Damned escrita por IS Maria


Capítulo 17
O jantar


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei para atualizar maaas, genteee...eu to tentado passar para medicina e beeeem, meu computador tá com alguns problemas.
Maaas, eu prometo tentar o meu melhor agora.
Obrigada por compreenderem.



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Não tinha jeito. Não fazia a menor ideia do que fazer e o tempo era seu inimigo, não poupando esforços para a estrangular aos poucos. 

A incerteza era como veneno, que despertava sua ansiedade e a deixava inquieta. Restava-lhe esperar que soubesse o que fazer quando a hora chegasse. 

Sentiu o cheiro de lobo vindo do andar de baixo. 

Tinha dito que iria, por mais que desejasse desistir. 

Ouviu Renesmee descer. Era sua vez. 

Degrau por degrau, olhando para o chão, as mãos no corrimão como se, de repente, tivesse medo de cair, alheia a qualquer outra coisa, prisioneira de seus pensamentos. 

O cheiro de lobo se tornava cada vez mais intenso. A escadaria ia se tornando cada vez menor. 

Já não havia mais qualquer distância a ser cruzada. 

Levantou os olhos. 

— Uau. — Os lábios de Seth se moveram em admiração. Seu coração de vidro rachou. 

— Uau. — Ela o imitou, sorrindo. Ele não apenas tinha se vestido, tinha colocado um casaco também, prendido os cabelos em um coque e o seu sorriso era o único acessório do qual precisava. 

Seth Clearwater, lhe tirava o fôlego. 

— Vamos? — Ele disse. 

— Vamos! — Sorriu. 

E de repente, tudo pareceu ser como antes. Os quatro, juntos. O quanto, de fato, havia mudado? 

Jacob e Renesmee caminhavam na frente e os deixaram sós atrás. Kate não tinha dito nada ainda. 

As palavras possuam um sabor amargo e não ousavam atravessar os lábios. 

A cada passo que se aproximavam, mais seu coração apertava ao peito. Seria impossível sobreviver àquela noite sem dizer alguma coisa. 

— Seth..— Sussurrou, apertando a mão dele levemente para que parasse de andar. 

— Hum? — Pôde ver seus olhos castanhos refletidos pelo fraco prateado da noite. 

Não podia. 

Simplesmente não podia. 

— Eu só...estou um pouco nervosa. — Engoliu o que pretendia dizer e escondeu sua vergonha em um sorriso. 

Ele também sorriu. 

— Vai ver que vai dar tudo certo. 

Mas Seth era otimista. Talvez, fosse o único que ainda não tivesse se dado conta do risco no qual tinham se metido. Se não fosse pelo imprinting de Jacob, Renesmee dificilmente seria aceita, ainda que somente metade dela fosse “fria.” 

A casa de Seth, assim como a de Jacob, não ficava na reserva, então, tecnicamente, Kate não estava quebrando qualquer acordo, mas isso não mudava o fato de não ser desejada por ali. 

Sentia cheiro de comida.

E sentia cheiro de animal morto. 

Ótimo!

Jacob e Nessie nem sequer hesitaram ao entrar. No entanto, Kate congelou na porta, seus pés a recusarem dar um passo a mais. O lugar era quente e tinha um cheiro de lobo muito mais intenso do que o que estava acostumada. 

— Hey, tá tudo bem. — Seth tentou a confortar e lhe ofereceu a mão. 

Puxou-a para dentro. Pronto! Estava feito. 

Logo pôde sentir a presença de mais um lobo. 

Procurou por Leah Clearwater  e encontrou olhos desinteressados. Aparentemente ela não havia sido a única forçada naquela situação. 

Não era a primeira vez que se viam, mas era a primeira vez que se apresentariam daquela maneira. Kate achava que tudo aquilo era precipitado e desnecessário demais, mas não sabia como dizer não a Seth, não depois do que tinha feito a ele. 

