A Intérprete - Orgulho e Preconceito Moderno escrita por Nan Pires


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Não me matem XD



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A festa continuou animada por várias horas. Os convidados estavam se fartando com muitas comidas deliciosas e o bolo, claro. Jane que não pareceu nem um pouco desconfortável quando o sr. Bingley sentou-se ao seu lado, estava entretida em uma conversa com ele e outras pessoas que estavam ao redor sobre o projeto em que estava trabalhando. Logo, uma prima distante do sr. Collins se juntou ao grupo e começou a pedir a opinião dela sobre decoração. Jane disse que não era muito a especialidade dela, o que Liz considerou um ultraje, já que a irmã era a melhor pessoa que ela conhecia para decorar ambientes, mas deu algumas dicas e até passou seu contato. Quem disse que não dá para vender seu peixe em um casamento?

Do outro lado da mesa, Caroline parecia entediada, apesar de estar ao lado de Darcy. Ele estava conversando sobre algum assunto de trabalho com alguns colegas do hospital. Médicos, nunca conseguiam se desligar da profissão.

Liz, então, decidiu se arriscar na pista de dança, onde alguns convidados, em sua maioria parentes do noivo, pareciam estar se divertindo. Havia uma banda ao vivo e bem lá no fundo, Elizabeth desejou que Darcy aproveitasse a deixa e viesse atrás dela. Ela sabia que aquilo deixaria Lady Catherine furiosa e que iria contra o que combinaram, mas ao mesmo tempo, ela estava morrendo de vontade de dançar com ele, como daquela vez na festa do hospital.

— Aceita me acompanhar nessa dança? – O coração de Elizabeth pulou por alguns segundos, antes de seu cérebro lembra-la de que aquela não era a voz de Darcy.

— Claro. – Liz respondeu após se recompor do susto que o estranho não pareceu perceber.

O jovem de feições bonitas que a lembravam muito de alguém, guiou-a pela pista. Ele não dançava mal, mas não era Darcy e ela não conseguia parar de olhar para ele, ainda ao lado de Caroline sem ao menos nota-la. Será que sentiria ciúmes se a visse dançando com outro? Bobagem, ele não era assim.

— Então, é convidada do noivo ou da noiva?

— Meio que dos dois. – Elizabeth sorriu. – Collins é meu chefe e Charlotte minha melhor amiga.

— Você trabalha no Hopkins? – O jovem perguntou parecendo surpreso.

— Sim, sou intérprete comunitária.

— Que legal, meu primo trabalha lá.

Assim que ele disse essas palavras, Elizabeth percebeu quem ele lembrava. Estava lá, na cara dela o tempo todo. Como não percebeu antes?

— Por acaso é o dr. Darcy? – Ela perguntou mais para puxar assunto, não tinha dúvidas de que era ele.

— Sim, você o conhece? Cara legal, meio marrudão, mas no fundo é gente boa, pode acreditar.

— Eu conheço a figura. – Liz riu da descrição, não poderia ter sido mais exata. – No começo eu achava ele antipático, mas depois percebi que era só o jeito dele mesmo.

— Antipático? – O garoto quase gargalhou. – Isso ele é as vezes, mas acho que é para esconder que no fundo ele tem o coração mais mole que gelatina. Você precisa ver o que ele faz pela irmã. Sem contar que esses dias mesmo ele salvou o melhor amigo de cair nas garras de uma mocinha que estava mais interessada em um visto de noiva do que nele mesmo.

Elizabeth estremeceu e desejou internamente que não fosse o que ela estava pensando. O primo de Darcy percebeu o clima pesado e viu que tinha feito burrada pois Liz e Charlotte, a noiva, eram estrangeiras. E claro, a maior parte dos convidados estava achando que Char estava se casando só para conseguir a nacionalidade e talvez tenha sido isso no começo, mas não agora. Essas coisas eram tão complicadas!

— Desculpe, eu não quis dizer que... – O moço tentou consertar sem graça, no entanto, Elizabeth o cortou.

— Não se preocupe. – Ela lançou um risinho falso. – Mas me conte essa história direito. Como foi que o nobre dr. Darcy salvou o amigo das garras dessa mulher sem coração?

O primo do dr. Darcy não percebeu as ironias que ela utilizou e começou a narrar a épica história do jovem Bingley que se apaixonou por uma moça de fora que só queria saber de ganhar um visto para permanecer no país.

— Sei que nem todas vocês são assim, mas convenhamos, muitas são. – Naquele momento, Liz notou o asco na voz dele. – Sorte do Bingley que meu primo logo percebeu a intenção da moça. Disseram que ela era linda e ele é tão ingênuo, coitado, quase caiu na lábia dela.

