Pouco tempo depois da minha gracinha com Deidara de vestido, estávamos juntos outra vez, bem em frente ao teatro Shirotsuchi. Enquanto eu estava todo carbonizado procurando por ele, Deidara havia parado numa lojinha e comprado roupas para se disfarçar.

Mas que idiota! Ele comprou as roupas?! Às vezes eu penso que Nagato não ensinou esses garotos a serem verdadeiros ninjas renegados!

Bem, de volta ao teatro, eu ainda estava com minha roupa havaiana, mas minha pele estava chamuscada e suja de cinzas. Pra aumentar o drama, me apoiava numa bengala de madeira que roubei de um velho no caminho! Já Deidara usava um kimono azul claro, uma calça branca e chinelos artesanais. Ele tirou aquele penteado ridículo e meio feminino que ele usava e prendeu o cabelo num rabo de cavalo baixo.

— Ugh! Que tédio! – Deidara dizia de braços cruzados bem em frente a porta de entrada do teatro. – Esse bando de pessoas sem cultura virem comemorar os 100 anos dessa cidade-museu cheia de velharias… Só mesmo alguém antiquado e chato como o mestre Sasori gostaria de um evento desses!!

Ele era totalmente irritante com aquelas opiniões e mais rabugento que eu velho! Mas, garças a Kami, eu estava lá pra lhe dar um pouco de alegria!

Ou não!

— Senpai! Eu adoroooro museus! – Eu disse erguendo as duas mãos, mas tirei a bengala do chão e acabei me desequilibrando e caindo de costas!

“CRÁS!”

— Iteeee!!!

— Tobi!! – Ele me repreendeu, entredentes. Parece que a minha queda chamou a atenção de umas poucas dezenas de pessoas ao nosso redor – Seu imbecil! Por que não coloca uma placa nos nossos pescoços dizendo “Akatsuki! Venham nos impedir! ”?

Levantei cambaleando, me apoiando outra vez na minha bengala.

— Foi mal, Senpai…

— Anda! Vamos encontrar o lugar desse maldito leilão pra que eu possa explodir de uma vez esse lugar horroroso sem arte, hum!

E entramos no teatro, com Deidara sempre na minha frente. O local em que estávamos era realmente uma pequena cidade-museu próxima a Iwagakure e a comemoração era o seu centenário. Tinha tanta gente que a cada dois passos eu esbarrava em alguém.

De repente, Deidara me deu as ordens:

— Tobi!

— Sim, Senpai!

— Vasculhe a área e descubra quantos “concorrentes” nós temos por aqui!

— OSSU!!! – Disse fazendo minha continência e saí. Os concorrentes que ele se referia eram outros possíveis ladrões atrás do mesmo peixe que nos.

A famosa lágrima vermelha!

Já o Deidara ficou andando pelo salão de entrada do teatro atrás do lugar do leilão. De repente ele se deparou com um cartaz que dizia tudo o que ele queria saber!

— Hum… – Ele leu para si mesmo – Grande leilão especial… A Lágrima vermelha e outros itens valiosos de colecionador! Salão número 51 a partir das 10 horas… – Ele abriu um sorriso maldoso, já imaginando quais lugares vai explodir primeiro. Louco! – Yeah! Vamos ao salão 51 então, hehe…

Enquanto isso, eu sabia exatamente onde ela estava… Seu chakra era tão forte que até tinha cheiro e, meu amigo, não era um cheiro nada ruim! Ela, que foi o motivo de eu ter me metido nessa missão.

A senhorita Nakano…

Esse não era o seu verdadeiro nome! Ela era uma garota que adorava guardar segredos, mas, vamos contar a história por partes…

Naquele dia, ela estava ali no teatro para ser uma das atrações da festa, mas, na verdade, havia uma coisinha bem específica que ela queria…

“Toc!” “Toc!”

