Nephilim: A Profecia Do Céu escrita por Emily Neubaner


Capítulo 3
Capítulo 2




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Aislynn olhou para Enid completamente extasiada. Ela não reconhecia mais a amiga, que agora tinha a pele ainda mais pálida do que o normal e seus olhos que antes estavam vermelhos, se tornaram brancos e frios, pareciam prontos para sugar a alma de alguém.

Enid levantou voo com suas asas esqueléticas, uma neblina negra e densa a envolvia fazendo-a parecer ainda mais uma criatura demoníaca. Aquilo foi o suficiente para assustar Aislynn de tal modo que a fez correr para fora do beco, havia dado exatamente dois passos largos quando a mão do homem a segurou, impedindo-a de fugir. Naquele momento, Aislynn olhou novamente para a criatura que sua amiga havia se transformado e a viu voando em direção a eles, a boca de Enid se abriu e ela soltou grande e fino grito agonizante, era quase como se estivesse chorando. Aislynn juntamente ao homem, se agachou no chão instintivamente e cobriu os ouvidos, apertando os olhos.

As ondas do som do grito fazia sua cabeça doer e sentir tontura, ela abriu os olhos, vendo o homem que havia tentado atacá-la agachado no chão, agonizando. Foi então quando percebeu o arco jogado a alguns metros de distância dela, a primeira coisa que Aislynn pensou foi em ir correndo pega-lo, mas, tinha certeza que se parasse de pressionar as mãos em seus ouvidos, seus tímpanos iriam estourar.

Enid pareceu ter lido sua mente, pois, ainda gritando, se pôs no chão e pegou a arma do homem. Com o arco em mãos, ela finalmente parou com o grito. Aislynn tentou se levantar, mas isso só fez com que caísse totalmente impotente no chão, novamente. Levantando um pouco a cabeça, observou Enid se por em frente ao homem, ainda segurando o arco, como se conhecesse cada centímetros da maldita arma.

— Da próxima vez, - sua voz não tinha nenhuma expressão - não chame uma banshee de fadinha.

E então atirou no peito do homem, que arregalou os seus olhos de dor, logo em seguida seu corpo caiu no chão. Aislynn olhou completamente chocada para Enid. Ela havia matado aquele homem!

Engolindo seco, tentou se levantar novamente aos tropeços. Se apoiando na parede, ela juntou todas as forças que ainda lhe restavam e se pós a correr em direção a rua. Ouvindo o som de asas batendo, percebeu que a criatura estava voando por cima dela, Aislynn apertou ainda mais o passo com o terror dominando-a ainda mais.

— Você está fugindo de mim? - Enid pousou a sua frente, franzindo a testa.

Aislynn soltou um soluço de medo ao encarar a imagem aterrorizante de sua amiga.

— V-você é um demônio. - arregalou os olhos.

Dando de ombros, disse:

— Quase isso - a mão gelada dela segurou seu braço. - Temos que ir embora daqui.

Aislynn balançou a cabeça, sentia que estava prestes a surtar a qualquer momento.

— Não - soltou-se da mão de Enid - eu não vou a lugar algum com você!

Encarando-a, Aislynn conseguiu perceber de relance o olhar ofendido que ela afastou rapidamente.

— Não precisa ter medo de mim, acabei de salvar sua vida - sua voz era cautelosa.

— Você acabou de matar um homem. - Aislynn praticamente gritou.

Estava tremula e confusa. Droga!, aquela bebida definitivamente estava batizada, ela só podia estava viajando. Aislynn deu uma risada fraca, incrédula. Como não havia pensado nisso antes?! Um homem tentando a matar em um beco, Enid se tornando em uma criatura demoníaca... Nada daquilo era real, estava apenas tendo uma alucinação por conta da bebida.

— Você está bem, Aislynn? - Enid se aproximou.

Soltou uma gargalha - mesmo sem achar graça nenhuma -, se curvando, colocou as mãos no joelho. Ela se sentia esgotada e de repente, sentiu seu corpo todo dolorido, Aislynn fez uma careta ao sentir uma fisgada em suas costas.

— Acho que estou bêbada - disse, se sentindo perdida. - O que tinha naquela bebida que você me deu?

Enid a olhou surpresa e deu um meio sorriso.

— Ei, - ajudou Aislynn a se por de pé novamente - vamos embora daqui, tudo bem?

Ela assentiu, tentando convencer-se de que aquilo só era apenas uma alucinação por conta da bebida. Mal conseguiu disfarçar o horror ao ver as garras da amiga quando a tocou, Enid pareceu perceber.

— Você não está bêbada, Aislynn. - falou - sou eu de verdade.