— Leah...— Seth sorriu e pousou sua mão nas costas de Kate. — Você já deve conhecer…

— Vamos comer? A comida vai esfriar.  — Ela o ignorou e se dirigiu aos outros. Kate sentiu o desconforto provocado em Seth.

Não esperava ser recebida de braços abertos e sorriso no rosto ou muito menos que conversassem, mas não esperava que Seth também viesse a ter uma noite tão difícil quanto a dela.

A casa era pequena e simples, os dois irmãos moravam juntos sozinhos, a sala de jantar ficava logo ao próximo cômodo. A mesa estava posta em lugares contadas, com pratos certos. Sentaram-se sem escolher lugar. 

— Você não vai precisar disso. — Leah disse enquanto passava por trás da cadeira de Kate e removia o prato à sua frente. Recebeu um olhar de reprovação de Seth. — O que? Ela vai comer? Pensei que os mortos não comessem.

Kate sentiu o veneno se acumular por entre seus lábios. 

— Os mortos, realmente, não comem. — Kate disse, no tom mais educado que conseguiu trazer. 

Leah a olhou por alguns segundos antes de sumir em direção à cozinha. 

Serviu todos com o que quer que tivesse preparado, deixando Kate por último. Pelo cheiro e aparência, Kate deduzia ser cozido de carne, o prato preferido de Jacob e Seth. Por fim, trouxe um copo de alumínio e o colocou a frente de Kate. 

O cheiro era o suficiente para a repugnar de longe. Pior do que qualquer coisa que já tivesse tomado.  Esperava que o gosto não fosse tão ruim. 

— Desculpa, não consegui preparar algo melhor de última hora. — Leah sorriu enquanto ia em direção à sua própria cadeira. 

— Não se preocupe com isso. — Kate sorriu. 

— Se preferir...sinta-se a vontade para beber do pescoço do meu irmão. — Leah continuou sorrindo. — De novo. 

Os olhos de Kate arderam. Claro, a telepatia de lobos, ninguém havia somado isso à equação. 

O que ela poderia responder? Leah tinha razão em estar brava. 

Seth apertou sua mão por debaixo da mesa, mas ela não foi capaz de se sentir consolada. Ela não era a vítima. 

 

                                                                 ***

 

Carlisle não vinha tendo sossego a alguns dias. Sentado à sala, como pouco costumava fazer, aguardava por notícias que poderiam não chegar e se chegassem, poderiam não ser as que esperava. 

— Tenho certeza de que vai dar tudo certo. — Esme tentou o confortar. 

— Não gosto de não saber o que pode acontecer. — Ele respondeu sem tirar os olhos da porta. 

— Logo logo vamos ter notícias. — Mas ela o confortava sem saber. A demora poderia significar o pior. Poderia significar que não havia onde procurar por ajuda. 

— Carlisle. — Alice rompeu pela sala. 

Carlisle não precisava ter os poderes de Edward para adivinhar o que se passava na cabeça da filha, o olhar que trazia ao rosto a entregava. 

Apertando com força o pingente do colar que Jasper havia lhe dado, a última vez que tinha a visto tão ansiosa, quase entraram em um conflito fatal. 

— O que foi?

— O carteiro. — Esme os interrompeu, sorrindo enquanto ia em direção à porta. — Eu disse para você. 

Carlisle aguardava notícias de um amigo médico que trabalhava com coisas maiores do que ele jamais seria capaz de descrever. Se alguém fosse capaz de o ajudar a compreender o problema de Katerina, seria ele. No entanto, se ele não pudesse, significaria estar completamente no escuro.

Claro que, pelo olhar de Alice, sua dúvida perdeu força e ele temeu terem problemas maiores.

 

                                                               ***

 

— Raziel...— Caius perguntou, o corpo preso ao lugar, petrificado, sem qualquer movimento sequer. 

— Sim, mestre! Ele nos deixou na noite passada. — Elijah respondeu. 

Caius sabia que isso aconteceria, desde o começo. Aro havia escolhido Raziel a dedo porque sabia que sua lealdade à ele se sobressairia a qualquer ligação que pudessem criar. 

