POV ALICE

  - Aiii, nem acredito que hoje nossa nova hóspede chegará! Ela não vai acreditar quando ver a baita festa de boas vindas que planejei! – Exclamei, feliz da vida.

  - Ally, não é por nada, mas você acha mesmo que ela vai gostar? – Perguntou minha irmã ex-freira, Rosalie.

  Na verdade, Rosalie tinha sido expulsa do convento por causa de sua compulsão por coisas materiais e beleza. Tradução: Nem as freiras agüentaram a atividade rotineira de Rose. Elogiar o próprio cabelo louro e perfeitamente ondulado.

   Confesso que fiquei feliz... Não agüentava mais viver sozinha! E agora que nossa nova hóspede chegaria, nunca mais me sentiria assim!

  Certo... Eu também tenho um passado negro! Pronto, falei. Já fui emo, depressiva. Chorava pelos cantos... Enfim, mas isso não vem ao caso, porque o santo shopping me salvou! As compras ocuparam o vazio que havia em minha vida.

  - Sinceramente, se ela não gostar, expulso ela daqui a chutes na bunda! – Declarei. Claro que ela não seria louca de recusar uma festa feita por Alice Cullen, futura melhor organizadora de festas do mundo. Ou estilista. Gosh, ainda não decidi... Mas um dia decido!

  - Então acho melhor ela gostar – disse Rose, rindo.

  - É – comentei enquanto gargalhava.

  A campainha soou e minha respiração cessou no mesmo instante. Nossa nova hóspede havia chegado.

  - OMG! Rose, onde estão os meninos com os outros convidados? – A indaguei nervosamente. Queria que tudo desse certo.

  - Vou chamá-los, enquanto isso, você atende a porta? – Ela sugeriu.

  - Sim, sim, mas vai logo! – Assenti apressadamente.

  Com as mãos suando, caminhei até a porta lentamente, então suspirei. Estava na hora de conhecer a garota que moraria comigo por uns tempos. Quem sabe nos tornaríamos boas amigas? Quem sabe... A campainha soou mais uma vez. “Estressadinha”, resmunguei mentalmente. E abri a porta em seguida.

  Segurei a porta ao lembrar que não me recordava o nome da garota. Ia ser um vexame! Qual era mesmo... Qual era... Ah, Bella! Claro! Tornei a abrir a porta.

  - Seja bem-vinda B... Edward?! – Arregalei aos olhos ao ver meu irmão encostado na porta, como um deus grego. Mas um deus grego bem impaciente.

  - Essa festa é pra hoje ou pra daqui a um século? – Perguntou ironicamente enquanto revirava os olhos.

  - Credo, quanto rancor nesse coraçãozinho – Reclamei. – Você tá precisando de umas boas...

  - Não quero nem ouvir o resto – ele me cortou.

  Adentramos a sala e de repente...

  - SEJA BEM-VINDA BEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEELLA! – Gritaram todos os convidados em uníssono. E jogaram serpentina, confetes e o diabo a quatro em Edward.

  - GENTEEE, PARA! PAAAAAAAAAAAAAAAAARA GAROTO! – Gritei minha frase favorita. Todos imediatamente pararam e chocados, encaram um Edward um tanto... Furioso.

   - Eu... Eu... Eu... – Edward falou, enquanto rangia os dentes.

   - Cara, eu sempre soube que você era fã da lady gaga, mas não precisa ficar tão gago assim! Edgaguinho! – Emmett gritou, piorando a situação.

  - EU VOU TE CASTRAR EMMETT! – Edward gritou ruidosamente e se atirou em cima de Emmett, que desviou e saiu correndo. Edward o seguiu.

   - EDWAAARD, EU SOU SEU IRMÃO POSTIÇO FAVORITOO! SOU EU, O EMMETT, LEMBRA DE MIM EDWARD! – Emmett gritava com as mãos para cima.

