My Precious Thing escrita por Villen


Capítulo 2
The Magic Is Inside Your Heart




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Mais uma manhã se iniciava no reino dos duendes. Alguns meses haviam se passado desde o baile no castelo e, embora uma única dança não tivesse sido o suficiente para mexer com o coração de Jareth, havia sido o suficiente para atiçar sua curiosidade sobre a moça. Ele não podia negar que seu jeito tímido e um tanto infantil captaram sua atenção.

Lógico que ele não facilitaria os planos de seu pai, pois queria reinar sozinho e ser o único soberano, mas isso não significava que não podia conhecer a moça. E foi com esses pensamentos que saiu de seu quarto. 

O rei estava sentado à mesa, concentrado enquanto tratava de alguns negócios reais, quando avistou seu filho descer as escadas, fazendo malabares com uma de suas bolas de cristais: 

—Bom dia, filho. Vejo que acordou disposto hoje. Que tal ajudar seu velho a resolver alguns desses pequenos problemas reais, hein?- ele falou mostrando alguns papeis e sorrindo. 

—Ora, querido pai. Se são tão pequenos assim, creio que minha presença não fará diferença não é mesmo?- falou jocoso, ao que o rei respondeu com um meneio de cabeça.  

—Seu humor está mais forte hoje não é verdade? Posso saber o que lhe deixa tão animado a ponto de caçoar do velho pai?- o rei perguntou, mas já imaginando o motivo. Queria apenas ver se o filho seria sincero em sua resposta. 

—Não tem motivo especial. Não fique imaginando coisas seu velho gordo, pois não tem nada a ver com a fada.- Sentado a mesa, Jareth pegou um pêssego para comer. 

—Ah, mas eu não falei nada, meu filho jovem e rabugento.- o rei gargalhou.- Você mesmo que entregou os pontos, rapaz.  

Contrariado, Jareth bufou com a perspicácia do mais velho. Mas não podia se chatear com tão pouco, ainda mais vindo do pai. Embora as vezes agisse de maneira áspera, um pouco rude ou até mesmo fria, ele amava muito seu velho pai. O bondoso rei fora a única família que lhe sobrara após a morte da mãe.  

—Certo, certo. Se é assim que o senhor vê, eu não falarei mais nada. Vou até a ponte na entrada do castelo, certo?- ele levantou-se e foi até a cadeira do pai, deu um beijo em sua careca  e caminhou até a saída. 

—Certo. Aproveite então e leve esta carta com você.- o rei estendeu o fino papel e Jareth o pegou, guardando em seu bolso.- Dê ao anão Hoggle e diga-lhe que o jovem Didymus será aceito na guarda real. Ele já pode vir para se alistar oficialmente.- Jareth assentiu e pôs-se a andar, já alcançando a porta. 

—E Jareth,- ele virou-se para o pai- não importune o pobre anão, meu filho.- ele então sorriu e saiu. 

~-~-~-~-~-~-~-~-~ 

Passado o pequeno vilarejo nos arredores do castelo, Jareth chegara na pequena ponte de passagem. Andando por lá, resmungando algo inteligível, estava um anão. Usava uma espécie de boina marrom, acompanhado de um colete da mesma cor e uma camisa branca de mangas longas. Vez ou outra ele pegava algo do chão e encarava bem, mas depois de um tempo jogava fora e passava a procurar algo que lhe chamasse atenção. 

—Ola, Hogwart. Está um belo dia hoje não é mesmo?- Jareth falou se aproximando. 

—Argh, é Hoggle. Sim, caro príncipe, está.....ou estava até o senhor chegar.- falou a última parte de forma mais baixa, para que o maior não ouvisse. 

—O que disse, Huggle? 

—N-nada, senhor. O que deseja? 

—Nada demais. Vim entregar-lhe isso a pedido de meu pai.- ele estendeu a carta, que o anão pegou pondo-se a ler.- É sobre o alistamento de alguém chamado Didymus. Por acaso você o conhece ,não é mesmo? 

