In your dreams escrita por JM


Capítulo 21
XXI - Strong


Notas iniciais do capítulo

Oiii oii pessoas!
Aqui está mais um capitulo para vocês, e sobre ele só tenho uma coisa a dizer: preparem os lencinhos e os corações, prometo fortes emoções.

Antes de chegar ao capitulo, no entanto, quero agradecer imensamente a Cath Locksley Mills, a ThammyMills e a Edilene Queen pelos comentarios no capitulo anterior, é por causa do carinho de vocês que to tão animada em continuar essa história!

Boa leitura a todos!



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“Levantei-me devagar, sentindo meu corpo pesado e minha cabeça girando. Tentei andar, mas cada passo parecia exigir um esforço tremendo, como se minhas pernas simplesmente não conseguissem mais sustentar o peso de meu corpo.

Meus olhos giraram ao redor do aposentos no qual me encontrava, tentando buscar alguma referencia, alguma coisa que me ajudasse a entender onde eu estava, o que estava acontecendo, mas não consegui encontrar nada que me fosse vagamente familiar.

Estava muito escuro e frio, e eu senti os pelos de meu braço se arrepiarem com a corrente de ar que deslizava feito um fantasma translucido pelo aposento. Consegui dar alguns passos hesitantes, mas o esforço foi muito grande e uma tontura me atingiu, fazendo com que meu corpo desabasse no chão novamente. O que estava acontecendo comigo?

Esforcei-me para me levantar do chão frio e continuar em frente. Talvez se continuasse a andar eu conseguisse encontrar alguma coisa que me ajudasse a entender o que estava acontecendo, e principalmente, onde eu estava.

Vagarosamente e sentindo que cada passo roubava de mim o pouco de energia que me restava, continuei em frente, até que algo bloqueou meu caminho. Grades. Estiquei a mão e toquei o metal frio, sentindo a solidez das barras de ferro. Então era isso que tinha acontecido. Eu estava presa.

Antes que minha mente lenta e entorpecida pudesse sequer se perguntar o porque de aquilo estar acontecendo, um holofote se acendeu, surgindo ofuscante como uma bola de luz diante de meus olhos que se estreitaram, incomodados com a súbita mudança no ambiente.

Quando consegui me acostumar o suficiente com a luz cegante para voltar a abrir os olhos, percebi que tinha chegado à conclusão correta. Eu realmente estava presa. Diferentemente do que se poderia presumir, no entanto, eu não estava em uma cela de prisão comum.

Tratava-se de um aposento completamente branco e todo acolchoado, como se seu projetista quisesse evitar que a pessoa que fosse mantida ali se machucasse ou se ferisse de alguma forma. A despeito do que poderia se pensar, aquela alvura toda só fez com que eu me sentisse pior. Eu tipo de prisão maluca era aquela?

E então eu vi, bem no canto do quarto, tão pequenas que poderiam facilmente passar despercebidas. Câmeras. Uma em cada extremidade do quadrado que formava o aposento. Aquela descoberta foi o suficiente para que eu conseguisse entender exatamente o que estava acontecendo, mesmo que não conseguisse descobrir como fora parar ali. Eu estava presa sim, mas não em uma penitenciária. Eu estava em um manicômio.

Tão logo esta descoberta chegou a minha mente, o desespero tomou conta de meu coração. O que estava fazendo ali? E porque estava sozinha? Onde estava Robin? Robin. Pensar nele fez com que meu coração se apertasse de preocupação e saudade, um pressentimento ruim subindo da boca de meu estomago e formando um nó em minha garganta.

Segurei com as duas mãos nas barras de ferro, que para meu horror eram tão brancas quanto o restante daquele quarto. O medo tomava conta de meu corpo, sobrepondo os demais sintomas que eu vinha sentindo até aquele momento. Nada mais parecia me importar. Apenas a sua imagem rodava em minha mente confusa. Meus amados oceanos azuis. Onde ele estava afinal?

— ROBIN!!!! ROBIN, CADÊ VOCÊ?? – gritei, em franco desespero. Precisava saber onde ele estava. Precisava ter certeza de que estava bem.