Raziel respeitava Caius, mas não o adorava como adorava Aro.

Aro se certificava disso e era assim que se  mantinha no poder. 

O que Caius não havia contado, era que se encontrasse na presente posição. Seria finalmente o momento de admitir que estava perdido?

— Elijah...

— Sim, mestre! 

— Consegue se lembrar do porquê de estarmos aqui? — Caius se virou, seus lábios carregando um sorriso sombrio e pesado. 

— Para vigiar os Cullen e a recém-criada?

— No começo haviam tantos motivos...— Ele deixou escapar uma gargalhada. Vestido em seu roupão de cetim vermelho, que estava aberto revelando a pele de mármore de seu peito, o cabelo dourado longo e bagunçado, os cantos da boca cobertos de sangue...era a visão de um louco sem direção. — Agora eu não consigo me lembrar de nenhum sequer. — Ele se aproximou do outro vampiro e o pressionou contra a parede, os dedos a apertarem sua garganta. — ME DÊ UM MOTIVO! 

— Você….precisava sair de Volterra. 

— Não é bom o suficiente!

— Você...quer se provar para Aro. 

— Não é bom o suficiente! 

— Você odeia os Cullen mais do que qualquer outra coisa e era a oportunidade perfeita para os destruir. 

— NÃO É BOM O SUFICIENTE! — Jogou Elijah contra o chão de madeira escura. — Não é bom o suficiente...— Afundou as mãos nos cabelos. 

— É pela garota. — O vampiro se ajeitou. 

— O que? — A confusão em Caius era de causar pena. Ele realmente não fazia ideia do que sentia. 

— Mestre...— Elijah suspirou. — Todos sabem que estamos aqui pela garota. 

— Porque...porque...precisamos encontrar algo. — Os olhos dele passeavam freneticamente pelo quarto, enquanto suas mãos, mais uma vez, percorreram o colarinho de Elijah. 

— Não, Mestre! — Elijah removeu as mãos dele de sua camisa. — Porque você se apaixonou pela garota.

— Quando? Isso não...quando? Não…  — E ali estava o menino que a fera, cegamente, procurava esconder. O menino que ninguém conseguia ver além de Elijah. 

— Na minha opinião...foi assim que a viu pela primeira vez. 

— Precisamos agir! É uma questão de tempo até sermos descobertos. — Caius o deu as costas e se tornou imóvel mais uma vez. 

— Sim! — Curvou-se e o deixou sozinho. 

Podia não saber o que pensava, mas o conhecia bem o suficiente para dizer que Caius não desejava ninguém por perto.

Vivera por muitos séculos, era conhecedor e dominador de todas as artes, no entanto, quando se tratava de suas próprias emoções, ele ainda não sabia o que fazer. 

A porta se fechou atrás de si. 

E sua ira foi liberta. 

Destruiu tudo o que encontrou pela frente. 

Não conseguiu pensar enquanto tudo não estivesse em pedaços. Era somente em meio à destruição que conseguia se sentir inteiro. 

 

                                                            ***

 

Cada segundo que o relógio marcava, representava a extensão da tortura que aquele jantar havia se tornado. Ninguém falava quase nada e o silêncio constrangedor somado aos olhares frios de Leah e ao sabor horrível daquilo que Kate se forçava a beber, faziam daquela noite, um desastre total. 

Não que alguém esperasse que fosse diferente. 

Ela não sabia até quando conseguiria suportar. 

— Jake...Nessie… e os planos? — Leah finalmente quebrou o silêncio, o clima parecia ter melhorado. 

— Ah...— Jake e Nessie se entreolharam, corando imediatamente. 

Ali estava algo que parecia ser raro. A maneira como se olhavam e se perdiam um no outro. 

“Quanto tempo levará até a hiena descobrir o leão por de trás de seus olhos?” Ouviu a voz de Caius ecoar por seus ouvidos. 

Ele não a deixaria em paz. 

E ela tinha medo.

