Damned escrita por IS Maria


Capítulo 18
O Jogo


Notas iniciais do capítulo

Antes de lerem o capítulo, há alguns avisos que gostaria que pudessem ler:
1 - Não apoio qualquer tipo de relacionamento abusivo
2 - Não tenho qualquer intenção em romantizar qualquer tipo de violência ou abuso em qualquer forma
3 - Sou EXTREMAMENTE contra qualquer forma de agressão
4 - Tudo aqui retratado é ficção e serve para o único propósito de entretenimento.
5 - Atos violentos, independente da intenção oculta, são imperdoáveis.
Obrigada pela compreensão.

PS: MÚSICA INSPIRAÇÃO - ANIMALS by: MAROON 5



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— Eu a deixei com vocês, como não sabem onde ela está? — Carlisle havia abandonado sua calmaria e tranquilidade de sempre. Como tudo o que lhe cercava, ele agora refletia o caos. 

 Seth não conseguia sequer o olhar nos olhos. 

— Procuramos por perto...não há sinal dela em lugar algum. — Jasper disse. 

— O rastro do cheiro dela termina na clareira... — Emmett completou. 

— Isso quer dizer que…? — Renesmee ousou perguntar.

— Ela sumiu. — Seth completou.

Ou foi embora. 

 

                                                                   ***

 

— O que acha de fazer um acordo com o Diabo? — Perguntou Caius, enquanto lhe oferecia um capacete. 

— Eu já não fiz? — Ela perguntou, apanhando a peça de suas mãos. 

— Confia em mim? — Ele sorriu, seus olhos vermelhos iluminados pela fraca luz do luar. 

Subiu na moto.

— Não. — Foi clara, antes de se juntar a ele. 

— Segure com força...se não quiser morrer. 

— Já estou morta. 

Não desejava se proteger, mas segurou com força.  Fechou os olhos. 

Não queria saber para onde ele a levava. Temia escolher ir embora se tivesse a oportunidade, tomada pela necessidade de fazer o que achava ser o certo. 

Aquela noite, era uma das poucas nas quais o tempo tinha se rendido. Não haviam nuvens ou a ameaça de um temporal e estrelas decoravam toda a extensão do manto escuro sobre suas cabeças. Sentia a moto acelerar contra seu corpo e a adrenalina agitar o veneno contra suas veias. Sua pele ardia e seus lábios sorriam sem que os pedissem. 

Mais tarde permitiria que os pensamentos ruins a assombrassem ou que sua consciência a condenasse por sua imprudência. 

Mais tarde. 

 

                                                                      ***

 

— Repita novamente e devagar. — Jasper pediu à Alice, que mal conseguia organizar suas palavras. 

— A algum tempo atrás eu tive uma visão...Caius não estava com os outros. — Ela tentou dizer devagar. — Não me preocupei porque não achei que fosse algo demais...até…

— Ele está aqui? — Jasper perguntou. 

— É o que parece. — Carlisle disse. 

— E agora? — Edward perguntou. 

— Encontramos Kate antes que ele a encontre. 

— Não encontrei nada nas coisas dela. — Rosalie disse enquanto descia as escadas. — Tem certeza de que ela não disse nada estranho, Nessie?

— Tenho...— Mas Renesmee já não tinha mais certeza se esconder o que sabia era uma boa ideia. 

Kate estava em perigo? Sentia que Kate gostaria que não dissesse nada, mas seria o certo? Duvidava. Nunca tinha visto Carlisle daquela maneira. 

— E Seth? — Esme perguntou a Jacob. 

— Foi chamar os outros. Vamos vasculhar pela reserva também. 

— Kate não iria para a reserva. — Rosalie disse. 

— Se ela fugiu, é o único lugar onde vocês não poderiam a procurar. 

— Ela não fugiu de nós, lobo! Estava tudo bem antes daquele jantarzinho — Rosalie sibilou e avançou, mas Emmett a manteve segura em seus braços. 

— E o Doutor William? Você não esperava notícias dele, Carlisle? — Jasper perguntou, desejando fugir da tensão que ameaçava se formar. 

— Recebemos uma carta dele mais cedo, ele está a caminho para olhar o caso de Katerina de perto. — No entanto, nem aquilo parecia capaz de o tranquilizar. 

— Acredita que possa ser algo grave? — Rose finalmente voltou sua atenção à conversa. 

— Vamos nos concentrar em encontrá-la. — Foi tudo o que Carlisle conseguiu dizer. 

