Seelen Haus escrita por Semideusadorock, MaryDiAngelo


Capítulo 8
Quer namorar comigo?


Notas iniciais do capítulo

Olá cerejinhas e amorinhas
O trem do inferno está saindo de novo e espero que todos os passageiros embarquem se tiverem coragem.
Boa ida ao inferno.



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Bianca foi a primeira a abrir os seus olhos negros, piscando algumas vezes tentando ignorar a incredulidade do que tinha sido o dia anterior, mas o corpo nu do anjo ao seu lado que aparentava dormir tranquilamente mostrava que era real. Se sentou na cama, jogando seu cabelo para trás, mordendo de leve o lábio inferior deixando que seus pensamentos a levassem para longe e acabando por deixar escapar em voz alta:

— Porra, eu quero repetir.

— Que bom! – Leo comentou se mexendo mostrando que estava acordado.

Mas então, o que aconteceu em seguida não foi nada esperado.

— SEU DESGRAÇADO, FILHO DA PUTA, VIADO. – Ela gritou assustando o garoto com a mudança repentina de humor e com os tapas deferidos contra si. – O QUE VOCÊ PENSA QUE TÁ FAZENDO? QUEM VOCÊ PENSA QUE É?

Valdez se levantou da cama, mas esta foi uma péssima ideia, já que ela também se levantou, começando a pegar tudo que tinha pela frente que poderia ser considerado perigoso e tacar na direção do anjo que estavam completamente confuso.

 - Bianc...

— TU CALA A BOCA DESGRAÇADO, VOCÊ NÃO PODE SER ASSIM. – Ela gritou novamente balançando o despertador do garoto antes de tacar em sua direção.

Não demorou a perceber que se as coisas continuassem nesse caminho, provavelmente Leo não perderia apenas sua casa para a filha do capeta, mas também a vida ou quem sabe seu pênis, já que sem ele o mesmo não teria muita utilidade para ela.

O anjo, driblou a garota com um pouco de dificuldade, conseguindo se manter perto o suficiente dela para que ele pudesse segurar seus braços e girar o corpo muito lindo da princesa do inferno, prendo-a pelos braços atrás do corpo em uma pilastra que dividia o closet do quarto todo branco e dourado do homem.

— ME SOLTA! – Gritou ao ver que se debater não iria adiantar em nada.

— Se acalma e eu te solto. – Valdez respondeu usando mais força ao ver que ela tentava lutar contra ele.

A Di Ângelo virou o rosto em direção ao garoto o olhando, seus braços doíam um pouco com a força e brutalidade que ele havia usado para a imobilizar o que para seu ódio extremo, ela tinha achado incrivelmente sexy e ele notou.

— Sério? – Ele questionou analisando as reações do corpo nu da garota contra o seu.

— Eu estou calma, Leo. Pode me soltar. – Disse sabendo que se desse bola aonde iria parar aquela conversa.

Mas era tarde demais. Valdez a prensou mais contra parede, colando seu corpo completo a ela.

— Então é isso que a melhor torturadora do inferno gosta? Você não se excita com o fato de torturar, mas imagina alguém fazendo isso com você. – Leo disse usando mais força no aperto ao braço dele.

Bianca arfou com a frase e o contato, fechando os olhos se arrepiando com tudo aquilo, ela odiava ele estar certo. O anjo a virou com agilidade, prendendo o braço dela acima de sua cabeça a batendo com força na pilastra. A garota sentiu de leve a pilastra rachar com a brutalidade deixando um gemido escapar da sua boca.

— Você vai mesmo fazer isso comigo, Leo? – Ela questionou olhando nos olhos do garoto que sorriu malicioso com a pergunta.

— O que foi, Di Ângelo? Não é você que sente prazer com a dor? – Ele perguntou beijando o pescoço dela e depois mordendo com um pouco de força, fazendo a morena escapar para o lado demoníaco, deixando seus olhos completamente negros e as veias roxas se destacarem e gemer novamente. – Uma coisa que você não sabe é que eu sou o melhor torturador do céu e eu vou te ensinar o que é tortura de verdade.

Ela fechou os olhos inebriada com o garoto, fechando as mãos com força tentando permanecer controlada enquanto ele distribuía mordidas e chupões pelo seu corpo pálido.

***

Leo estavam em pé na porta, vestido com uma calça de moletom branca olhando Bianca adormecida na cama. Ele simplesmente não podia acreditar no que ele tinha feito com aquela garota, não apenas hoje, mas no dia anterior também e ele sabia que não importava quanto ele implorasse por perdão o anjo devia ter quebrado todas as regras do céu ao se envolver a filha do capeta nisso tudo.

