Charlotte estava tremendo de tanto nervosismo quando as meninas finalmente terminaram de aprontá-la. Ela estava usando um vestido tomara que caia branco de renda simples, porém lindo.

— Uau. – Jane tinha acabado de ajeitar a última mecha de cabelo de Charlotte e pediu para que ela desse uma voltinha. – Você está tão linda!

— Estou, não é? – Char não era do tipo insegura, mas também nunca se achava a garota mais linda de todas, mas naquele dia, ela era. Sua maquiagem delicada com cores que valorizavam o seu tom de pele estava em completa harmonia com o vestido que ela escolheu e com seu cabelo, que estava preso e todo trabalhado. Mas nada nela estava mais bonito do que o seu sorriso. Apesar do nervoso, ela não cabia em si de tanta felicidade.

— E o toque final. – Liz pegou o véu e ajeitou, com a ajuda de Jane, no topo da cabeça da amiga. – Perfeito!

Char continuou sem desviar a atenção do espelho de corpo inteiro e seus olhos se encheram de lágrimas que ela tratou de afastar piscando e olhando para cima.

— Não me digam nada bonito. – Ela riu sem graça. – Não quero estragar a maquiagem.

Liz e Jane caíram na gargalhada e foram para perto da amiga para darem uma última checada no visual. As duas em seus vestidos azuis estavam quase tão bonitas quanto Char. Cada uma do seu jeito, Jane com um ar mais meigo e angelical e Liz com um visual um pouco mais sofisticado. Eram o trio perfeito.

Alguém bateu na porta e avisou que já estava na hora. Char sentiu as tais borboletas no estômago e até Liz estava um tanto ansiosa. A única que estava aparentemente tranquila era Jane, que saiu puxando Charlotte pela mão.

— Agora é a hora. – Ela sorriu tentando tranquilizar a amiga. – Vai dar tudo certo.

As três seguiram por um corredor que dava direto na pequena igrejinha onde todos os convidados as aguardavam. A ideia inicial de Charlotte era se casar a céu aberto, mas aparentemente a tia de Darcy era extremamente religiosa e pediu, ou melhor, ordenou, que a cerimônia acontecesse dentro da pequena capela em sua propriedade. Pelo menos a festa seria do jeito que a noiva queria, no jardim, onde várias tendas já haviam sido instaladas para cobrir as mesas e deixar o ambiente um pouco mais aconchegante e protegido. Claro que lady Catherine quis escolher as flores e o resto da decoração, mas pelo menos isso, o sr. Collins não permitiu. Ficou tudo com a cara de Charlotte, simples e amigável.

Ao pararem em frente a porta por onde Char faria sua entrada triunfal, a noiva respirou fundo. Já dava para ouvir a música, por isso Jane, ajeitou a barra do vestido da amiga e fez um sinal de ok. Liz, ao lado dela, continuava imóvel.

Foi então que as portas se abriram e tudo o que Char conseguiu enxergar foi Collins ao final de um longo corredor. Ele não se virou para admirá-la, mas ela sentiu a ansiedade dele, podia até imaginar a cara que ele estava fazendo. Lentamente, ela começou a andar em direção a ele, acompanhada pelas garotas Bennet, que vinham logo atrás. Char tinha decidido que somente seu pai poderia leva-la até o altar e o fato de ele não estar presente naquele momento a entristeceu um pouco, mas ela não quis colocar ninguém em seu lugar. Quando viajasse para seu pais, ela teria o casamento exatamente de jeito que queria. Foi esse pensamento que a fez suportar as tantas alterações de Catherine em seus planos. Aquele não seria o único, então para que se estressar?

Ela foi sorrindo durante todo o caminho. Estava feliz, radiante e nada no mundo estragaria aquele sentimento. Tudo o que interessava para ela, era saber que estava unindo sua vida com a de Collins. Há um tempo, ela imaginava que toda a sua alegria seria pelo fato dela poder ficar no país que ela amava, no entanto, algo aconteceu. Em um curto espaço de tempo, ele havia se tornado único para ela e juntos, eles continuariam a aprender mais um sobre o outro e o amor entre eles só cresceria. Essa era a esperança de Charlotte. O casamento certo pelos motivos errados, ela nunca esteve mais certa em sua vida inteira. Às vezes, coisas ruins acontecem para que coisas maravilhosas possam entrar em nossas vidas.

