Reino da Magia escrita por semita13


Capítulo 3
Você é um feiticeiro.


Notas iniciais do capítulo

Nicolas toma uma decisão que vai mudar a sua vida. E conhecemos a outra ponta da trama da história, Serena. Boa leitura!



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Já é tarde e todos dormem, exceto Nicolas. Ele está nervoso, andando de um lado para o outro com as mãos unidas próximas do seu queixo, como se rezasse, dizendo palavras em voz baixa para não acordar os outros.

—Eu sou um feiticeiro, eu sou um feiticeiro. Meu Deus, por quê? Por que isso foi acontecer comigo? E agora, o que é que eu faço, o que é que eu faço? - ele para de andar e um pensamento o assusta - Eu vou morrer! Eu vou morrer! Droga, eu vou morrer queimado! Meu pai! Meu pai, Rose... Não, isso não pode acontecer!

Novamente ele volta a andar de um lado para o outro perto da cama. Ele se ajoelha, pedindo ajuda. De repente ele ouve passos indo e vindo à sua frente. Abre os olhos e vê Lucas do outro lado da cama andando de um lado para o outro, lhe apontando o indicador.

—Você é um feiticeiro, você é um feiticeiro. Meu Deus, por quê? Por que isso foi acontecer com você? Você vai morrer... nós... quero dizer... Estamos lascados!

—Ei! Eu pedi ajuda e não alguém para ficar me apontando os erros. - Nicolas se levanta - Além do mais, se isso não acontecesse comigo VOCÊ não estaria aqui.

—Ah, é mesmo!

          Os garotos voltam a andar de um lado para o outro. Às vezes param, olham entre si, fazem um sinal negativo com a cabeça e voltam a andar.

—Não tem jeito, Luquinha! A única solução é sair daqui. Vamos ter que fugir. Eu sou um feiticeiro. Eu sou essa criatura. Eu sou assim, Lucas, por que eu sou assim? Eu não posso ficar. Eu... Eu gosto demais deles para vê-los sofre por mim ou por minha causa ou por qualquer coisa que eu faça ou... Eu não quero que eles sejam queimados na fogueira.

—Ou que vejam você virar carvão! Também gosto deles. Não seria justo por tudo que fizeram por você. Seja qual for sua decisão, meu caro, eu apoio. Afinal, somos uma dupla de um homem só, não é?

          A imagem de Lucas aos poucos desaparece, como a luz de uma vela que se apaga lentamente. Nicolas desvia o olhar para o chão, pensativo.

****

Enquanto isso, em algum lugar próximo ao vilarejo de Devlon...

“Os habitantes do vilarejo de Kolkingham, localizado no Condado de Warwick, estão eufóricos e agitados. Uma multidão se aglomera em frente da prisão do vilarejo. Uma garotinha de seis anos de idade corre por entre a multidão, tentando chegar o mais próximo possível da entrada da prisão. A pequenina Serena, de pele clara e longos cabelos castanhos parece desesperada, esbarrando, batendo e até empurrando aqueles que atrapalham seu caminho.

—SERENA! SERENA... ESPERE! - grita uma mulher de meia idade que a segue. Em um dado momento, a menina não consegue mais abrir caminho e a mulher a puxa pelo ombro. - Serena! O que está fazendo? Você não pode sair correndo desse jeito, não pode ir até lá!

—Eu quero ver a mamãe, eu quero ver a mamãe...

—PSIU! Cala a boca! - as palavras soam num tom ameaçador - Ouça! Você quer ter o mesmo destino da sua mãe, quer morrer queimada, é?

—Não, não... - diz a menina quase chorando, tentando se livrar das mãos que prendiam seus ombros.

—Pois é o que vai acontecer a você se não ficar quieta. Já falamos sobre isso. Esse é o castigo e a salvação para sua mãe.

—Mas, Bigail... Eu queria ver a mamãe só mais uma vez... - ambas se olham por um instante.

—É ‘Abigail’! Você sempre erra meu nome, parece de propósito... - a mulher descontinua a conversa, vendo aquele rostinho angelical lhe suplicando um último pedido. - Hunf! Você não percebe que está correndo perigo se continuar nessa vila?

