Ascendentes- Fanfic Interativa escrita por White Rabbit


Capítulo 3
Capítulo I- A noite tem um brilho de esperança


Notas iniciais do capítulo

Hey kitty girls e kitty boys :3

Demorei um pouquinho, mas cá estou eu. Eu pretendia ter postado ontem, mas tive primeiro de resolver algumas coisinhas do enredo- como os poderes por exemplo- e aí está, espero que gostem :3



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Capítulo I

A noite tem um brilho de esperança

Fight Song- Rachel Platten

Jeremy Krieger

 

“And all those things I didn't say

Wrecking balls inside my brain

I will scream them loud tonight

Can you hear my voice this time?”

 

Impulsionava as rodas da cadeira com agilidade, suas mãos já haviam se acostumado com aquele movimento e logo ele estava podendo andar sozinho pela vizinhança, mesmo que tivesse de enfrentar algumas dificuldades no pequeno caminho de sua casa até a mercearia da esquina, por sorte todos no bairro o conheciam e eram gentis o suficiente para lhe darem uma pequena ajuda de vez em quando- mesmo que ele recusasse na maioria das vezes, não por orgulho, mas pelo seu jeito de ser, de querer superar tudo sozinho.

Seus pais haviam encomendado uma cadeira eletrônica, mas ela ainda demoraria cerca de duas semanas para chegar, enquanto isso ele tinha de usar aquela que seu avô usava antes de falecer, no começo fora uma tarefa bastante árdua, seus braços cansavam rápido demais, mas agora estava “pegando o jeito”. Enquanto andava aproveitava para sentir o sol da manhã em sua pele, e a brisa suave que bagunçava seus cabelos castanhos.

“Você não vai mais conseguir andar Jeremy, eu sinto muito” foram essas as palavras que mudaram a sua vida para sempre, que por muito tempo o fizeram sentir-se como um inútil, um nada, um estorvo. Jeremy não via mais esperança no futuro, desde o atropelamento naquela fatídica noite em que ele resolveu sair alguns minutos mais cedo do treino. O carro subiu na calçada o atingindo em cheio e o lançando no meio da rua, o motorista atordoado fugiu sem prestar socorro, estava bêbado provavelmente. E naquela noite os sonhos do jovem atleta, conhecido em toda a cidade, estavam terminados.

Agora já fazia um bom tempo desde que ele voltara do hospital e tentava se adaptar ao seu novo cotidiano, seus pais se mudaram para um prédio menor e fizeram algumas modificações no apartamento, agora ele já conseguia tomar banho sozinho, sair na rua, se vestir. Sua determinação era a sua maior característica, mas embora ele estampasse um sorriso no rosto, dizendo que estava tudo bem, por dentro ele se sentia vazio, se sentia fraco, um peso para as outras pessoas.

Desde criança ele sempre fora pequeno e magro, porém era o mais veloz e o mais ágil, era o melhor nos esportes e o mais resistente, sempre sendo o último a se cansar. Quando entrou para o colégio passou por vários clubes esportivos até achar aquele que gostasse mais, o clube de atletismo. Ganhou vários prêmios que mostrava com orgulho, e os guardava em uma prateleira especial acima da sua cama, e não foi fácil para ele conseguir digerir toda aquela situação: tristeza, medo, raiva, eram sentimentos constantes. Mas agora ele se sentia mais “conformado”, não havia como mudar aquilo, nenhuma das cirurgias ou métodos medicinais obtiveram sucesso, bastava ele seguir em frente como sempre fizera quando se via em uma situação difícil.

Ao chegar a mercearia notou que um dos funcionários pendurava guirlandas e esferas coloridas na frente da loja enquanto outro posicionava uma pequena árvore de natal junto a entrada, o ano estava chegando ao fim e em breve a neve encheria as ruas e calçadas e o trabalho de Jeremy iria dobrar, “Espero que essa cadeira nova tenha rodas bem resistentes” pensou enquanto entrava na loja.

