A ilha - Livro 1 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 16
Capítulo 16 - A mulher peixe


Notas iniciais do capítulo

Oi, quero lembrar que tenho usado imagens para representar cada personagem, mas nem sempre conseguirei achar imagens tão parecidas. :(

Na imagem a baixo: Diego e Erick



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Sentei ao lado de Fabricio e deitei em seu colo. Queria contar tudo a ele, mas as lágrimas caíram e foi apenas o que fiz. Ele continuava conversando com Heitor, Diego e Erick e eu abri os olhos vendo Ivo sentado sozinho me olhando. Estava de cara amarrada e eu senti pena de mim mesma por deixar ele me ver chorando duas vezes seguidas já. Enxuguei meus olhos e me sentei me inteirando no assunto dos meninos.

A tarde foi passando, tomei banho de sol e conversei mais vezes com Kamila que parecia tentar voltar a se aproximar. ;ela começou perguntando se eu tinha protetor e depois me chamando para entrar na água. Deve ter achado que eu não queria nadar com ela quando eu neguei. Mas de jeito nenhum me arriscaria na frente e toda aquela gente.

Já era perto das cinco da tarde quando vi Felipe, Abner e Heitor cochichando e me olhando. De inicio eu achei que estavam reclamando da minha chatice nas últimas horas, mas aí senti me pegarem por trás pelos braços e os outros três que cochichavam correram par pegar minhas pernas. Começaram a gritar “banhooo” enquanto todo mundo gritava junto comemorando e eu tentava me soltar de todas as formas.

—Me soltem! Eu não quero entrar – eu insistia

—Banhooo! – os meninos gritavam todos juntos

Meu coração disparado e meu corpo se debatendo desesperadamente para me soltar, o que foi impossível já que cada vez que um braço escorregava algum outro me agarrava. Comecei a sentir a agua que eles pisavam respingar m minhas costas e a minha vontade era cair na agua e afundar para nunca mais ser vista. Fechei meus olhos e fui jogada a agua no mais longe que conseguiriam. Assim que senti que estava solta dentro da agua eu comecei a andar para mais fundo e mais fundo e então coloquei a cabeça para fora para respirar e meus pés não encostavam mais o chão. Ainda bem.

—Viu¿ - Felipe gritava – Nem morreu!

Vi Ivo parado a beira do mar olhando assustado e o resto do pessoal entrando ou voltando para o acampamento, foi nesse momento que eu senti minhas pernas começarem a formigar. Como se soubesse o que estava acontecendo, Ivo começou a entrar devagar na agua molhando apenas as pernas e no ultimo segundo que eu senti minhas pernas eu olhei para ele assustada. Tinha acontecido novamente. Coloquei a mão e senti a pele escamosa terrivelmente assustadora. Era grande demais aquela cauda, pois o chão que antes eu não sentia, agora além de encostar meu rabo ainda curvava a ponta dele. Estava paralisada com medo de me mover e a o rabo de peixe aparecer para fora da agua.

—Pietra – Heitor chamou- vem pra ca. Não queria entrar e agora não quer sair¿ - Ele se aproximava devagar e eu empurrava agua com os braços para que eu ficasse mais distante dele

—Vou já! – respondi rápido – quero andar um pouco

—Você quem sabe – ele me olhou estanho e voltou para os meninos que jogavam vôlei na agua

Ivo continuava parado olhando com os olhos arregalados. Se ele não soubesse disfarçar ia acabar chamando a atenção dos outros. Continuei me afastando cada vez para mais fundo até sentir minha cauda totalmente livre e perceber que estava muito fundo ali. Aproveitei que todos estavam totalmente distraídos e apontei para a minha esquerda para que Ivo soubesse para onde eu iria. E afundei minha cabeça devagar. Eu não podia deixar a minha cauda aparecer fora da agua então fiz todo o esforço do mundo para ir mais fundo sem agita-la. A minha visão debaixo da agua sempre foi boa, mas agora estava totalmente cristalina. Sequer parecia ter agua na minha frente.

A areia parecia calma lá em baixo e alguns pequenos peixes passavam por mim como se não se importassem que eu estivesse ali. Lembrei que seria estranho se eu não aparecesse logo então tratei de nadar para a minha esquerda como havia planejado. Coloquei a cabeça para fora um determinado momento e consegui ver a turma como vários pontinhos distantes se movendo para lá e para cá e uma única pessoa correndo na direção que eu estava. Ivo. Era hora de sair da agua.

Nadei até a parte mais rasa e até no conseguir mais nadar e apenas me arrastar com dificuldade para fora da agua. Aquilo era pesado. Fui para onde a água não me alcançava e tive medo de que de longe nos vissem alii. Iriam se perguntar como nadei tão depressa.

—Tome – Ivo me jogou uma toalha seca e eu cobri meu corpo sabendo que ficaria nua a qualquer momento - você precisa descobrir o que está acontecendo. Não vou mais te ajudar! As pessoas estão começando a fazer perguntas e eu no quero ter nada a ver com você.

—Já pode voltar - falei sentindo meu corpo novamente formigar – eu volto daqui a pouco

Ele balançou a cabeça afirmativamente olhando para onde antes tinha sido uma cauda e agora eram simples pernas. Ivo voltou a correr em direção ao pessoal, eu me cobri melhor com a toalha e fiquei de pé com os braços cruzados observando o mar e me fazendo mil perguntas. De inicio achei ter sido a minha imaginação mas a cena se repetiu: uma mulher loira com rabo de peixe pulou feito um golfinho na agua me fazendo ficar atenta e então ficou parada me observando assim como eu a observava. Era a mesma de antes. Eu tinha certeza.

—Ei! – gritei – quem é você¿

Mas ela se assustou e mergulhou sumindo. Fiquei procurando com os olhos durante alguns minutos, mas ela desaparecera realmente.

Caminhei de volta ao acampamento sem muita pressa e já estava escurecendo quando cheguei e fui recebida pelas meninas desesperadas por não terem me achado.

—Ivo disse que te viu caminhando na praia – Greta falou como quem não acreditava nele

—Sim, eu estava mesmo. - respondi sem entusiasmo – vou tirar a roupa molhada

Entrei na barraca e tratei de me trocar rapidamente. Havia acabado de perder um biquíni lindo por causa daquela maldita cada de peixe. Sai alguns minutos depois me reunindo ao pessoal em volta da fogueia, mas antes largando disfarçadamente a toalha de Ivo perto de onde estavam às outras esticadas para secar.


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Notas finais do capítulo

Espero comentários!

P.S.: Encontrando erros ortográficos ou de digitação, em avisa nos comentários!



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