90 Dias com Ela escrita por Secreta


Capítulo 2
Capítulo 1 - Garota de sorte!




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   E quando mencionaram a parte em que eu também teria de me adaptar a vida na terra? Não mencionaram! Mas, claro, eu tenho que me virar. Porque a única interessada em minha permanência no céu sou eu mesma. Talvez Charlie e Angela também. Mas é só.

 

 

   Os arcanjos me trouxeram até o Time Square. E só sei que estou no Time Square porque foi a única aula que eu não dormi, ou faltei. Algumas aulinhas estão me fazendo falta agora... Entretanto, como sempre: Se vira Bella!

 

 

   Então, minha permanência na vida terrestre já começou muito bem, posso assim dizer... Abandonada no Time Square com uma mala pesadérrima para carregar! Que falta de sorte!

 

 

   Olhei ao meu redor, as pessoas, as lojas e propagandas coloridas e intermináveis... Eu queria gritar, espernear, exigir meus direitos. Mas não podia. Última chance, se eu não quiser viver como um churrasco ambulante pela churrascolândia, claro.

 

 

   Voltando ao foco, EU ESTOU PERDIDA! Novidade, rá. Os anjos não poderiam ter sido um pouquinho menos burrinhos, e em vez de me dar uma lista com o nome do local e das pessoas com quem vou morar, terem logo me dado um mapa, ou um g.p.s.? Claro que não! Provavelmente, como sou muito amada no céu, devem ter até posto umas mil câmeras para assistirem minha trajetória humilhante aqui. E lógico, estão se divertindo muito as minhas custas agora! Que raiva, ódio... ARGH!

 

 

   Uma ideia iluminou minha mente e eu peguei a lista mais uma vez para rever os nomes das pessoas.

 

 

 

   "Nome das garotas que morarão com você: Rosalie e Alice Hale.

 

 

Relatório: São irmãs, mas nada parecidas, apesar de se darem bem. Alice é animada e ama moda. Rosalie é muito ligada à aparência, e é uma boa conselheira também. Você terá de ajudar Alice a controlar tal compulsão por roupas, acalmá-la nos momentos difíceis, e talvez até uma amizade, quem sabe? Já Rosalie, é simples. Você terá de fazê-la entender que a beleza interior é mais preciosa que a exterior. Espero que aprenda com elas também, e curta as novas experiências.

 

 

Obs.: Tem bastante dinheiro no zíper esquerdo da mala. Anja pobre ninguém merece! Hehehe. Mas é só, logo você terá que trabalhar também.

 

 

 

De seu mentor preferido e único,

 

Charlie."

 

 

   Charlie estava se achando um pouco demais. Bufei. Ótimo, pelo menos eu tenho dinheiro, que é o que usam aqui para "facilitar" as coisas. E... Eu entendi errado ou vou ter que virar babá das minhas companheiras de casa, também? Ah, fala sério! Oh, missão do demo... Cooooooooof.

 

 

   Reler o bilhete não havia adiantado nada, e reler a lista completa não havia sido ao menos cogitada em meus planos. Decidi por em prática minha habilidade linguística angelical. Coisa que eu não aprendi no colégio para aprendizes de anjo, e sim na prática, hm.

 

 

   Bom, agora só me faltava achar com quem eu usaria tal habilidade. Meus olhos agora não deixavam escapar um só ser vivo que passava pelo Time Square. Mulheres altas, baixas, gordas, magras, loiras, morenas, homens, crianças, altos, baixos... Nada me escapava. Entretanto, nenhum me agradava também. Alguns com muita pressa, outros emanando muito estresse... Foi ai que eu o vi.

 

 

    Com roupas que deixavam transparecer seu gosto hippie, ele parecia estar um pouco perdido, assim como eu. Sua face denotava que... Bem, ele parecia estar drogado. Pronto, falei! Ele vendia chicletes, e pulseirinhas hippies no Time Square. Mas, não sei como, simpatizei com o cara e decidi utilizar toda a minha amabilidade com ele.