— Bom dia Jeremy- Raquel, a atendente ruiva e com o rosto salpicado por sardas lhe abriu um sorriso largo fechando a revista que lia- está mais frio do que o normal hoje, não é? Ouvi dizer que pode começar a nevar a qualquer momento.

— Se nevar o trânsito deve ficar uma loucura amanhã- respondeu de forma simpática, enquanto puxava do bolso do casaco a lista que sua mãe lhe dera- eu vou querer isso hoje.

— Claro, só um minuto- ela pegou a lista como sempre fazia e voltou pouco tempo depois com os itens já sacolas, Jeremy entregou-lhe o dinheiro enquanto colocava as sacolas em seu colo- ouvi sua mãe comentar que seu aniversário está próximo.

— Sim, sim. Faço dezesseis anos daqui a dois dias.

— Nossa, está bem perto mesmo- ela disse entregando o troco- eu entro de férias amanhã então estou te desejando um feliz aniversário adiantado.

— Obrigado Raquel- agradeceu enquanto deixava a loja.

Ele gostava da forma como todos no bairro pareciam ser gentis com ele, embora algumas vezes soasse meio forçado, mas era bom quando não havia ninguém o olhando com um semblante de pena ou dizendo coisas como “Coitadinho, sua vida deve ter ficado muito difícil” “Você sente falta de correr? ” “Talvez fosse bom você ficar dentro de casa em segurança”, frases desse tipo apenas o deixavam mais desconfortável e ele ficava se sentindo péssimo pelo resto do dia.

— Mamãe exagerou um pouco nas compras hoje, as sacolas estão bem pesadas- resmungou enquanto empurrava as rodas com um pouco mais de dificuldade, ele precisava se acostumar com aquilo o quanto antes, ainda mais se Raquel estivesse certa sobre o fato de que iria nevar.

— Você quer ajuda? – Uma voz feminina lhe chamou a atenção.

Jeremy olhou para a garota parada ao seu lado, ela sorria para ele de forma gentil, era como se uma aura de doçura a rodeasse e ele ficou por intermináveis segundos a encarando sem saber o que falar, pensou em negar, mas estava realmente difícil de se mover com aquele peso então apenas balançou a cabeça em afirmativo. Ela deu uma risadinha e pôs-se atrás dele, começou a empurrar a cadeira devagar. Jeremy corou um pouco enquanto encarava o chão. A menina era alta e magra, tinha os cabelos num tom castanho escuro parecidos com os de Jeremy, seus olhos eram de um azul claro assim como o vestido que ela usava, usava sandálias brancas e uma flor presa na orelha, não era um visual comum para alguém que morasse naquela região da Alemanha, embora ventasse muito ela parecia não sentir frio.

— Você é nova na vizinhança? – Tomou coragem para falar alguma coisa- eu ainda não tinha te visto por aqui.

— Na verdade não, eu apenas estou de passagem- sua voz era tranquila e agradável de se ouvir- eu vim visitar minha irmã mais velha. Ela mora sozinha e as vezes eu venho para dar uma força.

— Entendo, muito obrigado por me ajudar, as sacolas estavam um pouco pesadas demais.

— Ah não foi nada, você é um fofo- ela disse em meio a uma risada fazendo o garoto corar ainda mais e rir também desconcertado- oh desculpe, eu não queria te deixar envergonhado nem nada.

— Tudo bem, é que eu coro por qualquer coisa- Jeremy dificilmente corava por algo, mas foi a melhor estratégia para sair daquela situação- ah, minha casa é logo ali, daqui mesmo eu já consigo ir. Muito obrigado... como você se chama?

— Eu me chamo Estela! - ela abriu um sorriso largo, fazendo um sinal de “V” com uma das mãos, ela parecia ser uma garota muito divertida- e você é...

— Eu me chamo Jeremy... Mas a maioria dos meus amigos me chamam de Jermie- ela fez sinal de que ia rir- é um apelido estranho eu sei.

— Um pouco, é até fofo na verdade... Bom Jermie, como minha irmã está de reforma acho que nós nos veremos mais vezes.

— Eu espero que sim, mais uma vez obrigado.