Em meio aos meus gritos por ele, flashs vieram a minha memória. Fragmentos de lembranças, desconexos e embaralhados. Primeiro uma rua sem nome, onde os meus passos se perdiam junto aos dele em um clima de felicidade e desconcentração. Depois, uma ambulância, que girava suas sirenes vermelhas em minha direção, parecendo chegar cada vez mais e mais perto, como quisesse simplesmente passar por cima de mim....e então eu estava no chão, diante de um corpo. Uma mulher, trajando um vestido roxo e uma tiara. Alguém está falando comigo, mas não consigo responder. A voz parece vir de muito, muito longe...

Quando pisco o ambiente se transformou. Não estou mais trancafiada no quarto branco, e não há ninguém falando comigo. Como aconteceu da ultima vez, está tudo muito escuro, e eu tenho dificuldade de enxergar o caminho que estou percorrendo.

Desta vez porém, demoro para encontrar resistência a minha passagem, e a medida que meus olhos se acostumam ao manto negro que cobre o lugar percebo que estou percorrendo um cumprido corredor.

— Regina? Regina...é você? – escuto Robin me chamar, mas sua voz está muito baixa, muito fraca. É nítido que algo está errado, e instantaneamente sinto a preocupação se inflar no meu coração. O que está havendo? Será que Robin está bem?

A última pergunta é a minha prioridade no momento. Preciso saber como ele está, ter certeza de que nada de grave lhe aconteceu, apesar de a voz fraca de Robin me dizer que ele estar bem era no mínimo improvável.

Meus olhos percorrem toda extensão do aposento tentando achar algum sinal da pessoa que mais me importa no mundo, mas não consigo encontrar nada. Está escuro demais para que eu consiga encontra-lo.

Sentindo o aperto em meu peito aumentar, começo a chamar por ele, na esperança de que sua voz possa me servir de guia. – Robin!!! Robin!! Onde você está??- minha voz ecoa pelo corredor, voltando para os meus ouvidos desesperada e chorosa.

— Estou aqui. Atrás de você. – a voz dele está mais baixa e fraca do que antes, cada palavra lhe custasse um grande esforço para ser dita. Viro meu corpo e sigo devagar na direção de onde vem sua voz, repentinamente com medo do que posso encontrar.

Conforme meus passos me levam para mais perto, consigo ouvir sua respiração ofegante, consigo sentir sua luta para continuar presente, e isso me desespera ainda mais. Completo a distancia que nos separa completando os últimos metros quase correndo.

Quando estou quase chegando, uma luz se acende do alto, nem de longe tão forte quanto a anterior, mas o suficiente para que eu possa vê-lo. Estava caído no chão, sua cabeça apoiada em grades de ferro.

Sua aparência era péssima. Estava tão branco quanto uma folha de papel, pálido, parecia que lutava com todas as forças para se manter consciente. Um de seus olhos estava roxo e inchado, e do lado direito de seu rosto havia um grande machucado, um corte feio do qual o sangue rubro ainda escorria.

Ao vê-lo ali tão fraco e separado de mim por uma grade, meu coração despenca e eu desabo no chão seu lado, sentindo as lágrimas queimarem meu rosto. Sinto uma dor insuportável, um desespero que me deixa sem ar. Simplesmente não consigo reagir, não consigo me obrigar a erguer meu braço e tocar seu rosto, embora esse seja o desejo mais ardente e fervoroso que tenho no momento.

— Rob...amor, o que você tem? O que fizeram com você? – começo a falar, minhas palavras saindo atropeladas pelos soluços que tomaram conta de mim.

Simplesmente não sei o que fazer em seguida, não sei como agir. Tudo que eu quero é me levantar e tira-lo dali. Quero abraça-lo, dizer a ele que vai ficar tudo bem, que estou ali e que vou cuidar dele, mas algo me impede. Não consigo me forçar a levantar, sinto-me completamente fraca, incapaz.

