Entre Dois Mundos escrita por Benihime
Adaline
O toque irritante do meu celular me acordou. Me virei para ver as horas no relógio digital na parede antes de atender. Eram duas e meia da manhã.
— Quem é? — Atendi.
Minha voz estava rouca de sono. Do outro lado da linha ouvi apenas uma risada aguda, infantil, antes de a ligação ser encerrada. Resmungando, virei as costas para o meu celular e tentei voltar a dormir. Ele tocou de novo menos de cinco minutos depois.
— Seu retardado. — Atendi. — Assim que eu descobrir quem você é, pode apostar que vou fazer você pagar caro.
A mesma risada infantil soou mais uma vez antes de a ligação ser encerrada. Conferi o número dessa vez, mas estava bloqueado. A mesma coisa se repetiu mais duas vezes antes de eu finalmente me dar conta de que só uma pessoa no mundo teria a ideia de uma pegadinha estapafúrdia daquelas.
— Zoey, sua vadia! — Rosnei ao atender novamente. — Já chega dessa merda! Não tem mais graça!
Dessa vez, a risada que soou foi inconfundivelmente a de minha melhor amiga, embora abafada. Ela provavelmente estava rindo com a cara enfiada no travesseiro, cuidando para não fazer barulho e não acordar sua família.
— Até que enfim, sua lerda. — Ela disse. — Já estava mesmo começando a perder a graça.
— Cala essa boca, desgraça. — Grunhi em resposta. — Isso não foi nada legal, sabia?
— Desculpa, eu não resisti. — Zoey ainda estava dando risadinhas, obviamente se divertindo. — Tava mesmo dormindo?
— Óbvio. — Rebati. — E você é uma chata.
— Também te amo, loira.
— Vai se ferrar. — Respondi. — Mas, já que estamos acordadas, tem uma coisa que quero falar com você.
— Pera. — Zoey disse. — Vou desligar e te chamar por vídeo.
Poucos segundos depois, meu celular mostrava a imagem de Zoey esparramada em sua cama, iluminada pela luz azul de sua lâmpada noturna, ainda rindo de mim.
— Tá com cara de zumbi. — Ela declarou de imediato. — Um zumbi morto e feio.
— Claro, retardada, são quase três da manhã.
— Volta a dormir então, loira do banheiro.
— Não dá. Agora perdi o sono.
Coloquei meu celular em cima do travesseiro, apoiado na cabeceira da cama, e me deitei de bruços. Ficamos conversando sobre coisas idiotas, como se haveria ou não um apocalipse zumbi no futuro. Agradeci aos céus por ser uma noite de sexta-feira, o que significava que eu poderia dormir o dia seguinte inteiro se quisesse.
Depois de cerca de uma hora de conversa, eu estava afundada nos travesseiros, mal conseguindo manter os olhos abertos.
— Ada, vá dormir. — Zoey ordenou. — Você está quase desmaiando de sono.
— Tô nada. — Teimei como uma criancinha. — Não tô com sono.
— Bom ... — Minha amiga deu uma risadinha. — Eu não acredito em você.
Para minha surpresa, ela começou a cantarolar. Primeiro baixinho, depois um pouco mais alto. Sua voz era bonita, surpreendentemente doce, e não consegui evitar que meus olhos se fechassem. Caí no sono com Zoey ainda cantarolando aquela canção de ninar.
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