Bohémienne escrita por Ananda Ayira


Capítulo 19
Petite marchande d'illusion


Notas iniciais do capítulo

Ois, ois, ois!! Gente, me digam que vcs estão seguros nessa pandemia???
Tradução do título: "Pequena vendedora de ilusões", da música "Tu Vas Me Détruire", é uma das minhas favs do musical, indico: https://www.youtube.com/watch?v=VF3MNh8V9jI
Me perdoem o atraso, mas tá menor do que dois anos então eu vejo como uma vitória completa kkkkkkkk E eu to fazendo pós-graduação, então rezem por mim agora! AAAAAAAAAAA
Esse capítulo ficou mais longuinho, espero que gostem!! Tem bastante música e dança e muuuuito drama!!
Deliciem-se! Deixem reviews depois! ♥ Bisous



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Terra do Nunca, ao anoitecer...

A medida que a Lua subia no céu a Terra do Nunca ficava menos silenciosa. Primeiro, duas crianças apareceram na praia. Depois, havia risadas na floresta que ecoaram por toda a ilha. Algumas chegaram perto dos Pássaros do Nunca e os perturbaram criando alvoroço nas árvores. Algumas brincavam no Riacho do Crocodilo, sem suspeitar do perigo que, por sorte, estava adormecido no fundo da Lagoa das Sereias.

Até Pan juntá-las todas na clareira perto da Árvore do Enforcado, já devia estar perto das altas horas da noite. Mas Hélène esperava junto com elas, por Peter buscar cada uma. Quando estavam todas ali, Peter tomou a voz e anunciou:

— Bem-vindos a Terra Nunca! Se estão é sua primeira vez aqui, não se assuste. Esse é o lugar onde os sonhos nascem, onde tudo é possível e tudo é permitido. Porque não há ninguém aqui para nos ditar regras! – Bradou ele.

Hélène olhou os olhos das crianças que o escutavam. Todas pareciam extasiadas com a promessa de um lugar paradisíaco, longe dos adultos e sem regras.

— Agora, se me permitem. Preciso apresentar uma pessoa a todos: - Ele estendeu a mão para a garota, fazendo a corar.

Ela, que estava sentada sobre uma pedra no lado oposto às crianças e atrás de Peter. Levantou-se, pegou a mão do esposo que a conduziu até o centro da clareira. Ao lado da fogueira que eles haviam preparado mais cedo.

— Hélène! – Ele anunciou.

Ela fez uma reverência como quando se apresentava pelas ruas de Paris. Gargalhando da situação.

— Vocês vieram aqui para se divertirem! E temos algo especial para vocês... – Declarou Peter, passando para trás de Hélène e deixando-a falar.

— Eu vim de muito longe. Assim como vocês! – Contou Hélène, buscando mantê-las tão encantadas por ela quanto elas estavam por Peter. – Para cantar e dançar. Assim como vocês!

Um silêncio seguiu.

— 1Marijo, deli bela kumrijo, mori, Što ti je Maro, Krotko, mori odenje...— Iniciou com os olhos fechados. - Što ti je, Maro, Tio, mori, zborenje?

Što ti je, Maro, Tio mori, zborenje?— Repetiu o verso e sorriu.

Peter começou a batucar o ritmo na pedra com um graveto. Olhando a plateia e tentando identificar alguma criança, ou jovem, que lhe parecesse com o detentor do Coração do Verdadeiro Crédulo.

A música falava do peso da saudade, do amor distante. Hélène quis cantá-la em homenagem aos seus que ficaram em Paris, no Pátio dos Milagres.

Da li ti, Maro, težit, stomnite, mori, Ili ti Maro, težit, mori, đerdani? — Hélène começou a mexer-se no ritmo da música. Farfalhando a saia e floreando as mãos.

Ili ti, Maro, težit, mori, đerdani? Ili ti, Maro, težit, mori, đerdani? – Todos cantaram junto dela.

