Damned escrita por IS Maria


Capítulo 19
O abraço


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de mandar um abraço e um beijo para todo mundo que tem tirado um tempinho para comentar. Vocês me enchem de inspiração e são a minha força para continuar.
Sou extremamente grata.
Obrigada ♥



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Estava por cima dele, as mãos espalmadas contra seu peito, quando o sol enfim conseguiu ultrapassar as pesadas cortinas que cobriam os vitrais. Os raios o iluminou como diamante, dando-lhe um magnífico aspecto dourado. 

As mãos dele contornaram suas curvas e apanharam sua cintura por entre os dedos. Os olhos dele se mantiveram presos aos dela. 

Ela podia sentir vir para si, toda a escuridão contida nele. Caius não era o que diziam que ele era, agora poderia dizer. Ele era muito mais. Não era o diabo, como pensavam, ele era o próprio inferno. 

No entanto, era por entre suas chamas, onde ela se sentia pertencer.

— Katerina...— Sussurrou. Suas mãos deixaram sua cintura, traçando todo o caminho de sua pele até encontrarem seu pescoço. 

Girou-a até que seu corpo cobrisse o dela por completo. 

Ele a sufocou contra o chão. 

— Eu não preciso respirar. — Ela sorriu, deixando-se dominar. 

Caius sorriu e então curvou-se para que pudesse a beijar mais uma vez. Em algum momento, haviam abandonado o chão da cozinha e seguido para seu quarto, o que o deixava grato. A visão de Katerina emoldurada pelos lençóis vermelhos aveludados, era algo que jamais deixaria seus pensamentos. 

Caius parou, levantou-se e jogou para ela o roupão de cetim que usava antes, a tempo de Elijah entrar no quarto. 

— Eu espero que seja importante. — Seu corpo protegia o dela de longe, no entanto o vampiro já havia notado que seu mestre estava acompanhado. 

— Preparei as coisas como pediu.  — Elijah disse e logo se apressou para deixar o quarto. 

— Pensei que ninguém mais estivesse aqui. — Katerina disse enquanto se ajeitava para sair da cama. 

— Elijah não me deixaria sozinho...nem se eu quisesse. — Caius passou as mãos pelos longos cabelos dourados, tentando os ajeitar. — No fim do corredor há um outro quarto, deve encontrar tudo o que precisa por lá...preciso resolver algumas coisas lá embaixo...me encontra quando estiver pronta?

Kate concordou,  balançando a cabeça em silêncio. 

Não quis perguntar. Seu estômago revirou. 

Um de frente ao outro, os cômodos ficavam a uma perfeita distância, cada um em uma das pontas do último imenso corredor de muitos outros que não tinha se dado o prazer de visitar. 

Não precisaria perguntar para saber de quem ele pertencia. O quarto, por dentro, parecia espelhar o dele e o armário de roupas, era uma perfeita versão feminina do que se lembrava de ter visto. Era como olhar para dois pedaços de uma só alma. 

Odiou cada pequeno pedaço. 

Passou os dedos pelas peças enquanto sentia os variados tecidos. Como ela deveria ser? Como deveriam ter se conhecido? Por quantos séculos estavam juntos? 

Um vestido simples, de alças, lhe chamou a atenção. Não costumava usar preto, azuis eram os seus tons preferidos. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo alto.  

Passou o tecido pelas pernas e com cuidado, notou algo que antes podia jurar não estar ali. Em seu pulso, praticamente não visível, uma de suas veias parecia ter escurecido. Passou o polegar por cima, esfregando a pele na tentativa de limpar. 

A veia se tornou mais escura.

Talvez tivesse se alimentando demais. Foi o que pensou. 

 

                                                                   ***

 

Kate não fazia a menor ideia da confusão que a cercava por todos os lados e Caius desejava que permanecesse daquela maneira. 

Quanto menos ela soubesse, mais protegida de Aro estaria. 

Ainda que ele mesmo, estivesse se colocando na linha de fogo. Não tinha se enganado, não estava errado, Kate tinha algo que os outros não tinham e esse algo não se limitava ao seu dom, que ele ainda não tinha certeza do que era.

A garota não era nada além de inocência e um poço de curiosidade por um mundo todo que não conhecia.

Ela era o segredo para o rejuvenescimento dele. 

Independente do que aquilo significasse. 

Kate sabia quem ele era, o que ele tinha feito e até dentro de sua cabeça já havia entrado. Mesmo assim, tinha o escolhido. Aquilo era loucura e era exatamente tal loucura, que ele só havia encontrado em si mesmo até então, que o fascinava. 

