Entre Dois Mundos escrita por Benihime
Zoey
Fiz uma pausa no meu treino e suspirei de frustração. Meus avós tinham saído para uma reunião com os amigos, minha mãe estava trabalhando, o que me dera a desculpa perfeita para ficar em casa e treinar alguns golpes, mas não conseguia acertar o tobi mae geri (chute frontal voador), o que estava me deixando maluca de raiva.
Meu celular tocou. Eu o peguei no parapeito da janela, sentando de pernas cruzadas no chão enquanto atendia a ligação.
— Oi, vó. Como está a reunião?
— Bacana. — Ela respondeu. — A Adaline está aqui, quer falar contigo.
— Ok, passa pra ela. — Eu disse. — Beijo, vó, até mais.
— Sua vaca de Nescau desgraçada! — Adaline disse assim que pegou o telefone. — Eu pensei que você ia estar aqui!
Tive que rir de sua irritação. Ela parecia querer arrancar minha cabeça, e imaginá-la brava me fez pensar em um filhote de gato.
— Eu disse que só ia se você fosse. — Expliquei. — Como ninguém tinha certeza, fiquei em casa.
— Podia ter me ligado. — Ela bufou. — Sua vaca.
— Desculpa, Ada, eu não tive tempo. É semana de avaliações, ando ocupada com a escola.
— Ah, bom, nesse caso está perdoada. — A loira declarou. — Mas você ainda vai aparecer, né?
— Vamos ver. — Respondi. — Passa pro meu avô.
Ela obedeceu e rapidinho convenci meu avô a me buscar. Como estava suada do treino, corri para tomar um banho e me arrumar a tempo. Felizmente consegui ficar pronta em vinte minutos, vestindo uma camiseta do Green Day, short jeans e meus All Star.
Chegando na reunião, cumprimentei os amigos dos meus avós e enfim encontrei Adaline na sala, jogada na frente da televisão. Ela nem me ouviu entrar, e pulou de susto quando dei um tapinha em seu ombro.
Assim que percebeu de quem se tratava, a loira deu um gritinho de alegria e se pôs de pé, atirando os braços ao redor do meu pescoço num abraço tão apertado que quase me sufocou. Por um instante tive a impressão de que ela nunca mais ia me soltar e, por mais estranho que fosse, gostei disso.
Ficamos ali conversando até o churrasco ficar pronto, depois comemos e voltamos para a frente da TV. Era o dia do Rock N Rio, e nenhuma de nós duas queria perder aquilo.
— Posso jogar no teu celular? — Ada perguntou depois de alguns minutos.
— Joga no teu, loira.
— Tá quase sem bateria. Por favor, Zoey!
Ela fez biquinho e me olhou com aqueles olhos pidões. Não consegui resistir e deixei ela jogar no meu telefone. Por um minuto ou mais Adaline ficou calada, mas depois voltou a me importunar.
— Ai, que droga! — Ela exclamou. — Não consigo passar dessa fase!
— Isso é só prática. — Falei, espiando para ver que ela escolhera um jogo de corrida. — Tem que pegar mais velocidade antes da rampa pra fazer o salto no final.
— Passa essa fase pra mim?
Revirei os olhos, mas peguei o telefone. Ela chegou mais perto, pousando o queixo em meu ombro para me ver jogar. Depois de algum tempo tivemos a "brilhante" ideia de gravarmos vídeos para nós mesmas no futuro.
Ficamos de pé, costas contra costas. Adaline segurava meu celular, focando a câmera em si mesma e falando várias besteiras que me faziam rir até a barriga doer.
— Ei, gente. — Chamei de repente, me voltando para a câmera com um sorriso malvado — Querem ver essa chata levar um tombo?
— Não, Zoey. — A loira protestou. — Não se atreva. Zoey, não ...
Tarde demais. Eu já havia dado um passo para o lado, derrubando Adaline no sofá. Ela agarrou meu pulso e me arrastou consigo, fazendo com que eu caísse por cima dela. Nos embolamos no sofá, gargalhando como loucas.
Rock N Rio começou naquele momento e nos endireitamos mais rápido do que o The Flash. Assistimos juntas aos shows até minha avó me chamar para ir para casa.
— Sua vaca. — Adaline me deu um beijo rápido na bochecha. — A gente se vê.
— Com certeza, demônia.
Já em casa, me esparramei no sofá para terminar de assistir Rock N Rio. Não muito depois, meu celular vibrou, indicando uma nova mensagem no WhatsApp.
OMG!! Florence + The Machine. Surteeeeei!!!
Ri do jeito exagerado daquela que muito rapidamente estava se tornando minha melhor amiga e respondi:
Ah, qual é! Green Day dá d 1000 nela.
Sua resposta não demorou nem dez segundos, e pude imaginar sua cara irritada ao digitar aquilo:
Sabe de nada, rockeira!!
Eu: Vai dormir, sua chata. Para de encher meu saco.
Ada: Mesmo, s não meu pai m mata.
Eu: Tomara q mate. Seria um favor.
Ada: Diz isso, mas ñ vive sem mim.
Eu: Rsrsrsrsrsrs. Boa noite, praga.
Ada: Boa noite, sua chata.
Depois disso eu fui mesmo dormir, porque estava morrendo de sono.
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