Naquele momento, Peter largou o galho e passou a tocar a flauta, no ritmo da canção de Hélène. Sem perder o contato com as crianças e sem parar de procurar entre elas, algum sinal daquela que ele queria encontrar.

E a música ganhou corpo, agora todas as crianças batucavam com os galhos. O som cresceu e encheu o lugar e os a redores. E Hélène dançou, enquanto cantava:

— Are leila la la! Are lei la la la! Arelei la la la! — Não tinha significado certo dessa parte. Mas seguia o ritmo, dançava girando os quadris e subindo as mãos, como Aimée fazia. - Are leila are are are leila lala! Are leila la! Are leila la la la!

Are leila la la! Are lei la la la! Arelei la la la! — Repetiram. - Are leila are are are leila lala!

E a plateia seguiu aquele ritmo, batendo palmas enquanto Hélène girava a saia. Algumas crianças se se levantaram e começaram a dançar junto e bater os galhos no ar, no ritmo da canção.

Nito mi, ago, težit stomnite, mori, Nito mi... - Ela parou e floreando as mãos, seguiu a música. - ago, težit mori, đerdani Nito mi, ago, težit mori, đerdani...

A mulher, na música, respondia que nem a água nem os colares eram tão pesados para ela. Não mais que o peso do desejo pelo amado.

— Toko mi, ago, težit merak ot more, Moj merak, — Ela ergueu a saia e seguiu as batidas com os pés e bateu palmas. - ago mi je, more, daleko...

Quando a música falava do amor distante, ela olhou para Peter. Pensou no quão longe ele viera, da Terra do Nunca ao Pátio dos Milagres, até ela. E leva-la para aquela Terra e para que juntos salvassem o mundo dele. Mundo que também seria dela.

Moj merak, ago mi je, more, daleko; Moj merak, ago mi je, more, daleko! — Cantaram juntos. – Are are are...

A música cresceu novamente e Hélène dançou cantando:

— Are leila la la! Are lei la la la! Arelei la la la! Are leila are are are leila lala! Are leila la la! Are lei la la la! Arelei la la la! Are leila are are are leila lala!

Catedral de Notre-Dame de Paris, 03 de agosto de 1499...

René virara a noite sobre os manuscritos do Arcediácono de Josas. Por fim, descobrira tudo o que o sacerdote fizera em seu último ano de vida. Como padre Claude Frollo exercia cuidado pela catedral, por seus protegidos, o Corcunda Quasímodo e seu irmão vadio Jehan. Por ambos ele nutria um amor paternal. Ele tentara de todas as formas ensinar o irmão a ser um homem letrado. E pensara ter uma nova chance com Quasímodo, até este ficar surdo devido ao trabalho como sineiro.

Porém, um único aspecto da vida de Claude Frollo deixou René debruçado sobre os pergaminhos e a procura de outros que falassem dela. Ele citara uma cigana, no dia da Epifania do Senhor. No dia da festa pagã do Festa dos Loucos. Assim como acontecera com ele próprio.

O jeito que ele falava daquela cigana nos manuscritos. Obsessivamente. Como ele deixou claro que seu coração se partira ao saber que ela era casada. Principalmente, por ser um de seus ex-alunos de idiomas. Um poeta, pobre, chamado Pierre Gringoire. Esmeralda.

Frollo ficara fascinado pelos olhos negros da cigana. Ele dizia nos manuscritos que neles havia “mais mistérios do que na Luz da Lua”. Ele tentara até reproduzir aquela luz, na alquimia. Mas nada se comparava. Ele sabia que aquele amor seria sua destruição. Haviam páginas dizendo o quanto ela atrapalhara sua vida. Porém, ele dizia que pediria a ela que fugisse com ele.

René procurou que fim levou o pedido do padre Claude. Esperava que isso lhe desse alguma esperança com a cigana dos cabelos de fogo. Mas os manuscritos paravam no dia em que em que Esmeralda fora sentenciada por bruxaria.