Um barulho alto de uma música heavy metal começou do nada assustando o anjo distraído.

— Leo atende, eu to cansada. – Bianca murmurou reconhecendo o celular e girando na cama tampando os ouvidos.

Valdez levantou uma sobrancelha concluído que tinha pego muito pesado com a princesa do inferno e caminhando até a asa dela, aonde tinha um pequeno bolço que estava aceso e vibrando desesperado.

— Piranha aonde... – Nico começou, mas Leo cortou contendo o riso.

— Alô.

— Liguei errado? – Di Ângelo questionou olhando o celular aonde tinha o nome da irmã escrito e o colocando de volta ao ouvido.

— Não sei, com quem quer falar? – Leo questionou mesmo reconhecendo a voz do irmão da menina desmaiada na cama.

— Com minha irmã mais velha, Bianca. – O guardião do inferno respondeu confuso.

— Ela no momento está desmaiada, se quiser deixar recado. – O anjo disse dando de ombros olhando a menina que nem se mexeu.

O filho do capeta fez uma careta confusa, abrindo e fechando a boca algumas vezes, e respirando fundo depois.

— Chama ela pra mim, por favor. – O garoto pediu educado a Leo.

Valdez pensou um pouco, mas caminhou até a cama cutucando a garota de leve, que murmurou algo desconexo, fazendo o anjo sorrir leve.

— Seu irmão. – O moreno insistiu cutucando ela de novo, que esticou a mão indicando que era para ele entregar o telefone a ela.

— Vai tomar no cu. – Bianca disse desligando o telefone.

A garota jogou o celular em Leo, que fez malabarismo com ele tentando pegar o eletrônico enquanto a menina simplesmente apagou novamente.

— Bianca! – O anjo repreendeu pasmo com a atitude da filha do capeta.

— Cala boca! – A menina resmungou girando na cabeça e adormecendo por completo dessa vez.

O celular da garota toucou de novo e o Valdez retornou a atender, suspirando.

— Ela desmaiou de novo. – Informou, já sabendo que era Nico.

— Avisa que vai ter um jantar em casa hoje, que a Thalia quer conhece-la melhor e manda ela tomar no cu e estar presente vestida decentemente as sete. – O irmão da louca que atendia telefonemas xingando.

— Pode deixar que eu aviso. – O anjo disse acariciando de leve o cabelo negro da garota que estava todo embolado devido ao que os dois tinham feito.

— Obrigado. – Nico disse encerando a ligação.

Thalia olhava o namorado surpresa com as frases proferidas em direção ao desconhecido que aparentemente tinha atendido o guardião do inferno.

— O que aconteceu? – Grace perguntou calma com as pernas apoiadas na do Di Ângelo, ambos ocupando sala de estar da casa branca e azul do final da rua.

— Minha irmã é uma louca, atende o telefone xingando. – Resmungou arrancando uma risada gostosa da dona da casa.

— Você atendeu chamando ela de piranha. – Thalia retrucou.

— Olha só, já não basta a Hazel ficar de complô com a Bianca, tu também não. – O namorado da adolescente disse apontando o dedo para a garota que gargalhou se deitando por completo no sofá branco confortável. – Mas é sério que você quer conhecer minha irmã? Você não tá perdendo nada com isso, na verdade tá ganhando muito.

— Para com isso Nico! – Repreendeu o Di Ângelo revirando os olhos. – É óbvio que eu tenho certeza que quero conhecer sua irmã, eu senti que vamos nos dar bem.

— Sentiu errado, ninguém se dá bem com minha irmã, aquilo é um demônio literalmente, você não tem ideia da peste.  – Di Ângelo disse realmente não querendo que a praga da irmã socializasse com a sua garota.

— Sério Nico, para! – Thalia disse revirando os olhos com a atitude dele, imaginando por qual motivo os dois se odiavam a ponto do menino deixar sua casa pela presença da irmã mais velha.

— Você poderia querer conhecer Hazel, poderia querer conhecer Perséfone, poderia querer conhecer Deméter, mas não, não, você tem que querer conhecer Bianca Demônio Di Ângelo. – Nico disse negando em desespero torcendo para a irmã não invocar a torturadora durante a janta.

— Quem é Perséfone e Deméter? – Lia perguntou curiosa se sentando de novo.

— Minha madrasta e a mãe dela. – Fez pouco caso, duvidava que a morte  iria para um jantar no inferno, muito menos agora estando grávida.

— Como é sua família? – Thalia perguntou realmente curiosa, sentia que sabia muito pouco da vida do garoto a sua frente.