— Não foi nada, até mais!

— Até!

A garota voltou a andar saltitante pela calçada e Jeremy a seguiu com os olhos até vê-la dobrar a esquina. Por algum motivo ele tinha a sensação de que já a conhecia, devia ter visto ela antes, mas não prestara muita atenção, ele sempre fora meio distraído e demorava para decorar rostos, mas tinha algo nela de... diferente? Balançou a cabeça afastando os pensamentos bobos enquanto voltava para casa, sua mão iria enlouquecer se ele demorasse demais.

° ° °

O barulho dos ponteiros do relógio eram a única coisa audível no quarto, a noite estava mergulhada no mais obscuro silêncio e Jeremy apenas observava o teto enquanto esperava o sono chegar. As vezes uma corrente fria tocava sua pele e ele ficava todo arrepiado, ou então sentia que havia algo o observando, mas logo ele começava a cantarolar alguma música enquanto a sensação ia embora.

Quando ele era criança e não conseguia dormir fingia que era um feiticeiro poderoso e brincava de desenhar no escuro, riu ao lembrar-se disso. Já fazia tempo que ele não parava para se lembrar de sua infância, ergueu um dos braços e começou a mexer o dedo indicador assim como fazia antes. As cores que surgiam no escuro eram a sua mágica, enquanto movia o dedo imaginava aquelas cores dançando no ar e se misturando, embora ele soubesse que nada daquilo realmente acontecia.

— Você ainda é muito infantil Jeremy- riu de si mesmo enquanto continuava em sua pequena brincadeira.

Então um pontinho de luz surgiu no teto, uma luz que se expandia lentamente se espalhando por todo o quarto, Jeremy esfregou os olhos pensando que aquilo podia ser um efeito do sono ou apenas sua imaginação, mas quando abriu os olhos novamente a luz continuava ali enchendo o quarto rapidamente. Ele queria gritar, mas sua voz parecia travada, ele não conseguia fazer nada além de ficar olhando para aquilo. Logo a luz era ofuscante, o obrigando a fechar os olhos. Depois de uns segundos ele os abriu vagarosamente e se espantou com o que via.

No meio da luz havia uma figura feminina que sorria e acenava para ele, embora não pudesse enxergar quem ou que era com muita nitidez ele sabia que havia algo ali, tinha uma garota no meio da luz. Ele tentou falar, mas as palavras não saíam ele só conseguia ficar admirando aquela cena. “Será que eu estou sonhando? “, pensou. Então de dentro da luz saiu uma criatura peluda de olhos enormes que pareciam mudar de cor a todo instante num efeito psicodélico, a criatura flutuou até bem perto dele, ele ergueu o braço para tocá-la e ela permitiu, era o pelo mais macio que ele já havia visto:

— Olá digníssimo senhor Jeremy Krieger- a criatura o encarava- sei que deve estar cheio de dúvidas e questões que não poderei responder agora. Mas antes que fale algo, não, isso não é nenhum sonho, nenhuma fantasia produzida por sua mente. É real!

— Isso é l-loucura- gaguejou- o que você quer? Meu Deus, isso é muito estranho, eu devo ter dormido.

— Já lhe falei que isso é real meu jovem, acalme-se.

— Quem é você, o que veio fazer aqui? O que é você?

— Chamo-me Myuk, e sirvo a uma das entidades mais poderosas do universo- com os olhos ele indicou a figura feminina, que continuava inerte no meio da luz- Vim lhe fazer uma proposta meu jovem, eu realizarei o seu maior sonho, qualquer coisa que me pedir.

— Qualquer coisa? – Seus olhos brilharam por alguns segundos, seria aquilo mesmo real?

— Sim, mas em troca...

— Em troca?

— Você se tornará um Guardião.

— Um... o que? – Piscou confuso várias vezes tentando processar as palavras do tal Myuk- Guardião? Para guardar o que?

— Tempos obscuros se aproximam, estamos selecionando pessoas ao redor do mundo para torna-las Guardiões, realizaremos qualquer desejo que elas tenham e em troca, daremos poderes aos selecionados e eles terão de se tornar as defensoras deste mundo.