   Esme, minha mãe, de Edward e de Rosalie, casou-se com o médico Carlisle, após anos de namoro. Edward nunca foi contra, mas também deixava claro que não estava “amando” aquela idéia. Casaram-se e além de um padrasto, ganhamos dois irmãos postiços. Emmett e Jasper. Eu adorava a idéia, Rose também, e Edward ignorava o que acontecia ao seu redor. Ele era um tanto... Problemático. Ou bem muito mesmo! E mal-humorado!

   Quer dizer, não que ele tenha sido sempre assim... Ele apenas se tornou assim. Talvez o baque da morte de nosso pai, Charlie Swan, mais um acidente que matou a vovó Swan, a qual Edward amava como uma mãe, e... Bem. As traições de Tanya com um loiro alto e escutural. Ela fora o primeiro amor de Edward, e havia o ferido e o deixado em um momento crucial da vida dele. Doía muito ainda, e eu sabia.

   - Eu estou pouco me lixando se seu pai é casado com a minha mãe, Emmett. – Edward rosnou.

   Foi então, que para nossa salvação – ou para a salvação do lindo rostinho de Emmett – a campainha soou mais uma vez.

   - Andem, se escondam, eu abro a porta! – Ordenei e corri até a porta, arfando horrores.

  E lá estava ela.

  Bella era um pouco maior que eu, possuía um corpo invejavelmente perfeito, cabelo castanho ondulado e longo, e uma face angelical, com dois olhos verdes brilhantes para completar. Parecia até um anjo!

   - OMG! Você ficaria perfeita em uma das minhas criações! – Exclamei. Eu havia descoberto a modelo ideal para o lançamento de minha grife. No futuro, claro. Um futuro próximo, espero...

POV BELLA

   Mas...

   Certo, agora eu realmente estava confusa. Depois de vencer os monstros sob rodas, o “X”, e ainda ser roubada por um “gato do arrocha”, era difícil para eu acreditar que... Nossa, minha colega de casa era uma ANÃ?!

  - Criações? – Pisquei os olhos esperando que a anãzinha sumisse da minha frente. Mas não sumiu.

   - Sim, sim, desejo ser estilista no futuro – comentou, enquanto me puxava para dentro da casa.

   - Anãs também podem ser estilistas? – Perguntei, curiosa para conhecer mais a cultura dos anões. Sempre fui fã da branca de neve! Tenso, eu sei...

   A anã virou-se abruptamente para mim e parou. Me encarando com os olhados tomados de fúria. Não entendi?

   - Você tem algo contra os baixinhos? – Ela me indagou sombriamente.

   - Ahn? Não. Não acho que centímetros de altura façam diferença na personalidade de alguém – dei de ombros. Não tinha como ter algo contra os baixinhos, afinal, eu nem era alta, dã.

   - ENTÃO POR QUE ME CHAMOU DE ANÃ?! – Ela gritou.

   Arregalei os olhos ao lembrar da aula de nomes pejorativos dos humanos.

Manual do anjo:

Anã: É um xingamento. Mesmo que sem a intenção, se chamar algum humano de anão, ele entenderá que você está escandalizando o fato de tal pessoa ter baixa estatura. É proibido xingar, anjos, lembrem-se disso!

   Droga... E agora? Como concertar essa mancada?

   - Err... – Encarei as paredes amarelas da casa. Era aconchegante e espaçosa; Gostei do ambiente.

   Ouvi uma sonora risada vinda dos fundos da casa.

   - Porque sua altura não alcança outro apelido Alice! – Uma voz masculina gritou, entre risos, de algum local da casa.

   - ME DÁ DOIS MINUTOS ATÉ EU IR AI TE QUEBRAR TODO, EMMETT! – A ex-anã gritou de volta.

   - O QUE VEM DE BAIXO NÃO ME ATINGE! – A resposta chegou, soando divertida e espalhafatosa. Bem, eu com certeza seria obrigada a dar um jeito naqueles dois.

   Contos de fada salvam na vida real! Pensei, ao planejar um meio de sair da situação embaraçosa.