Alguém bateu na porta de seu camarim, provocando-lhe um pequeno susto. Senhorita Nakano estava sentada numa poltrona a segurar um cartaz do leilão idêntico ao que Deidara tinha lido no salão de entrada. Ela estava ali há alguns minutos antes de ouvir sua porta bater.

— Entre! – Sua voz era tão delicada quanto sua aparência: Ela tinha apenas 18 anos, era bem magrinha, mas com belas curvas. Seus olhos eram grandes e de cor violeta (eu, com certeza nunca conheci ninguém com olhos daquela cor!) E seus cabelos eram curtinhos, na altura da nuca, muito lisos e totalmente vermelhos. – Pode entrar, está aberta!

A pessoa que bateu na porta a abriu bem devagar. Era a dama de companhia de senhorita Nakano, que lhe trazia um aviso importante:

— Desculpe incomodar, senhorita! Mas pediu-me para avisá-la quando a hora do leilão de aproximasse. Bem, está na hora!

— Ah… Obrigada, Harumi… – Ela agradeceu delicadamente – Diga para o guarda-costas que contratamos de Iwagakure que me encontre no salão 51 em dez minutos, sim?

— Sim! Darei o recado agora mesmo! Boa sorte no leilão, senhorita!

— Obrigada.

Harumi fechou a porta e a bela senhorita Nakano voltou a ficar sozinha. Logo ela voltou a olhar para aquele cartaz que tinha uma enorme foto da lendária lágrima vermelha.

— Ai… Não posso depender apenas de sorte… – Ela falava consigo mesma, deixando o cartaz de lado e andando na direção de seu armário de onde tirou um casaco bonito para pôr por cima do vestido delicado que ela usava – Eu preciso vencer esse leilão… Não importa quanto dinheiro eu tenha que gastar! Mas farei qualquer coisa… Pra ter a lágrima vermelha!

E encontramos o primeiro problema! Eu e Deidara precisávamos roubar a joia do comprador! Mas, além do monte de outros ladrõezinhos de quinta que eu encontrei vasculhando os arredores, ainda descobri que a Senhorita Nakano faria de tudo para comprar a nossa joia! Bem, até então eu não fazia ideia do porquê de ela estar tão interessada no diamante vermelho, mas, com toda a certeza, eu não queria que o Deidara a explodisse por acidente!

Com certeza, seria uma visão bem ruim!!

Percebendo o problema que isso me causaria, resolvi voltar correndo para onde Deidara estava, mas, como correr nunca foi o forte de “Tobi”, acabei dando de cara com uma mulher no meio do caminho:

“CRASH!!!”

E caímos os dois, um pra cada lado.

— Ite! Ite! Ite!!!!! – Eu reclamava esparramado no chão, com as duas mãos na cabeça

— Aí, p*rra!!! Será que não dá pra olhar por onde anda, ô, seu imbecil?!!!

Eu já tinha ouvido aquela voz feminina meio masculinizada antes! Abri o olho que minha máscara não cobria e confirmei minha suspeita! Era a Kurotsuchi! A prima esquisitona do Deidara.

— Kurotsuchi-san! – E, para a minha surpresa, a Harumi, dama da senhorita gostosa Nakano estava lá, ajudando a esquisitona – Você está bem?

— Tô, tô bem, fica fria, mulher!

Harumi ajudou a Kurotsuchi a se levantar e eu fiquei no chão fingindo me doer todo só pra ouvir a conversa delas.

— Bom, se você está bem, então vamos para o salão 51! A senhorita Nakano está nos esperando e ela não pode ficar sozinha… Não quero nem pensar em ninjas ladrões machucando ela!

— Fica tranquila, mulher! – A esquisita da Kurotsuchi bateu nas costas da Harumi com certa força – Se euzinha estiver do lado da modelo, nada de ruim vai acontecer!!

Parece que esse o narcisismo era coisa de família! E androgenia também, hehe!  

Bem, continuando, eu ouvi a conversa daquelas duas e precisava mesmo encontrar meu senpai egocêntrico pra alerta-lo. Corri de novo e o encontrei num camarote do salão 51, todo de boa, tomando sake e comendo petiscos.