— Sshhh....ei morena, não se preocupe. Eu vou ficar bem. – ele responde, sua voz ficando cada vez mais fraca. Por mais que seu objetivo fosse me confortar e me acalmar, elas acabam por ter o efeito contrario, me deixando ainda mais nervosa e desesperada.

Eu sei que mais uma vez, Robin está tentando me proteger, me poupar, mas por mais que eu queira acreditar em suas palavras, sei que se tratam de promessas falsas. Tenho plena consciência de que elas só servem para me fazer sentir melhor, e essa certeza parece despertar algo dentro de mim. Tenho que fazer alguma coisa, tenho que tentar ajuda-lo de alguma forma. Não posso ficar ali, largada no chão enquanto assisto a vida deixar o corpo daquele que tomou meu coração para si.

Levanto-me do chão e sigo em direção as grades, tentando força-las para que se abram. Estranhamente, elas não estão trancadas, mas parecem emperradas, e por mais que tente, não consigo força-las o suficiente para que permitam minha passagem.

— Eu desistiria de tentar se fosse você. Do jeito que é fraca, nunca vai conseguir abrir essa cela a tempo. E vai estar tão ocupada tentando que nem o verá dar seu ultimo suspiro. Pessoalmente, acho isso muito divertido. É até pouco perto do que vocês dois fizeram comigo, não acha, queridinha?

Aquela voz. Arrastada e amarga. Mesmo sem me virar eu sabia exatamente de quem se tratava. Marian.  Por um momento, sinto a raiva subir por meu corpo, uma raiva que rapidamente ascende de nível, se transformando em pura revolta. A vontade que tenho é de pular no pescoço de Marian e estrangula-la, faze-la pagar por tudo que nos havia feito passar, por todo o estrago que causara na vida de Robin.

Ao invés disso, no entanto, permaneço onde estou, concentrando-me no que realmente importa. Robin. Tenho que fazer com que aquela maldita cela se abra. E é nesse objetivo que foco minha mente, tentando ao máximo ignorar as palavras de Marian que ecoavam em minha mente, tentando simplesmente fingir que ela não estava ali.

Forço meu corpo contra as grades de ferro, o desespero pelo estado de Robin me servindo de estimulo para continuar tentando, mesmo que a porta estivesse decidida a não ceder nem um milímetro.

Finalmente, depois do que me parece ser um pequeno infinito recheado de angustias, consigo fazer com que a porta ceda a minha passagem, e entro no aposento, correndo para o local onde Robin permanece caído.

Ele parece ainda mais fraco e sem cor do que há alguns minutos atrás. Seu peito mal se mexe quando respira, e seus encantadores olhos azuis agora estão fechados para o mundo.

— Robin, fala comigo! Robin! Meu amor, por favor, você tem que me ouvir! – minhas palavras saem alarmadas, e o choro volta a me consumir, o vazio da perda começando a se inflar para dentro de meu coração.

Por que tem que ser assim? Porque tudo tem que ser tão difícil? Por que simplesmente não podemos viver juntos e em paz? Por que o destino insiste em nos pregar peças tão cruéis? Estas perguntas turvam minha mente enquanto meu coração acelera, gritando de dor.

Robin chama por mim, bem baixinho no inicio, mas aos poucos sua voz começa a ganhar força, ficando mais alta a cada vez que ele pronuncia meu nome. Sinto que estou sendo puxada para fora, para longe dele, e luto com todas as minhas forças para permanecer ali, mas todo o meu esforço parece ser inútil, e aos poucos me sinto cada vez mais e mais distante......”

— NÃAO! – Regina se sentou na cama de repente, seu coração martelando e a respiração acelerada. Lágrimas rolavam por seu rosto, as imagens do sonho que tivera piscando feito flashs em sua mente.

Fora um sonho horrível, um pesadelo desesperador, e por mais que quisesse, ela simplesmente não conseguia se acalmar. Sonhara que Robin estava morrendo, que a vida dele se esvaia diante de seus olhos e ela permanecia ali, sem reação, sem saber o que fazer enquanto via a luz deixar os olhos do amor de sua vida.

— Regina?? Morena, está tudo bem? Você estava muito agitada enquanto dormia, parecia estar tendo um pesadelo...- a voz de Robin chegou aos ouvidos da morena, que sentiu um imenso alivio invadir seu coração.