— Bem...Hazel é fofa, Bianca é o capeta, Hades é...você já conheceu meu pai, então sabe como ele é, Perséfone é temperamental, Deméter é psicótica e tem a bebê que eu torço para não ser uma doida que nem todas as mulheres da família. – Nico disse pensando e sendo sincero com a garota, mas sabia que ela nunca imaginaria nada perto da realidade, afinal ela nem sabia que ele era o guardião do inferno.

— Entendo, você tem problemas sérios com seus familiares, né? – Questionou triste olhando no negro dos olhos do garoto.

— Na verdade não, eu amo eles saca, mas é todo mundo realmente muito retardado mental para minha pessoa e BIANCA É UMA PRAGA DEDO-DURO. – Ele se exaltou na última parte assustando a Grace que sorriu depois.

— Então ela é a irmã que dedura os outros quando faz algo errado?

— Se descrevendo Thalia? – Jason questionou entrando na sala emburrado.

— Quem manda ter vinte sete anos e morar dentro da casa dos país e namorar uma menina de dezessete e ainda por cima bater punheta com ela pelo Skype. — A garota se defendeu, pois sabia exatamente do que ele falava.

— Eu falo com ela pela internet porque não podemos nos ver com frequência graças a escola e o fato dela ter dezessete anos e já, já vai fazer dezoito para sua informação e eu não fico batendo...

— Poupe-me eu sei o que você faz Jason eu já tive o azar de ver e você nem notou. – Thalia disse estremecendo com a lembrança constrangedora e nojenta.  – Eu sei que a Piper é virgem e vocês só fazem essas coisas pela internet porque ela não quer fazer pessoalmente, afinal se ela quisesse você daria um jeito, né maninho?

— E você Thalia, que faz sexo com qualquer cara bonito que você acha e tem um problema sério com isso, já que você é aparentemente viciada nisso ao ponto de fazer isso a cinco da manhã.

— Pelo menos meu namorado tem coragem de fazer isso comigo e a sua que não tem? – Rebateu a mais nova olhando em desafio para o de vinte e poucos anos.

Quando Jason ia lançar mais algum argumento contra a garota, a voz séria da madrasta de ambos invadiu a sala.

— Briga entre irmãos sobre sexo na frente do namorado da garota? Sério Jason e Thalia Grace? Sério mesmo? – Hera perguntou negando e com pena do menino que acabara de pular de paraquedas naquela família e com uma cara assustada.

— Ele que começou. – Lia se defendeu olhando Nico pelo canto de olho começando a rir de imediato.

O Di Ângelo tinha seus olhos levemente arregalados e uma clara confusão e surpresa estampada em seu rosto.

— Não me interessa quem começou. – A elegante mulher rebateu revirando os olhos. – Jason, vá logo ir buscar sua namorada para a gente conhecer ela e acabar com essa besteirada toda.

— Que? – O Grace perguntou surpreso com o anuncio da madrasta.

— Isso que você ouviu, vá buscar a garota. – Hera deu de ombros.

— Ela tá na escola. – Jay disse contragosto vendo a irmã rir leve com a desculpa do garoto. – Eu vou trabalhar que eu fico melhor desse jeito.

O loiro trabalhava em casa mesmo e até ganhava relativamente bem o suficiente para já ter se mudado, mas ele preferia se manter ali até que ele tivesse um trabalho realmente fixo, já que ele trabalhava com publicidade pequena e edições de fotos e vídeos para empresas.

— Hera, eu posso ir em um jantar na casa do Nico hoje para conhecer a família dele? – A mais nova no local questionou, sabendo que quem mandava naquela residência era a mulher.

— Claro querida, vai dormir por lá? – A madrasta da garota questionou curiosa.

— Se não for um problema? – Thalia aproveitou o gancho.

— Nenhum. – A matriarca da família deu de ombros. – Mas Thalia, eu sei que você toma remédio, mas preservativo é bom e é melhor não arriscar, o Jason nos dar um neto é aceitável porque ele tá velho, você tem apenas dezoito anos, espera pelo menos completar vinte.

— Tá... – Thalia disse surpresa com a frase da mulher, apesar de saber que ela era muito liberal com o assunto.

— NÃO LEVE ISSO EM CONSIDERAÇÃO JASON, SE VOCÊ ME APARECER COM UMA CRIANÇA AQUI DE UMA ADOLESCENTE DE DEZESSETE ANOS VOCÊ TERÁ SÉRIOS PROBLEMAS.- A madrasta gritou sabendo que o loiro ainda estava no meio do caminho do quarto.

