Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 12
Festa do pijama


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo duplo na história. Logo verão o motivo.



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Adaline

— Toc toc.

Me virei ao ouvir aquela piadinha de péssimo gosto, e a porta entreaberta do meu quarto me permitiu ter um vislumbre de uma juba de cabelos castanhos com mechas azuis.

— Zoey! — Quase gritei de felicidade. — Você veio mesmo!

Pulei da cama, corri para a porta e a escancarei para abraçar minha melhor amiga o mais forte que pude. Fazia mais de um mês que eu não havia, tudo porque minha mãe não gostava dela. Claro que aproveitei a primeira oportunidade em que a entojada foi viajar para convidar Zoey para uma festa do pijama.

— Ei, calma. — Zoey riu, embora retribuísse o gesto com tanta força quanto eu. — Vai me esmagar, loirinha.

— Desculpa. — Eu me afastei, ainda sorrindo como uma idiota. — É que ... Caramba, Z, eu senti muito a sua falta!

— E eu a sua, Addie.

Nada do que se seguiu foi muito digno de nota, nós apenas matamos tempo. Criamos nosso canal conjunto no Youtube para falar de livros, discutimos nossas obras favoritas, ouvimos música ... Enfim, bobagens.

Jantamos pizza com meus avós (que, por incrível que pareça, amavam Zoey) e, depois que todos estavam dormindo, decidimos assistir a um filme de terror. Debatemos um pouco, mas por fim escolhemos Annabelle.

— Tem certeza disso, bonequinha? — Zoey provocou. — Annabelle pode ser uma droga, mas ainda é dez vezes mais assustador do que aquela porcaria que a gente viu no rodeio da última vez.

— Aquilo nem foi assustador. — Protestei. — É sério. Não fiquei com medo.

— Tá bom. — Minha amiga riu. — Certo, então vamos fazer uma aposta. Se gritar, me deve dez reais. Se você não gritar, eu te digo o nome da pessoa que eu gosto.

— Perfeito. — Apertamos as mãos, selando a aposta. — Agora anda, vem me ajudar a fazer a pipoca.

— A pipoca é contigo. — Zoey riu. — Tu disse que sabia fazer, boboca.

— Ah, sei mesmo. — Rebati. — Pipoca queimada.

A morena riu dessa com gosto, e fomos para a cozinha, eu de ajudante enquanto Zoey assumia o fogão, fazendo brigadeiro e pipoca. Eu basicamente fiquei de lado, admirando a concentração em seu rosto enquanto ela cozinhava. Era algo diferente, que eu só via quando Zo escrevia, e talvez exatamente por isso tão atraente.

Finalmente tudo ficou pronto, então voltamos para o meu quarto, apagando a luz ao passar. Nos sentamos lado a lado em minha cama, com uma bacia de pipoca entre nós e meu notebook à nossa frente.

Zoey

Eu sabia que aquele filme era uma droga, então me concentrei em observar Adaline sem que ela percebesse. Na primeira meia hora, mais ou menos, ela se manteve ok, mas perto do final estava com o rosto escondido em meu ombro, agarrada ao meu braço como se sua vida dependesse disso. Não consegui deixar de rir.

— Tudo bem, tudo bem. — Estendi uma das mãos para fechar a guia e acabar de uma vez com aquilo. — Já chega de terror por hoje.

— Eu não estou com medo. — A loira protestou. — Sério, Zo, não estou.

— Aham, sei. Aposto que vai ter pesadelos essa noite. — Provoquei. — E aí, a garota vai pra estante?

Eu estava me referindo à boneca que lhe dera, que até aquele momento descansava placidamente sobre seu travesseiro.

— Quem, a Angie? — Minha amiga puxou a boneca para seu colo. — Não, ela fica comigo. Quem mais vai me proteger de você?

— Quanta confiança. — Eu ri. — Esqueceu quem fez essa belezinha? Posso ter feito ela para meus propósitos mais sombrios.

— Para com isso, Zo. — Ada empurrou de leve meu ombro, fazendo biquinho. — É sério, não tem mais graça.

Depois disso ela desligou o notebook e se acomodou para dormir. Sob a luz suave da televisão, que minha amiga ligou em algum momento sem que eu nem percebesse, ficamos conversando baixinho, até decidirmos jogar. Nos entretemos com jogos de tabuleiro bobos até quase o amanhecer, quando por fim o cansaço venceu e pegamos no sono.

Fui a primeira a acordar no dia seguinte. Fiquei deitada preguiçosamente, ouvindo o som baixo da televisão que ficara ligada durante a noite. Ao me virar e ver o rosto adormecido de minha melhor amiga, meu coração pareceu parar.

Dormindo, Ada parecia mais nova. Seus lábios se entreabriam de forma convidativa, como botões de rosa. Não consegui resistir e me inclinei para tocar aqueles lábios com os meus, tomando todo o cuidado possível para não acordá-la.

O gesto a fez sorrir, e então ela rolou na cama até ficar bem ao meu lado, sua cabeça aninhada em meu ombro, tão perto que pude sentir sua respiração quente mexer com os fios de meu cabelo. Ficamos nessa posição por um longo tempo, até o toque de um celular nos despertar.

— Addie, acorda. — Sacudi seu ombro de leve, sem querer sobressaltá-la demais. — Seu celular.

Ela pulou da cama para pegar o aparelho e eu ri de sua reação exagerada, o que me ganhou um olhar zangado.

— Não tem graça, Zo.

— Se você diz ... — Respondi, mas ainda estava rindo.

Como acordamos ao meio dia, apenas penteamos os cabelos e fomos almoçar, depois passamos a tarde toda jogadas na cama dela assistindo The Vampire Diaries. Às cinco e meia, minha mãe chegou para me buscar.

— Tchau, Addie. — Eu disse. — A próxima vez é na minha casa.

— Combinado. — A loira assentiu. — Até a próxima, Z.

Naquela noite, deitada na minha cama, senti falta da presença de Addie ao meu lado. Sorrindo comigo mesma, me permiti saborear a lembrança daquele beijo roubado.


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