Yo conozco tu rostro escrita por Lena V


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sacrifício


Notas iniciais do capítulo

O amor e o Sacrifício caminham lado a lado



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Cinthia acordou perto das duas da tarde, ela mexeu seu corpo na cama ainda de olhos fechados, passou sua mão pelo colchão procurando o corpo da outra que havia dormido com ela, não a encontrando ela abriu os olhos e ergueu seu corpo assustada.
—R? – Ela chamou passando o olho por todo o quarto
Ela esperou alguns minutos, mas não obteve respostas. Ser de certa forma abandonada em quartos de hotel não era tão estranho para ela. Sua irmã tinha que ter cuidado para que não fosse descoberta e para não prejudicar mais ainda Cinthia que de certa forma sempre teve problemas com as autoridades. Então quando ela achava que tinha um problema, ela saia no meio da noite deixando Cinthia para trás.
Sempre deixada para trás, mas não totalmente, sua irmã sempre deixava uma carta mais ou menos assim:
Querida Titi, eu sinto muito por ter que ser assim, mas precisei ir.
O hotel já esta pago, deixei dinheiro no freezer. Cuide-se até que eu possa cuidar de ti novamente.
Com amor, Sua R.
Cinthia lembrando das varias cartas que foram deixadas por sua irmã, passou a mão embaixo do travesseiro em busca de pelo menos um bilhete, mas não encontrou nada.
Levantou-se então e foi a caminho do freezer, o abriu e nada de dinheiro. Foi então que ela sorriu olhando para aquele freezer vazio, perdida em lembranças. Sin Rostro deixava sempre dinheiro no freezer pois sabia que Cinthia sempre procurava por sorvete. Um gosto que ambas dividiam, o amor por sorvete.
Fechou o freezer e voltou para a cama já aceitando o fato que foi abandonada, dessa vez sem os mimos de sempre.
—Titi? – Ela ouviu a voz rouca da irmã e o barulho da porta se abrindo.
—Achei que tivesse ido embora...
—Por que eu iria? – Rose fechou a porta e seguiu para o quarto com algumas sacolas na mão
—Não sei... O que trouxe ai? – Cinthia pegou uma das sacolas e encontrou uma torta de banana – Meu Deus... Já disse que te amo hoje?
—Ainda não... e mesmo que já tenha dito, eu adoraria ouvir você repetindo pelo resto do dia...
—O que deu em você?
—Não sabe como fez falta... – A voz de Rose falhou, ela abaixou a cabeça e forçou um sorriso assim que sentiu uma lagrima escorrer – E então... como me achou? – Rose queria mudar de assunto, não gostava de chorar, principalmente na frente de sua irmãzinha
—Eu conheço você... Não foi difícil te encontrar...
—Pra onde quer ir dessa vez? Veneza? Londres? Cuba? Africa?
—A gente pode falar sobre isso mais tarde?
—Por que?
—Mais tarde, Clara... Tudo o que eu quero agora é comer essa torna e passar o resto do dia agarradinha com você.
—Nada seria mais perfeito...
As duas ainda estavam em êxtase pelo reencontro, só queriam passar o máximo de tempo juntas.
Enquanto elas aproveitavam isso, outra pessoa estava enlouquecendo só de pensar na hipótese que as duas poderiam estar juntas. E não, não era Luisa tendo uma crise de ciúmes. Era Michael, ele tinha medo que se Cinthia se encontrasse com Sin Rostro ele não pudesse prende-la novamente e então ele perderia seu emprego.
Passou a madrugada inteira criando hipóteses em sua mente e seguindo pistas. Ele trabalhou assim:
Assistiu as câmeras do Marbella, observando atentamente cada movimento de Cinthia. A ultima imagem que ele tinha era saindo do hotel.
Tendo ciência da direção que Cinthia tomou ao sair do hotel ele foi em busca de câmeras de segurança de hotéis para aquele lado.
Após conseguir as fitas, analisa-las, encontrar Cinthia e ver para que direção a mulher seguia ele pode então traçar a rota que ela tomou. Pelo menos até o ônibus que ela subiu.
Michael foi até o terminar rodoviário falar com o responsável pelas filmagens do ônibus em questão.
Poderíamos resumir a madrugada de Michael em: Analisar vídeos de segurança para talvez encontrar a fugitiva
Michael não pode sequer dormir, passou o resto da madrugada pensando em maneiras de prender Cinthia. E ao amanhecer ele só queria exercer o plano.
Enquanto ele se organizava com outros policiais, Cinthia estava nos braços da pessoa que ela mais amava na vida.
Aproveitando cada minuto como se fosse o ultimo e isso já estava deixando Rose um tanto preocupada. Aproveitando que a irmã foi tomar um banho, Rose colocou um pacote na mochila de Cinthia que logo saiu do banheiro trajando um vestido preto.