Ele sabia que Frollo havia sido encontrado caído de sua torre, pouco tempo depois. René duvidava que se ela tivesse aceitado, o arcediácono teria tido o fim que teve. Precisava esquecer-se daquela cigana. Mas como?

Se ela já estava fincada em seu coração. Com seu nome escrito na carne de suas entranhas e inflamando. Ela estava condenada e foragida. Precisava encontrá-la, leva-la embora dali. O plano de Frollo com Esmeralda falhou, mas Claude Frollo era um velho de trinta e poucos tentando a sorte com uma jovem que tinha o homem que quisesse a seus pés.

René encontraria Hélène. E fugiria com ela. Para sempre.

 

Floresta Encantada, Reino de Avalor...

O sol era forte naquele lugar, mais quente que Paris no verão. Hélène olhava tudo ao redor, com os olhos arregalados e pupilas dilatadas. O reino ficava a beira mar, o castelo ficava sobre uma cachoeira, tinha torres abobadadas, com ouro nos telhados e podia ser visto de qualquer lugar da cidade. Ao Contrário de Paris, onde o castelo ficava afastado da cidade e toda a água se devia ao Sena que recortava a cidade.

Hélène notou que o povo daquele reino se parecia mais com os ciganos do que ela própria. Os cabelos escuros, a pele morena, a música que corria por ali lhe era familiar. Lembrou-se que os ciganos eram nômades. Seria possível que estivessem também naquele mundo e prosperaram a ponto de terem um reino deles?

Peter disse que naquela Terra a magia seria mais forte do que em Paris, então Hélène devia se cuidadosa com como e quem olhava nos olhos. Esperariam cair à noite, quando o poder de Hélène fosse mais forte, para atrair as crianças perdidas. E assim fizeram.

Quando caiu a noite, nuvens pesadas cobriam a cidade. Mas havia vento, então não choveria logo. Eles esperaram não haver mais ninguém nas ruas. Começaram por uma rua perto do Palácio. O plano era seguir pelas ruas até a praia e de lá irem todos para a Terra do Nunca.

— Agora.— Disse Peter, dando o tom na flauta para que a garota começasse a cantar.

Hélène hesitou e perdeu a deixa onde devia começar a cantar. Um arrepio lhe percorreu o corpo, talvez era o medo de serem pegos. Ali não era a Terra do Nunca onde as crianças não tinham opção a não ser ouvi-la.

— Hélène! Agora. —Sibilou ele, recomeçando.

— Sim... – Sussurrou a garota, antes de começar a cantar.

A música fora pensada para atrair os perdidos. Os que não se sentiam amados, que se sentiam sós.

2Seul, comme en exil— Cantou. - Comme un naufragé, sur son île; Comme le funambule, sur un fil...

Nada aconteceu. Os dois se olharam e Hélène puxou o ar, bem fundo, antes de continuar:

Seul parce qu’on a tout pris; Parce qu’on a eu tort; C’est se croire en vie, même quand on est mort... C’est abandonner sa chance à un autre; Sans jamais pouvoir oublier sa faute; Seul parce que l’amour a changé de camp; C’est des cris de peine, mais qui les entend?... — Cantou ela, com os olhos fechados. Receosa de quem quer que ouvisse a canção e os delatasse, ela os abriu e olhou para Peter, com medo.

Ele, porém, reparou as janelas se abrindo no alto das casas. E encorajou Hélène a continuar. O vento carregou a voz dela pelas ruas, até as casas. 

Seul parce qu’on n’a pas su lire entre les lignes; Qu’on n’a pas voulu regarder les signes; Parce qu’on écoutait sans jamais le croire; Quand l’amour s’en va, c’est toujours trop tard... Seul c’est une nuit qui n’en finit pas; C’est une elle sans lui, c’est un toi sans moi... — Ela começou a escutar as janelas se abrindo.