                                                                   ***

 

Tinham andado o suficiente para que perdessem a noção da direção. Quando finalmente pararam, Kate temeu abrir os olhos. Abrir os olhos significava acordar e encarar a escolha que havia feito. 

Foi retirada do que a mantinha segura. Ele a colocou nos braços e a levantou do chão.

A tinha sob controle. 

Abriu os olhos. 

Ele olhava para frente sem lhe entregar qualquer pista. Colocou-a no chão e abriu a porta, que antes ela não tinha sido capaz de notar. O lugar era completamente diferente da casa que já conhecia. A modéstia foi abandonada, substituída por um verdadeiro monumento, a entrada poderia ser facilmente interpretada como a fachada de um museu. Um museu velho e abandonado, de paredes escuras e destruídas, no entanto, ainda magnífico.

Olhou para os lados, não parecia ser perto de lugar ou coisa alguma, era quase mórbido, uma construção daquele tamanho, claramente com vida própria, no entanto, localizada em lugar algum. 

O pó acumulado sobre o chão e pilares que sustentavam o teto, indicavam que o lugar não era visitado por uma sequer pessoa a décadas. 

 Caius abriu as portas, que eram grandes o suficiente para simularem os portões do inferno, e lhe indicou o caminho. 

O demônio estava em casa.

Kate deu um passo tímido em sua direção. 

— Tem certeza de que quer entrar? Pode ser assombrado. — Caius sorriu com os cantos dos lábios. 

— Não tenho medo de fantasmas. — Disse. 

As portas se fecharam atrás e a sensação foi a de ter tomado um caminho sem retorno. Tudo estava escuro, escuro demais para que enxergasse qualquer coisa. Parou, temendo pisar em falso em qualquer lugar, mais um instinto humano que ainda não havia sido capaz de abandonar. 

Ouviu os passos dele contra o mármore do chão à medida que reverberaram contra as paredes. Pela profundidade do som, o lugar poderia não ter fim.

As luzes se acenderam e seus lábios se moveram enquanto deixava escapar um suspiro de pura surpresa. Do chão às abóbadas do teto, o lugar todo parecia ser parte de uma obra de arte. Ao contrário da fachada, que em si já era incrível, o interior surpreendia, claramente tinha sido desenhado a dedo.

Coberto em dourado, com pinturas e esculturas para todos os lados e escadarias com mais degraus do que seria capaz de contar, o lugar parecia ter saído de um livro. Com anjos e demônios, deuses e deusas, ilustrados nas paredes e pelo teto, com candelabros, lustres e centenas de velas, tudo era minuciosamente bem cuidado. 

Caius entrou ao salão, deixando-a para trás. Vê-lo ao meio de toda a imensidão a fez compreender, por fim, quem ele era.

O lugar era o mais próximo da perfeição que jamais viria a conhecer, acreditava fielmente e, sem qualquer hesitação, parecia pronto para se colocar aos pés dele se esse fosse seu desejo. 

— E agora o que? — Perguntou, sem dar um passo sequer. 

— Agora...— Ele parou e olhou-a sobre o ombro. Pareceu ponderar por alguns segundos antes que seus lábios finalmente deixassem transparecer, novamente, a sombra de um sorriso. — O que você quer fazer?

— Eu? 

— Uhum. 

— Eu não pensei sobre isso. 

— Você nunca pensa, não é? Antes de tomar alguma decisão. — O sorriso dele aumentou, alimentado pela visão dela. 

— O que você faria? — Ela finalmente caminhou em sua direção. 

Seus pés descalços cruzaram o mármore até o encontrar.

Tinha abandonado os sapatos para que, com mais facilidade, pudesse caminhar sobre as árvores e o rastro de ambos ser coberto pelo forte perfume das folhas. 

Seu vestido estava sujo de terra e sangue de animal e seu cabelo caia ao redor de seu rosto, descendo até sua cintura em uma cascata de ondas castanhas. 

— O que eu faria? — Perguntou, enquanto acompanhava seus movimentos, elegantes e precisos.

— Se eu tomasse as decisões? — Sorriu inocentemente. — O que faria se você não estivesse mais no controle? 

Caius analisou sua expressão.

Sorriu e abaixou-se para que sua altura se igualasse à dela. Aproximou-se o suficiente para que a ponta de seus narizes se encontrassem. 

— Quer brincar agora?  —Dirigiu-lhe como se fosse criança. 

— Eu não tenho medo de você. 

Ela o deu as costas. 

— Onde vai?