Sim, ela estivera imersa em um pesadelo, um pesadelo horrível e muito real, mas que fora apenas isso, um sonho ruim. Seu amado Robin estava ali com ela, e estava bem. Com esse pensamento em sua mente, a morena virou a cabeça na direção da voz do loiro, encontrando seus amados oceanos azuis transbordando preocupação.

Sem responder, ou sequer pensar no que estava fazendo, movida apenas pela necessidade excruciante de abraça-lo, de senti-lo perto dela, Regina girou o corpo e se lançou contra Robin, abraçando-o com força.

O choro convulsivo ainda sacudia o corpo da morena, que simplesmente não conseguia se acalmar. Mesmo sabendo que tudo não passara de um sonho ruim, muito provavelmente fruto de todas as emoções fortes pelas quais ela e Robin haviam passado nos últimos dias, Regina não conseguia se forçar a ficar mais calma. O medo que a tomara quando havia despertado ainda estava presente em seu coração. Um medo irracional sim, mas que de certa forma refletia todo o stress e o medo de se perderem um do outro que os dois haviam passado nos últimos dias.

Robin, por sua vez, não estava em uma situação muito melhor do que Regina. Mesmo que não tivesse acabado de acordar de um terrível pesadelo e não chorasse descontroladamente, a verdade era que o coração do loiro era pura aflição. Não somente pelo estado no qual sua linda morena se encontrava naquele momento, mas pelo que eles haviam passado algumas horas antes, ainda naquele dia.

Por mais que tivessem tentado, o loiro não conseguira dormir nem um instante sequer durante toda aquela noite. Toda vez que fechava os olhos, a imagem de Marian estirada no asfalto invadia sua mente. E depois...depois essa imagem era substituída pela figura de Regina sendo condenada pela morte de Marian, condenada por algo que ele fizera....

Esse era um pensamento irreal, ele tinha plena consciência disso, afinal, após a entrevista com o delegado os dois haviam sido liberados até o fim das investigações....mas ainda assim, o medo pelo que o futuro reservava para ela era mais forte do que qualquer alivio momentâneo. Se algo acontecesse a ela, ela jamais iria se perdoar.

Naquele momento, entretanto, ele tinha um assunto mais urgente do que suas próprias preocupações para resolver. Regina ainda estava ajoelhada na cama e abraçada a ele, chorando desconsoladamente. Por mais que tentasse, ainda não conseguira acalma-la o suficiente para entender o que estava acontecendo, e vê-la naquela situação apagava qualquer outra preocupação de sua mente. Odiava ver sua morena chorar, ainda mais de uma forma tão sentida e dolorida como aquela, e tudo que queria era fazer alguma coisa para que ela se sentisse melhor.

Com esse objetivo em sua mente, o loiro passou os braços em volta da cintura da morena e a puxou para si, fazendo com que ela acabasse sentada em seu colo, os braços ainda enlaçando seu pescoço.

— Ei morena....ssshhh calma, o que está acontecendo? Por que você está tão nervosa?? Meu amor, fica calma, por favor. Está tudo bem, eu to aqui com você. Sshhh....- falou, com a voz mais calma que conseguiu, embora sentisse seu coração afundar ao ver Regina em tamanho estado de aflição.

Aos poucos, bem devagar, ele sentiu que os soluços dela estavam diminuindo, que ela estava se acalmando. Ainda assim, continuou exatamente onde estava, fazendo carinho nos cabelos de Regina enquanto esperava que a respiração dela se normalizasse novamente.

Quando já estava um pouco mais calma, a morena se soltou do abraço e pousou a cabeça no peito do loiro, algumas lágrimas solitárias, resquícios de seu pranto anterior, ainda rolando por suas faces.

Sentindo que ela parecia estar pronta para falar no que tinha acontecido, Robin colocou uma de suas mãos delicadamente no rosto dela, erguendo seu rosto e a fazendo olha-lo nos olhos. Quando encarou aquela tempestade castanha que tanto amava, o que encontrou ali o fez se arrepiar momentaneamente. Os olhos de Regina estavam preenchidos pelo brilho do medo.