— Continue, Hélène. Continue! – Pediu Peter, rindo ao ver que o plano funcionaria.

Seul comme en equilibre; Seul prisonnier parce qu’on est libre; Seul comme une histoire sans son livre... — Hélène sorriu, ao ver garotos nas janelas. Seus cabelos voavam para trás, conforme o vento arrastava o som.

Seul parce qu’on a tout pris; Parce qu’on a eu tort; C’est se croire en vie, même quand on est mort... C’est abandonner sa chance à un autre; Sans jamais pouvoir oublier sa faute; Seul parce que l’amour a changé de camp; C’est des cris de peine, mais qui les entend?... — Ela repetiu o começo do refrão. Hélène olhou para cima e viu que eles pularam das janelas. Que escalavam as paredes para baixo. Para virem se juntar a ela e Peter Pan.

Seul parce qu’on n’a pas su lire entre les lignes; Qu’on n’a pas voulu regarder les signes; Parce qu’on écoutait sans jamais le croire; Quand l’amour s’en va, c’est toujours trop tard... Seul c’est une nuit qui n’en finit pas; C’est une elle sans lui, c’est un toi sans moi... — Quando ela cantou o resto do refrão. Haviam três outros jovens seguindo-os para as ruas mais à frente.

Seul qui n’a jamais été seul; Seul, ma place à ceux qui la veulent...

Seguiriam pelas ruas principais, até o fim do reino. E Hélène segui cantando:

Seul comme un condamné devant l’échafaud; Comme un innocent devant son bourreau; Seul comme un enfant qui cherche son père; Seul comme le mendiant qui s’endort à terre; Parce qu’on a passé sa vie sans la voir; On se trouve seul devant son miroir... — Conforme iam indo pelas ruas, a voz de Hélène ganhou força.

Ela percebeu que realmente, apenas aqueles jovens a escutavam e sentiam-se impelidos a segui-la pelas ruas. E, como Peter estava a seu lado, ela perdera o medo de estar sozinha.

Seul parce qu’on a tout pris; Parce qu’on a eu tort; C’est se croire en vie, même quand on est mort... C’est abandonner sa chance à un autre; Sans jamais pouvoir oublier sa faute; Seul parce que l’amour a changé de camp; C’est des cris de peine, mais qui les entend?... — A quantidade de jovens e de crianças que os seguiam foi crescendo. - Seul parce qu’on n’a pas su lire entre les lignes; Qu’on n’a pas voulu regarder les signes; Parce qu’on écoutait sans jamais le croire; Quand l’amour s’en va, c’est toujours trop tard... Seul c’est une nuit qui n’en finit pas; C’est une elle sans lui, c’est un toi sans moi... - E iam se juntando mais a cada quarteirão, rua e praça.

Seul comme un condamné devant l’échafaud; Comme un innocent devant son bourreau; Seul comme un enfant qui cherche son père; Seul comme le mendiant qui s’endort à terre; Parce qu’on a passé sa vie sans la voir; On se trouve seul devant son miroir... — Quando Hélène terminou a canção, à beira da praia. Somavam, pelo menos uma dúzia de rapazes jovens e crianças.

Quando Peter viu que haviam conseguido, ele sorriu para Hélène.

— Conseguimos, ma lune. Conseguimos! – Exclamou ele. Erguendo-a nos braços e depois dando-lhe um beijo nos lábios.

— Eu lhe disse. Você é muito mais poderosa do que uma simples cigana ou a filha de um poeta. Você tem a Luz da Lua em você. – Disse colocando-a no chão. Ela sorriu, enquanto via que seu poder era real.

— Eu ainda não acredito que isso esteja acontecendo... – Falou ela, incrédula, com uma das mãos a boca e a outra sobre a mão do marido.

— Não acredita? – Indagou Peter. – Então, o que acha de fazermos um último teste?

