A ilha - Livro 1 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 37
Capítulo 37 – A Taxus Baccata


Notas iniciais do capítulo



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Ele olhava a minha boca, olhava em meus olhos e voltava a olhar a minha boca. Até finalmente focar em meus olhos. Nossos corpos estavam colados e nossa respiração era um só. Eu tinha certeza de que ele sentia o meu coração batendo feito um louco. Ele deu um sorrisinho e se afastou quando a porta do elevador abriu novamente no andar térreo. Caminhou para fora dele e eu continuava paralisada encostada a parede fria.

—Você vem ou não¿ - Ele me chamou segurando o elevador.

Recompus-me rapidamente e sai bruscamente indo em direção a porta de saída com ele em meu encalço.

—Vou encontrar com a Pérola. Você vem ou não¿ - Perguntei sem encara-lo e chamei um taxi rapidamente.

—Claro que vou.

Entramos no táxi e seguimos silenciosamente. Ele de vez em quando me olhada e ria balançando a cabeça. E eu me sentia cada vez mais envergonhada. Porque me sentia tão envergonhada¿ Eu poderia simplesmente soca-lo. Poderia ter socado antes também. Perguntado qual o problema dele, empurrado ele para longe. Mas não, fiquei paralisada feito uma idiota.

Chegamos a uma praia que eu ainda não havia ido, com um píer diferente e quiosques diferentes. Não queria correr o risco de alugar barco sempre com o mesmo cara suspeito, principalmente sendo manhã ainda. Ainda não eram nem nove horas quando chegamos a um local repleto de barcos e pescadores e procuramos o com mais cara de “errado”.

—Procuram algo, crianças¿

Tirei três notas do bolso e fui direta.

—Queremos um barco, o menor que tiver, por algumas poucas horas.

Ele riu alto, puxou as notas da minha mão e conferiu se eram de verdade.

—Eu alugo aquele – apontou a um barco a motor do tamanho de uma canoa – por mais três dessas na volta.

Olhei para Ivo, meus pais iriam me matar se eu ficasse gastando todo meu dinheiro daquele jeito.

— Tudo bem – ele falou - Fechado.

Conseguimos sair dali mais rápido do que esperávamos e continuamos em silencio dentro do pequeno barco, apenas com o ronco do motor. Eu não sabia exatamente o que falar, mas também não queria ficar no mais absoluto silencio.

—Você lembra o caminho¿

—Essa é você tentando puxar assunto¿

—Essa sou eu não querendo me perder no mar.

—Você gosta de mim – ele falou rindo

Olhei para ele com uma cara de quem tenta entender o comentário.

—Admite! – ele apoiou os cotovelos nos joelhos e cruzou as mãos.

—Admitir o que¿ Você tem sérios problemas! – Comecei a tirar meu tênis e minhas meias e então a roupa ficando só de biquíni sob o olhar de Ivo que fazia questão de ser indiscreto.

Pulei na água assim que chegamos ao local de sempre, com aquelas pedras inconfundíveis. Mergulhei sem falar com o Ivo e fui nadando cada vez mais para baixo e na direção combinada com a Pérola.

Ela e Nixxie estavam exatamente aonde eu havia encontrado Nixxie pela primeira vez. Com um sorriso, Pérola nadou até mim para me abraçar. Nixxie, como sempre, com cara de poucos amigos, nadava de um lado para o outro com os braços cruzados.

Humanos tem estado aqui constantemente.”

“Como assim¿ Eles não pescam por aqui, pescam¿”

“Não...Eles estão mergulhando, caçando algo. Estão sempre com câmeras, lanças e outros apetrechos”

Pérola parecia extremamente preocupada, o que me deixou um pouco apavorada. Olhei em volta procurando qualquer sinal de humanos.

“Não deveríamos sair daqui¿”     

No caminho até a “toca” da Pérola, ela me contou que eles haviam mergulhado muito próximo á onde elas ficam, aonde moram, e até mesmo perto da toca. Contou que inclusive um deles que carregava uma arma e uma lança, havia mergulhado nessa madrugada e perdido um relógio.

Ainda não consegui nenhuma evolução nas minhas poções, mas te prometo que não vou desistir.”

“Tudo bem, esse colar é incrivelmente maravilhoso, me ajudou 99%”

“VocÊ só pensa em você¿” Nixxie começou a falar de repente fechando a porta quando entramos na toca “Pérola pode entrar em uma confusão gigante por causa disso. Ela PRECISA trazer você de volta.”

Ela parecia brava por eu não ter pensado nisso.

“Me desculpa, Pérola. Sei que também deve estar sendo difícil para você, no que puder ajudar, eu ajudarei.

“Na verdade, queria saber se você conhece uma planta chamada Taxus Baccata.”

“Nunca ouvi falar”

“É uma planta extremamente venenosa, mas preciso de sua semente para a poção que estou desenvolvendo...”

“E...¿” Eu ainda não entendia aonde ela pretendia chegar

“Preciso que você a consiga para mim. Eu não posso ir a terra, mas você sim.”

“Sem problemas, eu consigo.”

“Na verdade tem um problema sim. O mais próximo que você pode encontra-la é no Norte da África.”

Arregalei meus olhos, não havia a menor possibilidade de eu simplesmente ir a África de repente, passar um dia, dois e voltar. Meus pais nunca concordariam. Mas espera...

“Posso comprar on-line!”

“On o que¿”

“Deixa comigo, eu consigo! Mas não sei quanto tempo exatamente demora. Talvez uma semana.”

“Uma semana seria um tempo perfeito. Achei que seria no mínimo dois meses!”

“Eu não sei na verdade, vou pesquisar me informar e ver o que consigo, certo¿”

“Está ótimo. Podemos nos ver ainda essa semana¿”

“Creio que sim. Bom, eu apareço por aqui se der. Agora sei vir sozinha.”

Eu estava de saída quando vi algo flutuando e refletindo a luz do meu lado esquerdo. Olhei rapidamente e me deparei com algo familiar. Me aproximei lentamente sendo observada pelas duas sereias ali dentro. Abri uma caixinha de vidro com o coração disparado e peguei o objeto.

É o relógio do cara que mergulhou ontem¿” Perguntei com medo da resposta

“Você o reconhece¿”

Balancei a cabeça afirmativamente.

“Posso ficar com isso¿”

Pérola hesitou, mas concordou finalmente.

Saí de lá sem falar mais nada e nadei rapidamente de volta ao barco. Sentei em uma pedra onde Ivo havia amarrado o barco. Ele demorou alguns segundos até perceber a minha presença.

— Aconteceu algo¿ Você esta com uma cara estranha.

Joguei o relógio para ele que o agarrou no ar olhando-o confuso.

—Já estou até ganhando presentes¿

—Pertence ao Igor.

Ele fez cara de nojo e colocou o relógio no chão do barco.

—Me da uma toalha.

Ele me jogou uma toalha e me enrolei antes que voltasse a ter pernas


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Notas finais do capítulo



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