Filho da p*ta, nem me convidou!

Corro até ele e (por querer) sem querer, tropeço em sua mesa derrubando as bebidas e os petiscos tudo pelo chão.

“CRAAAAAASH!!”

— Aaaaaaaahhhh!!! – Ele reclamou assustado com minha proeza! – Seu-

Ele teve que se conter pra não chamar o meu “nome” ou o nosso disfarce iria pelos ares! Deidara então engoliu o grito e me puxou pela gola da camisa para fora do camarote e, quando chegamos a um lugar mais afastado, ele me jogou no chão, furioso!

— Seu pedaço de lixo falante!!! Qual é o seu problema????

— S-senpai, me escuta!! – Coloquei meus braços entre nós pra evitar que ele me pegasse de novo – Eu preciso te contar uma coisa muito importante!!!

— Então fala logo pra que eu não sinta tanta culpa quando for te matar!! Anda, fala!!!

Se você acha que ele ficou com raiva naquela hora, então nem queria ver quando eu contei o que descobri sobre a prima esquisita dele:

— COMO É QUE É????

— É sério, Senpai!

— MAS QUE… – Ele ficou que nem uma chaleira fervente – MAS QUE CAR*****O!!! Então aquela maldita da Kurotsuchi está aqui????

— Sim! – Eu prossegui – Ela foi contratada pela própria senhorita Nakano pra ser a guarda-costas dela no leilão!

— GRRR!  Maldição!!! Se a Kurotsuchi descobrir que eu estou aqui ela vai avisar Iwagakure! Daí aquele velho asqueroso do Oonoki vai vir com tudo pra querer me levar de volta, que merda!!

— Então vamos fazer tudo em silêncio, Senpai! – Sugeri, sempre óbvio e piadista – Ou eu uso o meu jutsu cabeça de toupeira e-

— Já chega, cala essa boca! – Ele me interrompeu, pensativo – Vamos pra sala do leilão de uma vez! Você fica de olho nos compradores e eu me livro da Kurotsuchi! Se ela for neutralizada cedo, não vai dar tempo de pedir reforços! Daí, roubamos a joia e explodimos esse lugar, entendeu?

— OSSU!!!!!

— Certo. Vamos.

Com tudo combinado, só restava o leilão começar.  

— ATENÇÃO, AMANTES DE BONS NEGÓCIOS! ! VAMOS INICIAR O NOSSO LEILÃO ESPECIAL DO CENTENÁRIO DA CIDADE MUSEU DO PAÍS DA TERRA!! TODOS PREPARADOS PARA PARTICIPAR?!

O locutor começou aquela gritaria e eu e Deidara nos infiltramos pelo salão. Ele se sentou numa galeria e eu, bem no meio da plateia. O tal salão tava totalmente lotado de riquinhos querendo arrematar as peças.

E eu olhando em volta pra parecer que vigiava os ladrõezinhos, quando, na verdade, eu procurava por ela... Senhorita Nakano.

E o locutor reiniciou aquela gritaria:

— E, ANTES DE INICIARMOS O NOSSO LEILÃO,  EU GOSTARIA DE AVISAR A VOCÊS,  SENHORAS E SENHORES, QUE ELA JÁ ESTÁ ENTRE NÓS! SIM, A MOÇA MAIS BELA DE TODO O PAÍS DA TERRA, NOSSA QUERIDA MODELO E ATRIZ, ORGULHO DE IWAGAKURE! – Ele respirou fundo pra gritar ainda mais, apontando para a primeira fila onde ela estava – A SENHORITA MARTINE NAKANO!!!

Depois de ser anunciada, ela acenou gentilmente para as pessoas que a aplaudiram e agradeceu o reconhecimento:

— Obrigada... Muito obrigada...

E ela era conhecida como Martine. Mas, como eu havia dito antes, ela era uma garota que adorava guardar segredos…