— Preciso de um banho. — Levou os dedos às alças do vestido e as deixou cair, forçando a peça de roupa a deixar seu corpo. Ouviu o tecido encontrar o chão. 

Estava nua.

Não olhou para trás.

E tomou uma das escadarias, ainda que não fizesse a menor ideia de para onde iam. 

Não demorou encontrar o quarto que deveria pertencer a ele. Era o que tinha a maior porta por entre as outras. Sentia que ele era realmente o tipo de pessoa que precisaria de algo assim para se sentir mais poderoso. O quarto parecia ter sido usado recentemente, podia sentir o cheiro dele por toda parte. 

No armário procurou por qualquer peça de roupa. Peças e mais peças de delicada alfaiataria, todas de tons escuros, meticulosamente dispostas como se aquele closet pertencesse ao presidente. Contentou-se com um roupão de seda, teria de servir. 

Trancou-se no banheiro, mesmo sabendo que se ele desejasse, seria capaz de derrubar a porta. Deixou a água parar na banheira.

Que diabos havia feito?

Carlisle a mataria quando voltasse.

Porque voltaria...não voltaria?

Não tinha conseguido pensar quando viu a mão dele diante de si. Ele tinha razão, ela não pensava antes de escolher. 

Até onde pretendia deixar ele a conduzir? Até onde estava disposta a se arriscar?

Que se dane! Ousou pensar. Ela era uma garota morta que tinha acabado de ganhar um ticket ao inferno. 

Deixou o corpo cair contra a água quente. 

Ela queria tudo. 

 

                                                                 ***

 

Do andar debaixo, ele pôde ouvir cada movimento que o corpo dela fazia. Segurando seu vestido por entre os dedos, estava imóvel novamente.

Nem um sequer movimento.

A dificuldade em a compreender, era sufocante.

“Eu não tenho medo de você.” 

Caius desejava que ela o temesse. Desejava que ela se rendesse e fosse reduzida a pedaços.Desejava a destruir.

Era isso o que ele conhecia.

Agora aquilo, aquela sensação, ele desconhecia. Quando ela parecia não o temer, ele não tinha ideia do que fazer. 

Mas podia dizer que, ela, tanto quanto ele, não fazia ideia do que provocava quando o desafiava. 

Aquele era um jogo no qual dois poderiam jogar.

 

                                                                   ***

 

 — Entendo. — Aro deixou que a mão de Raziel caísse. 

— As ações dele se tornaram realmente confusas...— Mas Aro levantou o dedo em direção à ele, fazendo-o se calar. 

— Eu já entendi. 

No fim, a situação não poderia ter tido final melhor. Ele tinha mais do que um objetivo em um lugar só. 

Caius sempre se deixou levar pelo que sentia e, em sua opinião, aquilo um dia o venceria. Não foi diferente. O irmão tinha caído. 

Caius agora tinha uma fraqueza.

Ou aquilo serviria para o deixar mais forte ou ele não serviria mais.

— O que vai fazer sobre isso? — Marcus o questionou. 

— Chelsea. — Chamou.

Em segundos, a vampira deixou as sombras. 

— Sim, mestre!

— Traga Athenodora. — E indicou para que saísse. 

— Athenodora?

— La tua regina...— (Sua rainha). — Um remédio para a sua dor. 

— Você se esqueceu de que Caius consegue se esconder como ninguém? — Marcus estava, quase, surpreso com a escolha de medidas de Aro. 

— Não de Athenodora. 

— Não acredito que ela conseguirá controlar seu temperamento. 

— Se eu estiver certo...ele não vai hesitar. 

— Você o trará a ruína. 

— A ruína sempre foi o seu destino.

 

                                                             ***

 

Seth passou pela porta depois de horas e foi direto para o quarto sem dizer nada a Leah, que ainda procurava uma maneira de arrumar a bagunça que tinham feito na sala de jantar. 

Minutos depois, enquanto ela ainda lamentava pela louça perdida, Seth deixou o quarto. Tinha mudado as roupas sociais pelas de caça e parecia não enxergar nada além da porta. 

Uma pequena parcela da consciência de Leah, era capaz de sentir culpa, ainda que estivesse com uma pulga atrás da orelha. 

— Vai sair de novo? — Leah cruzou o caminho de Seth, bloqueando a porta com o próprio corpo. 

Pelo que entendia, as buscas mal tinham acabado de começar e não possuíam qualquer previsão de terem fim. Os Cullen não desistiriam e estavam dispostos a colocarem o tempo e esforço à disposição. 