—Ah sim. É um jovem rapaz que mora perto de minha casa. Desde pequeno que quer entrar na guarda real e eu tenho que dizer, ele é bem esforçado, senhor. É disciplinado e corajoso, empenha todas as suas forças no que faz.  

—Pois bem, ele já pode se alegrar pois seu sonho se realizou. Fale com ele e o mande ao castelo, sim? Agora se me der licença,- ele falou seguindo caminho- tenho outros lugares para ir. Adeus, Hedgwart. 

—É Hoggle!  

Jareth sorriu e prosseguiu seu caminho pela floresta. Enquanto andava, não pode deixar de se lembrar da noite do baile. Havia dito para o pai  que fora tedioso, enfadonho, mas ele sabia que havia se divertido muito ao dançar com a jovem fada. Embora Jareth fosse dono de uma grande beleza, pela qual muitas mocinhas suspiravam, ele nunca tivera nenhum relacionamento com ninguém antes. Tão pouco sabia o que significava amor verdadeiro. Para ele tudo isso era apenas um foco de distração.  

Mas a pequena havia conseguido despertar algo nele. Atenção? Afeto? Não, não. Curiosidade. Sim. Era isso. Estava apenas intrigado com ela. Poderia até aprender alguns truques de magia com ela, visto que esse nunca foi o ponto forte dos duendes. E foi pensando assim que chegou em meio a uma clareira aberta, onde havia um toco de árvore no meio. Ligadas a esse toco, várias raízes se estendiam pelo chão indo a várias direções diferentes. Ali era a saída do reino dos duendes e os respectivos caminhos davam em qualquer outro reino que a pessoa escolhesse. 

—Ora, me parece que andei demais. Acho melhor retomar meu caminho, por hoje. - ele falou, virando-se para voltar ao castelo. Mas nem havia dado dois passos, olhou para trás e observou a espécie de portal que levava ao reino das fadas. A árvore era grande e robusta, suas folhas eram de uma cor avermelhada como as de outono, e de longe podia-se ouvir o canto de seus habitantes. 

Jareth permaneceu no mesmo lugar, dividido entre a vontade de passar pelo portal e a de voltar para o castelo. Se voltasse para o castelo, a única diversão que teria seria de importunar alguns subordinados, mas e o que lhe esperava se atravessasse o portal. Suspirou e, uma vez decidido, adentrou o portal sem olhar para trás. 

~-~-~-~-~-~-~-~-~ 

Assim que atravessou o portal, Jareth ficara maravilhado com o que seus olhos contemplaram. As árvores balançavam graciosamente, deixando cair algumas folhas vez ou outra. Os pássaros cantavam e voavam livremente, enquanto o sol ia se pondo no horizonte dizendo que mais um dia já se findava. Ao longe, o imponente castelo podia ser visto. Jareth resolveu ir caminhando em direção do mesmo. Estava quase chegando, faltava apenas alguns quilômetros, quando sentiu uma pulsação mágica atrás de si. 

—Ola? Tem alguém ai?- ele virou-se encarando o breu que havia se instalado com o anoitecer. 

Mas ele não obteve resposta alguma. Deu de ombros, convencido que havia sido o vento, ou algum animal que por ali passara, quando avistou alguns pequenos fachos de luz voando pela floresta. Estreitando os olhos, reconheceu a pequena magia. Esboçando então um pequeno sorriso, desviou-se do caminho do castelo e pôs-se a seguir as pequenas bolas de luz. 

Chegou então a um pequeno vilarejo nos arredores do castelo, assim como no seu reino, e de longe avistou a pequena e delicada criatura sorrindo rodeada de crianças. Milla parecia estar contando uma história para os pequenos, que lhe faziam perguntas e sorriam ávidos por mais. Quando terminou enfim, as crianças começaram a se dispersar indo para casa. Foi só então que ela o avistou de longe, sorrindo enquanto a encarava com a mesma expressão marota que ela vira no baile. 

