Um lar para Ripley escrita por Sullie K


Capítulo 4
Anistia


Notas iniciais do capítulo

AVISO IMPORTANTE: No último capítulo, eu havia dito que postaria uma espécie de "epílogo capitular" entre o terceiro e o quarto capítulo, mas acabei desistindo dessa ideia. Esse aqui é o quarto capítulo mesmo.
Espero que gostem, e obrigada por lerem ♥
Ah, é, e não sei por que exatamente eu quis compartilhar isso aqui, mas eu já tenho a ideia para essa fanfic inteira, do começo ao fim, me baseando não só nos livros do Ripley, mas também em ideias originais, e provavelmente não desistirei dela. Pela primeira vez não planejo desistir de uma fic minha haha. Me divirto muito escrevendo essa história, e até estou fazendo uns desenhos do Tom e do Peter que planejo compartilhar com vocês por meio de links nas notas dos próximos capítulos, se não for inconveniente.
Mais uma vez, obrigada, e aproveitem o capítulo.



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Na noite anterior, Tom Ripley tivera um sonho estranho. Já era para lá da madrugada profunda, e não havia vivalma para acordá-lo. A cidade, nua e muda em seu breu, deixava irromper sua imaginação acumulada por um dia de pensamento vicioso. No sonho, balançava nas ondas, e mais destas caíam como forte vento, tornando-se grandes, vindas do fundo de sua garganta. Afogava-se sem afogar, e respirava com dificuldade o ar que não passava de mais ilusória água. Foi assim até derreter e sumir, no fundo de um mar sem chão. Acordou com o nascer irrisório do sol, já não chovia ou nublava mais.

Correu à varanda, onde uma brisa fresca — herança da noite fria — não hesitava em bagunçar-lhe os cabelos louros. Levou a mão à testa e confirmou que a febre abaixara.  Sentia-se estável ao acender um cigarro. O cheiro leve da manhã dos primórdios da primavera entrava pelo seu nariz, e era um alívio saber que conseguia respirar bem.

Deixou que seu amigo dormisse tranquilo, afinal, sabia que seria uma noite forte, e Peter estava quase se deixando consumir pela ansiedade. Tom sabia, entretanto, que Peter não erraria, e considerava-o, genuinamente, um dos melhores pianistas que já vira. Numa conversa, o inglês lhe dissera que praticava o piano desde seus seis anos, com sua mãe, que também tocava piano. Isto o dava vinte anos de prática incansável, e Ripley chegou a achar divertido o desassossego de Peter. Perfeccionismo o agradava, e o pianista o agradava de igual maneira.

Mais tarde, Peter despertou e desceram juntos a rua mais uma vez. Comeram no mesmo café do dia anterior, e agora não eram os montes gregos que faziam o Smith-Kingsley falar, mas sua honesta apreensão. Era sutil, todavia, parecia achar-se maçante quando falava de si próprio. Ripley o encorajou. Mais por não se importar do que por ter algum interesse em uma insegurança irreal.

Como seria a mãe de Peter? Parecida com ele? Talvez bonita; duma pele cor de areia e dos cabelos ainda mais escuros que os do filho. Ele não gostava de falar sobre a família e eram raros os momentos em que ele mencionava seus pais ou seu falecido irmão. Tom sequer possuía conhecimento de onde vinha a riqueza dos Smith-Kingsley. Estava curioso, porém não perguntou. Mais tarde se lembraria do abraço que dera em Peter, à porta do hotel, quando ele lhe contara, já pela segunda vez, que seu irmão morrera neste verão passado.

Foram ao mercado de pulgas que Ripley descobrira no dia anterior, e que neste momento, felizmente, lhe parecia muito mais agradável, tal como se lavado pela chuva. Havia anéis, pulseiras, cestos e até bebidas alcoólicas, mas Peter optou por um quadro de dois barcos solitários, pequenos no horizonte, em que Tom vidrara seu olhar. Comentou que o levaria para Veneza e o colocaria próximo ao seu piano — parecia alheio à bagunça de sua sala de estar —, como memória de sua apresentação e da viagem. Meredith Logue, por acaso, caminhou por instantes pela mente de Ripley, que lhe deu de ombros como pôde, acercado pela indiferença da certeza do que faria a respeito da garota; sua euforia quase lhe afirmava que era uma boa ideia. Em dois dias, pegaria um trem a Corinto. Naquela instância pegava, debaixo do braço, apenas os dois barcos solitários. O sono lhe fizera bem à razão.