Os lobos, por Jacob e Seth, ou por medo de terem uma recém-criada à solta, se juntaram a causa e metade da reserva já havia sido vasculhada. O sol ameaçava nascer a qualquer momento e nenhum deles pensava em descansar. 

Começavam a olhar a possibilidade da vampira ter sido levada contra a vontade dela.

O que para Leah era uma enorme besteira.

— Sai da frente. — Não a olhou nos olhos.

— Ela foi embora, Seth! Fugiu de você. — Tais palavras amargas não poderiam vir de qualquer outra pessoa que não fosse ela. 

— Sai...da frente. — Ele não estava disposto a lhe dar ouvidos.

Leah fechou os olhos por alguns segundos, sentindo o peso do próprio reflexo na imagem do irmão. Se ele soubesse o quanto tomar aquele caminho seria doloroso, não o faria. 

A vampira não o amava. 

De jeito nenhum que ela gostava dele como ele gostava dela. No entanto, Seth não conseguia enxergar isso. 

Leah sabia o que era amar e não ser amada. 

Sabia o que era não ser a escolhida. 

Se a vampira o quisesse, não teria conseguido o deixar e ela tinha o feito na primeira oportunidade que encontrou. 

— Ela não ama você...Seth. — Segurou o rosto do irmão por entre as mãos, mesmo sabendo que, naquele estado, ele seria capaz de a machucar. 

— Ela me ama! — Os olhos dele se tornaram escuros.

— Não o suficiente...— Os olhos de Leah se encheram.

— Vai ser o suficiente quando eu me tornar como ela. 

Seth não deixou que Leah absorvesse o que ele tinha acabado de dizer e usou seu choque para conseguir a tirar do caminho. 

Encontraria Kate. 

E ela seria dele, de uma maneira ou de outra.

Nem que isso significasse deixar de ser lobo. 

 

                                                                        ***

 

Abraçou a borda da banheira com a ponta dos dedos assim que sentiu a água esfriar. Olhando-se no espelho, passou o roupão pelos braços e o prendeu com um laço na cintura. 

Deixou que suas mãos explorassem seu rosto, os pensamentos a fazerem barulho em sua cabeça. 

Encontrou seus lábios.

O beijo.

Deixou escapar um suspiro enquanto fechava os olhos e tentava espantar para longe as imagens com as quais havia sido bombardeada. Provocar-lo parecia ser fácil, mas sempre lhe arrancava um pedaço.

Ele trazia o pior de si à tona.

Sentia-se culpada por não odiar aquilo completamente.

Abriu a porta com cuidado e espiou o lado de fora. Não havia qualquer sinal de que ele tivesse passado por ali. 

Então ele não tinha ido atrás dela. Estava desapontada. Teria que encontrar outra maneira. 

Simplesmente não era justo que ele soubesse exatamente como a ter na palma das mãos. Ela também deveria ter algo contra ele. Suas expectativas eram altas. 

Desceu as escadas mais uma vez, deixando que seus instintos a guiassem até ele. 

O lugar era imenso e ela perderia tempo demais o procurando cômodo a cômodo. 

Estava no meio do salão quando todas as luzes se apagaram. 

 —Sério? — Kate sorriu. Não por muito tempo.

Sem poder prever, foi jogada ao chão. Não pôde dizer de onde veio o golpe, mas pôde sentir o chão se desmanchar sob sua cabeça. 

Apressou-se para se colocar de pé. 

— Tem certeza? — O provocou. 

E um novo golpe a fez cortar os ares, suas costas logo se chocando contra uma das paredes. O impacto fora forte o suficiente para que sentisse algo se soltar do teto e vir em direção ao seu corpo, quebrando-se contra seu estômago.

Levantou-se mais uma vez e o procurou. Não poderia ser tão diferente do que lutar com Jasper e ela era boa. Caius não podia prever o quanto ela era boa.

Concentrou-se para ver em meio à escuridão com sua visão aguçada. Viu a sombra dele se mover. Ele não era tão esperto.

Atacou.

Mas, ele era mais rápido e quando ela o alcançou ele já tinha se movido. 

Sentiu o braço dele lhe envolver pelo pescoço, com força, ameaçando desmanchar sua pele ao meio. 

Ela realmente tinha desejado que ele a partisse ao meio, mas não imaginava que ele o faria. Pelo menos não daquela forma.

Jogou-a, mais uma vez, ao chão. Sob suas costas, o que lhe pareciam ser degraus, se partiram. Sentiu dor, mas não tanto quanto começava a se irritar. 

Caius podia ser capaz de a machucar, mas não era capaz de a assustar.