O casal pulou no sofá se assustando com a mudança repentina de humor da mulher, que sorriu e ajeitou o cabelo.

***

Leo pousou com a garota um pouco longe da casa, para garantir que Nico não veria o menino com grandes asas brancas deixando a garota no chão.

— Eu te odeio, Valdez. – Ela resmungou novamente ficando em pé.

— Boa sorte com o jantar. – O anjo disse dando de ombros, mas quando ele ia levantar voou de novo a menina puxou sua mão.

— BOA SORTE É O CACETE! – Bianca gritou fazendo ele franzir o cenho. – Tu vai comigo retardado? Tá achando o que? Vai me lançar na merda e sair correndo? Não, tu vai comigo, não vou virar vela nessa merda.

— Eu acho que não seria uma boa ideia. – Admitiu olhando nos olhos da menina.

— Adivinha, todas as nossas atitudes foram péssimas ideias, foi merda atrás de merda, a gente não vai parar agora e muito menos comigo sozinha, tu vai comigo viado, to nem ai. – A Di Ângelo encerrou o assunto puxando o garoto pela mão.

Leo a puxou com agilidade colando seu corpo ao dela, olhando no fundo dos seus olhos.

— Se arrepende do que fez? – Questionou segurando em sua cintura, vendo ela arfar e manter os lábios entreabertos.

— Ao que você se refere? – Bianca questionou sustentando o olhar dele.

— Você sabe do que eu estou falando, Di Ângelo. – O de aura branca disse sério e ela suspirou.

— Não, não me arrependo. – Bia se deu por vencida. – Agora podemos ir?

— Podemos. – O garoto assentiu contendo o sorriso que queria surgir.

— Ótimo. – Ela disse dando um selinho rápido no anjo e voltando a puxa-lo para a Seelen Haus.

A morena abriu a porta e logo escutou a risada do casal que vinha da sala, o que a fez revirar os olhos.

— CHEGUEI PAREM DE SE PEGAR! – A princesa do inferno anunciou entrando na sala, fazendo Nico e Thalia olharem na direção da voz.

O Di Ângelo quase acusou a irmã de mandar um clone desconhecido ao ver as roupas que a garota usava, já que cobriam todo o seu corpo. A filha do diabo usava uma blusa de mangra comprida que vinha até metade de sua barriga exibindo o símbolo do Ramones, um short preto de cintura alta que começava exatamente aonde a blusa finalizava, rasgado, porém o rasgo não expunha nenhum pedaço já que ela usava uma meia-calça preta e uma bota de salto preta que ia até metade da sua coxa, ela usava uma gargantilha preta que tampava quase todo seu pescoço devido as inúmeras pedras pretas que ela possuía, seu cabelo era milimetricamente espalhado de forma que tampasse qualquer parte que a roupa, maquiagem e acessórios não conseguiam.

— LEO! – Thalia gritou ao ver o melhor amigo segurando a mão da irmã do seu namorado.

— E aí, Thals? – O menino disse sorrindo assumindo a atuação que ele sempre tinha quando estava com humanos.

— Vamos ao jantar? – Bianca se manifestou novamente com fome.

— Claro...- Nico começou, mas a namorada o cortou.

— Vocês estão juntos? – A Grace tinha os olhos fixos nas mãos entrelaçadas dos dois.

A princesa do inferno seguiu o olhar dela e se apressou a soltar a mão da dele, parecendo meio surpresa por ainda a estar segurando.

— Não. – Respondeu de imediato sorrindo. – Comida? Vamos?

O casal sentado ao sofá se levantou tomando a frente a caminho da cozinha. Leo sorriu de lado ao ver Bianca caminhar um pouco a sua frente e simplesmente soltou um tapa na bunda da filha do capeta.

A agredida, por ainda não estar cem por cento de hoje cedo e de brinde usando um salto alto, acabou por desequilibrar e ter que se apoiar no irmão que ia mais a frente.

— Oi, tudo bom? – A garota disse segurando com força em Nico tentando voltar ao normal.

— Eu sim, não sei você. – O mais novo disse tendo ouvido o tapa que Leo tinha dado na bunda dela.

— To ótima. – Disse sorrindo de forma exagerada ignorando a dor leve na bunda.

AI MEU HAN NHA NHA NHA. – Clóvis se manifestou ao ver a cena, mas tratou de se cortar ao lembrar da ameaça clara da torturadora.

Bianca olhou na direção da alma que tinha deixado escapar alguns sons aleatórios, com seu melhor olhar assassino, que fez com que ele corresse escadaria acima o mais rápido que conseguia.

