Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 19
Feliz Ano-Novo


Notas iniciais do capítulo

Para quem achava que as coisas não iam complicar... Muahahahahahah! Feliz 2017 pra vocês!



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Zoey

— Pronta, Ana? — Minha mãe chamou.

Revirei os olhos, irritadíssima. Meu segundo nome era Suzana, mas eu odiava. Zoey Suzana era um nome absolutamente ridículo, então eu optei por deixar meu nome do meio de fora, usando apenas o primeiro. Minha mãe sabia disso, mas insistia em me contrariar.

— Mãe, já falamos sobre isso. — Reclamei. — É Zoey.

— Tudo bem então, Zoey. — Ela enfatizou meu nome com ironia. — Ande logo, ou vamos nos atrasar.

Assenti, ajeitei meu cabelo, borrifei um pouco de perfume de lírios (meu favorito) e sorri para o meu reflexo no espelho. Eu estava pronta.

Mateus

— Mãe, tem certeza de que preciso ficar aqui? — Perguntei. — Não posso mesmo ir pra casa?

— Pela última vez, Mateus, deixe de ser chato. — Minha mãe respondeu entredentes, obviamente irritada com a minha insistência. — Tente se comportar, está bem?

Grunhi de frustração. Eu já tinha dezoito anos, mas minha mãe ainda insistia em me tratar como se eu fosse um moleque, o que era absolutamente irritante.

De repente, uma garota entrou, me distraindo de minha raiva. Ela usava um tomara que caia vermelho, seus cabelos escuros puxados para trás a fim de se manterem longe do rosto, sandálias douradas com saltos altos como instrumentos de tortura e lábios vermelhos como cerejas.

Fiquei olhando para aquela garota, hipnotizado. Vi, quando ela se virou, que o modelo do vestido deixava à mostra grande parte da pele pálida de suas costas, que contrastava com os cachos escuros que caíam em cascata.

— Mateus!

Notei, com surpresa, quando ela sorriu e acenou para mim, obviamente satisfeita em me ver. O sorriso era familiar, malicioso e levemente torto, mas mesmo assim ainda levei um segundo antes de finalmente a reconhecer e ir até ela.

— Zoey?! — Eu mal conseguia acreditar em meus próprios olhos. — Caramba, garota, você está fantástica! Quase não te reconheci.

— Obrigada. — Ela riu com gosto de minha surpresa. — É bom ver um rosto conhecido por aqui.

— Pode crer. — Concordei. — Isso aqui estava um saco.

Ficamos conversando. Zoey tinha aquele senso de humor capaz de melhorar mesmo a pior situação, e logo estávamos curtindo aquela festa chata com uma camaradagem amigável.

Zoey

A meia noite chegou, e a champanhe começou a correr solta. Uma taça e minha seriedade natural se dissipou. Duas taças, e eu estava rindo à toa. Na terceira, minha espontaneidade estava no auge. Depois da quinta, eu estava total e selvagemente desinibida, o bastante para não protestar quando Mateus me puxou consigo para trás das grossas cortinas na extremidade do salão.

— Z, você está fantástica. — Ele declarou carinhosamente. — Reparou? Você é a única aqui usando vermelho.

— Dizer o que? Sou a mais corajosa da sala.

— Mais corajosa eu não sei. — Ele riu e me deu um beijo breve no pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse por inteiro. — Mas com certeza é a mais sexy.

Eu sabia que era efeito da champanhe, tinha que acreditar nisso, mas de qualquer forma permiti que os dedos de uma das mãos de Mateus se enrolassem em meus cabelos. Ele soltou a presilha que os segurava e espalhou as mechas sobre meus ombros.

— Devia ter me procurado, Z. — Ele disse, seus lábios roçando o canto dos meus. — Eu poderia ter feito você feliz. Ainda posso, se quiser. Basta você dizer que sim.

Tentei pensar, reunir os motivos que eu sabia existir para lhe dizer não, mas minha mente estava travada. Eu mal conseguia formar um pensamento coerente. 

Mateus

Zoey me encarava, seus olhos verdes enevoados pelo álcool. Eu rezava para que ela não estivesse tão entorpecida a ponto de não compreender o que eu dissera, ou esquecer de tudo pela manhã.

Eu a admirei, sem conseguir desviar os olhos. Ela estava tão linda naquele momento que não consegui resistir a me inclinar e reclamar aqueles lábios cor de cereja.

Zoey

Quando os lábios dele tocaram os meus, foi como fogo e gasolina, senti meu corpo todo corresponder. Meus braços se enrolaram ao redor de seu pescoço, meus lábios se entreabriram para dar passagem, nossos corpos se pressionavam cada vez mais um contra o outro ...

Tentei pensar em alguma razão pela qual aquilo não devia estar acontecendo. Não consegui. O mundo todo parecia se resumir àquele momento, àquele beijo.

— Zoey? — Mateus falou contra meus lábios. — Quer ir para outro lugar?

Levada no calor do momento, apenas assenti. Passamos para avisar nossas mães que Mateus me levaria para casa e saímos juntos. Acabamos no meu quarto. Os beijos continuaram. Eu era carregada pelo entusiasmo e pelo êxtase, numa trilha que não parava.

Na manhã seguinte acordei com Mateus ao meu lado. Ele estava nu. Não demorei muito para perceber que também estava. Num reflexo, pulei da cama e recoloquei o vestido que usara na noite anterior.

Mateus

Acordei com os xingamentos de Zoey e abri os olhos. Ela ainda usava o mesmo vestido da noite anterior, mas sem os saltos altos o efeito era bem diferente. Seu cabelo estava bagunçado e a maquiagem borrada. Ela estava ainda mais sexy do que na noite anterior.

— Que foi, Z? — Perguntei, ainda sonolento. — Qual é o problema?

— Droga, Mateus, a gente estragou tudo! — Ela quase gritou, obviamente em pânico. — Eu escolhi a Adaline, droga!

— Zoey, isso não teria acontecido se você não sentisse algo por mim. Admita.

— Cala a boca. — A morena grunhiu em resposta. — Vou tomar um banho. Não quero te ver aqui quando sair.

Zoey

Eu não tinha certeza de que Mateus havia ido embora, então contive as lágrimas. Não deixaria ninguém me ouvir chorando, muito menos ele.

Quando sai do banheiro e vi que estava sozinha no quarto finalmente pude trancar a porta, cair na cama e chorar. O pior de tudo era que não havia nada nem ninguém a quem culpar, exceto minha própria estupidez.


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