— Defensores? Defender o mundo de quê?

— Por ora não posso dizer mais nada jovem Jeremy. Aceita ou recusa?

— Eu...- sua mente estava confusa, aquilo tudo era muito louco, ele deveria estar sonhando, sim era apenas um sonho, ele iria acordar e tudo voltaria a ser como era antes, não havia mal algum em aceitar uma proposta de um ser imaginário- eu aceito.

— Fico grato! Qual seu desejo milorde?

— Eu quero... quero voltar a andar- sibilou vagarosamente.

— Que seja feito- dizendo isso a criatura afastou-se um pouco enquanto a figura feminina se aproximava, a luz se intensificava formando desenhos no ar- nasça novamente, Guardião de Aquário!

A garota ficou em pé ao lado de Jeremy, era praticamente impossível olhar para ela, a luz emanava do seu corpo e ele não conseguia ver nada. Ela ergueu uma das mãos e um brilho colorido rodeou o garoto o erguendo de sua cama, ele se apavorou quando viu que flutuava alguns metros acima do chão, quase tocando no teto do quarto. A luz o envolvia e ele sentia o corpo mais leve, se sentia sonolento, mais sonolento que o costume.

— Dê um olá ao novo você- uma voz doce e delicada ecoou pelo quarto- meu precioso guardião. Chegou a hora de você deixar todo esse poder que há em você desabrochar. ACORDE!

Abriu os olhos sobressaltado, estava em sua cama, ensopado de suor frio. A respiração estava acelerada. “Era tudo um sonho mesmo” pensou consigo enquanto começava a rir, não podia negar que fora muito real, ele ainda podia sentir aquela presença ao seu redor, ainda se lembrava de estar flutuando enquanto luzes coloridas o rodeavam. Seu cérebro estava lhe pregando peças cada vez melhores. No entanto havia algo de diferente, seu corpo estava estranho.

— Nossa acordar com as pernas formigando é um saco- resmungou enquanto esfregava os olhos ainda com sono, sua cabeça estava bastante pesada, foi quando finalmente percebeu- espera um pouco... Será que?

Ele tentou erguer a perna esquerda, naturalmente nada aconteceria, ele perdera completamente o movimento das pernas. Mas para o seu espanto a sua perna levantou-se, ele arregalou os olhos assustado, tentou fazer a mesma coisa com a direita e também conseguiu. Jogou as cobertas para o alto enquanto tateava as suas pernas, desesperado, ele as sentia perfeitamente, ele conseguia movê-las muito bem.

— Eu ainda estou sonhando? Isso é mentira, não é? – Falou baixinho, ainda assustado, então tudo que ocorreu na noite passada era real?

Sentia as lágrimas de felicidade descerem pelo seu rosto enquanto tentava se levantar. Suas pernas bambearam e ele caiu na cama, ele tentou de novo, se levantando lentamente, apoiando-se na cômoda do seu quarto. Suas pernas tremiam, havia passado muito tempo sem andar, havia perdido o costume. Tentou dar alguns passos e conseguiu, quase caindo algumas vezes, como uma criança que estivesse aprendendo a se manter de pé.

— Mãe! Pai! Vocês precisam ver isso! – Gritou enquanto tentava andar sem se apoiar nos móveis- venham logo!

Ele ouviu os passos de seus pais no corredor, o casal chegou a porta com a cara amassada de sono, sua mãe esfregava os olhos enquanto ajeitava os cabelos castanhos desgrenhados, e seu pai ajeitava os óculos. O garoto corria pelo quarto feito um louco, pulando e rodopiando, suas pernas estavam ótimas.

— O que foi filho? Porque chamou a essa hor...- sua mãe parou de falar quando o viu, estatelada.

— Filho... isso é...- seu pai tentava articular uma frase, mas apenas gaguejava com os olhos arregalados de surpresa.

— É incrível! Eu consigo andar de novo! Eu consigo! – Ele gritava o mais alto que seus pulmões conseguiam.

