Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 23
Sábado




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Adaline

Não consegui esperar e saí de casa antes da hora, decidindo aguardar a chegada de Suzana perto de um canteiro de margaridas, minhas flores preferidas. Me distraí tanto admirando-as que pulei de susto quando senti uma mão em meu ombro.

— Olá, estranha. — Suzana disse, rindo. 

— Olá ... — Eu retribuí seu sorriso. — Mulher misteriosa que gosta de assustar os outros.

Ela riu ainda mais, e sua risada fez meu coração acelerar.

— É bom te ver de novo, garota.

— Igualmente. — Respondi com toda a sinceridade. — E ... Você está linda.

E ela estava mesmo, completamente de tirar o fôlego. Seu cabelo estava preso em um coque frouxo, que combinava com o estilo descontraído de seu vestido de verão azul-claro e as sandálias estilo rasteirinha. 

— Obrigada. — A morena respondeu com uma piscadela marota. — Você também não está nada mal.

O olhar que ela me lançou, avaliando meu corpo de cima a baixo como se me despisse com os olhos, me fez corar como um pimentão. Para evitar me constranger ainda mais, tratei de mudar de assunto.

— Ah ... Podemos dar uma caminhada, que acha? — Sugeri. — As cerejeiras provavelmente estão floridas, podemos ir vê-las.

— Sim, as cerejeiras. — Suzana concordou. — Excelente ideia.

E fomos ver as cerejeiras. Enquanto caminhávamos, não consegui resistir ao impulso de chegar mais perto dela. Suzana percebeu, sorriu para mim e segurou minha mão. Apertei a mão dela em resposta, entrelaçando nossos dedos, surpresa com o quão bem encaixávamos.

Logo chegamos ao nosso destino, um muro de pedras pouco além de uma pequena colina relvada. As cerejeiras em flor coloriam tudo com suas pétalas cor de rosa.

— Esse lugar é mesmo lindo. — Suzana comentou sonhadoramente. — Eu adoro vir aqui.

Zoey

Evie me lançou um olhar travesso e, de trás de um arbusto, retirou uma cesta de piquenique.

— Eu sei. — Ela disse. — E ninguém nunca vem aqui, o que torna esse lugar perfeito para um piquenique.

— Tem razão. — Concordei maliciosamente. — Pena que nenhuma de nós pensou nisso antes.

— É mesmo. — Evie riu, tirando de dentro da cesta uma toalha, que estendeu na grama. — Que pena que não pensamos nisso, né?

Caí na gargalhada e me juntei a ela, ajudando-a a organizar os potes sobre a toalha.

— Evie, você é inacreditável.

— De um jeito bom, espero. — A garota de cabelos cor de rosa respondeu, corando. — Agora venha, vamos aproveitar toda essa comida.

E nós com certeza aproveitamos. Evie levara várias garrafas de água gelada, queijo branco, salgadinhos, bolo de chocolate e biscoitos de gergelim. Não exatamente uma refeição cinco estrelas, mas mesmo assim tudo me pareceu delicioso.

— Ei, olha só. — Evie disse a certa altura, já deixada na toalha de piquenique. — Desse ângulo, as cerejeiras parecem uma pintura. Experimenta.

Deitei ao seu lado, logo vendo que ela tinha razão. Daquele ângulo não era possível ver nada dos troncos, apenas as flores cor de rosa se misturando com o azul intenso do céu. Absolutamente divino.

Adaline

Desviei os olhos das cerejeiras, incapaz de manter minha atenção longe dela por mais tempo. Suzana olhava as árvores, e seus lábios exibiam um leve sorriso de satisfação. Seu cabelo estava solto, espalhando-se em um leque escuro ao redor de sua cabeça, o que me fez ter vontade de correr os dedos entre eles.

Aproveitando a oportunidade, corri os olhos por toda a sua figura, até notar um pequeno colar prateado brilhando sob os raios de sol, no formato de um coração.

— Colar legal. — Comentei, surpresa, esperando que ela não notasse nada.