—A carroça chegou, deixem a carroça passar! - alerta alguém na multidão.

A gritaria diminui. A carroça que levará Silvia até o local da execução abria caminho até a entrada da prisão. Havia chegado a hora e aquele objeto era visto com expectativa e receio pela população. Aproveitando o momento de distração, Serena corre para frente. Abigail novamente a alcança a tempo de não deixá-la chegar até a porta da prisão. Quando decide tirá-la dali, a porta se abre. O coração de Serena dispara, finalmente veria sua mãe.

—Mamãe, mamãe...”

—Ei, Serena, acorde! - diz uma voz masculina.

          Mesmo atordoada pelo sono, Serena desperta, apoiando as mãos sobre a madeira fria do assoalho da carroça.

—O que? Já chegamos?

—Ainda não! Ainda estamos em uma das estradas do Condado de Wilt, mas logo estaremos em Devlon.

—Então por que me acordou, Lucius?

—Parece que você sonhou com sua mãe de novo. Começou a falar mais alto, então eu achei melhor...

—Ah, sim... Entendi!  - ela se ajeita e senta de frente para o garoto - Foi melhor mesmo, obrigada! Já se passou mais de sete anos e eu ainda continuo sonhando com aquele dia horrível.

—Eu sei, não é fácil perder alguém que a gente gosta. - diz Lucius, cabisbaixo. - Mas as coisas vão melhorar quando chegarmos em Devlon, você vai ver.

          Os dois jovens trocam olhares e sorrisos esperançosos no fundo daquele veículo totalmente fechado, apenas com uma pequena abertura na porta e outra no teto, ambas bloqueadas por barras de ferro. Serena olha para o céu pela pequena abertura quadricular e percebe que ainda estava escuro. Ela volta a deitar-se no piso de madeira apoiando a cabeça em um dos braços.

—Vamos dormir! Precisamos estar bem quando chegarmos em Devlon. Boa noite, Lucius.

—Boa noite, Serena! - responde o garoto que também se recolhe em seu canto.

          A carroça continua sua viagem durante a madrugada.

****

Na manhã seguinte, Arthur e outras duas pessoas estão limpando a taverna. Ele sempre arruma o local pela manhã já que à tarde a maioria do pessoal está dormindo ou com outros afazeres. Passos firmes seguem rapidamente em direção as escadas. Eles olham para cima e veem Rose ofegante, nervosa, se apoiando no corrimão, e sem perda de tempo soltando as palavras pela boca.

—O Nicolas... Ele sumiu!

          Imediatamente começa uma busca. Todos os cômodos são vasculhados, mas não há sinal do garoto. Pelo número de peças de roupas que faltam, Rose acha que ele saiu apenas com a que estava vestido. Arthur pede ajuda as garotas da taverna que, mesmo cansadas, o ajudem a procurá-lo no vilarejo. Assim que são vistos perambulando pelas ruas do vilarejo logo começam os comentários maldosos. Rapidamente o xerife é acionado. Tomando conhecimento do fato, ele deseja resolver esse problema antes que o sol esquente e haja mais pessoas nas ruas. O xerife se compromete a ajudá-lo, desde que ele e seu pessoal procurassem pelo vilarejo enquanto Arthur e seu grupo ficariam com os arredores. Era nítida a intenção do xerife de afastá-los das pessoas, mas Arthur não tinha outra opção.

As horas passam e as buscas são infrutíferas. O xerife acha que o garoto deixou a cidade e Arthur se preocupa com o que poça acontecer ao seu filho. Ele resolve voltar para a taverna e aguardar. Quem sabe, Nicolas se arrependa e também tome essa decisão. Mas uma pergunta atormenta a todos: por que ele fugiu?


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Notas finais do capítulo

Nicolas acha que aqueles que o amam não compreenderiam sua real situação e decide abandoná-los. Será que ele tomou a decisão certa? Encarar ou fugir de um problema? Serena e Lucius aparecem na história e muitos outros virão. Aguardem e comentem! n_n



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