A imagem do brilho nos olhos de Collins quando ele finalmente a viu, vai ficar gravada para sempre na memória de Charlotte. Naquele momento ela quase perdeu a compostura e começou a chorar. O resto da cerimônia passou tão rápido que antes que ela pudesse perceber, Collins já estava a abraçando e beijando e no minuto seguinte, todos já estavam saindo da igreja e cumprimentando os noivos enquanto se dirigiam ao local da festa.

— Char, estava tudo tão lindo! – Uma das garotas que trabalhava com ela gritou e ela sorriu em resposta, era só o que conseguia fazer, sorrir.

Depois de uma rápida sessão de fotos com o noivo, as madrinhas e alguns convidados, ela finalmente chegou ao jardim, onde uma grande mesa cheia de plaquinhas com nomes se encontrava. Ao redor, tinham outras mesas menores com mais nomes e muitos convidados já estavam sentados. Charlotte não precisou ler plaquinhas para saber que o lugar dos noivos era ao centro da mesa maior.

Mais agradecimentos e sorrisos antes que Char finalmente pudesse se sentar e ela logo reparou que algumas plaquinhas foram modificadas, obra de Catherine, claro. Suas amigas ainda estavam ao seu lado, para o alívio dela, mas o dr. Darcy tinha sido colocado o mais longe possível de sua amiga e bem ao lado de Caroline. Já Charles Bingley estava inconveniente próximo de Jane.

— Aquela velha bruxa! – Charlotte fez uma careta e praguejou baixinho. – Já vou arrumar isso.

— Char. – Liz segurou o braço da amiga antes que ela pudesse se levantar. Já havia reparado nas mudanças, afinal, ela tinha ajudado Charlotte a fazer as listas das mesas. – Para de se estressar. Deixa isso para lá!

— Mas...

— Eu não ligo para onde ele está sentado. – Liz disse baixinho.

— Mas a Caroline está...

— Eu não ligo. – Ela repetiu. – De verdade, não ligo mesmo. Confio nele.

Charlotte olhou para a amiga por alguns segundos antes de decidir que ela estava mesmo falando a verdade e que aquilo não a incomodava. Em seguida, voltou seu olhar preocupado para a plaquinha ao lado de Jane.

— Eu também não ligo para quem vai se sentar ao meu lado, Char. – Jane disse em um tom ainda mais tranquilo que sua irmã. – Hoje nada mais importa, só que você aproveite seu dia, por isso quero que você pare de se estressar.

— Meu amor, – Collins tinha acabado de conseguir se livrar das felicitações de alguns investidores do hospital e voltara para o lado de Charlotte. –Acho que está na hora dos brindes.

— Claro, querido. – Ela piscou para ele e depois se virou de volta para as meninas. – Que comece a sessão da vergonha.

Collins ouviu o comentário e sorriu. O que se seguiu foram algumas pessoas se levantando e contando histórias engraçadas sobre os noivos. Na vez de Elizabeth, mesmo que não fosse comum as madrinhas falarem, Liz fez questão de contar sobre o dia que descobriu que seu chefe e sua amiga estavam se encontrando e sobre como ela se escondeu como uma garotinha para que eles não a vissem e entrou no primeiro local que ela encontrou, um pub. Nessa hora, ela olhou para Darcy que deu um sorriso quase imperceptível daqueles que ela tanto gostava. Aquele dia também tinha sido quando eles deram o primeiro beijo.

— Um brinde aos noivos! – Alguém gritou quando o padrinho de Collins, um parente dele, terminou de contar sobre algo vergonhoso que os dois fizeram na faculdade.

Todos levantaram as taças sorrindo e gritando animados. A festa estava sendo muito melhor do que Charlotte jamais imaginou que seria e ela estava genuinamente feliz.