— Obrigada. — Suzana respondeu distraidamente, sem sequer me olhar. — Foi presente de aniversário de um amigo.

— Eu ... Posso ver?

— Claro, sem problemas.

Ela ergueu de leve a cabeça, tirando o colar num único movimento experiente e entregando-o para mim. Como eu esperava, o pingente era um relicário. Eu o abri e meu coração quase parou, pois dentro havia ...

Não, não pode ser!

As fotos, porém, não mentiam. A primeira deixava um pouco a duvidar, uma vez que seu rosto ficara meio na sombra, mas reconheci Mateus. A segunda foto ... Eu me lembrava claramente daquele dia, lembrava de quando Zoey a tirara.

Zoey

Zoey?!

A surpresa de ouvir meu verdadeiro nome naquele momento me fez sentar como um raio, encarando-a. Eu sabia que meu choque estava claro no meu rosto.

Mas como ...?

Por que me disse que seu nome era Suzana?

Meu segundo nome.  Expliquei, ainda sem entender nada.  Ninguém mais me chama de Zoey desde que entrei na faculdade. Como você sabe meu primeiro nome?

Nós nos conhecemos bem antes disso Suas bochechas coraram levemente.  Eu tinha treze anos. Você não se lembra?

Peraí! Adaline? Ela assentiu, ainda corada de vergonha.  Droga, garota, por que diabos me disse que seu nome era Evie?

O nome que uso desde que fugi de casa. Ainda não tenho dezoito anos, tive que fazer uma identidade falsa para poder viver. Você sabe melhor do que ninguém como minha família é, eles me arrastariam de volta.

— Sim, eu me lembro bem. Sua mãe era uma maníaca controladora, posso entender por que você teve que ir embora. — Apesar de meu tom sério. não consegui conter um sorriso. — Meus deus, Addie, nem acredito que realmente é você!

— Nem eu. — Ela respondeu, apertando firme minha mão quando a coloquei sobre a dela. — Passei esse tempo todo sonhando com você e agora ...

Fui interrompida pela maior surpresa de todas: um beijo. Não um beijinho qualquer, mas um beijo de verdade, na boca, ao qual correspondi com entusiasmo. Eu não queria que aquele momento acabasse nunca.

Zoey

Eu mal podia acreditar que não era um sonho. Na verdade, se fosse, eu não queria saber, porque não queria acordar jamais. 

Addie ...

— Zo, cala essa boca. — Ela rebateu. — Só me beija.

— Espera aí, sua doida. — Eu ri, afastando-a gentilmente. — Quero te dizer uma coisa.

— Diz logo, então. — Ela apoiou o rosto nas mãos, me encarando com impaciência. — Antes que eu agarre você.

— Ada, eu ... Sinto muito por ter ido embora. — Falei. — Foi a coisa mais estúpida que já fiz na minha vida. Acha que pode me perdoar?

— É claro que sim, sua idiota. — Ela rebateu. — Agora chega de conversa, caramba! Venha aqui e me beije.

Fui derrubada na toalha de piquenique e beijada com ardor. Quando nenhuma de nós tinha mais fôlego para continuar o beijo, ficamos deitadas lado a lado.

Z, se você sequer pensar em ir embora de novo eu juro que te mato.

Aí eu volto e te mato também pra gente ficar juntas.

E eu vou colar em você. — Ela rebateu. — Vou te assombrar sem te dar paz. Para sempre.

Rimos e nossas mãos se encontraram. Depois de tanto tempo, era muito bom ter aquela mão na minha novamente.

 Para sempre parece bom pra mim. Falei, sorrindo.

Que bom, porque eu não vou te deixar escapar. — Addie declarou. — Nunca mais, ouviu? Se você sequer pensar em ir embora, eu vou atrás. Te persigo até no inferno, se precisar.

— Sua boba. — Eu ri, puxando-a para mais perto de forma a lhe beijar novamente. Só um selinho rápido, dessa vez. — Até parece que vou querer ir a algum lugar que não seja com você.


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