Tomaram o ônibus à Acrópole e aos restos de civilização tão marcantes que ficavam distantes do hotel. Bocados de turistas faziam presença em todo o local, mesmo que o guia confirmasse que aquela não era a época mais cheia do ano. Tom quis ter uma máquina fotográfica para registrar Peter em harmonia entre as pilastras do Parthenon. Acabaram por almoçar num restaurante por perto, caro pelo turismo. O mesmo guia contou que os preços flutuavam, mas que como eram ambos estrangeiros, certamente pagariam o dobro de um cliente comum. A vista da varanda em que se sentavam, ao menos, era bonita, e compensava também o frio ensolarado que tomara o lugar da tempestade.

“Você se sente animado?” Tom perguntou, após provar, pela primeira vez, uma Moussaka. “Eu me sinto animado.”

“Um pouco ansioso, mas irei melhorar.” Peter fitou o amigo, que sorria com a boca cheia, e não pôde evitar abrir um sorriso. “Sim, me sinto animado.”

“Creio que você irá se sair bem.”

Peter assentiu de leve com a cabeça, e tornou a admirar a vista e a figura prestimosa de um sol alto no céu. Pedira vinho para acompanhar o cordeiro que comia, paciente, e com o passar dos minutos, se acomodava pelos sons de conversa do restaurante e, acima de tudo, pelo presente.

“É inacreditável... Aconteceu tanto nesses meses que passaram! Dickie e Freddie Miles, e também há você, que surgiu no meio dessa bagunça. Que infeliz coincidência, Tommie. E pensar que no ano passado estávamos eu e eles passeando por Veneza.” Sem olhar Ripley, falou de forma singela. “Não me entenda mal, não suportava Miles. Ninguém além de Dickie suportava, suponho. É que, depois que alguém se vai, só sobra... nada. Não sobra nada. E sua perspectiva muda. Tendo matado Freddie ou não, Dickie não merecia aquilo. Queria tê-lo mandado uma carta, mas não sei de que adiantaria; ele estava completamente solitário.”

“Morto por isolamento.” Tom pareceu procurar o ponto no horizonte que chamava a atenção de Peter. Esta, todavia, era vaga, e não encontrou nada.

“Morto porque estava confuso.”

“Queria ter feito algo, também. Dickie esteve tão distante de todos, e tão próximo de mim... Eu não fazia ideia.”

O pianista bebeu mais do vinho branco.

“Às vezes, ainda penso que ele irá reaparecer. Deve ser pois ainda não digeri aquela carta; só espero que ele esteja em paz, onde quer que esteja.” Continuou com um riso sutil, achando-se tolo.

“Dickie ficaria feliz se mantivéssemos apenas nossas melhores memórias dele. Ele era assim. Esta é uma boa memória.”

“E se alguém houvesse matado Dickie? Alguém que houvesse cruzado com ele, e conhecido sua vida? Quem sabe o dinheiro que ele pegara no banco, logo antes de morrer, fosse destinado ao seu assassino.” Ripley fitou-o, mesmo que o outro fitasse somente a distante paisagem. Peter não acusava; Peter enxergava demais de sua própria bondade nos outros. “Mais uma vez, é só minha imaginação fervilhando.”

“Temos de deixá-lo partir.”

“É claro. Me...” Peter iria pedir desculpas, e sem saber a quem, se impediu. “Gostaria de ir a outro lugar depois? Conhece Plaka?”

“Plaka soa bem.”

