A ilha - Livro 1 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 36
Capítulo 36 – No hospital


Notas iniciais do capítulo

Oi!



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—Chegou tarde einh! – Greta sorriu pra mim – Como foi seu encontro¿

—Bom, - eu ri timidamente – nos beijamos.

—Claro que se beijaram – Eliana se aproximou – seria uma boba se não o beijasse. Mas queremos detalhes desde o momento que o encontrou na recepção.

Depois de passar meia hora contando para elas cada detalhe da noite enquanto organizava o quarto, finalmente começamos a entrar no assunto sobre aquela tarde. Depois ao assunto do Ivo, da Helena, e por algum motivo voltamos a falar do Ivo.

—Acha que ele gosta de você¿ - Eliana me perguntou no escuro

Havíamos apagado as luzes e deitado a alguns minutos.

—Quem¿ O Ivo¿ - Perguntei para ter certeza que era dele que elas falavam

—Claro né.

—Não...

—Ele parece gostar – Greta riu

—Eca – Eliana riu alto – Nada contra, mas sei lá...

Ficamos em silencio. Ele não poderia gostar de mim, poderia¿ Ele gostava de meninas brutas, largas, bagunceiras, eu era totalmente o oposto disso.

—Aposto que você está pensando a respeito – Eliana falou quebrando o silencio

—Não estou – respondi rapidamente – e eu gosto do Igor.

—Acho que você só está tentando tirar o Ivo da cabeça. Não consigo acreditar que você beijou ele.

—Da para vocês pararem¿ - Eu amaria explicar a elas que eu nunca o beijei, e tudo o que estava acontecendo. Mas isso já era suficientemente estranho só entre eu e o Ivo.

—Desculpa! – elas ainda riam

Acordei lembrando que deveria encontrar com a Pérola e a primeira coisa que fiz foi mandar mensagem ao Ivo falando sobre isso. Levantei já me preparando para sair, mesmo que ainda fosse sete da manhã. Pensei na possibilidade de Ivo ainda estar hospitalizado, era cedo para ele já ter saído.

Desci até a recepção depois de trocada e pedi informações sobre o Ivo. Ele ainda estava no hospital então pedi endereço do hospital e quarto. Pedi um taxi e fui. Comprei tapiocas e sucos e entrei no hospital com eles escondidos em minha bolsa.

—Bom dia, vim visitar um amigo.

—Documento, por favor.

Depois de alguns minutos, fui liberada para entrar e segui direto para o quarto que ficava no terceiro andar. Abri a porta devagar e segui o corredor com espelhos e uma porta para o banheiro até chegar onde Ivo estava dormindo. Coloquei a mochila em cima de uma mesa redonda e cutuquei-o.

—Acorda – falei baixo

Ele abriu os olhos devagar olhando em volta, como quem tentava se situar.

—Quem é você¿ - ele me olhava com intriga enquanto se sentava na cama – Quem te deixou entrar¿

—Não me reconhece¿ - Falei assustada olhando nos olhos dele e esperando uma reação diferente.

Ele continuou me encarando e também olhando em volta procurando Deus sabe o que ou quem.

—Se não disser quem é, vou chamar a enfermeira. – Ele disse segurando um controle pendurado em sua cama.

—Sou eu, a Pietra. Estudo com você – meu coração estava acelerado, ninguém havia dito que ele estava assim, nos disseram que ele estava bem

Ele continuava me encarando como quem fizesse muito esforço para entender algo ou se recordar de qualquer coisa.

—Desculpe... – ele começou a falar mas parou

Dei um sorriso forçado e sai depressa do quarto procurando a primeira enfermeira que visse. Um enfermeiro estava saindo do quarto ao lado então corri até ele com os olhos cheios de lágrimas.

—Porque o Ivo não se lembra de mim¿ Nos disseram que ele estava bem! Como não informaram um acontecimento assim¿

—Calma senhorita - o enfermeiro me olhava assustado – fale devagar.

Expliquei para ele da melhor forma possível o que havia acontecido e ele chamou a enfermeira que estava cuidando do Ivo, que passava pelo corredor. Depois de tudo explicado, ela fazia uma cara de quem estava mais perdida do que eu. Começou a andar depressa para o quarto dele falando que “não entendia, pois ele estava bem”.

Fazia mais ou menos cinco minutos, no máximo dez eu eu havia estado ali no quarto do Ivo. Assim que entramos, pude ouvir “Your Love” da banda The Outfield tocando alto e Ivo cantando junto, assim que o avistamos ele estava em pé na cama comendo as tapiocas que eu levara e dançando.

