Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 5
Jantar, risos, estrelas ...




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Zoey

Digitei mais um pouco, sem saber como terminar a história, até que o toque do meu celular me distraiu. Aceitei a chamada e coloquei no viva voz para poder continuar escrevendo enquanto falava.

— Sua vaca! — Adaline exclamou, me dando um baita susto.

— Ah, seu demônio! — Resmunguei enquanto minha melhor amiga gargalhava do outro lado da linha.

— Te assustei, é?

— Nem pensar. — Respondi. — Eu tava olhando filme de terror.

A loira riu mais ainda. Não resisti e acabei rindo junto, o que era praticamente uma admissão de que ela tinha mesmo me assustado.

— Mentirosa. — Ela acusou, ainda rindo. — Mas esquece isso. Adivinha só quem finalmente se mudou?

— Nem pensar! — Exclamei. — É sério?! Finalmente se mudaram?

— É isso aí. — Ada assentiu. — Mas não conheço nada por aqui. Acho que vou precisar de uma guia.

— Engraçadinha. — Bufei. — Como se essa cidade não fosse pequena o bastante.

— Ah, vai, tem que ter alguma coisa interessante. — Minha amiga insistiu. — Não pode ser tão ruim assim.

— Fala isso porque não viveu aqui a vida inteira.

— Ok, ok, você venceu. — Adaline declarou, rindo. — Mudando de assunto ... Vai na janta dos Renegados dia 20?

— Não, não vou. É uma janta de casais, e o idiota do meu par me deu um cano.

— Também não tenho par, mas já sei o que podemos fazer. — A loira anunciou. — Vamos juntas. Pelo menos a gente se diverte.

— Por mim tudo bem. — Rebati. — Só quero que me prometa que não vai se apaixonar.

Adaline soltou uma sonora gargalhada em resposta à minha provocação. Pouco depois encerramos a ligação, nós duas desligando ao mesmo tempo.

Uma semana depois, ao chegar na janta, não vi aquela loira maldita em lugar nenhum.

Será que ela vem mesmo? Perguntei à minha avó, enquanto fazia um esforço para equilibrar as duas caixas de docinhos em meu braço livre, o que não estava ajudando em meu esforço para não deixar minha bolsa escorregar.

— Ela vem sim. — Minha avó garantiu. — Deixe de fazer drama.

Entramos na casa, que na verdade era só uma construção grande com um único cômodo enorme e um banheiro. No centro havia uma enorme mesa rústica de madeira ao estilo campestre. Mais à esquerda, perto de uma das janelas, dois sofás ficavam de frente um para o outro. 

Eu me dirigi até a mesa, satisfeita em largar as duas caixas que me ocupavam as mãos. Enquanto fazia isso, senti mãos brincando com as mechas de meu cabelo. 

— Se você bagunçar meu cabelo, eu juro que te mato. — Avisei sem me virar.

— Daí eu volto como fantasma para te assombrar. — Uma voz familiar respondeu. — Se deu mal, vaca.

Me virei para sorrir para Adaline e nos abraçamos com força, matando as saudades. Ficávamos muito tempo sem nos ver por causa de nossas rotinas diferentes.

A loira me arrastou para sentar na calçada em frente à casa, perto de alguns arbustos de azaleia, longe de todo mundo. Tirei da bolsa o chaveiro que fizera para lhe dar de presente, feito com cordas trançadas na forma de uma borboleta.

— Obrigada, Zo, é lindo. — Ela me estendeu um embrulho médio, de formato retangular que obviamente era um livro. — Feliz Natal, Zoey.

— Feliz Natal, Adaline.

Abri o embrulho e, como esperava, encontrei um livro. Era sobre lendas japonesas, algo pelo qual eu tinha um enorme interesse.

— É perfeito. — Declarei. — Obrigada!

Ficamos ali conversando até a hora da janta, quando uma ajudou a outra a se servir antes de encontrarmos lugar para sentar em duas cadeiras de madeira no pátio, onde teríamos mais privacidade. Só entramos de novo na hora da sobremesa.

O pessoal caprichara. Havia uvas, sorvete, torta de limão, marshmallows, chocolates, sorvete, pudim ... Um banquete e tanto. Depois de provar um pouco de tudo, pegamos cada qual um cacho de uva e voltamos para nossas cadeiras no pátio.

— Ei, sua vaca! Pensa rápido!

O grito de Adaline me fez pular de susto. A loira jogou uma uva em minha direção. Mesmo pega de surpresa, consegui me inclinar e pegar a fruta com a boca no momento certo, o que fez minha amiga aplaudir.

 — Tudo bem, bobona. — Declarei. — Sua vez.

Atirei a uva e Ada a deixou cair, o que me fez rir de sua falta de jeito. Entramos depois de alguns minutos, comemos mais doces e depois acabamos nos deitando na grama para olhar as estrelas. Mostrei as constelações que conhecia, às vezes desenhando-as com os dedos para que minha amiga as notasse.

 Olha só aquela estrela. — A loira apontou. — A mais brilhante, perto da Lua. Dizem que, se fizer um pedido a ela, ele se realiza. 

— Bobagem, Ada. — Bufei. — Isso é só folclore. Pura superstição.

— Toda lenda tem um fundo de verdade. — Minha amiga declarou. — Você ama História, devia saber disso.

— Ok, então vamos testar. — Falei. — Feche os olhos e faça um pedido. 

Nós duas nos demos as mãos e fechamos os olhos, como duas garotinhas. Eu não pedi nada, pois jamais acreditei nessa coisa de desejos. Se a forma como apertava minha mão fosse alguma indicação, porém, Adaline desejou com todo o fervor. Quando terminamos, abrimos os olhos, mas continuamos de mãos dadas.

Dois caras, pelo jeito da nossa idade, passaram por ali, ambos olhando para nós. Um deles até diminuiu o passo para sorrir para mim. 

— Oi, gatinha. 

Não me incomodei em retribuir seu sorriso nem o cumprimento. Estava mais do que farta de aturar garotos idiotas e imaturos.

 — Uau, Ada, que amiga durona você arranjou. — O outro garoto disse, rindo.

Adaline se sentou, encarando o garoto com um olhar que soltava faíscas.

— Cai fora, Mateus. — Ela rosnou.

— Ah, qual é, priminha. — O garoto não pareceu nem um pouco magoado nem ofendido. — Seja legal, ok?

— Ele é seu primo? — Zombei. — Nossa, Ada, agora fiquei com pena de você.

— Vão embora, manés. — Minha amiga ordenou, com um sorriso vitorioso no rosto. — Essa não é pra vocês.

Assim que terminou de falar, Adaline me ajudou a levantar, me pegou pela mão e me levou para dentro da casa. Suas bochechas estavam coradas, vermelhas como pimentões.

 Raiva?, me perguntei. Ou poderia ser ... Outra coisa?


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