.
–Desse jeito?-ela disse olhando para minha barriga.
–Não tive tempo de me vestir direito... A dança, era bem bonita.
–Eu iria dançar numa apresentação em Nova York, e agora não vou mais, então, pensei em dançar para esquecer.
–Se você quiser eu posso ver com Argo para te levar no dia da apresentação.
–Não posso mais ir. Mas mesmo assim, obrigada.
–Agora vamos, você precisa ir para seu chalé, e eu preciso dormir. Sem mais música.-disse pegando em sua mão e a ajudando a levantar. Eu olhava para seu rosto e não via traço algum de meu meio irmão. Ela tinha uma beleza diferente, não era óbvia, mas estava lá. Sem perceber eu juntei nossos lábios e quando percebi, nos separei, ela estava chocada e eu fiquei sem graça. Ela me olhou nos olhos e o que antes era choque tinha se transformado em outra coisa, ela me puxou pelo pescoço e eu encontrei um caminho livre pela sua boca. Ela tinha gosto de hortelã na boca e ela passava as mãos pelo meu abdômen me arrepiando. Já tinha se passado um tempo desde que eu não ficara com alguém. Não é como se eu tivesse muito contato com mulheres da minha idade. Interrompi o beijo e Sofia estava sem ar, ela riu e cambaleou, quase caindo outra vez. Depois de três dias em um lugar estranho, conhecer o pai e beijar um deus, talvez ela estivesse muito cansada mesmo. Peguei ela nos braços e ela dormiu, quando cheguei ao chalé, demorei para achar a cama dela e a deitei. Saí de lá pensando no que eu tinha feito, não sabia se ficava feliz pelo beijo correspondido ou se me odiava por beijar uma menina de apenas 19 anos. Que necessidade de uma bebida agora, e não precisava nem ser vinho dessa vez.


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