   - Sem querer a chamei de anã porque seu rosto me lembra a história da pequena polegar. – Lembrei da história da doce garota que era pequena demais.

   - Ahhhh, verdade? – Os olhos da anã... Quer dizer, Alice, brilharam. – Sempre fui fã dela! – Falou com emoção enquanto dava pulinhos de alegria.

   - AH, E EMMETT, SENTA NUM FORMIGUEIRO PARA VER SE NÃO TE ATINGE! – Gritei, me sentindo mais eu mesma. Sarcástica, como sempre. Boa Bella!

   Alice explodiu em risos e falou:

   - Adorei você!

   Sorri, ainda que aquela situação parecesse estranha. As pessoas – pelo menos os anjos – não pareciam ir com a minha cara, lá no céu. Mas a anãzinha foi. Adoro anões!

   Num instante, várias pessoas saíram – de sabe lá onde – e invadiram a sala, enquanto gritavam em coro:

   - BEM-VINDA BEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEELLA!

   Fitei todos, surpresa com aquilo. Cara, por que ninguém nunca me avisa das coisas? Cutuquei Alice para tirar tudo a limpo.

   - Hey, todas essas pessoas moram aqui? – A indaguei. Ela olhou para mim, assustada. – Quer dizer... Porque sei lá, a casa é espaçosa mas não sei se tantas pessoas caberiam então...

   - Claro que não! – Ela negou, rindo. – Não mesmo. Não agüentaria tanta mundiça assim na minha casa, apesar de amar todos – ela soprou beijinhos para os convidados.

   - Hey, maninha, por que não me apresenta a nossa hóspede? – Uma loira muito bonita pediu. Parecia recatada, até demais. Usava um vestido que cobria até seus joelhos. Seria uma anja disfarçada também?

   - Claro! – Alice assentiu. – Bella, Rose, Rose, Bella. – Ela acenou para nós duas.

   Ah, então aquela era a Rosalie! Mas... Se era tão preocupada com a beleza – dava para ver pelo tanto de maquiagem no rosto -, por que se vestia tão recatadamente? Certo, certo, eu esperava mais uma... Digamos... Vadia. Tá, parei. Mulher vulgar, tá bom pra vocês?

   - Oi Bella – Rose me cumprimentou enquanto me dava um abraço amigável.

   - Oi – respondi, ainda um pouco constrangida.

   - EDWAAAAAAAARD! – Alice gritou, e depois me encarou – quero que conheça meu irmão.

POV ALICE

   Ah... Quando Edward a visse, tenho certeza, esqueceria de uma vez Tanya. Até porque, Bella era mil vezes mais bonita, e logo de cara tinha me defendido. Confesso, gostei dela!

   - VEM LOGO EDWARD! – Gritei novamente com impaciência. Por que aquele demente estava demorando tanto?

   Fitei Bella. Ela estava tensa, como se algo muito... Estranho, tenso, sei lá, fosse acontecer logo. Como se ela fosse receber uma facada.

   - Calma Alice, já estou aqui – escutei a voz de veludo, com um tom irritado, se pronunciar.

   - Edward, Bella, Bella, esse é meu irmão, Edward. – Os apresentei cordialmente, ignorando o mal-humor rotineiro de Edward. Se eles e Bella se acertassem, com certeza isso mudaria... HAHAHAHA!

   Mas, contrariando o que eu havia premeditado, os olhos de Edward não brilharam, encantados. E os de Bella, só ficaram mais entediados. E com certa mágoa, notei.

   - Você... – Edward murmurou, parecendo estar surpreso. – A doida varrida do trânsito! Ah não! Até aqui! – Edward disse, cheio de ódio.

   - Oi prepotentezinho. – Ela caçoou. – Ou devo dizer, Edward, já que agora sei o seu nome? – Bella falou, enquanto afinava os olhos, parecendo realmente irritada.

   Encarei os dois, perplexa.

   - Espera ai, vocês já se conheciam?! – Falei, incrédula.

   ISSO JÁ ERA UM AVANÇO! DÃÃÃÃ!