—Oi Pietra. Muito boa essa tapioca, aposto que não foi você quem fez.

—Desça, por favor – A enfermeira pediu educadamente mas obviamente irritada – você não deveria ter trazido comida – ela se dirigiu a mim desta vez.

Eu estava confusa e assustada.

—Ficou preocupada de eu ter esquecido quem é a preciosa Pietra¿ - Ivo gargalhou bebendo o resto do suco e jogando tudo no lixo – Já estou liberado¿ - Ele falou com a enfermeira desta vez

—VOCÊ ESTAVA FINGINDO¿ - Gritei de repente entendendo tudo. Senti meu rosto ficando quente, eu estava realmente irritada.

—Troque-se – a enfermeira falou tirando algumas coisas de Ivo e entregando sua roupa para que se trocasse. Ela o observou seguir até o banheiro ainda rindo de mim – Garotos são assim, não muda muito depois de adultos – ela sorriu para mim – as vezes pioram.

—Deus me guarde se esse piorar. Como pode ser tao irritante¿

—Eles são assim quase sempre quando gostam de alguma garota e não tem coragem de assumir.

—Mas ele não gosta de mim, ele me odeia. É exatamente o oposto.

—Odeia¿ E porque veio ve-lo¿

—Preciso da ajuda dele, apenas.

—E trouxe comida e bebida para o cara que te odeia¿ - ela soriu maliciosamente

Senti que meu rosto estava corando mas não tive tempo de responder pois Ivo saiu do banheiro e chamou para irmos embora.

—Ele não tem que assinar nada¿ Tomar nenhum procedimento¿

— O diretor da escola de vocês já tomou todos os procedimentos necessários, só estávamos esperando ele acordar ara ser liberado. – Ela olhou para Ivo e dirigiu a palavra a ele – Você está bem, não precisa se preocupar com nada, foi só um pequeno susto.

Saímos um arás do outro e caminhamos até o elevador em silencio. Enquanto as portas se fechavam eu pude ver a enfermeira que nem sequer eu vi o nome, acenando pra gente. Eu ainda estava me sentindo extremamente irritada com o ocorrido recente. Como alguém tem a capacidade e brincar com algo assim tão sério¿ Eu já tinha pensado mil coisas e tudo não passava de uma palhaçada dele.

—Confessa – ele falou de repente – foi engraçado

Ivo estava em pé do meu lado, de lado para mim e virou de frente quando falou isso com um sorriso no rosto. Sem sequer pensar, minha mão estralou em seu rosto com toda a da força que eu encontrei, com toda a raiva que eu sentia. Do sorriso que ele tinha, sua expressão se tornou de imensa surpresa.

—Você tem algum problema¿ - Comecei a falar alto sem notar que a porta já havia aberto no andar térreo e duas pessoas entraram apertando o andar de numero 11. – Você tem noção do que faz¿ As vezes eu acho que você não pensa, que por mais irritante que você seja, tem pessoas que se importam com você.

—Qualé, foi só uma brincadeira boba! – ele falou sem graça vendo que os dois rapazes nos observavam.

—Você sofreu um acidente, levou uma forte pancada na cabeça e quando venho te ver sabendo que os médicos haviam dito que estava tudo bem, você fingi estar numa situação ruim – a porta abriu no quinto andar e duas médicas entraram – Você viu meu desespero  mesmo assim continuou fingindo.

—Não vem com essa – ele me interrompeu – você nunca se importou, não venha fingir que somos melhores amigos agora. E pra começar, foi pra salvar VOCÊ que eu me machuquei!

—E não parou para pensar que a culpa que eu senti, foi muito maior quando você começou a fingir¿

As medicas nos olharam feio, sabíamos que estávamos praticamente gritando dentro de um hospital, mas aquilo não parecia importar muito no momento. O elevador finalmente abriu no décimo primeiro andar, e ninguém entrou. Ficamos a sós novamente.

—E você nem pede desculpas¿ - voltei a falar, desta vez em tom normal. Ele continuou sério virado para frente e eu com as mãos na cintura esperando uma resposta. – Você não se importa em deixar as pessoas preocupadas¿ Primeiro achei que você tivesse morrido, depois que você poderia ter consequências serias, e ai venho...

Eu fui interrompida por uma atitude brusca dele. De repente veio rapidamente em minha direção me fazendo recuar até sentir as minha costas encostar contra a parede do elevador. Ele estava tão perto que eu sentia seu hálito misturado ao meu.


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Notas finais do capítulo

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