Ela era tão insana quanto ele. 

Uma combinação feita no inferno.

— Quanto tempo acha que temos? — Caius perguntou a Elijah assim que ouviu a porta do cômodo se fechar. As paredes e portas eram grossas o suficiente para que sons fossem bloqueados aos ouvidos de um vampiro. O lugar todo havia sido planejado sob seus olhos e construído ao seu comando. 

— Meus olheiros continuam vigiando Volterra, não houve nenhum movimento estranho. 

— Por isso eu não esperava...Aro não vai ficar sem fazer nada. 

— Até onde sei, Marcus e ele permanecem no castelo e nada do que tinham planejado foi desmarcado por enquanto. 

— Mesmo assim, não podemos baixar a guarda. — Caius sempre fora paranóico, mas, desta vez, nem Elijah conseguiria lhe tirar a razão. — O melhor seria conseguir alguém de dentro para nos fornecer informações. 

— Chelsea tem mantido os laços de lealdade a Aro extremamente estreitos.

— Não existe nada no mundo que Aro queira mais do que os Cullen...a obsessão dele era capaz de silenciar a minha...acredite, ele virá.

Caius conhecia as leis e protocolos. Deveria ter reportado algo a Volterra assim que Raziel os deixou, no entanto, não tinha o feito. 

Não fazia a menor ideia do quanto Raziel sabia sobre Kate ou sobre os Cullen, nem sequer ele mesmo poderia dizer até onde era capaz de organizar o que sabia, então não havia o que dizer a Aro. 

Não queria lhe dizer nada. 

Seu silêncio era a confirmação de que Aro precisava. 

Ele tinha os traído e a punição era a morte. 

Talvez aquela fosse a guerra pela qual tinha aguardado por uma eternidade. Ficaria extremamente decepcionado se ninguém saísse machucado dela. 

— Sua obsessão pelos Cullen? — Não tinham percebido Kate aparecer.  Tinham movido a discussão para uma sala afastada e não contavam com a incapacidade de ouvirem barulhos dali. 

— Elijah...— Caius fez um sinal para que o vampiro se retirasse. 

O servo se curvou e obedeceu. 

— Acredito que tenha entendido errado. — Caius lhe deu as costas. 

— Não, eu não entendi errado. — Katerina cruzou os braços. — “Não existe nada no mundo que Aro queira mais do que os Cullen...a obsessão dele era capaz de silenciar a minha...acredite, ele virá.” — Repetiu com precisão. 

— E aí está a linha que não deve cruzar. — Afastou-se dela um pouco mais. 

— Posso arrancar a verdade de você. — Ela o desafiou. 

Fez com que ele se aproximasse dela em um quarto de um segundo, apanhou seu queixo com a ponta dos dedos e a obrigou a o olhar nos olhos. 

— E faria? — A maneira como ele a encarava, trouxe aos seus lábios um sabor amargo.

Fechou os olhos e deixou escapar o ar que prendia.

— Esperava que confiasse em mim a ponto de eu não precisar. 

— Pensei que não confiássemos um no outro. 

— É...talvez seja assim. — Tirou seu rosto de suas mãos. Afastou-se. 

— Onde vai? — Perguntou assim que a viu caminhar em direção à porta. 

— Para casa.

Aquilo o fez se mover ainda mais rápido para que fosse capaz de bloquear a saída. Odiou-se pelo movimento preenchido pelo desespero. 

— Isso não é uma brincadeira. — Aquilo fez com que ela apertasse os lábios, contrariada com a possibilidade de que ele sequer enxergasse daquela maneira. 

— Então não tem graça. — O sarcasmo azedava cada uma de suas palavras. 

— Eu te dei tudo o que poderia precisar quando lhe disse quem era. 

— Um nome? Isso deveria ser necessário para que eu descobrisse toda a verdade? Caius Volturi é tudo o que você é? — Ninguém, jamais, havia se dirigido a ele daquela maneira. 

Ele tinha se tornado Caius Volturi. 

Tinha merecido ser Caius Volturi. 

— E se eu for? 

— Então não serve para mim. 

 

                                                                     ***

 

— Não consigo ver se Aro está envolvido… ele não está tomando decisões. — Alice se concentrava. 

— Procurei pelos arquivos de Charlie. — Bella entrou na sala, trazendo junto a si uma imensa pasta de papel. — Os assassinatos foram completamente encobertos, a ponto de se recusarem a investigar. 

