Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 18
Almoço




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/715666/chapter/18

Adaline

Meu avô me deixou na frente da casa de Zoey e alguns segundos depois o portão elétrico se abriu. Entrei pela grande porta de venezianas da sala de estar, que por sinal se encontrava completamente vazia.

— Z? — Chamei — Z, você está aí?

— Na cozinha, Addie.

Atravessei o cômodo e a sala de jantar mais adiante até chegar à cozinha, uma peça aconchegante que dava para os fundos da casa. Encontrei Zoey na frente do fogão, muito concentrada mexendo algo que borbulhava em uma panela.

—  Uau. —  Comentei. —  Não sei o que é, mas o cheiro está muito bom.

—  Valeu, garota. — Ela me lançou um sorriso por cima do ombro. — Que bom que você gosta.

—  Gosto. — Admiti. —  Mas você nunca me disse que sabia cozinhar. 

—  Acho que não. — Zoey riu maliciosamente. — E tem outra coisa que eu também não disse.

— Mesmo? O que?

Ela se virou para me olhar, seu sorriso largo e travesso como o de uma garotinha.

—  Que somos só você e eu hoje. — A morena revelou. — Minha família toda está fora em um casamento. 

Seu sorriso se tornou maior, mais cheio de malícia, ao mesmo tempo em que o brilho em seus olhos indicava que algum plano lhe passava pela mente. Eu tomei aquilo como um convite, me adiantando para passar os braços por sua cintura.

Zoey

Adaline me abraçou, mas não estava olhando diretamente para mim. Ela corou e mordeu o lábio, logo em seguida sorrindo como uma criança prestes a fazer algo que sabe ser proibido.

Rápido como o bote de uma cobra, seus lábios tocaram os meus. Não posso dizer que não gostei de seu gesto inesperado, até porque em um segundo tudo o mais estava completamente esquecido e tudo o que eu podia fazer era retribuir seu beijo. Addie tinha gosto de morango, minha fruta preferida. Eu podia facilmente ficar viciada naqueles lábios.

Adaline

Senti a frieza da parede contra minhas costas e me apoiei nela, com medo de que minhas pernas cedessem. Caramba, Zoey sabia mesmo beijar! Suas mãos eram firmes em minha cintura, explorando por cima de minha camiseta, e seus lábios se moviam com os meus de uma forma que me impedia até de pensar. Eu podia facilmente ficar em seus braços para sempre.

Zoey

O barulho de um timer me fez voltar à terra abruptamente. Soltei Adaline e lhe virei as costas, voltando minha atenção novamente para as panelas.

— Se colocássemos fogo na casa, a culpa seria sua. — Avisei de brincadeira. — Sair beijando as pessoas assim!

—  Ei! — Ela protestou, me dando um tapinha de leve no ombro. — Até onde me lembro, eu não era a única envolvida. Beijar requere duas pessoas, sabia?

—  Com certeza. — Eu ri. — Só não esperava esse ataque surpresa vindo de você.

Adaline também riu e me mostrou a língua, gesto que eu retribuí.

— E aí, Z, o que está fazendo? O cheiro com certeza é bom.

—  É molho madeira para colocar na massa. — Respondi. — Uma especialidade do meu pai.

—  Ah. Você nunca falou nada sobre ele.

Adaline

Pude ver os lábios de Zoey se crisparem, sinal de que algo estava errado. Ela me dirigiu um breve olhar, sua expressão sombria.

— Não tem muito sobre o que falar. — Ela declarou, sua voz cuidadosamente sem emoção. — Foi embora quando eu era pequena, voltou alguns anos depois. Nunca nos demos bem, então prefiro deixar as coisas por isso mesmo.

— Está bem. — Percebi que seria inútil tentar conseguir qualquer informação, então resolvi deixar isso de lado. — Precisa de ajuda com o almoço?

— Se puder ralar o queijo para mim, eu agradeço.

— Ok.

Ela indicou onde estava o ralador e peguei o queijo na geladeira. Depois disso ajudei Zoey a preparar o resto do almoço. Foi a maior quantidade de tempo que passamos sem falar, o que para nós chegava a ser uma espécie de recorde.

O almoço, uma massa com frango ao molho madeira, ficou divino. Zoey e eu comemos enquanto conversávamos besteiras e bebíamos Coca-Cola. Ela, sempre organizada, recolheu tudo depois que terminamos.

— Z, deixa eu te ajudar.

— Não. — Ela sorriu para mim por sobre o ombro. — Convidada não trabalha, Addie.

— Mas me sinto estranha te olhando trabalhar e não fazendo nada. Parece que estou sendo preguiçosa.

— Se faz tanta questão, pode pegar dois pratinhos naquele armário — ela apontou para um pequeno armário de canto à direita da pia — E colocar em cima da mesa. Já vou terminar aqui.

Fiz como ela disse, voltando para o seu lado logo em seguida.

— Ah, Addie, eu esqueci! Na geladeira, terceira prateleira, tem uma travessa coberta. Pode pegar para mim e deixar em cima da mesa?

— Claro, Z.

Encontrei a travessa exatamente onde ela disse que estaria e a coloquei em cima da mesa. Voltei até a pia para pegar talheres, pois vira que eles ficavam guardados ali.

— Garfos ou colheres? — Perguntei.

— Colheres. — Zoey respondeu, me alcançando duas delas.

Coloquei as colheres nos pratinhos e olhei em volta. Tudo perfeito.

— Addie — Zoey falou da cozinha — Estou quase terminando aqui, se quiser ir abrindo a travessa para nossa sobremesa amaciar um pouco ...

Foi o que fiz, e encontrei um bolo de sorvete. Em cima, escrito com MM's, estava a frase:

Namora comigo, Addie?

Não pude conter um gritinho de surpresa e ouvi Zoey rir. De repente seus braços me envolveram por trás, me restringindo de tal modo que não consegui me virar para encara-la.

— E então? — Sussurrou, seu hálito fazendo cócegas em meu pescoço. — O que me diz, Addie?

— Eu digo ... Que preciso pensar.

Ela se afastou, bufando com impaciência. Eu me virei para olha-la e ri.

— Não tem graça. — Advertiu.

— Claro que tem. — Eu ainda estava sorrindo, não conseguia parar — Porque você sabe que minha resposta é sim, sua boba.

Em duas passadas ela estava na minha frente e seus lábios nos meus. O Paraíso na Terra.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre Dois Mundos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.