Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 23
Segundo Dia - Rony


Notas iniciais do capítulo

A intenção do capítulo é tirar vocês um pouco da ansiedade... ou não.



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Rony e  Rose retornaram à passos ágeis pela rua. Agora que o perigo estava prestes a surgir, o tempo era o elemento mais precioso de suas vidas. O ruivo viu a minivan avançando para eles e sentiu-se aliviado por Hermione sempre estar um passo à frente na prudência. A mulher estacionou para que os dois entrassem.

 

ー Nós não vamos voltar. Estou tendo uma péssima ideia do que pode acontecer por aqui… ー ela rosnou tão logo ele se acomodou no banco do passageiro.

 

ー Pega a rodovia e vamos em direção a segunda interestadual o mais rápido possível.

 

   A morena manobrou o veículo enquanto o fitava preocupada:

 

ー O que aconteceu?

 

ー São os aliens, mãe! ー Rose exclamou afobada, atropelando toda a explicação de Rony, que teria de vir com muita cautela.

 

ー Os aliens?! ー Hugo pulou no banco, eufórico.

 

ー Que maluquice é essa, Rony? ー Hermione apertou as mãos no volante, apreensiva.

 

   O patriarca da família suspirou, passou o cinto de segurança e começou sua narração:

 

ー Acabamos de encontrar uma equipe de reportagem e possuíam algumas filmagens exclusivas….

 

  “ー Certo, eu vou mostrar, mas não consigo ficar explicando muito, essa área logo, logo será contaminada. Vem, olhem isso. ー disse Melissa e apontou para um dos seus computadores dentro do furgão.

 

  Rony e Rose se espremeram na porta do veículo e observaram Melissa digitar alguns comandos para o teclado do computador. A tela foi dividida em quatro filmagens de lugares distintos, mas que tinham algo tenebroso em comum: morte e destruição.

 

  ー Guadalajara, Moscou, Tóquio e Nova York há menos de doze horas ー a mulher informou, apontando para cada uma das quatro imagens.

 

   As coisas que haviam atacado sua família enxameavam pelas populosas ruas dessas cidades, derrubando edifícios e causando explosões. Massas de seres humanos corriam em manadas para longe dos lasers. Era a chegada do apocalipse.

 

 ー Se está acontecendo em Moscou então não deve ser os russos… ー Rose comentou, baixinho.

 

  A funcionária do Canal 15 virou-se para sua filha e fitou-a parecendo ter pena da ingenuidade da adolescente:

 

 ー Não querida, não é os russos. Vocês lembram dos raios ontem de manhã? ー pai e filha assentiram ー Eles aconteceram em todos os locais do mundo, e ao mesmo tempo. Nossa equipe de filmagens, Carlos principalmente, registrou esses fenômenos e resolveu analisar atentamente. Fomos a primeira emissora da costa-oeste a revelar a informação…

 

   A mulher digitou agilmente para o desktop e os espectadores tiveram acesso a imagem de um raio no exato instante em que este atingia uma cratera na rua. Ela passou o take rápido e depois em câmera lenta.

 

 ー Nossa! ー Rose exclamou, levando a mão a boca.

 

   Rony olhou para a filha, confuso. Um raio caindo não era exatamente algo extraordinário nessa altura do campeonato.

 

 ー Eu acho que o senhor ainda não viu, senhor…

 

 ー Weasley ー ele respondeu impaciente pela crescente do mistério.

 

   Melissa retornou aquela tomada e foi clicando frame a frame. Quando o raio atingiu o solo, ela levou o dedo para o monitor e apontou para aquilo. A mulher avançou e retrocedeu diversas vezes até que pudesse enxergar entendimento nas expressões dele. O ruivo de arrepiou da base da coluna à ponta dos cabelos. Um organismo com braços e pernas se locomovia de dentro do relâmpago.  

 

 ー Os raios não eram ações da natureza. Eram uma forma de transportar essas criaturas humanoides para as máquinas. O exército batizou essas naves exterminadoras de Tripods, porque  a maioria se apóia em três apêndices para se locomover. Há quase vinte e quatro horas elas estão destruindo nosso planeta. Na verdade, os Tripods não são vistos em regiões remotas da Terra. Segundo as informações que estamos conseguindo captar via radioamadorismo, eles parecem muito interessados em nós, humanos.  

 

 ー Mas… ー Rony estava em choque ー nós já sabemos como derrotá-los, correto?

 

 ー Não. Eles planejaram o ataque muito bem. Assim que as naves começam a “limpar” uma determinada área, mandam um pulso magnético para a região, de forma que as pessoas ficam sem energia e sem comunicação. Pilhas e baterias queimam e grande parte dos automóveis não conseguem sequer dar partida.

 

  ー O que diabos é isso, afinal? ー ele se questionou, as pernas querendo ficar bambas.

 

  ー São os extraterrestres. É uma guerra dos mundos.

 

   O ruivo riu pela sonoridade estúpida com que aquelas palavras chegaram nos seus ouvidos. Ele se sentiu protagonista de algum filme B, inspirado em livros de Stephen King.

 

 ー Se vocês não vão querer uma carona nossa, estamos indo ー Melissa desligou o monitor ー A Flórida e o exército está reunindo os refugiados em Jacksonville, tentem chegar lá o mais depressa que conseguirem. Boa sorte! ー e fechou a porta do furgão na cara deles.

 

    Enquanto Rony avançava em seu relato, Hermione tinha entrado na auto estrada praticamente deserta. Tão logo ele terminou de contar aquela maluquice, ela parou no acostamento, pálida e perturbada.

 

ー Essa história não tem graça.

 

ー Não é para ser engraçada, Mione. Eu vi. A Rose viu.

 

ー É, mãe, eu vi mesmo e não parecia coisa fake de internet ー a menina reforçou.

 

   Rony olhou para trás e percebeu a ansiedade explosiva de seus filhos mediante a nova notícia. Para eles a sensação deveria estar sendo a de viver dentro de um daqueles filmes de super-heróis e aventura, que lançavam no cinema todo o verão. Já para sua esposa, pela expressão aterrorizada no rosto dela, deveria ser muita coisa num dia só para se processar.

 

ー Acho que sou incapaz de dirigir nesse momento ー ela confessou, erguendo as mãos que tremiam loucamente.

 

  O ruivo saiu do carro, contornou-o e abriu a porta do motorista para a morena.

 

ー Tudo bem, eu guio agora ー disse-lhe compreensivamente, estendendo a mão.

 

   Hermione pegou a mão dele e levantou do banco, zonza. Ele aproveitou a vulnerabilidade dos seus movimentos e abraçou fortemente.

ー Eu nunca vou deixar nada, desse ou de outro mundo, machucar vocês três. Nunca ー sussurrou-lhe no ouvido, firmemente.

 

ー Ron…

 

ー Não precisa chorar ー ele passou o polegar na lágrima que caiu do olho direito dela, sentiu a fragilidade emocional que a morena dificilmente expunha, e ficou animado por ter a chance de ser o leme do quarteto por hora ー Estou bem aqui, junto com  você ー e  aplicou um beijo quente e delicado nos lábios dela.  O beijo mais sincero em meses.


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