— Um vampiro se envolvendo em burocracia humana...— Jasper pegou a pasta das mãos dela para que também pudesse olhar. 

— Volturi. — Carlisle fechou os olhos. — Eles estão aqui. — Era a confirmação de que precisavam. 

— Demos uma olhada na movimentação suspeita em Portland...Tudo foi limpo a pouco tempo, sem rastros.  — Emmett completou. 

— São cirurgiões natos quando precisam se esconder. — Esme se sentou ao lado de Carlisle ao sofá. 

— Eu podia dizer que viriam por ela. — Eleazer, que havia recusado ir embora, mesmo diante à possível ameaça, disse, quase pensativo. — Podem imaginar no que Aro faria com alguém como ela ao seu lado? Talvez ela seja a única coisa que ele nunca tenha imaginado ter.

— Talvez ele ainda não saiba de Kate, ou já teria tomado uma decisão. — Alice disse. 

— E onde Caius se encaixa nisso tudo? O sádico seria o último que eu esperaria ver fora do castelo de pedras. — Bella instigou. 

— Já ouviram falar em...destino? — Eleazer brincou. 

— Tenho que buscar o Doutor William mais tarde. — Carlisle levantou-se. — Se até lá não tivermos notícia, vamos até a polícia. 

— Humanos procurando vampiros...— Emmett arregalou os olhos. 

— Talvez assim estejamos seguros. — Esme tentou o confortar. 

— Ou mortos. — Ele completou. 

 

                                                                      ***

 

Caius não tinha lhe dito nada em resposta, ao invés disso, tinha deixado-a sozinha. Poderia ter ido embora, sentia aquela ser a oportunidade perfeita. Porém, algo, não podia dizer vindo da onde, lhe dizia que se cruzasse aquela porta, talvez jamais pudesse o ver de novo. 

E quem desejaria enganar? Odiaria não poder o ver de novo. 

Caius carregava todas as promessas de que, inevitavelmente, a machucaria, ainda sim, ela não se via capaz de o deixar. 

Desde que o conheceu, ele se tornou dono de seus pensamentos e sua presença jamais lhe deixou só. Preenchendo o espaço que antes estava vazio, a fez enxergar de maneira diferente. 

Sim, ele era ruim e lhe escondia coisas, deixando-lhe claro o quão pouco deveria confiar em sua palavra, mas, quem ele era não condizia com a maneira que a tratava ou como fazia com que se sentisse. 

Enquanto dizia ser outro, seus olhos...suas mãos...e seu corpo, provavam o diferente. O que ele escondia era o que precisava para terminar a confusão e completar o quebra-cabeças. 

O que tinha o levado até Forks em primeiro lugar? Qual era o seu interesse nela? Uma recém-criada sem qualquer família biológica ou passado significante. 

Ouviu um barulho próximo à porta. 

Moveu-se para conseguir alcançar. 

 — Hey...seu nome é Elijah, não? — Perguntou, antes que ele pudesse sair.

— Precisa de alguma coisa? 

— Vai a algum lugar? 

— Preciso procurar alimento para Caius. — Ele a observava com cuidado.

— Se quiser, eu posso ir com você e ajudar. 

— Não é necessário. — Ele disse.

Mas, Elijah não sabia não ter escolha. Quando ela o olhou nos olhos, convenceu-o antes que ele pudesse a sentir em meio à seus pensamentos. 

— Aqui dentro não tem nada para fazer e eu realmente não gostaria de ficar sozinha. 

— Tudo bem.  —Elijah respondeu sem pensar. 

Como esperava, não conhecia aquela região e não podia dizer o quão distante de sua casa, estava. O lugar conseguia ser menos movimentado do que Forks. Era o lugar perfeito para se esconder. 

— Caius disse que você poderia entrar na minha cabeça, e eu nem percebi. — Elijah quebrou o silêncio que carregavam desde que deixaram o casarão. 

— Me Desculpe! Eu realmente não queria mais ficar esperando por ele lá. 

— Imagine viver desta maneira, por séculos...sem sair para o lado de fora. 

— É o que ele fazia em Volterra, não é? 

Elijah acentiu com a cabeça. 

— Pode o culpar por ter ficado louco? — Elijah brincou. Kate sorriu. Ela não acreditava que ele fosse louco, mas também não acreditava que ele tivesse nascido daquela maneira. 

— Posso o esperar hoje? — Ela se lembrava da maneira que ele tinha saído depois de ouvir suas palavras, que ela não esperava que o machucassem tanto. 

— Ele deve estar caçando. 