— Do que você está falando? – Questionou ela.

— Escolha um deles. – Disse ele, conduzindo-a até os jovens que enfeitiçaram.

Hélène riu. Ela passou entre eles, olhando cada um nos rostos. A maioria tinha um semblante entristecido. Via-se que não levavam vidas fáceis, mesmo num reino aparentemente rico e feliz. Eles pareciam em uma espécie de transe. Paralisados. Mesmo contra o vento, eles não se moviam.

Quando ela pegou pela mão, o mais novo que vira entre eles. Ele devia ter seis, talvez sete, anos de idade. Vestia trapos. Uma camisa larga, claramente de outra pessoa, uma calça suja de terra e tinha cabelos com pesados cachos negros.

— Qual o seu nome, mon petite?— Perguntou ela para o garoto.

— Carlos. – Respondeu-lhe.

— Bem, Carlos, - Disse ela. – venha comigo.

Os dois foram em direção a Peter. E ele abaixou-se para falar com a criança.

— Olá, Carlos. Está com fome? – Perguntou ele. Fazendo aparecer em sua mão um pão doce.

A criança fez que sim. E seus olhos se iluminaram de ver o pão e tentou pegá-lo, mas Peter desviou.

— Ainda não, apressadinho! Veja, vamos jogar um jogo. Se você vencer, o doce é seu.

— Qual jogo?  - Perguntou o garoto.

Peter se agachou e virou a criança para Luce.

— Eu chamo de: Siga a dama. – Sussurrou. Olhando para Luce acima dos cachos de Carlos, olhou de relance para o mar.

— Coloque-o no mar. – Sussurrou ele, para Hélène.

Ela agachou-se diante de Carlos que a olhava, ele estava assustado. Hélène se esforçou para ignorar o brilho inocente dos olhos do garoto e focou dentro deles. Em sua alma. A luz prateada voltou a refletir no fundo de suas pupilas. E o garoto perdeu a expressão.

Hélène se levantou e andou na direção da água e ouviu os passos da criança seguindo-a. Ela hesitou alguns metros a diante, antes de entrar na água. Mas, entrou.

A água estava morna por causa do calor que fizera durante o dia naquele reino. Ela foi entrando e viu que Carlos a seguia, olhou para a praia. Peter fazia sinal para que ela continuasse em frente com a criança.

Quando ela parou, com a água na altura das coxas, Carlos continuou em frente, nela a água estava à altura da cintura. O mar estava começando a se agitar, a água estava recuando.

Ela o viu dar alguns passos e depois tentou impedir que desse mais um quando Peter segurou seu braço.

— Não vai fazer isso. – Bradou ele.

— Não vou deixa-lo se afogar! Você queria que eu me testasse. Pronto. Ele obedeceu ao que você me disse para fazê-lo fazer. Deixe-me pará-lo agora! – Esbravejou Hélène puxando o braço de Peter.

— Espere mais um pouco. – Bradou Peter segurando-a de novo. – E não seja tão teimosa.

Carlos avançava pequenos passos em direção a quebra das ondas.

Um relâmpago clareou o céu. E, naquele momento, começava a formar-se uma onda que seria capaz de cobri-lo completamente.

— Carlos! Pare! – Gritou ela, quando o trovão soou. Mas ele não obedeceu, continuava andando em direção às ondas que agora cobriam seu peito.

— Peter, você tem que ir salvá-lo! – Clamou ela. – Eu não sei nadar.

— Temos que salvar os outros, essa tempestade vai cair logo. – Disse ele, se desvencilhando de Hélène e indo até os outros que ficaram na praia.

A onda estava prestes a quebrar sobre o garoto.

— Peter! – Hélène protestou, virando-se para onde Carlos estava.

Quando ela olhou, lágrimas lhe vieram aos olhos. A onda veio e ele afundou.

— Não! – Gritou a garota. – Não, não. Não!