— Ei morena, o que aconteceu? Com o que você estava sonhando para acordar tão assustada desse jeito? O que foi amor, conta pra mim. – falou o loiro, com uma voz doce que aqueceu o coração da morena e a fez abrir um leve sorriso.

— Eu tive um...um pesadelo horrível. Não gosto nem de lembrar. – respondeu ela, soltando o ar com suas palavras. – Primeiro eu sonhei que estava presa, presa em um quarto todo branco, um lugar horrível. Mas depois, o sonho ficou pior, muito pior...- a morena parou de falar, sentindo que não teria forças para contar a Robin sobre o que havia visto em seu sonho.

— O que aconteceu depois? – perguntou o loiro, sabendo perfeitamente bem que a morena precisava colocar tudo para fora, tudo que acontecera em seu sonho, para que assim pudesse verdadeiramente se sentir melhor.

— O sonho mudo de repente, e eu estava em um corredor cumprido e escuro. Eu chamei por você, e sua voz chegou muito fraca....quando finalmente consegui te encontrar você....você...estava morrendo Robin. Eu tentei ajuda-lo, mas não consegui fazer nada...eu...não ia suportar que isso acontecesse. Não suportaria me perder de você. Simplesmente não consigo nem pensar nisso, e foi por esse motivo que eu acordei tão desesperada, porque pensei que tivesse te perdido. – soltou Regina, quase cuspindo as palavras que pareciam a estar sufocando.

Quando aquelas palavras finalmente deixaram a garganta da morena, ela sentiu como se um imenso peso tivesse sido retirado de seus ombros, e as lágrimas voltaram a emergir por seus olhos, desta vez menos intensas do que as anteriores, mas não menos sofridas.

Ao se dar conta de como aquele sonho havia perturbado Regina, e de como ele era um reflexo do medo que ambos haviam experimentado nos últimos dias, nas ultimas horas, Robin apertou ainda mais seus braços ao redor do corpo da morena, tentando com este gesto transmitir-lhe carinho e segurança, garantir a ela que eles iriam ficar bem, embora nem ele mesmo tivesse tanta certeza disso.

— Regina olha pra mim. – pediu, reunindo toda a calma que encontrou dentro de si para falar com ela e tentar tranquiliza-la. – Esqueça esse sonho está bem? Foi só um sonho sem importância, um reflexo de tudo que a gente passou...não precisa ficar desse jeito, está bem? Não vai acontecer nada comigo, e eu não vou a lugar nenhum. Vou ficar exatamente onde estou, bem pertinho de você, está bem assim? – continuou a falar, desesperado para que suas palavras surtissem o efeito que desejava, que fizessem com que sua amada se sentisse melhor.

— Você promete? – a fala de Regina não passava de um fio de voz, enquanto ela permanecia aninhada ao peito de Robin, buscando segurança e conforto.

— É claro que prometo. Já sei, por que não vamos até a sacada? Um pouco de ar pode te fazer bem...o que acha? – questionou o loiro, buscando uma forma de dissipar os últimos temores da morena, de distrai-la do sonho que tanto a perturbara.

— Acho que pode ser uma boa ideia. – com estas palavras da morena, eles se levantaram da cama e rumaram em direção à sacada que havia em seu quarto de hotel. Ainda estava escuro lá fora, e algumas estrelas solitárias piscavam no céu.

Sentaram-se em uma espécie de poltrona ovalada que havia ali, aninhando-se um ao outro. Por um tempo nada disseram, era como se temessem que palavras estragassem o momento de calmaria que estavam vivendo depois da tempestade de alguns minutos atrás.

A morena foi a primeira a quebrar o silencio, parecendo preocupada com uma questão que só parecia ter vindo a sua mente naquele momento: - Você não conseguiu dormir nada não é?

— Não, não consegui. Toda vez que tentei, a imagem de Maria estirada no chão voltava a minha mente, foi um verdadeiro tormento. E depois...- Robin se interrompeu, sem saber se aquele era o momento certo para falar sobre suas preocupações quanto ao futuro dos dois.

