Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 7
Apenas melhores amigas




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Zoey

Meu celular tocou. A música era aquela que eu tinha configurado para uma certa loira, o que me fez atender com um sorriso no rosto.

— Oi, loira do banheiro.

— Anti Cristo. — Ela respondeu. — Por favor, por favor, por favor, me diz que não tá fazendo nada agora.

— Não tô mesmo. — Eu ri. — Por que?

— Tô aqui no rodeio. — Ela suspirou teatralmente. — E isso está um saco total. Preciso de companhia.

Tentei não rir de seu tom infantil, mas não consegui.

— Meus avós estão indo aí mais tarde. — Eu disse. — Uma meia hora, mais ou menos. Vou pedir pra ir junto.

— Beleza. Te espero então.

Me arrumei rapidinho e fiquei lendo enquanto esperava meus avós. Cerca de uma hora depois, estávamos lá. Não vi Adaline em lugar nenhum mas, de repente, um ser vindo do nada quase me derrubou ao me abraçar.

— Oi, Nescauzinho.

Necessário explicar que ela começou a me chamar assim por causa do meu cabelo, que deixei ficar na cor castanho-chocolate natural depois de me cansar de pintá-lo.

— Oi, margarina. — Respondi. — Credo, parece um gato de filme de terror, aparecendo assim do nada! E quase me deixou surda, sua vaca!

— Anda logo, vamos dar uma olhada por aí.

Ela pegou minha mão e praticamente me puxou. Caminhamos juntas, botando o papo em dia, depois nos sentamos perto da enorme figueira, onde coloquei um de meus fones de ouvido e ofereci o outro a Adaline.

Ficamos um bom tempo ouvindo música, até que senti alguém me cutucar. Virei e dei de cara com o meu pai. Minha madrasta estava com ele, assim como Isadora, minha irmãzinha de seis meses.

Dei um beijo no meu pai, sorri para a Talita e peguei Isa no colo. Sim, sempre fui uma irmã babona.

— Ela é fofa. — Adaline comentou. — Meio parecida com você, Zo.

— Nem um pouco. — Eu ri. — Ela é a cara da Tali.

— Mas os olhos são iguais aos seus.

Fiquei toda boba com seu comentário, cheguei mesmo a corar, o que não era um feitos dos mais fáceis de se conseguir. Meu pai foi embora logo depois  resolvemos comprar sorvete. O meu foi de morango com kiwi, e Ada escolheu de chocolate com creme.

— Morango com kiwi. — A loira provocou. — Isso não pode ser bom.

— Na verdade é. — Rebati. — Você devia provar.

Estendi o sorvete, meio de brincadeira, e fiquei surpresa quando ela realmente se inclinou para prová-lo. Um pouco do doce manchou sua bochecha, e ri alto com sua falta de jeito. Como sempre, fui a única a se lembrar de pegar guardanapos, e ofereci um a ela.

— Sem espelhos. — Ada disse simplesmente. — Me dá uma mão, Zo.

Revirei os olhos, mas limpei o sorvete em seu rosto, o que lhe deu tempo suficiente para usar a ponta do dedo indicador no doce e passá-lo bem na ponta do meu nariz.

— Sua criançona. — Eu ri, usando outro guardanapo para limpar a sujeira. — Você é uma chata, sabia?

Apesar de minha repreensão, nós duas rimos. Ficamos horas conversando, caminhando, rindo, nos provocando, até a noite chegar. Nesse horário é que as coisas começavam a ficar interessantes, com a chegada do público mais velho.

Observando os caras tatuados e as garotas quase seminuas que desfilavam pela noite, fomos ao parque de diversões praticar tiro ao alvo. Não foi surpresa nenhuma descobrir que minha amiga não sabia atirar.

— Não é tão difícil. — Instruí, segurando a arma de brinquedo para mostrar como se fazia. — É só fazer assim.

Ela me observou por um momento, depois moveu as mãos numa tentativa desajeitada de imitar minha posição.

— Assim? — Inquiriu.

— Não, Ada. — Eu ri e assumi posição atrás dela, cobrindo suas mãos com as minhas para ajudá-la a se corrigir. — Segure dessjeito. Não importa que arma tenha em mãos, todas elas escoiceiam, então arranje um ponto de apoio.

Eu a soltei e voltei à minha posição, pegando novamente minha arma de brinquedo. Atiramos ao mesmo tempo, mas Ada errou por quase um metro.

— Argh! — Ela exclamou. — Eu sou horrível nisso!

— Use os dois olhos. — Aconselhei. — Não adianta fechar. Vamos, mais quatro tentativas.

No final, Ada conseguiu acertar quatro tiros em sequência, o que lhe deu direito a um prêmio. Não um dos bons, mas mesmo assim ela escolheu o melhor possível: uma moldura de porta retrato dourada.

Eu acertei todos os doze tiros, então ganhei o prêmio máximo, que era um unicórnio de pelúcia tamanho gigante. O corpo do brinquedo era branco, com tanto a crina quanto a cauda sendo de todas as cores do arco-íris. É claro que o dei de presente para Adaline.

Depois disso decidimos ir no Túnel do Terror, experiência aproveitada por nós duas, cada qual tentando matar a outra de susto. Aproveitamos a montanha russa e um brinquedo chamado Twister, depois disso encerramos a noite.

— Olha, Zo! — Ada exclamou, segurando meu braço e apontando na direção de um pavilhão isolado. — Cinema 6D e barraca de fotos. A gente precisa ir!

Então fomos. Ada me deixou escolher o filme, e minha escolha foi um que lembrava O Massacre da Serra Elétrica. Foi engraçado, porque minha amiga quase morreu de medo, se agarrando em mim enquanto assistíamos. Passamos na cabine de fotos depois e fizemos uma competição para ver quem fazia a pior careta.

— Tô morrendo de fome. — Comentei. — Será que o pessoal já foi jantar?

— Só tem um jeito de saber.

Demos sorte no timing, pois o grupo estava indo jantar naquele momento. Ada e eu dividimos uma porção gigante de batatas fritas, depois fomos para a barraca do nosso grupo, onde nos deitamos para ouvir música. 

— Já cansou, loirinha? — Provoquei, ao ver minha amiga de olhos fechados. 

— Dia longo ... — Ela respondeu, sua frase sendo cortada por um violento bocejo.

 — Pode tirar um cochilo, eu te acordo na hora de ir embora.

Ela se aninhou no colchão de ar e adormeceu em questão de segundos. Continuei ali, saboreando o momento. Não haviam sentimentos confusos daquela vez. Nada de tensão. Éramos apenas duas melhores amigas, como devíamos ser.


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