Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 30
Segundo Dia - Hermione


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
As pessoas estão me ameaçando de morte aqui, então eu devo postar logo se quiser preservar minha vida... rs

Esse capítulo tem algumas inserções do passado. Espero que gostem mesmo "desgostando".

Um super beijo!



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  E lá iam eles novamente. O coração inquieto, o medo os sugando como uma esponja, o desejo que o pesadelo findasse. Lá iam eles novamente pelas estradas da Flórida, cegos pelo que as próximas horas poderiam trazer. Rony queria atravessar o estado e se reunir a sua família na casa de Gui. Hermione gostaria muito de poder contatar os próprios pais e se assegurar da segurança de Jane e John Granger. E os dois acabaram por tomar a decisão de se abrigarem em Jacksonville, ao norte, na base militar mais próxima, oferecendo proteção. Eles simplesmente não podiam fazer o que queriam e colocar seus filhos em risco. Não havia opções.

 

    Hermione assumiu o volante para Rony poder descansar um pouco enquanto o sol continuava a pino. O esposo, entretanto, não conseguia cochilar. Ele suava um bocado e olhava nervosamente janela à fora, a todo instante. Era como se um tsunami estive perseguindo-os.

 

   A morena trocou de marcha e aproveitou para pegar na mão dele, carinhosamente.

 

ー Já estamos bem longe de lá ー piscou e disse com suavidade para confortar à ambos.

 

ー É, estamos ー ele concordou embalando no mesmo otimismo superficial dela ー Quer que eu assuma a direção?

 

ー Não, quero que você durma um pouco.

 

ー Tá bem, vou tentar, sua mandona ー sorriu.

 

ー Eu? Nem um pouco ー ela brincou.

 

     Rony apoiou a cabeça no encosto do banco e fechou os olhos. Hermione deu uma leve espiada pelo retrovisor e viu seus filhos, que haviam dormido pouco na noite anterior e acordado de madrugada, adormecidos pela monotonia profunda da viagem de carro.

 

   Ela só queria preservar todos assim, em segurança, pensou, voltando a atenção para a pista.

 

   Sua cabeça começou a cavar divagações aleatórias ao volante, e Rony lhe dizer que ela era mandona remeteu a outras lembranças do seu casamento:

 

ー Você por um acaso viu a fatura do cartão de crédito este mês? ー ela perguntou agudamente sem se dar ao trabalho de dar boa noite ao esposo que acabara de chegar, exausto, do seu trabalho detestável.

 

ー Olá pra você também ー ele retorquiu, reclinando da ideia de dar um beijo de boas vindas nela.

 

ー Eu disse que não deveríamos comprar aquela televisão. Isso foi imprudente e desnecessário! ー Hermione somou o orçamento várias vezes e em todas as suas probabilidades não seria mais possível pagar um aparelho odontológico para Rose naquele mês e nem no próximo, devido ao gasto luxuoso dele com uma porcaria de televisão de cinquenta polegadas.

 

ー Vou dar um jeito, tá legal… ー o ruivo suspirou indo para a geladeira.

 

 Foram exatamente essas as palavras dele quando compraram a cafeteira, a viagem para Disney, a bicicleta cheia de parafernálias. A confiança dele de que tudo mudaria, que a qualquer momento a porcaria do emprego no porto que conseguiu, as únicas coisas que apareciam devido a sua preguiça de estudar, o levaria a uma promoção em qualquer droga de cargo lá dentro, vinha enervando a morena.

 

ー Eu não vou conseguir sustentar essa família com tantas despesas extras ー ela vociferou jogando a fatura do cartão longe.

 

  Rony parou diante da geladeira, a caixa de suco de laranja nas mãos e disse:

 

ー Você tá jogando na minha cara, outra vez?

 

ー Estou! ー disse Hermione desafiadora.

 

ー Vou pagar essa droga de televisão sozinho, Hermione! Pego algum empréstimo com meu irmão, dobro no porto, concerto o telhado do vizinho. Qualquer merda, mas vou esfregar o pagamento dessa bosta na sua cara.

 

  A mulher cruzou os braços e franziu o cenho, escarnecida. Lá vinha ele querer virar o jogo contra ela.

 

ー E nada disso estaria acontecendo se “um”: você tivesse me dito que iria comprar essa televisão. E “dois”: fosse menos acomodado e resolvesse estudar para ter uma profissão melhor.

 

  Rony largou o suco no balcão, suas bochechas e orelhas pegando fogo:

 

ー Mil perdões se não sou o homem que você almejou. Se odeio ler, se não tenho “cultura” e decidi não cursar engenharia e ser o melhor da minha empresa ー ele desdenhou da carreira dela ー Mas sabe de uma coisa? Você sabia que eu era assim e quis do mesmo jeito. Por que está reclamando agora?

 

ー Por que eu não aguento mais abrir mão do essencial devido a suas extravagâncias. Você parece um moleque que nunca vai crescer. Não pensa nos gastos, não mede as consequências, não mostra voz ativa com Hugo e Rose, e me deixa sempre assumir o papel da carrasca, da mãe megera, da mulher controladora. Eu não suporto mais tocar esse barco sozinha.

 

ー Então não suporte, Hermione. Tome uma decisão brilhante como sempre fez e só lembre de me comunicar com alguma antecedência ー Rony debochou e saiu intempestivamente pela porta da rua.

  

Ela ainda o seguiu, pisando duro e gritou do hall:


ー E nem pense em pedir dinheiro para sua família... ! ー e completou mais baixo, para si ー Eu faço hora extra e pago essas porcarias. Acaba assim mesmo.


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