Liz mal conseguiu ouvir a história inteira, seus olhos ardiam de raiva. Ela só queria dar o fora daquele lugar. Não precisava ler mentes para saber que a maior parte, senão todos os convidados, estavam pensando o mesmo delas. Ela estava se sentindo humilhada, mesmo sem que ninguém a estivesse atacando diretamente.

— Sabe o que eu acho? – Ela perguntou com ódio quando entendeu que já tinha ouvido o suficiente antes de pular no pescoço daquele cara por dar voz ao que todos estavam pensando. – Que antes de você julgar uma pessoa, deve conhece-la.

Ela se retirou apressada. Sabia exatamente para onde estava indo, para onde precisava ir. No meio do caminho mandou uma mensagem para o sr. Darcy, cuja única palavra era “AGORA”, em letras maiúsculas. Ele entenderia o recado.

Ela estava certa. Cinco minutos depois que ela chegou ao local que ela gostava de pensar que era deles, só deles, em frente a árvore que testemunhou uma longa conversa e todos os beijos e abraços que eles trocaram, ele apareceu. Estava com uma feição tranquila, aparentemente animado por vê-la. Ele queria ter quebrado a promessa desde o começo. Quando viu seu primo exatamente onde ele gostaria de estar, envolvendo a cintura de Elizabeth enquanto dançavam, ele desejou poder trocar de lugar com ele.

— Sabia que íamos acabar nos vendo antes de... – Ele parou assim que percebeu que Elizabeth estava chorando. – O que aconteceu?

— O que aconteceu? – Ela perguntou irônica, sua voz saiu muito mais alta e esgarçada do que ela desejava. – Você me traiu, Darcy. Traição, foi isso que aconteceu!

— Do que você está falando? – Darcy observou-a confuso. Ele não se mexeu e quando tornou a falar tratou de usar um tom bem calmo, o que irritou Elizabeth ainda mais. – Eu praticamente passei o dia ignorando Caroline. Não fiz nada que pudesse te desagradar.

— Não se faça de desentendido, não é disso que estou falando! – Liz gritou e se aproximou dele, seus olhos em chama ficaram ainda mais sinistros diante do crepúsculo. – Eu não estou nem aí para a sonsa da Caroline! Ela pode ficar com você todinho se quiser, afinal, vocês são duas cobras e se merecem!

Darcy pareceu magoado, só que mal teve tempo de ficar irritado, porque Elizabeth começou a chorar tão desesperadamente que tudo o que ele queria era confortá-la.

— Me explica o que te deixou chateada. – Ele pediu enquanto tentava ajuda-la sem sucesso, já que cada vez que ele se aproximava ela o empurrava.

— O que você fez com a Jane foi inadmissível! Você não conhece ela, não sabe como apesar de tentar se fazer de forte, ela é frágil! Você fez Bingley terminar tudo com ela e a afastou de mim! Sabia que foi por causa daquele idiota do seu amigo que ela está morando com os meus tios? E agora a Charlotte está casada e eu vou ficar sozinha! Você arruinou tudo, Darcy! Me traiu da pior maneira possível, machucou a minha irmã! E isso não tem desculpa. Família é família, não importa o que aconteça. – Elizabeth falou tudo tão rápido que Darcy mal conseguiu decifrar as palavras em meio aos soluços.

— Elizabeth, eu não entendo. – Ele disse por fim, derrotado. – O que foi que eu fiz?

— Você sabe muito bem. – Ela respondeu um pouco mais calma, embora ainda tremesse de raiva. – E para você, é srta. Bennet.

Dito isso, ela saiu pisando duro, deixando um Darcy muito perplexo para trás. Não voltou para a festa, foi direto para o quarto. Lá esperaria Jane e imploraria para que fossem embora. Afinal, Charlotte já estava prestes a deixar a casa de Catherine com Collins para enfim começarem a lua de mel.

Bem longe do lugar onde Darcy ainda se encontrava parado, tentando colocar as ideias no lugar para entender o que havia acabado de acontecer, um outro casal o observava sem dó.

— Como combinamos. – Caroline sorriu triunfante. – Você foi sensacional!

O primo de Darcy puxou-a pela cintura e beijou-a na testa.

— Até parece que eu ia deixar meu primo cair na lábia de uma estrangeira. – A voz do moço era dura e fria, assim como seu olhar para o primo que ao longe havia acabado de dar um único soco de frustração na árvore a sua frente. – Tia Catherine deveria me agradecer por livrar o sobrinho favorito dela do mesmo destino do palhaço do Collins.

Caroline encostou a cabeça no ombro de seu parceiro no crime e os dois continuaram observando com gosto o sofrimento de Darcy, que solitário, voltava para a festa. Estava feito, o médico estava livre para ela e Liz jamais seria parte daquela família. Todos saíram ganhando. 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?? Fiquei morrendo de dó da pobre da Liz, gente!! Mas é como a Char disse, as vezes coisas ruins tem que acontecer para coisas melhores aparecerem lol



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