O bairro de Plaka fora a idealização de uma ideia quase estereotipada que Tom sempre possuíra da Grécia, ainda mais de Atenas, e era lindo. Poderia passar horas apenas caminhando e iria sentir-se mais satisfeito que num museu ou exposição. Peter sabia, e sugerira por isso, além de para surpreender Ripley com a inesperada noção de que prestava bastante atenção aos gostos do americano.

 Voltaram por volta das três e meia ao hotel, e Tom teve o alívio de descansar o quadro dos barcos, que já lhe pesava importunamente, sobre a poltrona de seu quarto. Fumaram um cigarro cada na varanda florida e, naqueles poucos momentos silenciosos juntos, suas preocupações pareceram esvair-se. Não pensara em Meredith Logue ou em tudo que poderia dar errado, e sim no quão bonita Atenas ficava sob a luz do sol. Peter se ocupara de observar a vista que, só agora, conseguia compreender com os olhos de Ripley.

O inglês saiu com uma hora de antecedência à apresentação, às seis em ponto. A tarde havia sido pacífica, e o pôr do sol, enfim, visível. Queria se assegurar de que tudo estaria correto na igreja, e que não lhe restavam quaisquer problemas. Tom fora junto, e Peter fizera questão de apresentá-lo duas violoncelistas italianas e um violinista grego. Ripley teve a chance de assistir tanto à cantora de ópera preparar a voz, isolada em seu canto, quanto à chegada afobada de alguns jovens que cantariam também, em coro. Intrigava-se em poder entendê-los, como um mero observador desfrutando do privilégio do conhecimento sobre os observados. Seu amigo caminhava para lá e para cá, carregando ora partituras, ora estantes para estas partituras. Por fim, Peter parou, e o levou para ouvir uma música ao piano, algo que ele próprio compusera.

Começou a harmonia suave, simples; alegre em sua proposta básica de melodia estável acompanhada por acordes nostálgicos. Havia um quê de tristeza, como se era de esperar de Peter. Mantinha-se modesta, porém sua beleza simplista parecia inviável a Tom. Oscilava em seus momentos de força, fraqueza e velocidade. Isto é, até chegar em sua variação, precisamente tristonha e pouco mais desesperada. Um bom desespero, talvez por alguma coisa que se precisava muito. Acabava de súbito, voltando às felizes frases iniciais, e deixando últimas notas melancólicas soltas no ar, como que pedindo para serem concluídas ao mesmo tempo em que gritavam o saber de que, se fossem concluídas, seriam incompletas.

Imóvel, murmurou que a chamara de “Alvorecer”.

“É incrível.” Tom ficara perplexo. E elogiava tão sincero, que conseguia se perceber tolamente invejoso. “Incrível.

Ademais, entendia o sorriso vulnerável e quieto de Peter em resposta.

“Terminei de escrevê-la na noite em que te conheci, na ópera com Marge. Sempre pensei que significasse algo.”

Talvez sim, ou ao menos Ripley tinha certeza que sim. Sorriu a Peter, porque agora compreendia no outro uma complexidade que não era superficial, e lhe custava lidar com o sentimento intrínseco de igualdade; apelava a Tom o desconhecido que se sobrepunha à sua prepotência nata. Ele o instigava, e nunca soubera o quanto até aquele momento; Peter era humano. Humano ao ponto de colocar Tom em um risco com o qual ele aprendera a simpatizar-se. A ponto de poder olhá-lo nos olhos de igual para igual. Pois que Ripley não tinha visão, audição ou julgamento quando estava com o inglês. Tinha apenas a Peter e isso o bastava. Estava na igreja, em Atenas, no produto de sonho e tinha medo de que despencaria em breve, porém pertencia ali. Se é que fosse este o altruísmo que conhecia como o amor, faria silêncio. Talvez sim, ou ao menos Ripley tinha certeza que sim.

O Kingsley o acompanhou até a plateia, até agora vazia e esperando pela ordem de entrada do recepcionista. Abraçaram-se como num rito de boa sorte demorado. Pensou ter ouvido Peter murmurar algo antes de deixá-lo, mas logo ele estava distante em seu piano outra vez.