— Meu Deus! Oh meu Deus obrigada- sua mãe correu até ele chorando o envolvendo em um abraço apertado- meu Jeremy, eu estou tão feliz, tão feliz.

— Não me aperte muito mãe- o garoto disse risonho, enquanto a mulher o soltava sibilando um pedido de desculpas.

— Isso só pode ser um milagre filho- seu pai se aproximou também o abraçando- eu nem sei o que dizer, imagina só a cara do médico quando ele ver você.

— O que acha que devemos fazer agora querido? Será que os tratamentos tiveram efeito atrasado? – Sua mãe questionou aflita.

— Acho que a primeira coisa a fazer é...- seu pai começou a falar até Jeremy interrompê-lo.

— Cancelar o pedido daquela cadeira- ele disse subindo em sua cama, pulando como uma criança, sentia suas pernas mais fortes do que nunca, isso era incrível- acho que não vou mais precisar dela.

° ° °

Seu vestido azul balançava com o vento, o mundo humano era mesmo estranho, de cima do prédio ela podia ver toda a cidade. Ela sabia que deveria ter ficado quieta esperando, mas ela era curiosa demais para ficar acompanhando as coisas de longe, preferia se envolver, observar tudo bem de perto. Não era a primeira vez que ela se infiltrava em meio a outras civilizações, era divertido estar ali, aprendendo coisas novas. Ajeitou os cabelos castanhos enquanto olhava para os carros e pessoas lá embaixo, se movendo rapidamente, como uma colônia de insetos:

— Esses seres são tão interessantes... desprezíveis, mas interessantes- falou sorrindo, enquanto uma bola peluda pousava em seu ombro- olá Myuk, excelente trabalho escolhendo meus brinquedinhos, eles são tão fofos!

— Não deveria tratar os novos Guardiões como brinquedos minha deusa Stéa.

— Não me chame disso aqui Myuk, aqui eu sou uma humana qualquer. Me chame de Estela sim? - A criaturinha piscou como quem entendia- Em breve meus guardiões poderão mostrar todo o seu potencial.

— Você os deixou muito poderosos minha mestra, não tem medo que eles percam o controle?

— Não, faço qualquer coisa para deter aquela besta faminta de novo. Daria muito mais se seus corpos humanos não fossem tão frágeis- ela virou as costas enquanto tomava a sua forma original, seus cabelos castanhos ficaram brancos e seus olhos azuis ganhavam um tom lilás, seu vestido azulado virara uma imensa veste branca- acho que é hora de observar nossos guardiões um pouquinho não acha?

— Sim minha deusa. O que acha de começarmos pelo guardião de Aquário?

— Oh sim, sim. Ele era mesmo um fofo! Confesso que fiquei até um pouco feliz por ele– E dizendo isso fez um gesto com o indicador abrindo um portal luminoso- vamos ver o que o nosso jovem atleta é capaz de fazer.

° ° °

Ele sentia muita falta de correr, de sentir o vento bater em seu rosto em alta velocidade, seu coração batendo mais rápido, seu corpo se enchendo de adrenalina. E agora ele parecia muito mais disposto do que jamais conseguira ser antes, a cara de seus vizinhos ao verem ele andando, os abraços e gritos de felicidade ao verem que ele estava curado apenas o animaram mais.

— J-Jeremy? – Raquel gritou ao vê-lo, deixando cair a vassoura com a qual limpava a porta da mercearia- Meu Deus, você está andando! Isso é... isso é... oh meu Deus.

— É INCRÍVEL! Eu sei, é como um milagre– Ele gritou animado- Falo com você depois Raquel, tenho que dar uma volta no parque o quanto antes- e dizendo isso continuou correndo acenando para a ruiva que sorria.

Ele não podia estar mais feliz, seu sonho havia sido realizado, era como um milagre e ele tinha medo de que poderia acordar a algum momento, de que aquilo fosse tudo apenas um sonho. Rapidamente chegou ao parque que ficava no fim da rua, estava vazio, ainda devia ser bastante cedo. Ele passeara no parque algumas vezes com seus pais, era mesmo enorme, cheio de trilhas e árvores gigantescas, e ele adorava estar ali, ainda mais agora que podia andar de novo. Sentir o ar puro das árvores e poder correr em meio a grama era uma sensação extasiante.

