Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 15
Gramado — Dia 2: Piscina e fondue




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Zoey

Todos nós dormimos até tarde e, quando acordamos, fomos almoçar no restaurante do hotel. A comida era bem melhor do que eu esperava. 

Decidimos visitar o Museu do Chocolate. Quer dizer, Mateus e eu fomos. Minha dinda e o Marcos ficaram passeando, provavelmente fazendo compras. A visita foi surpreendentemente agradável, pois Mateus estava de bom humor, cheio de piadas. Passamos bem mais de uma hora lá dentro sem que eu nem sequer me desse conta.

— Demoraram, hein? — Minha dinda provou, rindo. — Pelo jeito o museu era bem interessante.

— Ah, para com isso! — Exclamei ao perceber sua malícia. — Nós estávamos fotografando. Teríamos saído antes se alguém não ficasse o tempo inteiro atrapalhando meu jogo.

— Ei, eu só quis ajudar. — Mateus protestou jocosamente. — Não fica nervosinha, não.

Minha dinda e Marcos riram, e não deixei passar o olhar que trocaram. Percebi na mesma hora o que aquilo significava, e que eu teria que conversar com os dois mais tarde. A sós.

Já passavam das três da tarde, então decidimos comer alguma coisa. Mateus e eu fizemos a mesma escolha, milk shakes com pastel de carne e queijo.

— Ei, Z. — O rapaz chamou de repente. — Olha, virei uma morsa.

Olhei para ele, que tinha os dois canudinhos de plástico na boca, presos no lugar dos dentes caninos. Tive que cair na gargalhada com sua aparência ridícula.

— Retardado combina melhor. — Rebati. — Ou lesado.

— Ai! — Ele exclamou dramaticamente, levando uma das mãos ao peito. — Essa doeu!

— Bem feito, seu maluco.

Peguei discretamente um pouco da espuma do milk shake, colcando-a na ponta do meu dedo indicador antes de me inclinar e espalhá-la na cara daquele palhaço, bem abaixo do nariz, como o bigodinho de Adolf Hitler.

— Você me paga, sua peste. — Ele ameaçou, tentando ficar sério apesar da óbvia vontade de rir. — Como castigo eu vou ... Vou ... Roubar o seu milk shake.

— Encoste no meu milk shake e você morre, garoto.

— É o que vamos ver.

Ele tentou colocar um canudinho no meu milk shake, mas eu defendi, usando meu canudo como se fosse uma espada em miniatura. Seguiu-se uma épica batalha de "espadanudos" (espadas+canudos), que eu acabei por vencer.

Depois do lanche saímos para ver mais um pouco da cidade, e visitamos a igreja de pedra, onde Mateus e eu tiramos muitas fotos. Voltamos para o hotel lá pelas seis, e todos os outros foram para seus quartos. Eu tinha visto uma piscina, e foi para lá que me dirigi.

A piscina era uma área coberta, com tamanho suficiente para que todos os sons produzidos ali ecoassem. A água era quentinha, e o vapor cheio de cloro fazia tudo parecer abafado e desfocado, de um jeito que eu imediatamente adorei.

Ignorei a escada, mergulhando diretamente na água tépida sem pensar duas vezes. Sempre adorei nadar, e a sensação sedosa da água contra minha pele. Eu preferia que fosse fria, mas mesmo assim a sensação era boa. E a melhor parte era que eu estava completamente sozinha ali.

Boiei por alguns minutos, até o som de alguém pulando na piscina me fazer pular de susto. Meus pés imediatamente se cravaram no chão quando me coloquei ereta, suprimindo um pequeno grito de espanto.

— Mateus! — Repreendi, jogando uma braçada generosa de água nele. — Que droga, garoto, me assustou!

— A ideia era essa, gata.

— Seu idiota!

Nadamos juntos, fizemos guerra de água, brincamos de luta ... Foi bem bobo e divertido. No final da nossa "luta" eu tentei nadar para longe, mas Mateus agarrou meu pé, me puxando para junto de si.

— Não, não. — Ele riu. — Você não vai a lugar nenhum, mocinha.