Agora estava brava. 

Abandonou qualquer humanidade que restava dentro de si. 

Sorriu, sentindo a besta dentro de si se libertar de suas correntes. 

Seus instintos, vagamente os de uma recém-criada, fizeram-na saber exatamente o que fazer. 

A predadora enfim sabia como capturar  sua presa. 

 

                                                                       ***

 

Kate estava diante dele, até que não estava mais. Aquilo era divertido demais para que Caius pensasse parar. Manteve-se atento para qualquer movimento ao seu redor.

Nada aconteceu. 

Na verdade, não conseguia mais a sentir por perto. 

Não tinha problema, ninguém conhecia o lugar melhor do que ele. Procuraria-a até que a prendesse em qualquer lugar. 

Caius tinha se esquecido do quanto o lugar era grande e a cada cômodo que ele a procurava e não a encontrava, o lugar parecia se tornar  maior. 

Então, a boba possibilidade de que ela pudesse ter ido embora sem que ele percebesse, tomou seus pensamentos.

Será que ele tinha a machucado? Se perguntava. Era besteira pensar daquela maneira, ela era imortal...tentava se convencer. Será que agora ela tinha medo dele? 

Procurou-a por tanto tempo que sentiu… sede.

O cheiro vinha da cozinha. Ele tinha se esquecido de que tinha pedido para Elijah, o único no qual confiava o endereço daquele lugar, para abastecer as geladeiras. 

Abandonou a caçada e foi em direção ao cheiro, pensaria melhor quando estivesse cheio. Ela não poderia ter ido longe, ele esperava. 

A cozinha era ainda mais escura do que qualquer outro dos cômodos, então guiar-se pelo cheiro era a melhor escolha. Aproximou-se, o suficiente para que o aroma assoprasse em sua direção.

As luzes se acenderam.

Ela estava sentada sobre a pia, a bolsa de sangue espremida  pelos dedos e a boca coberta de sangue, que escorria, sujando-lhe o queixo, o pescoço e boa parte do corpo. O quanto ela havia tomado? Se perguntou. 

— Vai ter que tomar outro banho. — Sorriu.

— Valerá  a pena. — Os olhos dela brilharam em excitação. — Eu tomei tudo. 

Caius congelou. 

A sede gritando contra sua garganta.

Tinha se alimentado bem a pouco tempo, mas agora se sentia completamente vazio. A maneira como ela o desafiava e o vencia repetidas vezes, o reviraram de dentro para fora. Era exatamente aquilo que já não mais suportava, que o fazia perder a cabeça e o deixava confuso. Ninguém havia sido capaz de brincar com ele daquela maneira.

Ela não o conhecia o suficiente e não fazia a menor ideia de onde colocava as mãos, porém, não parecia se importar e continuava, sem qualquer cuidado, a passear por terreno desconhecido. 

Caius certamente não esperava um movimento desses vindo da garota que mal conseguia andar em público. Ele já não conseguia mais prever e podia sentir o controle da situação lhe escapar pelos dedos enquanto assistia. Ele sempre estava dois passos a frente de seu adversário, menos se tratando dela.

Fechou seus dedos contra sua garganta, sua sanidade aos poucos indo embora. O vermelho de seus olhos foi tomado pelo negro, ela agora conheceria a parte dele que ainda não tinha visto.A parte que ele tinha sido educado o suficiente para esconder.

Ele esperava vê-la se encolher. Se desculpar ou implorar. Era o que sempre faziam...quando não se colocavam de joelhos. 

Mas, ela sorriu.

— Cheque Mate. 

Era o limite. 

Tirou a camisa. 

Ela não se moveu. O controle era dela.

Não podia mais dizer estar pensando ou sendo capaz de analisar qualquer coisa, a única coisa que podia ver em sua frente, eram os lábios dela e ele podia dizer que o sangue, era o que menos lhe chamava a atenção. Se ela tinha tomado todo o sangue da casa, só havia uma maneira de se alimentar.  Ele a devoraria viva. 


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Notas finais do capítulo

NOVAMENTE:
1 - Não apoio qualquer tipo de relacionamento abusivo
2 - Não tenho qualquer intenção em romantizar qualquer tipo de violência ou abuso em qualquer forma
3 - Sou EXTREMAMENTE contra qualquer forma de agressão
4 - Tudo aqui retratado é ficção e serve para o único propósito de entretenimento.
5 - Atos violentos, independente da intenção oculta, são imperdoáveis.
Obrigada pela compreensão.



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