Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 13
Divisão




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Zoey

Entrei apressada na sorveteria, já prevendo que chegaria atrasada na loja e levaria uma bronca de tia Francesca. Claro que isso dificilmente seria minha culpa, pensei. Afinal, quem resistiria a um sorvete quando a temperatura lá fora passava dos 40 graus?

Alguém chamou meu nome e me deu um tapinha no ombro, o que me tirou daquela espiral de pensamentos. Me virei e vi Mateus sorrindo para mim.

— Fale aê, garoto. — Sorri, permitindo que ele me desse um breve abraço. — Me seguindo, é?

— Até parece, rockeira. Tenho coisa melhor pra fazer. — Nós dois rimos juntos. — E aí, você vem sempre aqui?

— Na verdade, nem tanto. — Respondi. — Mas o sorvete daqui é o melhor de todos.

— Fato.

Continuamos conversando enquanto eu servia o sorvete do buffet, colocava MM's sobre ele e calda quente por cima de tudo.

— Quer sentar comigo? — Ele convidou.

— Não posso. — Respondi. — Tenho que trabalhar e já estou bem atrasada. Minha tia vai tirar meu couro.

— Sério? — Ele pareceu achar ainda mais graça. — Onde você trabalha? 

— Naquela loja de bonecas de porcelana lá do centro.

— Baita caminhada. — Mateus comentou, parecendo impressionado. — Quer uma carona? 

— Beleza. — Não pude deixar de sorrir. — Eu aceito. 

Saímos da sorveteria e vi uma moto estacionada junto ao meio-fio. Era maneira, preta com labaredas de chamas azuis na carenagem.

— Amei a máquina. — Comentei. — Nem acredito que você já tem idade pra dirigir. 

— Fiz dezoito no mês passado. — Foi a resposta. — A moto foi um presente.

— Nossa, uma beleza dessas de presente?! Caramba! Agora fiquei com inveja!

Ele riu com gosto desse comentário, colocando o capacete e pegando outro para mim do baú traseiro.

— Me fala, gata. — Ele disse. — Já andou de moto?

— Aham. — Assenti, colocando o capacete. — Meu avô tem uma.

— Então sobe aí, morena.

Foi o que fiz, pulando rapidamente na garupa da moto e soltando uma gargalhada quando ele acelerou. Em poucos minutos chegamos à loja de tia Cheska e desci da moto, ainda sorrindo como uma boba enquanto tirava o capacete.

— Nossa, essa foi boa! — Exclamei. — Precisamos fazer de novo uma hora dessas.

— É só dizer, gata. — Ele retribuiu o sorriso e me deu uma piscadela cafajeste. — Pra você, estou sempre disponível.

Me dei conta de seu flerte, mas não soube como responder. Mateus simplesmente pulou da moto, tirando o capacete num movimento rápido. E subitamente estávamos perto demais, quase peito a peito. Dei um passinho para trás, mas não fui capaz de fazer mais do que isso.

— Zo. — Ele chamou suavemente. — Você ficaria muito zangada se eu te beijasse agora?

— Provavelmente. — Respondi com toda a honestidade. — Mas não vamos descobrir. Estou atrasada, lembra?

— Ah, claro. — O desapontamento dele era óbvio. — Desculpe. Até a próxima, gata.

— Nos vemos por aí, seu cafajeste.

Ele pulou novamente na moto e se afastou. Por um momento, parada ali, tive a sensação incômoda de que deixara escapar a oportunidade de algo completamente bom.

Uma semana depois

Adaline

Me aproximei e Zoey abriu a porta para mim, juntamente com um sorriso enorme.

 

— Oi, loira! — Ela cumprimentou animadamente. — Que bom que veio!

— Claro que sim, eu não perderia por nada.

Minha melhor amiga me puxou para um abraço, seus cabelos cor de mogno roçando minha bochecha. Ela decidira deixá-los voltar a crescer ao natural, e as mechas já lhe caíam até o meio das costas. Eu adorava aqueles cabelos.

Lhe entreguei seu presente e ela imediatamente o levou até seu quarto, onde nos distraímos conversando mais um pouco.

— Zoey, vem logo! — Uma voz soou da cozinha. — Estamos esperando.

— É a Milene. — Minha amiga explicou — Minha prima.

— Uau, convidados. — Brinquei. — Esse ano a festa ficou boa mesmo.

— Pois é, bem diferente do ano passado, né?

— Não que a gente não tenha se divertido, né, loira?

Zoey me lançou um olhar de esguelha, com um sorriso malicioso nos lábios. Eu sabia que ela estava pensando no mesmo que eu, naquele beijo de despedida depois de sua festa de quinze anos.

Fomos para a sala de jantar, onde aconteceria a festa. A família dela estava reunida ali ... E, para minha surpresa, Mateus também.

— Ficamos amigos. — Ela sussurrou ao perceber minha reação. — Apenas amigos. Não precisa surtar.

Me perguntei como era possível que Zoey me conhecesse. Às vezes ela parecia ser capaz de ler meus pensamentos.

— Tudo bem. — Respondi. — Vamos só aproveitar a festa.

E foi o que fizemos. Cantamos parabéns, rimos, contamos piadas, e tudo estava correndo muito bem, pelo menos até a hora dos presentes. Zoey ganhou da mãe uma viagem - e foi oferecido a Mateus o lugar de acompanhante.

 

— Mãe, eu ... Eu não sabia de nada disso. — Zoey ficou vermelha como um pimentão. — Acho que devíamos falar sobre isso.

— Sem discussão, Zo. Você vai e pronto. — A mãe dela disse carinhosamente. — Estou cansada de te ver presa em casa escrevendo o dia inteiro. Você precisa sair um pouco, filhinha.

 

Ela não respondeu, simplesmente pegou meu pulso e me levou consigo até seu quarto, fechando a porta ao passar.

— Addie, desculpe. Eu sinto muito. — Ela disse de imediato. — Eu não sabia.

— Tá tudo bem, Z. — Respondi. — Eu sei disso.

— Tudo bem mesmo? Não vai ficar estranho?

— Claro que não. Você mesma disse que são só amigos.

— Obrigada por entender, Ad.

— Sem problemas. — Eu sorri — Vem cá, deixa eu te dar o seu presente.

— Eu disse que não precisava comprar nada.

— Mas eu não te ouvi. — Ri, estendendo o embrulho para ela — Anda, abre isso.

Zoey obedeceu e sorriu ao ver a boneca. Eu encomendara para que se parecesse comigo, de modo que ela nunca esquecesse de mim. Pude notar os olhos de minha melhor amiga marejarem quando percebeu isso.

— Addie, eu... Eu adorei. Obrigada.

— De nada, Z.

Não pude terminar de falar porque os lábios dela estavam nos meus. Quer saber no que eu estava pensando? Melhor. Beijo. De. Todos. Sem comparação. 


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