Os lábios de Kate secaram, seu estômago a revirar com os pensamentos que lhe cruzaram a cabeça. Pôde o ver coberto de sangue, como no dia em que tinha o encontrado na floresta. 

— Ele é assim! Nós somos assim.  —Elijah continuiu. — Será que consegue ficar do lado dele mesmo assim?

Não respondeu. Não queria ter que responder. 

Pararam em frente a um hospital, ou que acreditavam se tratar de um. O lugar era menor do que o hospital onde Carlisle trabalhava. 

— Não acho que encontraremos muita coisa aqui. 

— Qualquer coisa, até que consigam mandar mais para casa. 

— Quem?

— Digamos que...Caius conhece muitas pessoas. 

Kate podia ter aprendido como agir na frente de humanos, ainda sim, permitiu que Elijah a conduzisse. Não haviam muitas pessoas por ali, mas tudo era tão pequeno e estreito, que poucos olhos se faziam suficientes. 

O objetivo era que não fossem notados. 

O cheiro de sangue era forte. Por sua sorte, ela estava mais do que bem alimentada. O suficiente para se manter concentrada. 

Elijah parecia saber para onde ia e com precisão, se moveu, procurando poupar tempo. Conseguiram se desviar dos olhos enquanto caminhavam pelas sombras. 

Quando o cheiro se tornou mais intenso, soube terem chegado.

— Fique aqui. — Indicou a porta da sala. Ela concordou. 

Elijah apressou-se para dentro da sala e abriu a bolsa para acomodar o sangue. Tinha-a quase cheia, quando parou e, com as mãos na cintura, observou o líquido vermelho que preenchia as embalagens de plástico. 

Elijah não fazia ideia do que tinha feito Caius cair em tentação, até conhecer a garota. Agora ele entendia. 

Katerina era o seu fruto proibido. 

Com olhos preenchidos por inocência, ele notou que ela não havia sido tocada pelo mundo. Uma tela em branco, onde Elijah conseguiu o enxergar. 

Ela era o reflexo dele. 

Quase como dois pedaços de uma só alma. 

— Hey! O que está fazendo aqui? — Ouviu dizerem do lado de fora. 

— Por Deus! O que são esses olhos? — Uma voz diferente, disse.

Katerina. 

Moveu-se o quão rápido pôde, deixando para trás qualquer outra coisa. Se alguma coisa acontecesse a ela, ele poderia se considerar um homem morto, de novo. 

Espreitou-se contra a porta para que não o notassem. Humanos. Um homem e uma mulher. Enfermeiros. 

Preparava-se para os surpreender.

Quando percebeu que a vampira  não precisava de ajuda. 

Com as mãos estendidas, prendia a atenção dos dois. Os humanos olhavam para as pontas dos dedos da garota como se suas vidas dependessem disso.

Sem piscarem ou mal moverem o corpo para sequer respirar, estavam presos. Em transe. 

Elijah jamais havia visto nada parecido. 

— Têm câmeras por perto? — Ela perguntou, sem tirar seus olhos dos dois.

— Não...o lugar é pobre demais para isso. 

— Ótimo. — Ela suspirou. Deixou as mãos caírem. Os humanos desabaram ao chão, inconscientes . — Vamos logo. 

Elijah não pensou duas vezes antes de concordar.

 

                                                                          ***

 

Caius passou o camisa e o blazer pelos braços. Havia um jogo que Caius costumava jogar em suas primeiras décadas como um vampiro. Vestia-se bem, ia até a cidade e procurava por uma garota. 

Colocou o chapéu na cabeça para que escondesse os olhos e a pele do sol.

Levava a garota para onde não pudessem a escutar e a mandava correr. Correr para salvar a própria vida. 

Ainda que já estivessem condenadas. 

Passou pela porta da lanchonete, o sino preso à entrada fazendo com que sua presença logo fosse notada. Sentou-se na primeira mesa que encontrou.

Ele nunca precisou procurar por muito tempo.

Fechou os olhos e permitiu que seu instinto lhe soprasse aos ouvidos. 

Ao fundo, ouviu as batidas suaves de um jovem coração, acompanhadas do leviano fluxo de sangue contra as veias sob a pele, que aos poucos ganhava calor. 

Abriu os olhos para encontrar os olhos castanhos, que também já haviam notado a sua presença. 

Ele sabia que ela o seguiria. Todas sempre tinham um gosto pela morte. 

A adrenalina presente na perseguição, a transformava em um espetáculo. Um show para um único telespectador. 

