Marinette não planejou sozinha, obviamente. E, na verdade, ela até duvidava de sua capacidade de levar seu plano adiante. Sabia que Alya também não acreditava. Mas era questão de vida ou morte para seu amor juvenil. Se havia a mínima chance de Adrien a notar e, quem sabe, corresponder seus sentimentos, seria agora ou nunca. Afinal ele poderia voltar comprometido dessa viagem, já pensou? Então, apesar de não partir no ônibus com os colegas, naquela segunda-feira Marinette foi ao estacionamento da escola, o ponto de partida da viagem, para se despedir do pessoal. Alya, por sua vez, pediu uma carona para Adrien até a escola, com a desculpa de ter uma mochila pesada demais para carregar a pé (dispensou a carona da mãe para ajudar à amiga). Sua parte do plano seria atrasar um pouco o loiro, para que ele fosse o último a entrar no ônibus. Nino, por sua vez, chegaria cedo, justo para segurar o lugar do amigo e garantir que nenhuma garota iria tentar se aproveitar do pobre modelo sozinho durante a viagem. E tudo caminhava como o combinado.

Quando a limusine chegou à escola com Adrien e Alya, a grande maioria dos alunos já estava em seu assento. Ao lado do ônibus do primeiro ano estava Marinette, abraçando Juleka e desejando-lhe boa viagem. Alya correu, abraçou a amiga, lamentando sua ausência e alegando já sentir saudades. Pouco depois, chegou Adrien que, notando que a morena se despedia de todos, também foi a cumprimentar. Alya correu para dentro do ônibus e os deixou a sós. Marinette foi abraçada por Adrien – um abraço meio morninho, meio frouxinho, sem muito aconchego. Respirou fundo, e disse:

− Adrien, queria te dar duas coisas para a viagem.

− Oba, presentes? É de comer? Eu acabei de lanchar, mas comida nunca é demais...

− Não são de comer. São para fazer você pensar.

Adrien franziu a testa, com ar curioso, quando a Sra. Mendeleiev gritou pela janela:

− Agreste, só falta você!

Marinette sentia o coração pulando no peito, e queria desistir. Mas já havia começado, então inflou o peito e continuou:

− A primeira coisa é isso. – Lhe entregou um livreto.

− Cruzadinhas? Como adivinhou que eu gosto? Obrigado. Vai ser muito útil. E o outro?

− Isso...

Então Marinette, tremendo e vacilando, se aproximou meio estabanada de Adrien, segurou seu rosto entre as mãos e lhe beijou os lábios. Um selinho, nada demais. Foi mais rápido que o beijo quebra-feitiço de Ladybug em Cat Noir. Mas foi o suficiente para que Adrien a afastasse. E ele poderia ter feito isso, mas não fez. Ficou completamente desarmado, confuso, sem reação. Até demorou a entender o que acontecia e só despertou do transe quando ouviu os gritos dos colegas que os viam pela janela do ônibus. O que, aliás, foi um alvoroço!

− Pense nisso, por favor – disse Marinette, virando-se e caminhando sem dar espaço para respostas. Ou perguntas.

Então Adrien entrou no ônibus olhando para o chão, com o rosto vermelho, meio envergonhado, meio aéreo, completamente tonto. Caminhou até seu assento, recebendo tapinhas nas costas e sendo apontado por alunos risonhos. Sentiu o ônibus se mover e, ao virarem a esquina, viu Marinette, recostada no muro da escola, ofegante, com a mão no peito e cara apavorada de “o que foi que eu fiz?!”. Seus olhares (arregalados) se cruzaram enquanto ela se abanava e ele tocava os lábios, sem saber dizer por que eles estavam formigando. Pelo jeito, ambos teriam algo para pensar.