—Vamos sair? – Perguntou Rose
—Eu vou embora...
—Não precisa ir, eu posso cuidar de você
—Rose – Cinthia chamava a atenção da irmã – Estão atrás de mim, você sabe disso
—Estão atrás de mim também, vamos fugir juntas – Sugeriu a mais velha
Durante os anos que passaram separadas, Rose só conseguia pensar na irmã e vê-la querendo partir, partia seu coração.
—Estão atrás de nós duas, se ficarmos juntas, só vamos facilitar para eles... Você sabe que eu tenho que ir...
—Eu sei... Só queria que não tivesse... – Rose olhava para baixo fugindo do olhar da mais nova – Coloquei um pacote com heroína na sua bolsa, você pode vender se precisar...
—Tão atenciosa... Mas eu ainda prefiro o dinheiro no congelador – Cinthia sorriu se aproximando da irmã e a puxando para um abraço
—Tem um celular também, prometa que vai me ligar se acontecer alguma coisa
—Eu prometo, Clara
—Clara?
—Sempre gostei de Clara, não seja chata.
—Cuide-se... – Rose começou a falar mas logo foi interrompida pela mais nova
—Até que você possa cuidar de mim... – Ela completou a frase roubando um sorriso de Rose.
Rose olhou nos olhos da mais nova profundamente, pôs uma mão em seu rosto acariciando-o e então se aproximou colando seus lábios nos dela.
—Amo você – Ela sussurrou ao tomar distancia
—Eu também amo você... – Cinthia abaixou a cabeça, pegou suas coisas e saiu pela janela onde tinha entrado.
Estava triste por ter que deixar sua irmã, mas sabia que esse seria o melhor para as duas.
Foi andando pelas ruas mal iluminadas até encontrar uma floricultura aberta. Entrou, encomendou algo rapidamente e saiu seguindo a rua parando em um bar movimentado.
Ela precisava vender a heroína de sua irmã para ter dinheiro para fugir. Ela sempre foi boa em vender as coisas para Rose, e naquela noite não foi diferente, em menos de uma hora ela já tinha acabado com o pacote.
Encostou-se no balcão do bar e pediu uma bebida para comemorar, pegou seu drink, sentou-se olhou ao redor e sorriu lembrando que essa noite seria a festa que Luisa queria leva-la como acompanhante.
—Essa é por você – Ela falou sozinha tomando todo o conteúdo de seu copo e logo pedindo outro.
Cinthia não estava bêbada e nem queria ficar, só precisava relaxar um pouco e alguns drinks depois ela apenas pagou a conta e saiu.
Seguiu andando, sabia que não tinha taxi nessa parte da cidade e pelo horário não passariam mais ônibus.
Cinthia conhecia muito bem esse lado da cidade, era onde ela costumava vender a maior parte das drogas, sabia onde os policiais costumavam ficar escondidos e por isso sabia por onde andar e por onde não andar. Ou pelo menos ela pensava assim, até ser surpreendia por Michael apontando uma arma para sua cabeça assim que ela dobrou a esquina.
Sem saber o que fazer ela só colocou a mão no bolso tirando o celular dado por sua irmã e o jogando na rua no exato momento que as outras viaturas chegaram fazendo com que o carro passasse por cima do celular o estraçalhando. Após isso ela sorriu levantando as mãos.
—Como? – Foi tudo que ela perguntou já sendo algemada
—Esse é o único caminho que não teria policiais, era obvio que viria por aqui – Ele empurrou a mulher para dentro do carro com uma certa ignorância enquanto um dos policiais recolhia o celular (ou os restos dele) do chão.
O que a surpreendeu foi que ele não a levou para a delegacia, levou a garota diretamente para o Hotel.
A empurrou pelo corredor fazendo com que todos que passassem vissem a cena, incluindo uma mulher em especial.
—Oi doçura... – Disse Cinthia assim que passou por Luisa que parecia estar em choque
Michael entrou no quarto com Cinthia a algemando na cama e então se afastou para olha-la
—Pronta para me dizer o que aconteceu em Veneza?
—Ainda esta em Veneza? – Cinthia ria descaradamente – Ok... Fomos para Veneza, tinha esse cara pintando o pessoal, eu queria muito um desenho meu com a Rose, ela não estava muito afim, mas mesmo assim posou comigo, sorrindo o tempo todo. O cara terminou o desenho e Rose me levou para comer. Ela estava preocupada, e então lembrei que ela era a Sin Rostro, ninguém poderia saber quem era ela e como era a sua aparência, ela sempre tomou cuidado quanto a isso, e graças ao meu capricho com aquele desenho, ela correu um risco...
—E?
—Não é obvio? – Ela arqueou a sobrancelha – Eu matei o artista, para garantir que ele não fosse capaz de fazer nenhum tipo de reconhecimento que pudesse prejudicar a Rose
—Matou um homem inocente por ela? – A expressão em seu rosto era de medo