Ouvir o coração dela acelerar enquanto corre, mesmo que não haja qualquer saída ou seus gritos de socorro que ninguém ouvirá, eram o acompanhamento perfeito ao prato principal. 

E quando finalmente tinha suas mãos na presa, matá-la lentamente lhe trazia o ápice. Não havia qualquer outro momento no qual se sentisse mais poderosos, do que olhar sua vítima aos olhos e saber ter o poder para a deixar viver ou matar-la. 

A raiva era tudo o que conhecia e poder era tudo o que o saciava. 

Ele sabia ter nascido para ter poder, disposto a fazer de tudo para o conseguir. Passaria por cima de qualquer coisa ou qualquer um para conseguir o que queria. 

Ele sempre teria o que queria, independente do preço.

Disposto a dizimar cidades ou raças à extinção, as coisas tinham o valor que ele quisesse lhes dar e o mundo, aos poucos, se acomodou sob seus pés. 

O medo que provocou, fez com que o respeitassem e se curvassem diante à ele. 

Assim havia nascido Caius Volturi. Sádico, manipulador e aterrorizante.

Ele era capaz de ter quem quisesse ou o que quisesse. Dor e sofrimento, ele tinha o poder de provocar. 

O controle da vida e morte. 

Havia se tornado seu próprio Deus. 

Porém, agora ele tinha um problema.

Afundou os pés na terra enquanto sentia os passos de sua vítima, vibrarem contra o chão. 

Matar era a sua arte. Caçar era a sua sinfonia particular. 

O arco friccionava contra as cordas do violino enquanto ele dançava pelas sombras. Seu corpo a mover-se contra o vento trazia-lhe o som da flauta, e seus passos, eram precisos e calculáveis como a sincronia das teclas de um piano. 

A tensão vindo enquanto caminha em direção ao crescendo….

Apanhar a vítima em um Sforzando…

Tirar-lhe a vida em um Diminuendo…

Caius não tinha mais qualquer noção de tempo.

Não tinha mais qualquer noção de si mesmo.

Na água que tinha procurado para se lavar, viu seu reflexo. Não reconheceu aquele que passara séculos a construir. 

Katerina era a razão de sua ruína. 

 

                                                                    ***

 

No escuro, deitou-se à cama dele. Cortinas abertas para que fosse capaz de ver a lua. Seu corpo sentia-o se tornar mais próximo. A cada passo, sentia-o mais intensamente. 

Quando ele abriu a porta, ela já o aguardava. Seu coração conhecia suas intenções. Sentou-se à cama. 

Com as mãos estendidas em sua direção, ele se arrastou sem pressa.

Em seus olhos, ainda era capaz de enxergar aquela que acabara de morrer por suas mãos. 

Eram os olhos de um assassino que ainda não havia acabado de matar. 

Ela se colocou de pé e permitiu que as mãos dele envolvessem seu pescoço. 

— Katerina...— Sussurrou.

Caiu de joelhos diante à ela. 

Ela abraçou seu rosto com as mãos e o olhou nos olhos. Despiu-o de suas memórias. 

Os séculos se passaram diante aos seus olhos, as décadas aos poucos se transformando enquanto aquele coração permanecia o mesmo. O mundo pareceu girar devagar, fazendo-a sentir como se tivesse vivido uma eternidade.

Uma eternidade longa e vazia. 

Todas as suas vítimas, a maneira como ele se sentia ao matar, até a última, onde ele havia visto o rosto dela antes de matar a garota. Kate viu que ele desejava a matar, porque ela despertava nele o que ele não conhecia.

E foi então que, depois de passarem dois mil anos juntos em alguns segundos, conhecendo a ruína na qual ele havia se construído e sujando suas mãos em sangue inocente pelas mãos dele, ela finalmente entendeu. Não havia ninguém pior.

Ele não tinha alma ou qualquer humanidade.

Trouxe-o para os braços.

Caius nunca tinha sido amado.

E isso o tornou cruel.

— Eu amo você. — Sussurrou, vendo o vampiro se encolher em seus braços, diante às palavras estranhas que jamais ouvira antes.


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Notas finais do capítulo

Então xuxus, minhas aulas voltam amanhã, infelizmente, por isso, não sei dizer quando vai sair a continuação. Vou tentar escrever de noite quando chegar em casa, mas eu realmente não posso prometer nada, porque eu chego muito casa.
Prometo tentar o meu melhor
Estamos na reta final da fic...sete capítulos para ser mais exata.
não me abandonem agora kkk



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