Uma travessa de lasanha estava posta a mesa, mas aquela comida tinha uma cara péssima, havia um buraco de queimado no meio da lasanha que parecia ter sido cozinhada por um elefante bêbado enquanto fazia malabarismo, sem falar que o cheiro era horrível.

— Thalia e seus ótimos dotes culinários. – Leo comentou reconhecendo de imediato quem tinha feito aquela comida, já que várias vezes a menina o fez provar suas criações.

— Só tá feia, ok? – Disse indignada. – Mas tá uma delícia.

— Claro. – Leo disse irônico, mas se sentando ao lado da filha do capeta e de frente para a melhor amiga.

Os irmãos se sentaram frente a frente e o Di Ângelo tratou de servir cada um, menos Bianca, essa ele deixou se servir sozinha.

Esperta, a Di Ângelo pegou seu garfo roubando do prato do ficante, para ver se valia a pena cortar um pedaço para si. Se arrependeu assim que colocou na boca de ter aceitado provar, o gosto era simplesmente horrível e ela se esforçou para não colocar para fora, escondendo a cara no ombro do anjo, que também fazia uma careta ao provar.

Thalia, engasgou ao sentir o gosto horrendo e Nico que viu a reação de todos, devolveu o seu garfo ao prato sem se dar ao trabalho de provar aquilo.

— Eu vou ligar para a pizzaria. – Thalia anunciou se levantando e discando o número já conhecido.

— Boa noite, pizzaria Bom Gosto, em que posso ajuda-la? – O atendente disse já preparando para anotar o pedido.

— Boa noite, sou Thalia Grace, eu gostaria de pedir duas pizzas calabresas e uma portuguesa para uma casa na rua Angel número meia, meia, meia. – A menina disse estranhando as informações que dera ao cara.

— É sério? – Questionou surpreso, parando de anotar o pedido.

— Eu tenho cara de palhaça? – Perguntou irritada revirando os olhos.

— Eu não to vendo a sua cara, senhorita, mas me desculpe de qualquer modo. – O atendente disse voltando a anotar, vendo que o nome da menina era frequente em pedidos.

— Tá. – Ela disse esperando a confirmação do homem para desligar e revirar os olhos. – Filho da puta, não de gorjeta Nico. – A menina disse guardando o celular e retornando a se sentar.

— Nossa. – O filho do capeta disse dando de ombros. – Tá, como queira.

O silêncio reinou na mesa, Thalia tentava sempre puxar assunto, mas era cortada com respostas curtas e diretas da Di Ângelo, o que fazia todos ficarem sem jeitos com a falta de educação que provinha da menina.

Bianca analisada as unhas, pensando em se arriscar a comer a lasanha mesmo, pois estava com muita fome, quando a Grace teve seu olhar direcionado a ao pulso exposto da garota, graças a gravidade que tinha feito sua blusa descer um pouco.

— Marcas de correntes, Bianca. – Thalia disse reconhecendo de imediato, fazendo a filha do capeta travar estática no lugar.

Nico seguiu os olhos para a direção que a namorada olhava assustado, com medo de dar merda, mas logo viu que estas marcas estavam no braço da torturadora e sua mente poluída não demorou a esclarecer o que tinha acontecido e o porquê da menina que ama expor uma pele estava devidamente e milimetricamente coberta naquele jantar.

Leo tinha a melhor cara de culpado que alguém poderia ter, Thalia quase tirou seu celular para bater uma foto da feição do seu melhor amigo. O anjo estava constrangido, sim ele tinha feito muitas coisas com a garota, mas ninguém precisava exibir isso para meio inferno e o irmão dela.

A campainha tocou fazendo a princesa do inferno levantar de imediato e ir em direção a porta para atender, Nico também se levantou e foi com ela, afinal não poderia perder a chance de zoar a irmã enquanto ela ainda não tinha nada para zoa-lo.

O Di Ângelo segurou a irmã antes que ela abrisse a porta, tendo um sorriso travesso nos lábios, que arrancou um revirar de olhos da garota.

— Sério, Bianca? Se sentiu tão culpada por todos os anos torturando que pediu para alguém fazer o mesmo com você? – Nico questionou olhando a garota, começando a reparar os locais que não estavam tão bem escondidos assim.

— Me poupe, Nico, você está começando a se iludir demais desde que começou a se relacionar com humanos. – Bianca rebateu tentando não ficar envergonhada.

— Claro. – O mais novo disse puxando com agilidade o cordão grosso que ela usava, arrebentando-o e exibindo uma marca forte de que uma corrente tinha sido presa ali, assim como alguns chupões e mordidas mal disfarçados com maquiagem.

