Cinthia esperou uns minutos depois que Michael saiu para tentar sair do quarto novamente, mas se deparou com a porta trancada

—Ei! - Ela Batia na porta - Eu quero sair!

—Michael não quer que você saia

—Dane-se o que Michael quer, eu quero sair

—Sinto muito - Foi tudo o que ele disse

—Estou com fome... A gente não pode descer para o restaurante? Juro que vai ser rápido - Ela quase implorava, depois de tanto tempo presa, se ver naquela situação era realmente incômoda

Ele nada disse, pelo menos não com ela. Cinthia pode ouvir ele conversando com alguém do lado de fora. Depois de alguns minutos a porta se abriu e o guarda entrou com um prato de comida. Ele deixou no criado mudo e saiu sem falar nada.

—E dizem que eu sou a antipática... - Ela falou sozinha começando a comer

Aquela noite seria longa, ela não estava mais na cadeia mas ainda continuava presa.

Presa com uma cama confortável e uma TV... Talvez não fosse tão ruim, mas de qualquer forma ela estava sozinha...

Na manhã seguinte Cinthia foi despertada por batidas fortes em sua porta anunciando a entrada de alguém

—Michael quer você lá em baixo - O Guarda disse sem rodeios

—Bom dia pra você também, grandalhão... - Cinthia coçava os olhos e procurava sua calça para poder ir.

Normalmente aquela situação teria irritado-a e por motivo nenhum ela sairia da cama, mas como ela estava presa, qualquer motivo que tirasse ela do quarto era algo incrível.

Ao chegar no restaurante onde estava sendo servido o café da manhã, percebeu que Michael ainda não havia chegado, então resolveu começar sem ele.

Em busca do café acabou por esbarrar em uma mulher, talvez por conta do sono, ou apenas por ser desastrada mesmo.

—Me desculpe, eu... - A mulher levantou o rosto e então Cinthia parou de falar - Oi... - Era a mulher da noite anterior, Luisa

—Cinthia não é? - Ela Perguntou

—Isso... - Ela não queria demonstrar mas estava feliz por Luisa ter lembrado seu nome - Me desculpe por ontem... Não consegui me despedir de você

—Sem problemas, seu namorado queria te levar pro quarto, eu entendo

—Namorado? - Ela arqueou a sobrancelha e então lembrou que a sua sombra (o guarda) estava com ela na noite passada - Não, meu Deus, não. - Cinthia começou a rir - Ele é como... Uma dama de companhia. Ou quase isso, é complicado... - Ela não diria que estava sendo vigiada pela polícia - De qualquer forma, eu nem gosto de garotos...

—Não, é? - Luisa pareceu sorrir de canto o que não passou despercebido por Cinthia

—Nem um pouco... As mulheres é que ganham a minha atenção

—Acho que nós, mulheres, temos sorte então

Cinthia sorriu e mordeu o lábio inferior provocativamente olhando para Luisa, mas então avistou Michael vindo em sua direção.

—Ah... Eu... Eu preciso ir... Foi bom te ver, Luisa -Ela não queria que Michael fizesse uma cena, nem que Luisa descobrisse que ela na verdade era uma ex presidiária

—Quem sabe a gente não se vê outra hora... - Luisa sorriu e então se afastou deixando Cinthia seguir de encontro com Michael.

—Sobre o que estavam falando? - Michael perguntou preocupado

Ele sabia que Luisa já teve um caso com a Sin Rostro (irmã de Cinthia) mas Cinthia não sabia disso.

—Nada, só esbarrei com ela e me desculpei... - Disse antes de se sentar - E então... Como vai ser?

—Eu pergunto, você responde.

—Perguntas difíceis? - Ela parecia curiosa - Já aviso que nunca fui boa em prova oral

—Só me conta sobre o passado de vocês

—Por que? Isso faz diferença?

—Claro que faz, quero saber tudo. Comida favorita, lugar favorito, completamente tudo, não deixe passar nada. Eu preciso conhece-la para pensar como ela e pega-la

—Michael... É melhor você tirar isso da cabeça - Ela deu um gole em seu café - Vou te ajudar, não contando sobre os diários antigos da minha irmã, mas vou te ajudar.

—Você precisa cooperar. Eu cumpri a minha parte do acordo

—Eu sei. E como sou uma boa menina e uma mulher de palavra eu tenho alguns endereços pra darmos uma olhada.

—Endereços de...?

—Propriedades antigas, casas da família, lugares em que ela costumava ficar quando mais nova, essas coisas...

—Você é simplesmente um anjo que caiu do céu - Ele pegou as mãos da mulher a sua frente e beijou-as em forma de agradecimento

Ela riu da situação e continuou a tomar seu café.

Ao terminar Michael a levou para o carro e então seguiram para o endereço que Cinthia havia fornecido.

Uma casa abandonada foi encontrada, eles entraram e encontraram a casa ainda mobiliada, como se as pessoas que morassem ali tivessem fugido e nunca mais voltado.

—Me conta a história - Michael perguntou enquanto olhava as coisas na estante

—Casa de férias... Rose amava esse lugar - Ela se aproximou de um porta-retratos retirando uma foto de lá - Vínhamos muito quando pequenas... - Ela guardou a foto no bolso sem que Michael percebesse

—Eu vou procurar alguma pista lá em cima - Michael anunciou subindo as escadas

—Boa sorte... - Disse ela já sozinha na sala - A gente não vem aqui desde que eu tinha 5 anos... - Ela sussurrou para as paredes e abriu um sorriso um tanto intimidador

—Disse alguma coisa? - Michael apareceu na escada

—Perguntei como vamos? Sabe, sua busca aí em cima, achou algo?

—Talvez... Não tenho certeza... Tenho que dar mais uma olhada...

—Eu queria voltar pro hotel antes do almoço... - Cinthia comentou quase como um pedido

Michael apenas revirou os olhos e pegou seu rádio chamando alguém enquanto se distanciava

—Vai pra fora, um amigo vai te deixar no hotel - Disse Michael que continuava com sua busca nos quartos

Cinthia apenas saiu e esperou, logo uma viatura apareceu e ela tomou a liberdade de entrar. O amigo de Michael a levou para o hotel deixando ela sobre supervisão de César, o guarda que ficava do lado de fora do quarto.

Ele a seguiu até o restaurante, e por mais que ela quisesse privacidade, poder almoçar fora do quarto já era algo pelo qual ela deveria comemorar.

Cinthia passou os olhos pelo restaurante a procura de uma mesa, mas acabou por encontrar algo melhor.

Foi andando entre as mesas até chegar em uma específica. A mesa onde Luisa estava.

—Oi... - Cinthia tentou chamar a atenção da mulher que olhava o cardápio

—Está me seguindo? - Luisa levantou o olhar e sorriu para Cinthia mostrando que não estava nada incomodada com a situação

—Não... Eu não estou te seguindo, mas eu arrisco dizer que o fato de sempre nos encontramos, é o destino nos mandando um recado...

—Ah é? - Luisa arqueou a sobrancelha em sinal de interesse - E qual seria o recado?

—O recado que você deveria me chamar pra almoçar... - Ela sussurrou como se fosse um segredo

Cinthia era assim, evasiva, e Luisa parecia estar gostando

—Quer almoçar comigo? - Luisa convidou lançando um olhar provocativo que não passou despercebido por Cinthia

—Eu adoraria...