Seu coração pareceu falhar uma batida, mas ela apenas levantou-se indo ao seu encontro, ao que ele respondeu da mesma forma. 

—Quer dizer que além de boa dançarina também é contadora de contos, lady Milla?- ele falou e ela sorriu. 

—Bem, são alguns órfãos que eu ajudo. Então sempre que me pedem uma história, dou o meu melhor para que seja uma boa história. Para que eles possam sonhar e deixar suas imaginações fluírem. 

—Um gesto muito bonito de sua parte, devo admitir. 

—Obrigada, mas estou curiosa, meu príncipe.- ela brincou com os dedos, sem encará-lo.-O que faz tão longe de seu reino? 

—Apenas vagando um pouco para longe de meu velho pai e seus problemas de rei. Nada em especial.- ele falou olhando para frente.

—Ah, entendo. - ela respondeu.

Novamente o silêncio voltou a se instalar entre os dois. Jareth a olhou de esguelha: ela era realmente muito linda. E saber que ela se compadecia com crianças que nem sequer eram família, fez Jareth lembrar-se da sua mãe. Talvez as fadas fossem assim por natureza, pois sua mãe era do mesmo jeito: dona de uma grande beleza, grandes dotes mágicos e um enorme coração.

Ele lembrava-se bem pouco dela, pois ela morrera quando ele tinha apenas algumas estações*, mas as poucas memórias que ele tinha era bastante preciosas para ele. Fora ela que lhe ensinara a conjurar seus amados cristais. E era mais um motivo que o fazia querer ficar perto de Milla.

Mas por que não conseguiam conversar normalmente sem que ficassem em um silêncio extremamente constrangedor? Quando ele se preparava para perguntar algo, ela se pronunciou primeiro: 

—Bem, está tarde. Acho melhor eu me recolher, meu príncipe.

—Ah,claro. Está certo. Bem,boa noite Milla.-Ele falou, de certa forma triste, pois queria conversar mais com ela. Lhe fez uma leve mesura e virou-se já pronto para voltar para seu castelo, quando sentiu sua leve mão tocar-lhe o ombro. Seu toque transmitia calor e energia. 

—Sabe, não acho bom que o senhor volte agora. A floresta muda seu curso durante a noite, e é bem fácil se perder se não conhecer o caminho certo a tomar. Então,- ela ruborizou de leve- por que não passa a noite na minha casa? 

Ele não conseguiu esconder a surpresa e o divertimento que passaram por seus olhos, o que ela respondeu ficando ainda mais corada.

Simplesmente adorável.

—Agradeço, Milla. Acho que posso ficar, se não for incomodo nenhum. 

—Ah não será. Pode vir comigo.  

Durante o trajeto, a conversa pareceu finalmente fluir. Falaram sobre magia, música, algumas peças que ambos pregavam de vez em quando e sobre responsabilidades. Jareth confessou o quão ansioso estava para se tornar rei, levando a demonstrar certa  soberba em alguns momentos. Milla, nada respondia, limitando-se apenas a observá-lo e analisar suas palavras. 

Chegaram então a uma simples casa de madeira e folhas, com alguns adornos de vinhas de árvores. Não bastasse sua aparência exterior, dentro também era bem simples. Era simples, humilde, mas ainda assim aconchegante. Milla explicou que seu irmão era um dos guardas oficiais e que por isso não dormia em casa, portanto Jareth dormiria em seu quarto. 

Milla preparou uma salada de frutas e flores, regadas ao mel e ambos comeram. Preparou também um pouco de lembas, receita que aprendera com uma amiga elfa que tinha. Jareth ficara maravilhado com o sabor. Um prato singelo mas não menos delicioso. Conversaram ainda por mais algum tempo, e Milla lhe prometera ensiná-lo a criar seus próprios fachos de luz no dia seguinte. 

Ao se deitar, Jareth se sentia leve, em paz. E cada vez mais encantado com a doce menina. 


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Notas finais do capítulo

*Quatro anos humanos
Podem mandar as críticas ~só não peguem tão pesado ta?



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