Aislynn levantou o olhar para a amiga em êxtase. Sou eu de verdade. A frase ecoava em sua cabeça. Como aquilo podia ser real? Ela sentiu um cheiro de metal invadir suas narinas, logo percebeu que algo estava escorrendo pelo seu nariz, assim que passou a mão sobre o líquido, notou que estava sangrando.

— Droga, eu fiz um estrago em você - murmurou Enid, dando apoio para ela e levando-a para fora do beco.

O seu nariz não parava de expelir sangue e Aislynn se sentia cada vez mais tonta e perdida com o acontecimento de minutos atrás.

— Por que eu deveria confiar em você? - sussurrou, sentindo suas pálpebras pesadas.

Enid piscou.

— Por que sou sua melhor amiga - agora a olhando de perto, Aislynn percebeu que Enid havia voltado a sua forma normal, um certo alívio percorreu pelo seu corpo, se dando por vencida.

Elas caminharam até onde haviam estacionado o carro, assim que se aproximaram do automóvel Enid percebeu um folheto que estava agarrado sobre o para-brisa. Ela puxou o pedaço de papel e leu.

— Uma multa?! - gritou, para Aislynn.

Tentou esboçar alguma expressão, tipo "Eu te avisei!", mas não conseguiu. Sentia seu corpo pesado e sem forças. Enid percebeu que ela não estava numa das melhores condições e então disse:

— Vamos embora. - E entrou no carro.

Aislynn fez o mesmo, se jogando no banco.

— O que você é? - perguntou com dificuldade, tentando tampar o sangue que saia do nariz.

— Não acho que seja uma das melhores horas pra se discutir isso, Aislynn. - Disse ligando o carro.

Ela fechou os olhos, sentindo um sono grande o bastante pra deixá-la incapaz de discutir. Ficaram alguns minutos em silêncio, Aislynn já estava quase ficando inconsciente quando a voz de Enid a despertou:

— Você vai se curar. - Seus olhos estavam fixos na rua.

Aislynn não conseguiu entender o que ela queria dizer com aquilo, mas também não questionou a amiga, nada naquela noite parecia fazer sentido.

— Para onde vamos? E por que aquele homem queria me matar? - Sua voz estava rouca. - Tia Jane ligou dizendo para sairmos da cidade.

Enid assentiu em silêncio, mas não respondeu nenhuma de suas perguntas. Parecia estar muito ocupada com seus pensamentos e Aislynn não quis incomodar, apesar disso, sua cabeça fervilhava de perguntas. Ela escorou sua cabeça na janela, sentindo o sono a levar.

 

— Você deu numbness a ela?! - uma voz masculina rosnou.

Aislynn ainda sentia suas pálpebras pesadas, mas, daquela vez estava tão pesadas que parecia impossível de abri-las. Cada músculos do seu corpo doía e sua cabeça latejava, o desespero foi o primeiro sentimento que lhe invadiu ao perceber que era incapaz de se mover, tentando manter a calma, apenas ficou imóvel, tentando recuperar a noção de tempo e espaço.

— É claro, Travis! - Ouviu a voz familiar de Enid se aproximar. - Era este o acordo, lembra? Ela não podia saber dos seus poderes.

Um tremor percorreu o corpo de Aislynn, algo a dizia que eles estavam falando dela.

— Mas não estava no acordo que você tinha que se transformar na frente de Aislynn. - A acusação na voz do homem era palpável.

— Eu a salvei!

As vozes fazia sua cabeça doer cada vez mais. Houve um minuto de silêncio que se pareceu horas. Estava prestes a abrir seus olhos, quando ouviu o dono da voz masculina dizer:

 - Enid, ela parece bem para você?

 Alguém suspirou, provavelmente Enid.

— Da pra parar de reclamar e apenas me agradecer por ter a trago com vida? - Ela esbanjava frustração.

Fazendo força e com muita dificuldade, Aislynn conseguiu abrir os olhos, sua visão era turva mas conseguia ver duas figuras vestidas de preto bem a sua frente. Nesse instante, se deu conta de que havia duas amarras em cada lado dos seus pulsos que a prendia a uma parede de concreto atrás dela, estava sentada em uma pequena cadeira desconfortável de madeira. Desviando o olhar para seus braços viu que em cada um havia uma agulha que perfurava sua pele enquanto um equipo levava seu sangue para um frasco.

Aislynn arregalou os olhos.

— O que diabos...

Sua visão havia finalmente voltado ao normal bem a tempo de ver o homem com quem Enid conversava, caminhar em sua direção. Ele abaixou em sua frente, ficando de cara a cara um com o outro, sorriu e disse:

— Cuidado, garotinha. Aqui nós não falamos este nome em vão.


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