 

 

   - Oi - sorri. - Será que o senhor poderia me dar algumas informações, por favor? - Pedi com educação.

 

 

   - Claro... - Me respondeu - Mas você tem que levar algo. - Me chantageou, sorrindo com seus únicos dois dentes. Que cara-de-pau! Resmunguei mentalmente.

 

 

   - E se eu não quiser levar? - Foi minha vez de sorrir.

 

 

   - Bem, aí eu não te dou as informações -, disse, indiferente, dando de ombros.

 

   Eu queria dar as costas e sair da visão daquele chantagista de quinta. Juro! Mas era caso de vida ou morte... Eu tinha uma missão a cumprir! Não podia desistir! Respirei fundo e resolvi tentar novamente.

 

 

   - Certo, err... - Havia me esquecido de que não sabia seu nome. - Err...

 

 

   - Gato do arrocha - disse-me. Arregalei os olhos diante de tal nome (?)... Ah, deixa. Deve ser um apelido.

 

   - Então, Gato do Arrocha, eu estou precisando mesmo saber esse endereço, só que estou perdida e tenho algo urgente a tratar nesse local. – Acenei para o endereço escrito - será que você poderia me dar essa pequena e importantissima informação? - Pedi, com cara de cachorrinho abandonado, ou gatinho do shrek, como preferirem.

 

 

   Com a mão, ele coçou o queixo enquanto provavelmente pensava sobre o assunto. Me inclinei um pouco para frente, para pressioná-lo a ver meu rosto, e assim, ceder. Meu colar celestial sem querer apareceu, e me inclinei para trás de volta, com o objetivo de escondê-lo novamente. Para minha sorte, Gato Do Arrocha, ou Mendigo Do Arrocha, ou Hippie do Arrocha, como o denominei involuntariamente, parecia alheio demais em pensamentos para notar meu colar.

 

 

   - Certo, vou ajudá-la. - Ele finalmente assentiu.

 

 

   - Oh, que bom! Obrigada Hippie do A... Gato do Arrocha! - Me corrigi rapidamente.

 

 

   - É o seguinte moça, para você chegar nesse bairro, tem que... #MOMENTOBLÁBLÁBLÁ.

 

 

   - Obrigada - agradeci sinceramente.

 

 

   - De nada... - Ele falou e estranhamente fitou meu pescoço. - Posso ver? - Perguntou acenando para o colar. Fiquei indecisa, mas ele merecia, pois havia me ajudado.

 

 

   - Claro - concordei.

 

 

    Nota mental: Não confie em hippies chamados Gato do Arrocha, e com sorrisos simpáticos.

 

 

    O homem dos dois dentinhos simplesmente puxou o colar do meu pescoço, e saiu correndo com o mesmo. Instintivamente, comecei a correr atrás da desgraça do arrocha, loucamente. Como aquele danadinho realizou essa idéia nada legal comigo? Logo comigo! Eu que achei o sorriso dele tão simpático... Ah chega! Quando eu por minhas mãozinhas naquele projeto de hippie... RÁ!

 

 

   Desgraça do Arrocha corria muito. Mas eu podia correr mais. Habilidade de anjo, hm. Corri, corri, corremos. Ambos arfávamos de tanto correr. Mas nenhum iria parar, pois eu queria o que era meu, e ele queria o que não era dele.

 

 

   Tudo ocorreu muito depressa quanto chegamos a um... "X"? Eu certamente não sabia o que era aquilo. Mas haviam monstros. Muitos monstros. E os anjos me avisaram sobre isso? Claro que não! Se vira Bellita! Máquinas que voavam sobre o asfalto e faziam sons ensurdecedores. Parei abruptamente de correr enquanto avistava Desgraça do Arrochava correr entre os monstros.