—Eu faria absolutamente tudo por ela
—Você vai fazer, pode apostar que vai – Ele disse logo saindo do quarto e dando de cara com uma Luisa segurando um buque de rosas
—Quero vê-la – Ela disse como se não fosse obvio
—Se entrar ai vai ser interrogada novamente
—Eu sei.
Ele abriu a porta novamente deixando Luisa entrar e indo embora logo em seguida
Cinthia estava algemada na cama, virou o rosto para ver quem entrava no quarto e ao ver aquele lindo rosto apenas sorriu.
—Já estou algemada, por que a gente não aproveita? – Cinthia piscou para Luisa que sorriu olhando para a mais nova
—Esta usando o vestido que te dei...
—Eu adorei o vestido
—Me mandou flores...
—Achei que gostaria
—Eu adorei – Luisa sentou-se ao lado da mulher algemada – Pra onde foi?
—Todos sabem onde eu estava, ou melhor, todos sabem com quem eu estava...
—Como ela esta?
—Em perigo... – Cinthia lamentou fazendo Luisa arquear a sobrancelha sem entender – Vão me usar como isca para pega-la...
—Ela é muito esperta, não vai cair nessa
—Não cairia, mas eu fui atrás dela... Foi como colocar doce na boca de criança e agora estão tirando dela. Ela vai querer de volta...
—Você tem certeza?
Elas foram interrompidas por Michael que voltou com um telefone na mão.
—O celular foi destruído, mas recuperamos um numero – Michael olhava para Cinthia que não tinha como esconder sua preocupação – Você vai ligar pra ela e marcar um encontro
—Ela vai perceber, eu não sou de ligar...
—Uma mensagem então, Marque daqui duas horas nesse endereço – Ele entregou o telefone celular para Cinthia e um papel com o endereço de um galpão
Ela escreveu a mensagem da forma como Michael havia pedido terminando apenas com seu nome como assinatura.
Ele enviou a mensagem logo recebendo uma resposta de Sin Rostro dizendo que estaria lá.
—Temos uma longa viagem para fazer – Ele disse tirando Cinthia da cama e a levando para fora do quarto
—Me visite na cadeia doçura – Cinthia falou alto já no corredor para Luisa que ficou para trás.
Cinthia estava no banco de trás do carro de Michael que era seguido por algumas viaturas.
As viaturas se posicionaram de forma estratégica para que não fossem vistas, o mesmo foi feito pelos policiais.
O carro de Michael estava dentro do galpão junto com seu dono e Cinthia.
Não demorou muito para a chegada de Rose que parecia estar sozinha. Ela parou o carro perto da saída, saiu do veiculo e avistou sua irmã e o policial dentro do carro. Michael tomou folego, esperou por esse momento por longos anos. Saiu do carro apontando a arma para Cinthia.
—Não se mova – Michael praticamente gritou – Eu tenho a sua irmã
—Estou vendo – Rose não parecia surpresa, muito pelo contrario, era como se ela soubesse de tudo.
—Se quer que sua irmã fique bem, acho melhor se entregar
—Você não vai fazer nada com ela, sabe por que? Porque eu tenho seus amigos
E então entraram vários homens tendo alguns dos policiais de refém.
—Como soube? – Michael estava quase em desespero
—Simples, ela não assina como Cinthia Ruvelle, então soube que havia algo errado.
Michael não estava desesperado, ele estava furioso. Pressionou mais a arma contra a cabeça de Cinthia. E então foi a vez de Rose ficar preocupada.
—Solte-a que deixo seus amigos policiais vivos
—Você não esta em condições de fazer negociações – Ele puxou o ferrolho da pistola para trás e nesse momento mais policiais apareceram revelando que Rose estava basicamente cercada – Entregue-se
Rose não respondeu, olhava para os lado em busca de uma saída enquanto pensava em uma maneira de salvar sua irmã, mas a verdade é que ela não imaginou que teriam tantos policiais e já não sabia se conseguiria sair de lá com sua irmã, talvez para o bem da mais nova ela devesse se entregar.
Ela passou longos minutos em silencio e foi quando ela deu um passo pra frente que Cinthia se pronunciou.
—Não faça isso – Ela disse logo tendo a pistola sendo pressionada com mais força em seu rosto para que ela ficasse em silencio, como se isso a impedisse de algo – Corre – Ela gritou antes de puxar a mão de Michael para baixo, tirando seu rosto da mira.
A arma estava apontada para ela, mas ela não se importou, o que importava era Rose conseguir fugir, e tudo que impedia Rose de fugir era ela. Com isso em mente ela puxou o gatilho.
Um barulho alto soou, gritos, correria e o corpo de Cinthia batendo contra o chão, o sangue manchava seu vestido e sua visão foi ficando escura.


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