The Dead Test – O Teste Morto escrita por Pedro Haas


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Curtinho mas com ansiedade ♥



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O corpo do monstro cai sobre nossos pés, com um buraco na cabeça, barulhos altos de tiros ecoam por toda loja. Eu olho para Isabelle, e ela também está surpresa, o que aconteceu? Eu não atirei, muito menos nem ela. Olhamos para fora, onde pequenos flashes que iluminam a rua, e um a um, os monstros caem. Eu pisco os olhos, atordoado, mas Isabelle me balança e eu volto a mim; temos que correr.

Saímos da loja acuados, porém com pressa, tentando identificar de onde vieram os tiros, e então eu ouço uma voz feminina.

— Onde vocês pensam que estão? – A voz veio de um carro baixo e preto, com faróis desligados e o motor roncando baixinho.

— Me desculpe – minha garganta coça, e eu percebo que já não uso minha voz há muito tempo. Por minha irmã ser surda, e sermos apenas nós dois há meses, não há por que eu a usar.

— Vocês são burros ou o que? Eu não queria ter vindo te salvar, sabe? – Ela diz como se estivesse irritada, e agora eu percebo que ela está no banco do passageiro, segurando uma submetralhadora com a mão direita, e um cigarro na esquerda – Vocês vêm ou não?

Ela atira para frente, bem no ponto onde eu vi esta loja pela primeira vez, acertando um dos monstros que estava vindo acelerado até nós. Eu estremeço com o barulho do tiro, e com a minha agitação, Isabelle também fica preocupada.

— Andem logo! – Ela grita, e eu acordo.

***

Dentro do carro, ainda segurando firmemente a mão de Isabelle, que não parecia tão assustada quanto eu. Talvez, talvez por ela ter vivido mais tempo neste mundo do que no normal, ela não está tão acostumada com um carro quanto eu. Bem, há anos que a gente só anda a pé.

Ela observa o carro de cima abaixo, e me parece tão relaxada que me contagia.

— Não se preocupem – a voz feminina que nos chamou anteriormente falou – A viagem é rapidinha, poucos minutos.

— Pode nos dizer pelo menos para onde você está nos levando? – Eu digo, tentando ser educado, coisa que a muito não fazia.

— Eu não sou nenhuma princesinha para você ficar falando assim comigo, não – ela respondeu.

— Desculpe – eu digo, automaticamente.

Ela deu uma pequena gargalhada, e o motorista também. Ele era calado, e até agora não havia dito nada, apenas seguia quieto, como se fosse mais um fato cotidiano atirar em tantos monstros de uma só vez. Eles não pareciam sujos como eu e Isabelle.

— Vocês os mataram tão rápido – eu comento – Pra onde vamos tem tantas armas assim pra desperdiçar com a gente? – Minha voz sai como um pigarro, há meses que não escuto ela propriamente, e até eu me surpreendo.

— Tá com dor de garganta, é?

— É que eu não falo muito.

— Respondendo sua pergunta – ela vira o rosto para nós, que estamos no banco de trás, percebo seus olhos negros e profundos me analisando – Digamos que nós, da comunidade, tivemos muito tempo pra nós crescermos, a gente tem armas, comida e água. E banho, porque, pelo amor de Deus cara você não tem nenhum lugar pra se limpar? – O motorista ri, eu me sinto desconfortável, Isabelle, mesmo não ouvindo, também ri, deve ser a cara que estou fazendo – Mas não se preocupe, não somos maus. Pode ficar tranquilo.

O motorista olha para ela desconcertado.

— Não disse isso senhora....

— Ah não! Senhora não! – Ela pareceu profundamente ofendida – Você deve ser mais velho do que eu moleque – me espanto, bem, certo que não vejo mulheres fora minha irmã há algum tempo, mas na minha cabeça ela tinha no mínimo uns 30 anos – Meu nome é Anna, esse aqui é o Igor, eu tenho 22 e ele 30. E não me chama mais de senhora não, caralho! – Ela me olha bem nos olhos, deveria soar assustador, mas o motorista, o Igor, estava rindo baixo.

Por algum motivo eu me sinto um pouco mais relaxado, bem, eles não me parecem más pessoas, até agora.

— Agora que nos apresentamos, vocês querem fazer a honra? – Ela diz.

— Meu nome é Arthur, tenho 22 anos, também – eu dou uma pausa enquanto avalio seu rosto, ela continua olhando para mim, olho para minha irmã – E essa é a Isabelle, ela tem 12, vai fazer 13 daqui dois meses.

Agora sim ela parecia surpresa.

— Vocês andaram juntos esse tempo todo?

— Sim, somente eu e ela.

— Como foi? – Ela diz, olhando para Isabelle, esperando uma resposta dela, que apenas olhava de um lado para o outro, distraída, e quando viu que Anna estava tentando falar com ela, ela olhou para mim e segurou minha mão.

— Ela não vai te responder...

— Por que não? Ela não fala com estranhos? – Ela disse, tentando parecer engraçada – Garanto que sou o menor dos problemas dela nesse mundo acabado.

— Bem... – faço outra pausa – Ela é surda desde bebê... Sendo assim, é surda e muda.

Anna fica calada com os olhos arregalados, e em seu rosto estava estampado um "Me desculpe". Ela se vira para frente, constrangida.

"Ela está bem?", Isabelle gesticula para mim em nossa linguagem particular.

"Ela se atrapalhou um pouco agora", respondo com um sorriso, "Foi engraçado, como sempre", ela sorri.

O sorriso de Isabelle é reconfortante, mesmo com seus dentes amarelos.

— Não se preocupem, já chegamos. – Igor fala finalmente, sua voz é grave, mas de um jeito calmo – Vocês vão poder descansar, o chefe quer falar com vocês amanhã de manhã – passamos pelos portões do lugar, onde mais dois caras bem armados montavam guarda nas cercas altas e robustas.

Isso me faz pensar no porquê de eles terem nos resgatado, estava claro que estavam ali só pela gente, algo que eu não havia percebido na hora, mas agora notei. Eles sabiam de nossa presença na cidade, e esses dois foram mandados justamente para nos buscar.

Eu iria questionar, mas já estávamos na entrada daquele condomínio que avistei no topo daquela rua. Bem, estamos seguros e vivos, para uma situação de morte certa, eu não tenho porquê de reclamar.

"Cavalo dado não se olha os dentes".


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Notas finais do capítulo

weelll, n se acanhem, deixem seu Review :3



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