Em quinze minutos, a multidão grega entrou, se espalhando pelos lugares não demarcados e dando a Tom a certeza de como eram diferentes dele; não estavam lá pela música, estavam lá pela súplica divina da música. Pelos vitrais, pela igreja e pelo padre que se punha de pé à frente da pequena orquestra. Ripley, por sua vez, via Peter, e apenas Peter lhe era santo ali. Sentara-se ao lado de uma mãe e uma filha, uma criança que parecia querer fazê-lo rir. O padre proferia, alheio a sua atenção, palavras que não era capaz de compreender, e a menina se silenciava. Vinha uma reza que os fazia ficar de pé. Trocou um olhar com Peter, oculto como um simples plano de fundo, e sorriu, estonteado.

Quando já novamente sentados, violinos uníssonos os atingiam, desenvolvendo-se em uma grande e serena harmonia, da cadência lenta, quase como um diálogo entre os instrumentos. Nunca tê-la ouvido, sobretudo, era o que a tornava tão enigmática aos seus ouvidos curiosos. O piano começava pouco depois, num acompanhamento franco e profundo, justo o instrumento que mais chamava a atenção de Tom; Peter se camuflava tão hábil com as paredes que, para qualquer outro, seria banal. Devia ser isso, Ripley matutava, que o tornava autêntico. A música se sucedia em movimentos fortes e fracos, tais como o balanço do mar. Sentia como se enxergasse o som, mistificado pelas figuras santas ao seu redor. A seguinte fora Jesus, alegria dos homens, feita pouco diferente pela orquestra. Esta, Tom sabia de cor. Os altos e baixos dos violinos, o clima contente que se alastrava com a certeza divina duma proximidade abstrata ao próprio Jesus. Ao perdão e à confiança; e destes sentimentos, Ripley também se sentia próximo. Não era um teatro gigantesco como os de Roma, porém, da forma que existia ali, não existiria jamais em outro lugar. Durante aquela noite, esquecera-se de tudo, até mesmo de quem era.

Passaram-se mais duas, três músicas que Tom nunca antes havia escutado, nem sequer na igreja em Veneza. Contemplava o semblante do pianista, elegante em seu equilíbrio clemente com os outros instrumentos. Entre aplausos do fim de uma melodia, a cantora de ópera subiu, discreta, ao palco. Andou, confiante, até perto do piano, e trocou um sorriso com Peter. Trajava-se dum vestido vermelho escuro, em contraste com as roupas pretas dos outros musicistas. Respirou fundo e ajeitou a postura, coberta pelo silêncio após as palmas. Sons familiares ecoaram por toda a igreja e Ripley, afinal, pôde se lembrar do nome da melodia que o acompanhara por detrás do consciente durante toda a viagem. Sim, era mesmo uma de Vivaldi; Stabat Mater Dolorosa. E, em meio ao canto que se iniciava em crescente aflição, uma tradução que lera em livro lhe chegava à cabeça.

“Estava a mãe dolorosa

junto à cruz, lacrimosa,

da qual pendia o filho.”

Só se podia perdoar e rogar perdão quando, do mais sincero do ser, surgia o luto. Ou ao menos era desta forma que quisera interpretar a intimidade com a qual se relacionava com a canção melancólica da catástrofe intangível e necessária. Imaginou Dickie sob o sol. Dickie e Marge nas praias... Freddie Miles dirigindo seu carro, e os clubes noturnos onde ouvia o jazz até que atingisse a margem da surdez com a gritaria desafinada e os estalos dos pratos. E tudo fora, porventura, necessário. Mas sentiu saudades. O significado da música ia além da benevolência ou da culpa; era a aceitação do presente tal como o passado o construíra. Indecoroso ou não, aquele que o aceita é aquele que o justifica, e a mãe que chora, perdoa. Um dia, quem sabe, Peter o perdoaria.

Nos poucos momentos que quisera fazer eternos, admirou a música, agarrando-se sem esperanças aos instrumentos que calavam ao final das harmonias. Por segundos, silêncio, e então as palmas para quebrar o encanto. Estudou seu amigo, distante, com o olhar. O amava como amara a canção e, se descrevesse melhor, descreveria erroneamente.