— Nessie vai se formar logo...ela quer ser enfermeira para trabalhar com Carlisle. — Jacob continuou. 

— Vamos nos casar depois da faculdade e morar na reserva. — Nessie completou, com um sorriso enorme. 

— Uau...— Ela sorriu. — E vocês? — Seu tom era frio mais uma vez. — Vão se casar? Vão ter uma cerimônia tribal como o Seth sempre quis? 

— Leah...— Seth tentou a parar. 

— Vão ter filhos? Seth adora crianças. 

— Leah! — Seth se colocou de pé e bateu as duas mãos na mesa. 

— Vão morar na reserva? Seth odiaria morar em qualquer outro lugar. 

— Já chega! — Seth gritou. 

Leah se colocou de pé, seus olhos brilhavam, trazendo à tona o lobo dentro de si. 

— Só porque ela viu em você uma oportunidade de brincar de viver, não significa que você deva morrer por causa dela. — Continuou.  — Mortos sempre serão mortos e ela nunca vai deixar de ser exatamente isso, Seth! Carne morta! 

— Eu disse...Já...chega! — Seth perdeu o controle. 

Leah perdeu o controle. 

Os lobos se transformaram e partiram a mesa de jantar ao meio. 

Naquele momento, Kate não era um leão, não era um predador...ou sequer vampira...havia se tornado uma garota assustada, diante a feras que a vinham como o último osso da carcaça. 

Correu sem olhar para trás. 

Correu em busca do que havia sentido antes. 

Preenchida. 

Em meio à solidão e ao medo que sentia agora, precisava se sentir completa. 

Mas, a planície agora estava escura e vazia. Nem sequer as árvores ousavam se mover. 

Abraçou o estômago com as mãos, sentindo-se estar prestes a virar de dentro para fora. 

Afundou as mãos na terra enquanto vomitava, a mistura tendo um sabor muito pior agora que saia do que quando havia a empurrado pela garganta. Estava cansada de se sentir daquela maneira.

Sufocava aos poucos.

Novamente, parecia estar presa, mas agora não era uma doença que a mantinha encamada. 

Talvez aquela fosse sua punição por continuar a viver quando deveria estar morta. 

Se sentia envergonhada.

Suja. 

Desesperada.

Como se não pertencesse a lugar algum, como se errasse a cada passo...como se não fosse suficiente. Sabia que a amavam, sabia que se importava, mas não se sentia parte daquilo tudo, sempre parecia faltar algo...ela sempre parecia estar devendo. 

Ela não era boa o suficiente para ser uma Cullen. 

Não era boa o suficiente para ser a namorada de Seth e ser aceita por Leah. 

E aparentemente, não era boa o suficiente para...

Diante a seus olhos viu dois pés muito bem calçados.

 — Cuidado para não estragar meus sapatos preferidos. — Ela levantou os olhos e o encontrou. De repente, a noite não estava tão escura.

Ela não conseguiu lhe dizer nada.

Ainda que sua cabeça não conseguisse se calar. 

Caius lhe ofereceu a mão. Kate sabia que aceitar seria, mais uma vez, vender-se ao diabo e acolher o inferno todo para si.

Ele demandava a sua alma, ela estava sob a superfície e a escuridão se aproximava cada vez mais. Ela se perdia aos poucos nas profundezas e não queria ser encontrada. 

Por algum motivo, não havia amanhecer, não havia luz...ou dia….se viu presa no crepúsculo...nas sombras do coração dele. 

Com seu temperamento absurdo, não duvidava de que ele fosse capaz de explodir o universo inteiro. 

Olhou para os olhos vermelhos que espelhavam os seus. 

Colocou sua mão sobre a dele. 

Desejou que ele a partisse ao meio. 

— O seu pedido é uma ordem. — Ele sussurrou como se compreendesse perfeitamente o que seus olhos o diziam. Trouxe-a para as braços. 

Sentiu-se completa. 


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Eu realmente preciso saber como tá....preciso de motivação para continuar ou quem sabe largar e tentar algo melhor.



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