Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 16
Gramado — Dia 3: Superando medos e voltando para casa




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Mateus

Acordei e me virei na cama, ainda grogue de sono, apenas para dar de cara com o rosto de Zoey a centímetros do meu. Ela percebeu minha reação e riu.

— Bom dia. — A morena disse. — Dormiu bem?

—  Dormi sim, obrigada. — Respondi. — E você?

— Como uma pedra. — Ela riu baixinho. — Estava pensando ... Podemos aproveitar que ainda é cedo e ir conhecer mais da cidade.

— Boa ideia. — Concordei. — Só deixa eu me vestir primeiro.

— Te espero na varanda.

Quando ela levantou da cama, reparei que já estava completamente vestida, com legging e camiseta, e mesmo seu cabelo estava arrumado, preso em um rabo de cavalo. Zoey levantara cedo mesmo.

Alguns minutos depois eu já estava pronto e fui à sua procura, paralisando ao vê-la. Parada na varanda com o sol da manhã a iluminá-la e criar reflexos em seus cabelos agitados pela brisa, Zoey parecia um anjo.

Zoey

Ouvi os passos de Mateus atrás de mim e me virei, animada. Eu não via a hora de sair daquele quarto e explorar a cidade.

— Pronto para ir, garoto?

— Prontinho, gata.

Saímos juntos num clima amigável. Por mais que eu sempre tivesse adorado minha dinda, era um alívio caminhar ao lado de Mateus, pois ele era muito mais quieto e me deixava seguir meu próprio ritmo, avaliando o que quer que capturasse meu interesse. Era, de certa forma, relaxante.

Voltamos para o hotel às dez da manhã, horário em que eu dissera no bilhete que deixara para minha dinda que estaria de volta. Fomos todos comer alguma coisa no restaurante do hotel, conversando amenidades durante o café da manhã tardio.

Depois de comer todos arrumamos nossas coisas e, como combinado desde o começo, fomos ver a famosa Cascata do Caracol, que tem esse nome por causa da escada em espiral construída ao lado da queda da água. Claro que minha dinda não quis enfrentar todos aqueles degraus, então fomos de teleférico.

— Zo, você tá ficando pálida. — Mateus comentou depois que nos acomodamos no carrinho que subia. — Tudo bem aí?

— Eu ... — Controlei minha respiração, que começava a ofegar, e me esforcei para parecer calma. — Eu tenho medo de altura.

A frase mal passou de um sussurro, mas ele entendeu, e logo senti uma de suas mãos cobrir as minhas, que estavam cruzadas com firmeza sobre meu colo.

— Tudo bem, Z, vai acabar logo. — O garoto disse gentilmente. — Feche os olhos se achar que vai ajudar.

— Não, não vai. — Protestei. — Esse troço balança.

— Então tente se concentrar em alguma coisa legal.

Fiz como ele disse, me concentrando na cascata que se aproximava cada vez mais. Fiquei surpresa quando, ao descer, notei que estivera segurando firme a mão de Mateus. 

Ainda sem soltar minha mão, fomos juntos até a balaustrada, onde ele se inclinou para ver a cascata. De fato, o cenário era lindo, merecia ser fotografado.

— Vem aqui, Zo. — Ele disse. — Vamos tirar uma foto.

Me aproximei mais, permitindo que Mateus passasse um braço por meus ombros. Ele descansou o queixo no alto de minha cabeça e estendeu a mão livre para nos enquadrar com a câmera.

— Você tem que sorrir, seu bobo.

Ele me obedeceu e então a foto foi tirada. Logo depois subimos de novo no maldito teleférico.

— Olha lá, Zo, quatis. — Minha dinda apontou. — Podia fotografar eles. São tão fofos!

De fato, os peludinhos de cauda anelada eram fofos. Acabei mesmo fotografando eles e fiquei tão entretida que nem percebi que já estávamos quase na metade do caminho.

Subimos para a plataforma principal, e de lá voltamos para o carro. Eu estava mais cansada do que havia percebido, então encostei a cabeça no banco e fiquei lá divagando, acabando por pegar no sono sem perceber.

Acordei com Mateus me sacudindo gentilmente, avisando que era hora de descer para almoçar e dar uma esticada nas pernas. Reparei que, enquanto eu dormia, ele havia aninhado minha cabeça em seu ombro.

— Obrigada. — Falei baixinho.

Ele apenas sorriu em resposta e estendeu uma das mãos para me ajudar a descer do carro.

O almoço foi mais ou menos como o café da manhã, cheio de conversas animadas. Mateus pegou um pouco de sushi e, ao reparar no fato, não pude deixar de rir.

— Que foi? — Ele pareceu confuso. — Vai me dizer que não gosta de sushi?

— Na verdade ... — Eu ainda estava dando risadinhas, não consegui me conter. — Eu amo sushi. É meu prato preferido.

Apontei os hachis enrolados em guardanapo ao lado de meu prato. Mateus sorriu, pegou um sushi com seus próprios hachis e o estendeu para mim.

— Prove. — Ele disse. — É diferente. Pelo que me disseram, a seleção dos sushis muda a cada nova rodada.

Me inclinei e abocanhei a pequena esfera de arroz. Era decididamente delicioso, temperado e macio na medida certa. O almoço não durou muito mais depois disso. Enquanto Marcos pagava a conta e minha dinda ia ao banheiro, Mateus e eu descobrimos um lago artificial no qual vivíamos algumas carpas.

— Olhe só para elas. — Eu disse. — Tão coloridas ... Tão graciosas.

Ele não respondeu, e sua quietude me espantou. Quando me virei para verificar o motivo, recebi um beijo. Não um beijo qualquer no rosto, mas um verdadeiro beijo nos lábios. Eu sabia que devia ficar zangada e me afastar. Sabia disso, mas não consegui fazê-lo.

Me peguei passando os braços por seu pescoço, retribuindo o beijo, entregue ao que sentia por ele. Mateus me soltou tão de repente que levei um susto e, numa olhada rápida em volta, reparei imediatamente o motivo: minha dinda havia voltado. Ele não deixara que ela nos visse, o que lhe valeu um olhar agradecido de minha parte.

Já no carro, eu não conseguia parar de pensar no beijo, assim como não conseguia definir meus sentimentos sobre aquilo. Definitivamente não fora desagradável, longe disso, mas eu dificilmente sabia o que pensar sobre o gesto.

Para fugir dos meus pensamentos, dormi o resto do caminho até em casa.


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