Em seguida, a sucessão feliz, Stabat Mater Speciosa, foi concebida pelo pequeno coral em conjunto aos outros, num clima quase dançante e não menos intenso. O fez imediatamente mais contente, crendo não só no perdão, como num futuro ensolarado e melhor do que os males momentâneos. De Corinto, voltaria à Veneza e se deixaria estar, e apenas estar, com Peter. Logo uma nova melodia tomava o lugar, e acolhia-a em seus ouvidos sem o vício e apego tristonhos às músicas que se iam, como se roubadas pelo tempo.

E vinha outra. Uma reza última. Vagarosa, passional, tal quanto agradecimento a algum Deus. Peter lia, ávido, as partituras ao tocar. Viu os violinos, os cantores e seus olhares perdidos; não olhavam a plateia. Olhavam além, como que através dos que os assistiam. Sua tia Dottie lhe veio à cabeça, sua adição à igreja, e os domingos que o fazia ir rezar; os poucos momentos em que ficavam juntos sem gritos. Ouvira antes esta música, num domingo deprimido e, pela primeira vez, se perguntou como Dottie estaria passando. Notou-se vívido, quase em êxtase até o fim. Até a ausência completa do som, e até que as palmas de pé se espalhassem pela igreja que as ouvia. Sorria, bem como seu amigo. Sorriam olhando-se, pois Peter também chegara às próprias conclusões. E, para ambos, estava tudo bem.

Conforme se estendiam as palmas, Tom se perdeu, e isto era bom. Ficou sem estar, e o padre voltava a pronunciar palavras inatingíveis. Era escuro dentro e fora, e a criança que uma vez o tentara fazer rir, ia embora com a mãe. Iam embora os mais velhos e os mais jovens, e restavam os últimos católicos, numa retórica sensata aos musicistas e aos coristas. Se quisesse correr a Peter, não conseguiria, e se manteve de pé, firme. Peter foi quem, depois de bom tempo, correu até ele, num abraço apertado.

“Tom, estou tão feliz de te ter aqui!”

Fora bom, fora bom. Repetia, incansável, em meio aos sorrisos ingênuos e aos braços que o envolviam. A igreja estava quase livre, senão por eles e poucos outros, almas eufóricas e prósperas, que se sentiam em paz. Peter o chamou para sair, vibrante como se ansioso por algo mais.

Era noite na rua vazia, num breu devastador e seráfico. Peter lhe chamou a atenção, receoso, e abriu a boca sem conseguir dizer palavra. Tom observou e sorriu. Só se surpreendeu quando, já pronto para voltar a caminhar ao hotel, de súbito, o inglês lhe tomou os lábios, numa urgência de aclamação afeiçoada ao homem por quem, duma forma um tanto triste, se vira apaixonado. Deixou o coração ser o único som na calada da noite, e fechou seus olhos, numa esperança sagrada de que, talvez, o coração de Ripley pulsasse igual.

Prolongaram-se ali, sós, na quietude daquele que concorda e, uma vez unidos só por um abraço, Tom sorriu, vislumbrando, perplexo, os olhos do outro.

Não se sentia tão vivo em anos.

Mais tarde naquela mesma noite, sentaram-se no chão do quarto de Tom, compartilharam um cigarro e tardaram jogando baralho. Juntos, e, pela primeira vez, apenas como amigos, sem a ânsia de que algo diferente pairava no ar. Sim, existia algo a mais; algo que, agora, entendiam, e podiam tratar como um bom conhecido, e trazê-lo à tona quando lhes fosse conveniente. Pela primeira vez, eram totalmente honestos. E compreendiam o amar e o ser amado com a simplicidade de quem ama.

Abraçaram-se antes de dormir, e acordaram os dois de bom humor. Tom havia tido outro pesadelo, mas não fizera questão de mencionar isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado (finalmente chegou a apresentação do Peter :B) ♥ Em breve estarei postando mais capítulos.