Letras e Vinhos escrita por PriscilaRoza


Capítulo 7
Encontro


Notas iniciais do capítulo

Apolo apareceu, segurem se.



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Aquela menina me intrigava. Não sabia o porquê de Apolo não tê-la reclamado antes. Ela era a única campista que tinha sido descoberta depois dos dezoito anos. Todos os deuses sabiam o quão perigoso poderia ser para um semideus caminhar solto por aí, sendo perseguido por todos os tipos de monstros sem saber o porquê. A não ser que ela não fosse perseguida, e aí a pergunta, porque ela não seria perseguida? Precisava dar um puxão de orelha em Apolo, desde o fiasco com Hércules, as crianças deveriam ser reclamadas antes dos treze anos. Ele estava sendo irresponsável esse tempo todo sem passar pelo radar de Zeus e eu, apenas por pisar na bola uma vez, recebo esse tratamento de choque do deus dos raios. Eu divagava olhando para Sofia, a mais velha nova filha de Apolo. Ela não se parecia com ele. Os cabelos eram escuros e os olhos verdes, ela era totalmente branca, sem nenhuma sombra de qualquer tipo de bronzeamento. Ela me olhou e sorriu e eu me distraí.
—Dioniso? Alô? Alguém aí?
—Ahn, o que foi? O que disse?
—Tinha perguntado como você estava, eu soube da separação.
—Não estou soltando fogos de artifício, Quiron, se é isso que quer saber.
—Se quiser minha opinião, eu acho que já não era sem tempo sabe, você não precisava sofrer mais adiando isso.
—Por isso nunca se casou Quiron?
—O que?
—Nada, eu já volto...preciso de ar.
Levantei da mesa e saí do refeitório, estava do lado de fora olhando para os bosques quando ouvi um barulho.
—Sabe que não precisa se infiltrar no acampamento, não é? Infelizmente, você é bem vindo aqui. Não que seja eu que tome essas decisões.-disse me virando com as mãos no bolso de meu terno risca de giz.
—Tão arisco, Dioniso. Não sabia que Ariadne te deixaria assim tão magoado. Ou talvez seja uma falta desesperada do seu querido amante, o vinho.-Apolo saiu da sombra se mostrando com seu sorriso zombeteiro de dentes perfeitos e seus cabelos loiros. Seus olhos azuis traziam um divertimento monstruoso por me ver sofrendo.
—Não fale assim comigo. O que faz aqui?-disse com a mandíbula trincada pronto para atacá-lo por suas ironias cansativas.
—Vim dar um alô à minha filha. Ver como ela está e tudo mais.
—Deveria receber o prêmio de pai do ano, a meu ver. Estava me perguntando há pouco por que motivo ela não tinha sido reclamada antes, você sabe que foi imprudente. Poderia tentar zelar mais pela vida de seus próprios filhos, não acha? Ou isso também é tarefa minha?
—Não diga como eu devo ou não proceder com meus filhos, Dioniso. Não a mantive longe esse tempo todo por minha escolha. A mãe dela não me deixava vê-la, muito menos protegê-la. Não me venha com sermões, você não tem filhos, não sabe como é a sensação de não poder vê-los quando quer.
Fiquei em silêncio e então ouvi outro barulho nas árvores perto de nós.
—Quem é? Saia daí e pare de se esconder.
Sofia saiu das árvores e tinha lágrimas nos olhos. Ela olhava para o pai pela primeira vez pelo que parecia, então chamei-a e ela se aproximou.
—Papai? -ela sussurrou relutante. Apolo terminou com a distância entre os dois e a abraçou segurando seus cabelos.
—Minha filha. Minha Sofia. Tão linda...você ouviu o que nós estávamos conversando?
Ela concordou com a cabeça e eu saí os deixando a sós. Voltei para a casa grande e fui tomar um banho antes de me deitar. Eles dois iriam conversar e Apolo contaria tudo a ela, o acordo de Zeus era simples, mas muito destrutivo, como tudo relacionado à ele. Os deuses não podiam ter contato recorrente com os filhos. Isso ajudava-os na proteção e nos ajudava a não parar nossas vidas para cuidar deles, mas nunca nos ajudou no quesito ter que se explicar sempre para seu filho porque você não era presente, mesmo que quisesse. Claro que nada disso já aconteceu comigo. Nunca tive filhos, Ariadne não os queria e eu nunca senti essa necessidade também. E mesmo assim meu castigo ainda era cuidar dos filhos de todos do Olimpo. Zeus era muitas coisas, mas nunca pensei que poderia ser irônico.


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Notas finais do capítulo

Ah deuses, que encontro emocionante. Só faltou o Gugu.



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