A filha do capeta abriu a porta se sentindo incomodada com a marca exposta, mas lá tinha ido seu cordão e sem comentar nada se virou para o entregador, que arregalou levemente os olhos arrancando a gargalhada do Nico que ele não conseguia mais segurar.

A menina esticou a mão para pegar a pizza, mas Nico bateu na mão dela, impedindo, assustando a irmã, que o encarou indignada.

— Deixa comigo, não tem dinheiro para pagar mesmo, vai pra cozinha. – Di Ângelo falou pegando a carteira e vendo Bianca bater o pé irritada indo até aonde os outros estavam.

O menino sorriu travesso ao pegar a pizza, colocando sua ideia em ação, assim que fechou a porta. O guardião do inferno conteve o sorriso e caminhou sem pressa e com naturalidade até a mesa, pondo a pizza de frente pra Thalia.

— Podemos comer? – Bianca questionou tendo novamente a mão de Leo em sua perna.

— O menina esfomeada, calma. – Nico resmungou se sentando e olhando em expectativa para a Grace.

A morena de olhos elétricos abriu a pizza, ficando boquiaberta com o que viu. Um anel simples estava posto no meio da pizza com delicadeza e de modo estratégico para que não ficasse completamente sujo e engordurado.

— Eu estava pensando que está na hora de oficializarmos nosso namoro, o que acha? Aceita? – Nico questionou, fazendo Bianca quase morrer do coração, e segurar a mão de Leo, encravando a unha em sua pele em desespero.

— Claro que sim, melhor pedido de todos, com pizza. – Ela disse pasma e sorrindo abertamente beijando seu namorado.

Leo tentava disfarçar a dor ao sentir as garras enormes da garota encravadas no seu braço, mas ao olhar de canto de olho viu seu sangue dourado pingar na bota da garota e ele arregalou os olhos tentando soltar sua mão, sem sucesso.

O casal começou a se pegar, dando a deixa para o anjo começar a tentar soltar sua mão freneticamente da garota, antes que tivesse sangue dourado por todo o lugar daquela casa, quando finalmente puxou a mão para cima viu a filha do capeta arregalar seus olhos negros e segurar a mão dele de novo quase tendo um ataque ali mesmo.

Thalia olhou de canto de olho para o melhor amigo, ao separar o beijo, vendo ele indicar discretamente para a de olhos elétricos sair com o oficial namorado.

— Nico, vamos pra sala. – Ordenou se levantando.

— Mas não vamos comer a pizza? – O guardião do inferno questionou vendo-a por o anel no dedo.

— Vamos, mas depois. – Disse sorrindo, enquanto Leo ficava cada vez mais desesperado pensando que teria uma hemorragia ali mesmo.

— A comida vai ficar fria. – Nico disse indignado, olhando as três pizzas enfileiradas em cima da mesa doido para devora-las.

— Eu quero aproveitar nossos primeiros segundos como namorados comendo coisas que não são pizza, agora vamos. – Proferiu por fim puxando Nico da mesa, que levantou dessa vez surpreso com a fala, mas caminhando com ela até a sala.

— Ele acabou de pedir um anjo em namoro. – Bianca disse em desespero em uma falha tentativa de cochichar.

— Ué, mas eu sou um anjo. – Leo a lembrou e ela simplesmente respondeu de imediato, em desespero ainda.

— Mas a gente não namora. – Disse simplesmente, olhando na direção que o irmão tinha ido pensando em contar pra ele ali na lata.

— Você quer? – Leo perguntou chamando a atenção da morena por completo que simplesmente travou, piscando algumas vezes confusa.

— QUE? – Os olhos negros se arregalaram, não contendo o volume que sua voz saiu, acabando por gritar a resposta, arrancando um sorriso do Valdez.

— Você quer namorar comigo? – Ele perguntou, na primeira tinha sido por curiosidade, mas agora ele realmente pensava em fazer isso.

A morena entreabriu os lábios pasma com o pedido, tentando se recuperar do choque, abrindo e fechando os lábios, piscando algumas vezes para ver se aquilo era realmente sério.

Todas as almas que se empilhavam dando atenção a pegação de Thalia e Nico no sofá se viraram de imediato, boquiabertas, arregalando os olhos para o casal, repetindo a expressão da princesa do inferno.

— É O QUE? – Ela afinou a voz incrédula gritando novamente.

Leo por sua vez não aguentou mais, começando a gargalhar até perder o ar, vendo a menina relaxar de automático.

— FILHO DA PUTA, TU QUASE ME MATA, EU TENHO APENAS DUZENTOS E VINTE UM ANOS, TO MUITO NOVA PRA MORRER. – Bianca gritou batendo no anjo que não conseguia parar de rir para se defender da menina.