Mateus

Zoey me encarou com um sorriso desafiador e os olhos brilhando de malícia, seu rosto corado e algumas mechas molhadas grudadas nas bochechas. Eu me perguntei se ela sabia o quanto parecia bonita naquele momento.

— Ah, é? — Ela desafiou. — E quem vai me impedir? Quero te ver tentar, bobão.

Ela tentou escapar de novo, mas envolvi sua cintura com um braço. Acabei puxando com mais força do que pretendia, e nossos corpos colidiram. A sensação quente e macia de sua pele contra a minha debaixo da água imediatamente transformou meus pensamentos em mingau. 

 

Ela socou meus ombros de leve, mas estava sorrindo. De repente seu rosto ficou sério, os olhos cravados nos meus. Aqueles olhos pareciam capazes de enxergar até minha alma.

Zoey

Eu não era inocente, sabia que Mateus me desejava, podia ver isso nos olhos dele. Dado o quanto estávamos próximos, nossos corpos pressionados um contra o outro, um beijo seria a coisa mais natural do mundo naquele momento. Uma parte de mim até queria aquilo.

Adaline, uma vozinha gritou no fundo de minha mente. Você prometeu para a Adaline.

— Eu... Ahn... — Corei, imaginando o que poderia ter acontecido. — Acho melhor sairmos daqui.

Mateus não protestou, simplesmente deixou que eu me afastasse. Corri para o banheiro feminino, onde havia chuveiros e tomei um banho rápido para me limpar do cloro da piscina. Eu sabia que minha dinda queria sair para jantar naquela noite, então depois do banho coloquei um vestido.

Quando voltei a subir para o quarto, já eram quase nove horas. Passei um pouco de maquiagem, sequei meu cabelo, calcei umas sapatilhas e estava pronta. Minha dinda, é claro, demorou bem mais. Mateus e eu ficamos em nosso quarto olhando televisão enquanto ela se arrumava.

Passava das dez e meia quando chegamos ao restaurante, um lugar aconchegante iluminado pela luz de vela, com antigas paredes de pedra, enormes janelas de peitoril largo, chão de madeira encerada e mesas também de madeira. A coisa toda parecia saída de uma série vintage de televisão, e eu adorei.

Minha dinda havia feito reservas de mesas separadas para os dois "casais", e sentei com Mateus perto de uma das janelas. A vista da rua calçada com pedras, ladeada por casas antigas, rendeu vários minutos de debate fotográfico entre nós, mas a maior parte da conversa girou em torno de nós mesmos - o que mais gostávamos de fazer, planos para o futuro, ideias ... Tenho que admitir, fiquei surpresa ao perceber o quanto tínhamos em comum.

— Caramba! — Ele exclamou, todo animado. — Zo, você precisa provar isso aqui! Anda, abre a boca.

Obedeci, surpresa demais com o pedido súbito para protestar. Mateus colocou um pouco de molho numa carne, esquentou-a na tábua, espetou com o longo garfo de fondue e então a estendeu para mim. Me inclinei para provar e as pontas de seus dedos roçaram meu rosto. Seu toque deixou uma sensação de formigamento que era quase agradável.

— É ótimo! — Exclamei. — Aqui, prova esse.

Coloquei um pouco de molho de pimenta na carne antes de repetir o processo na chapa e estendê-la para ele.

— Ai, droga, Zoey! — Mateus protestou. — O que é isso, molho do capeta?!

— Ah, deixa de ser frouxo! — Eu ri. — Esse é o meu molho preferido.

— Ah, tá. — Ele bufou em resposta. — Só porque você é meio dragão.

— Ei! — Eu ri, nem um pouco ofendida — Mais respeito, rapaz, ou te furo com o garfo de fondue.

— E eu espirro esse maldito molho de pimenta nos seus olhos.

Nós dois rimos das falsas ameaças. Depois de comer fondue de queijo, carne na tábua e fondue de chocolate, ninguém aguentava mais nada, e voltamos para o hotel. 

Como não era longe, optamos por caminhar. Senti a mão de Mateus tocar a base de minhas costas enquanto andávamos e, para minha total surpresa, não tive a menor vontade de afastá-lo. Lembro que, antes de dormir, a última coisa que me perguntei foi: que diabos está acontecendo aqui?


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