 

 

   - Não! Não vai! Você pode ser... - Não posso falar que eu estava preocupada com ele, em si, porque não estava. Eu estava preocupada com meu colar, isso sim!

 

 

   Tudo foi por gota d'água quando o hippie chegou ao outro lado da pista e me deu língua, debochando. Furiosa, decidi tomar coragem e enfrentar a pista de monstros, que mais tarde me lembraria serem automóveis.

 

 

 

Manual para anjos:

 

"Automóvel": Máquina a qual os humanos usam para se locomover mais rápido, encurtando as distâncias.

 

 

 

 

   Foi tudo muito rápido, por um instante eu estava atravessando correndo, enquanto gritava para o maldito hippie parar, e no outro eu estava jogada no chão. Uma dor latejante me envolvia, não era muito forte, mas... Doía. Droga, logo agora que estou sem meu colar para me curar! Lamentei mentalmente.

 

 

   - Moça, você está bem? - Uma voz de veludo soou em meio à barulheira ensurdecedora dos carros.

 

 

  Fiquei mais um tempo perdida nos olhos verdes do dono daquela voz, quando ele pigarreou tentando chamar atenção.

 

 

  - Ahn, oi. O que você perguntou? - O indaguei, confusa e envergonhada.

 

 

  - Se você está bem... É que você estava atravessando a rua no sinal verde... Então eu a atropelei. – Confessou.

 

 

  - Espera ai, VOCÊ ME ATROPELOU! - Exclamei incrédula.

 

 

   - Ei, vamos com calma, você atravessou quando o sinal estava aberto para os veículos, e nem estava na faixa para pedestres! - Reclamou. Mas que atrevido! Me atropela e ainda quer ser o dono da razão.

 

 

   - Prepotente - xinguei.

 

   - Louca! - Retrucou.

 

 

   - Por que não consegue admitir que está errado? - Bufei.

 

 

   - Porque não estou! E você? - Me questionou.

 

 

   - Não estou errada - afirmei firmemente.

 

 

   - Ótimo, então me dá licença que eu tenho mais o que fazer. - Falou e virou-se para ir embora.

 

 

   - Fique a vontade! - Gritei aborrecida.

 

 

   Depois de certo tempo, encontrei uma gentil senhora que teve a paciência de me explicar como funcionava o trânsito, além de me falar que eu poderia pegar um táxi para chegar até minha nova residência.

 

 

   - Obrigada - agradeci e me despedi da senhora, enquanto adentrava o táxi.

 

 

   - Destino? - O motorista pediu.

 

 

   - Hmm... Esse aqui. - O entreguei o bilhete que continha o endereço. O taxista pareceu reconhecer e logo deu partida no automóvel.

 

 

   Bem... Automóvel definitivamente não é um monstro. É muito bom sentir o vento no rosto, até. Não se compara a voar, mas... Bem, vou sugerir no céu. Vai ser legal. Se eu voltar para lá, completei tristemente.

 

 

   Pensando em céu, me lembrei da missão, e decidi ver o rosto de meu pupilo, o qual até agora eu não havia tido coragem para ver.

 

 

   Abri com cuidado o envelope que trazia consigo a tal foto.

 

 

   Não vi minha face, mas suponho que empalideci e abri tanto a boca que foi até estranho não ter entrado mosca alguma.

 

 

 

 

 

   - NÃO PODE SER! - Me desesperei.

 

 

   O taxista me fitou, mas tímido, não quis questionar minha sanidade.

 

 

   - Não, não, não... - Murmurei baixinho.

 

 

   Isso parecia uma perseguição!

 

 

   Certo, certo... Acabou a palhaçada! Deu vontade de falar.

 

 

   De tantas milhões de pessoas, como meu "querido pupilo" podia ser exatamente aquele cara prepotente que eu briguei no trânsito?!

 

 

   Garota de sorte, hein Isabella!

 

 

   Essa missão vai render...

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

DEIXEM REVIEEEEEEEEEWS!