Ficou correndo pelas trilhas por um bom tempo, ele parecia não se cansar. Foi quando notou que havia algo de estranho, aquele parque estava vazio demais para o seu gosto. Parou de correr quando ouviu um barulho estranho, olhou em volta, mas viu somente as árvores. Ele podia sentir a presença de algo ou de alguma coisa, mas não conseguia ver nada. Respirou fundo procurando seu acalmar. Quando sentiu um cheiro forte invadir suas narinas.

Era um cheiro estranho, parecia fumaça, foi quando ouviu alguns ganidos vindos de trás de si. Virou-se lentamente, seu coração parecia que iria parar a qualquer momento. Diante dele estavam seres que lembravam muito a cães, no entanto tinham a pele negra como a noite, suas presas pontiagudas pareciam brilhar a luz do sol e olhos vermelhos que lembravam duas bolas de fogo. Havia algo de muito errado naqueles bichos, era como se uma névoa negra emanasse de seus corpos formando uma cortina de fumaça que inundava o local.

— Está na hora meu jovem guardião- a criatura peluda da outra noite pousou em seu ombro o assustando- realizamos o seu desejo, então você agora é um dos defensores da Terra.

— O que são esses bichos?

— São seres das trevas, servos daquele que almeja devorar todos os mundos. E você vai enfrenta-los!

— Eu? Mas como?

— Não se lembra do que te disse noite passada? Te demos poderes para isso- a criatura falou enquanto seus olhos brilhavam- está na hora de você mostrar a nós o seu valor, jovem Jeremy Krieger!

Jeremy sentiu o tornozelo formigar, como se algo estivesse fazendo cócegas ali, ele olhou rapidamente para o local e viu que nele havia surgido um pequeno símbolo. Ele já havia visto esse símbolo antes, quando suas amigas da escola tagarelavam sobre astrologia e lhe perguntaram qual era o seu signo: era o símbolo de Aquário. Estava ali, tatuado em sua pele e brilhava fortemente.

Um dos “cães” rosnou alto saltando na direção do garoto que estava apavorado, ele sentiu uma corrente elétrica passasse pelos seus membros. Girou o corpo rapidamente desviando do ataque, fazendo a criatura cair na grama, rolando. Ele arregalou os olhos, “Como foi que eu fiz isso? “. Os outros cães o rodearam rapidamente, ele colocou-se em posição de defesa, estava com medo, mas não havia como fugir. Os bichos investiram contra ele todos de uma vez, Jeremy apenas piscou os olhos e quando viu estava fora do círculo, olhando para os cachorros que mordiam uns aos outros pensando estarem em cima do garoto:

— Mas como... eu...

— Você se teleportou Jeremy- Myuk disse voltando a pousar em seu ombro- é o seu poder astral.

— Mas o que é...

— Será que poderia acabar com os servos do devorador primeiro e perguntar depois?

Os seres enfim perceberam que o garoto não estava no meio deles e se voltaram zangados. Seus olhos vermelhos pareciam soltar faíscas de ódio. Jeremy engoliu em seco se pondo em posição de ataque. Enquanto os cachorros corriam até ele novamente, um tentou morder suas pernas, mas ele saltou por cima do mesmo, caindo ereto na grama, outro pulou pela sua direita, mas ele bloqueou sua mordida com um braço enquanto que com o outro desferia um soco que fez o animal voar longe batendo contra um tronco e se desfazendo em cinzas.

— Isso foi... INCRÍVEL! – Gritou enquanto desviava agilmente das investidas dos outros animais, desferindo socos e chutes em alta velocidade- como eu estou conseguindo fazer isso.

— Esse é o seu poder pessoal, melhoramos todos os seus atributos físicos. Você tem superforça, agilidade impecável, mira excelente, reflexos mais rápidos do que qualquer outro, você é praticamente um tanque de guerra.