Peter correu para impedir a cigana de ir atrás da criança.

— Hélène, temos que tirar os outros daqui! – Ordenou ele, segurando-a com os braços.

— Por quê? Por que me fez fazer isso?! – Chorou ela.

Peter, calou-a com a mão. Afinal, não podiam ser ouvidos e já havia muito barulho com a tempestade se aproximando.

— Eu não queria que isso acontecesse também! – Exclamou ele. – Mas agora aconteceu. E precisamos ir. Agora!

 

Terra do Nunca, na manhã seguinte...

Hélène estava sentada, de frente para o mar, chorando silenciosamente. Enquanto Peter cuidava das crianças que trouxeram do Reino de Avalor. As ondas calmas da Terra do Nunca não afogariam ninguém. Mas não haviam sido as ondas as culpadas da morte daquela criança.

Quem ordenara que Carlos entrasse no mar? Quem o enfeitiçou? Se não fosse ela, o garoto teria ficado dormindo em sua casa e, com certeza, não estaria morto.

— Foi minha culpa. – Chorou ela, encostando o rosto em seus joelhos. – Minha culpa. Minha culpa!

— Está infeliz aqui, criança? – Perguntou a voz agourenta, que Hélène reconheceu de imediato.

Ela ergueu a cabeça para a criatura agourenta da Sombra.

— Finalmente, percebeu que os modos de Peter são bem mais nefastos que seu verdadeiro propósito?

Hélène, nem sequer titubeou a pensar duas vezes.

— Leve-me embora. Eu imploro. – Pediu ela, com lágrimas nos olhos. – Eu nunca mais usar esse poder. Clopin e Rosalie podem tirar isso de mim, eu tenho certeza. Leve-me de volta à Paris!

A Sombra riu e estendeu a mão para a cigana.


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Notas finais do capítulo

1: "Maria, sua valente pomba branca, minha querida
Minha querida, por que
Você anda silenciosamente?
Minha querida, por que
Você fala silenciosamente?
Minha queria, é essa água muito pesada para você?
Ou, minha querida, são seus colares que são pesados de mais para você?
Meu caro mestre, nem os talhos de água são pesados de mais para mim
Nem, meu caro mestre, são os meus colares pesados de mais para mim
Mas mestre, meu desejo de ver meu amado é muito forte
Meu amado está tão longe"
2: "Sozinho, como no exílio
Como um náufrago
Na sua ilha
Como o equilibrista
Em um fio
Sozinho porque nós levamos tudo
Porque estávamos errados
É acreditar em si mesmo vivo
Mesmo quando um está morto
Está desistindo
Sua sorte para outro
Sem nunca poder
Esquecendo a culpa dele
Sozinho porque amor
Mudou acampamento
São gritos de dor
Mas quem os ouve?
Sozinho porque não sabíamos
Leia entre as linhas
Que nós não queríamos
Assista os sinais
Porque ouvimos
Sem nunca acreditar
Quando o amor vai embora
Ainda é tarde demais
Sozinho é uma noite
Isso nunca acaba
É uma mulher sem ele
É você sem mim
Sozinho como em equilíbrio
Apenas prisioneiro porque somos livres
Sozinho como uma história sem seu livro
(Refrão)
Sozinho que nunca esteve sozinho
Só o meu lugar para quem quiser
Sozinho como condenado
Na frente do cadafalso
Como um inocente
Na frente do seu carrasco
Sozinho como uma criança
Que está procurando por seu pai
Sozinho como o mendigo
Quem adormece no chão
Porque nós passamos
Sua vida sem vê-la
Estamos sozinhos
Na frente de seu espelho"
E AE???? O que vocês acharam?
Eu pretendo continuar, dentro do possível nessa quarentena!
Me deixem comentários cheios de amor (ou ódio tbm) Kkkkkkkkkk
Fiquem seguros contra o covid-19! Bisous ♥



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