As almas fizeram um coro de suspiros aliviados, dando destaque a um exaltado se manifestando.

PORRA E EU ACHANDO QUE MEU SHIPPER IRIA VIRAR REALIDADE! — A alma revoltada gritou batendo na sua própria perna com força.

Osvaldo! – As almas gritaram em uníssono repreendendo a alma que shippava Lianca, fazendo-a fazer um biquinho triste.

— Ownt, que bonitinha, quer namorar comigo. – Leo se recuperou abraçando a garota e imobilizando seus braços com o aperto a fazendo parar de o bater.

— MINHA RESPOSTA FOI “QUE” – Ela gritou assustando o anjo e o deixando surdo de brinde.

— E se fosse um pedido de verdade, qual seria sua resposta? – O anjo questionou olhando no fundo dos olhos da menina, que por estar em seus braços sentiu ela enrijecer.

— Vai se fuder! – Ela respondeu olhando uma alma alheia que tentava miseravelmente roubar um pedaço da pizza a mesa.

— Me beija. – Leo pediu sorrindo com a resposta.

— Não. – A menina fez um biquinho emburrada.

Valdez revirou os olhos, selando seus lábios com o da garota, pedindo passagem com a língua, que ela não hesitou em responder. O menino afrouxou o aperto, descendo a mão para a cintura dela e outra para a sua coxa, enquanto a princesa ia até o cabelo dele o puxando com força, envolvendo-o mais ao beijo.

É REAL! – Osvaldo gritou correndo entre aos outras almas balançando os braços acima da cabeça que nem um louco.

Bianca ignorou o grito, descendo uma de suas mãos pelo abdômen do anjo, indo até o cós de sua calça, infiltrando alguns dedos ali para dar início a algo mais quente. Porém, foi cortada brutalmente; Leo segurou sua mão a puxando com certa brutalidade dali a afastando e cortando o beijo na hora.

— Aqui não, Di Ângelo. – O homem disse sério, a encarando fixamente.

A filha do capeta suspirou, ficando excitada com o tom de voz do garoto, mas se contendo.

— Vamos limpar isso aqui? – Questionou olhando o sangue dourado por toda a parte.

Leo a soltou, se levantando, vendo a morena imitar seu ato em seguida. A garota começou a caminhar em direção a pia para lavar suas mãos, porém quando foi passar pelo anjo, foi puxada pelo quadril o que fez com que a lateral do corpo da menina batesse com brutalidade com o corpo dele, que se aproximou do ouvido dela, falando com a voz levemente rouca e de forma séria.

— Eu cuido de você mais tarde. – Leo disse mordendo o nódulo da orelha da menina, sentindo ela se arrepiar contra seu corpo e a ver fechando os olhos por alguns segundos, tentando se manter no controle. 

Leo a soltou, deixando que ela prosseguisse seu caminho, estando um pouco desnorteada pelo desejo de arrancar qualquer peça de roupa que impedisse que o anjo fizesse o que tinha – e ambos queriam – com ela.

Começou a esfregar as mãos, deixando que a água batesse na sua pele, sendo bruta com o tal ato. A Di Ângelo era o exemplo perfeito de pessoa nada delicada, sentiu o homem se aproximar e encostar o quadril na bancada da pia, levando a mão até a da princesa começando a ajudá-la a se livrar do líquido dourado sem que ela esfolasse a mão para o fazer.

— Como você consegue ser tão delicado e tão...? – Ela começou, mas o anjo não a deixou terminar.

— É meu trabalho, só o usei de uma de forma que te agradasse, o que se quiser não ter essas marcas vamos ter que dar uma controlada na frequência em que vai acontecer. – Admitiu tocando na marca da corrente que ele tinha posto no pescoço dela, agora exposta.

Revirou os olhos, vendo que o sangue tinha sido limpo por completo e se analisando para ver se haviam mais vestígios, vendo a mancha razoavelmente grande em sua bota.

— E sua aura também me afeta. – Leo admitiu, ele sabia que o poder da garota não era culpa de suas vontades, mas as incentivavam ele a sacia-las.

Uma risada fraca saiu dos lábios da garota que com a mão molhada tentava limpar a bota que usava. Leo a pegou pela cintura com agilidade, pondo-a sentada na bancada da pia e se infiltrando entre as pernas dela, ele mesmo começando a limpar a bota da garota, enquanto era observado.