— Tem mais alguma coisa que eu consiga fazer? – Perguntou empolgando, enquanto agarrava um dos cães pelo pescoço o lançando em cima dos outros que caíam atordoados, foi quando seu símbolo começou a brilhar novamente e em suas mãos surgiram um par de adagas sai- nossa, isso sim foi incrível.

— São suas armas meu caro Jeremy, agora por que não terminamos logo essa luta fútil.

O garoto concordou com a cabeça, abrindo um sorriso largo enquanto corria na direção dos cães, piscou os olhos como fizera da outra vez e teleportou-se para o meio deles girando rapidamente, golpeando todos ao mesmo tempo com as adagas como se fosse um tornado. Logo estava rodeado de uma nuvem de cinzas e não havia mais nenhum cão das trevas no local.

— Vejo que se adaptou a suas habilidades bem mais rápido do que eu calculei, eu esperava cerca de uma semana no mínimo- Myuk falou se aproximando- mas você tem uma determinação incrível.

— Isso foi demais! – Ele falou enquanto as armas sumiam num brilho luminoso- eu venci aqueles bichos, eu estava morrendo de medo achando que fosse morrer eu...

— Não se engane meu jovem, esses eram os servos mais fracos e desprezíveis, existem seres bem poderosos por aí, e você terá de enfrenta-los... Mas não se preocupe, não estará sozinho.

— Quer dizer que tem outros? Outros como eu?

— Sim, com você são doze guardiões, representando as doze constelações do seu zodíaco, os defensores do seu mundo.

— E onde eles estão? – Perguntou entusiasmado.

— Espalhados pelo mundo... Mas você terá de encontra-los logo, logo... Acho que não surgirão mais servos por ora, o Devorador ainda está fraco...

— Quem é “O Devorador”? – Disse levando o indicador a bochecha- e o que eram esses cachorros infernais? Melhor ainda... o que é você?

— Tudo na sua hora meu jovem- e dizendo isso saiu flutuando entre as árvores- agora volte para casa e descanse... sua jornada está apenas começando.

Sentada em um dos galhos Stéa observava atenta, seu tédio de milênios estava sumindo aos poucos enquanto ela via seus guardiões em ação. Ela saberia que eles tinham muita diversão a oferecer. E deu uma pequena gargalhada só de imaginar a cara do seu rival quando visse os guerreiros que ela havia preparado. Para a deusa, a brincadeira estava apenas começando.

° ° °

Guardião Revelado: 1/12

Jeremy Kryeger- Aquário

Poder Astral: Movimentação- Consegue se teleportar em curtas distâncias.

Poder Pessoal: Atletismo- Teve todas as suas habilidades físicas aumentadas, força tremendo, resistência física elevada, agilidade enorme, mira impecável, um verdadeiro terror em combates corpo a corpo.

Arma: Adagas Sai


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Notas finais do capítulo

Então meus anjinhos o que acharam? Perdão se acharam a cena de luta um pouco corrida, mas prometo que as próximas serão mais elaboradas. Me digam o que acharam :3 A propósito algumas explicações. Primeiro que os poderes aumentaram conforme seus personagens evoluírem, agora eu vou explicar sobre os poderes:

Poder Astral é o poder dado pelo signo que você escolheu, cada signo possui uma habilidade única, mas que pode ser combinada com a dos outros signos- vocês são um grupo afinal de contas.

Poder Pessoal: Cada um dos personagens ganhou também um poder baseado em sua história/personalidade, que ele pode usar sem necessariamente precisar combinar com o dos outros.

Armas: Elas são legais :3 Cada um possui uma arma única e poderosa.

No próximo capítulo teremos mais guardiões dando as caras, esses capítulos de apresentação dos personagens tendem a ser mais longos para eu conseguir mostrar mais deles em menos tempo, eles vão demorar um pouquinho para se encontrar, mas o porradeiro ainda está por vir rsrs. Quem reservou a ficha, se pudesse apressar um pouquinho ficaria muito grato :3

Kisses e até o próximo!