Letras e Vinhos escrita por PriscilaRoza


Capítulo 8
Decepção




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/715740/chapter/8

–Precisamos conversar. Isso é estranho...você é tão novo.
–Todos os deuses são...mas eu nem me atrevo a abrir minha boca e te falar minha idade.
Apolo me levou até o chalé que ainda estava vazio, já que todos os campistas estavam no refeitório.
–Então, antes das suas perguntas, eu vou tentar me explicar. Eu conheci sua mãe quando ela viajou para a Índia num intercâmbio. Eu estava numa fase de meditação muito forte naquela época. Nós nos conhecemos e ficamos juntos um bom tempo. Quando você nasceu, eu quis muito ficar com vocês duas e até consegui, durante uns meses. Zeus descobriu e eu precisei partir. Sua mãe nunca me perdoou, quando eu aparecia, ela não me deixava vê-la, então tive que te proteger de longe. Eu via que desde pequena você adorava coisas de bailarina. Comprei sapatilhas para você, só que elas não eram, como eu posso dizer, normais.
–Mas minhas sapatilhas são normais. Sempre foram.
–Bom, Afrodite me ajudou um pouco nesse sentido. A sapatilha se ajustava ao seu pé e era encantada para excluir seu cheiro para os monstros. Foi a única coisa que eu consegui pensar para te proteger de longe. Pedi apenas à sua mãe que te levasse à uma aula de balé e foi apenas o que precisou. Você adorou e nunca mais parou. Deu tudo certo. Eu não sabia que sua mãe tinha te colocado para fora de casa, mas ainda bem que aqueles campistas te acharam. Eu quero que você me conheça como seu pai e não como o cara que deixou um bebê para sua mãe cuidar sozinha. O que me diz?
–Tudo bem. Pai.
–E suas perguntas.
–Bom, eu queria saber quanto tempo eu vou precisar ficar aqui. Porque eu fiz um teste para um espetáculo em Nova York.
–Eu sei. Eu vi você se apresentando. Você arrasou, o homem deu o resultado hoje e você foi aceita, mas eu sinto muito em te dizer que você vai precisar ficar aqui. Eu sinto muito mesmo, mas agora que você sabe que é uma meio sangue, nem as sapatilhas vão te proteger mais.
A cada palavra dele eu ficava mais triste. Eu não tinha pedido por aquilo. Minha mãe tinha me colocado para fora de casa por conta dos testes e agora que eu tinha conseguido, não podia participar. Não era culpa dele, mas isso não ajudava muito. Ele disse depois de um tempo que precisava ir e me entregou um presente. Disse que era para eu abrir quando ele fosse embora e beijou a minha testa, desaparecendo logo depois. Eu abri e vi que era um arco. Ele era prata e era cravados de louros. A aljava era preta e as flechas eram das duas cores. Tinha ficado feliz pelo presente, mas ainda estava triste pelo espetáculo de balé. Depois de um tempo as crianças chegaram e sentaram ao meu lado.
–Arco bonito. Papai deu pra você?
–Sim, ele veio aqui rapidinho. Mandou um beijo para vocês dois.
–Agora podemos treinar com nossos arcos também...au!-Wes disse depois de receber um soco de Ruby.
–Vocês tem um arco, e porque esconderam?-perguntei confusa.
–Não queria que você sentisse que era a única a não ter um arco só seu. Desculpa.
–Sem desculpas, vocês ainda precisam treinar comigo. Agora, já pra cama, dormir!
Eles riram e foram dormir me deixando sozinha com meus pensamentos. Depois de um tempo me vesti e saí do chalé. Eu só precisava relaxar e esquecer a apresentação, e tinha uma idéia de como.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Letras e Vinhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.