— Mas eu ainda sou o que sou e não sou agressivo. – Leo disse a verdade, ele era um anjo, sabia que as vezes a força bruta precisava ser usada, afinal ele era treinado para isso, passava anos de sua infância treinando lutas e mais lutas para caso fosse necessário ele a pudesse usar, mas também era ensinado que violência apenas como última solução.

— BIANCA! – Um grito familiar assustou a morena, vendo Hazel surgir no corredor, logo desviando o olhar para o casal na pia.

O anjo arregalou levemente os olhos ao ver mais uma da família infernal ali reunida, voltando ao normal logo em seguida, vendo Nico e Thalia aparecerem curiosos ali.

— Hazel, o que faz aqui? – O Di Ângelo foi o primeiro a se manifestar tendo reconhecido a voz da irmã mais nova de imediato.

— Bianca marcou comigo de me ajudar com o trabalho pro pai e esqueceu. – Mentiu, já que não tinha como ela explicar que Hades estava achando aquele lugar muito movimentado e mandou ela vir ver o qual a merda da vez que a mais velha fazia.

— Ela tem andado muito ocupada. – Nico zoou, vendo Leo ainda entre as pernas da menina sentada na pia.

A Di Ângelo revirou os olhos com a piadinha sem graça, pulando com agilidade e caindo em pé, mesmo de salto – graças a Leo que a apoio- e olhando para a irmã, pronta para dispensa-la, quando a mais nova falou primeiro.

— Tá toda coberta porquê? Tu ama exibir uma pele. – Hazel disse pasma notando que a garota tinha tudo milimetricamente coberto, só depois vendo que o que a distância pensou que fosse um cordão transparente era uma marca roxa em seu pescoço.

— Ela gosta de apanhar. – O único filho homem do capeta brincou fazendo a mais nova arregalar seus olhinhos, começando a rir logo depois.

— Podemos agora, depois de dois milênios, comer a pizza? – A torturadora questionou mesmo já tendo perdido a vontade de comer com o pedido de namoro do irmão para a anjinha de olhos elétricos.

Por fim, depois de zoarem mais a que tinha marcas espalhadas pelo corpo inteiro, sentaram todos os irmãos Di Ângelo a mesa e mais seus pares românticos para comer deixando a pequena Hazel de vela, que não se importava muito com isso.

Nico riu e com muita agilidade e jogo de cintura conseguiu subir com sua namorada para o quarto com finalidade de terminar o que começaram mais cedo no sofá. A mais fofa da família, talvez a única fofa, se ofereceu para lavar a louça, o que não foi recusado de maneira alguma por ninguém naquela casa, que se resumia em um bando de preguiçosos.

Leo se sentou em uma poltrona, fazendo a filha do capeta sentar em seu colo relaxada, deixando a cabeça tombada em seu ombro, sentindo um leve sono após a refeição o que ela achava ainda ser efeito do sexo sadomasoquista de mais cedo.

— Leo...- A morena o chamou piscando algumas vezes para não cair no sono e com uma voz começando a pender para um lado que ele não conhecia dela, um lado manhoso e até mesmo fofo.

— O que foi? – Questionou calmo, subindo e descendo a mão pelas costas da garota, acariciando a área a fazendo descobrir que aquele era um ótimo sonífero.

— Porque o céu precisa de torturadores? – Ela questionou se lembrando da frase que ele tinha dito mais cedo com ela, na hora a curiosidade tinha batido, mas ela tinha coisas mais importantes para fazer.

— Anjos caídos não vão para o inferno, seu pai foi por ser o favorito, mas a maioria fica preso na prisão do céu e eu garanto que eles recebam seu castigo. – O menino disse sorrindo leve, vendo ela quase dormir, mas se assustar com o cochilo repentino.

— Acho que devemos maneirar na quantidade de itens do céu, é bem cansativo. – Admitiu que ela ainda estava cansada por conta da manhã. – Eu tenho alguns brinquedos legais...- E novamente a menina cochilou, fazendo o Valdez rir.

— E você ainda queria repetir a dose mais tarde. – Brincou vendo a menina despertar do nada e piscar algumas vezes rápido, recuperando a disposição.

— E quem disse que eu to cansada? – Ela perguntou como se tivesse pronta para correr uma maratona agora mesmo.

O anjo gargalhou revirando os olhos para a atitude dela.

— Você é muito safada, Di Ângelo.

Ela riu e puxou o anjo para um beijo que foi retribuído na hora, arrancando um sorriso de ambos. 


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Notas finais do capítulo

- O que acharam? Sobreviveram ao inferno?
— Deixem seu comentário contando sua experiência de vida ou de morte.
Beijos e até!


O inferno está mais próximo do que você imagina.



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