— Depois o que? – questionou a morena, embora suspeitasse já saber a resposta para aquela pergunta. Robin estava preocupado com o que poderia acontecer a ela, estava preocupado que ela acabasse presa por ter assumido empurrar Marian para o asfalto.

Ela não podia mentir para si mesma. É claro que ela também estava preocupada com o que podia acontecer, mas por outro lado, sabia que havia tomado à decisão certa. A tese de que agira em legitima defesa era forte e consistente, afinal tinha todo o comportamento anterior de Marian para corroborar sua história. Além disso, o fato de ter conseguido manter Robin o menos envolvido naquela confusão já era, por si só, uma vitória.

— Bom, estou preocupado milady. Sabe que essa história de você assumir a culpa pelo tombo de Marian não me agrada, e eu estou preocupado com o que pode acontecer a você. Aquele interrogatório foi muito duro, e eu tenho medo que as coisas piorem. E se você for presa? Eu nunca poderei permitir que isso aconteça morena...- falou o loiro, finalmente colocando em palavras o temor que vinha rondando sua mente desde os fatídicos acontecimentos daquela manhã.

Antes que fosse capaz de dar uma resposta a as palavras de Robin, a mente de Regina vagou para os acontecimentos daquela tarde quente e abafada, na qual ela passara algumas horas sentada em uma cadeira dura de delegacia, respondendo a uma interminável fila de perguntas.

Flashback on

— Senhora Mills? O delegado irá ouvi-la agora, Me acompanhe, por favor.- A estas palavras do oficial, Regina se levantou do local onde estava e caminhou para fora da sala, imaginando o que a aguardava.

Não se preocupe meu amor, vai dar tudo certo.— a voz de Robin invadiu a mente da morena. Mesmo que as palavras dele fossem de conforto e confiança, ela pode sentir o nervosismo e a reocupação que o loiro sentia, quase tão grandes quanto a dela própria.

Eu sei que sim.— foi a resposta dela, que fez o possível para manter a voz firme e confiante, embora sentisse seu coração acelerado e as mãos tremendo. A verdade era que também estava com medo. Com medo de que tudo desse errado e ela acabasse separada de Robin novamente, jogada em uma cela de uma cadeia qualquer.

Seus temores, entretanto, não eram maiores do que a certeza de que estava fazendo a coisa certa ao se colocar na frente de Robin naquela situação. Queria protege-lo, e era exatamente isso que iria fazer. Afastar qualquer suspeita que pudesse por ventura cair sobre ele.

Não demorou para que chegassem a sala do delegado, que a recebeu com um olhar frio e uma expressão dura, que passava muito bem o recado de que ele não se deixaria enganar com facilidade.

Sem se deixar intimidar pela recepção hostil que recebera, a morena se sentou na cadeira em frente a aquele que seria seu ouvinte, e esperou pacientemente que ele fosse o primeiro a falar. O delegado, por sua vez, passou algum tempo remexendo em um punhado de papeis que estavam sobre a sua mesa, até que finalmente encontrou o que procurava.

— A senhora é Regina Mills? – perguntou, em um tom de voz tão cortante e duro quanto sua expressão.

— Sim. – Regina respondeu simplesmente, procurando manter a voz firme e sem mostrar sinais de intimidação com a postura endurecida assumida por seu interlocutor.

— A senhora residia no Kansas até recentemente, correto? – o delegado voltou a questionar, sua voz soando cada vez mais fria aos ouvidos da morena.

— Correto. – foi à resposta dela, em um tom quase tão cortante quanto o que o delegado estava usando.

— O que a fez vir para Nova York, senhora Mills?- aquela pergunta pegou a morena de surpresa. Estava esperando que o delegado começasse logo a lhe perguntar sobre o caso, mas ao invés disso ele estava inquirindo-a sobre os motivos de sua mudança, o que era no mínimo estranho.

Antes que ela respondesse, a voz de Robin voltou a soar em sua mente, lhe passando suas próprias respostas na esperança de que pudesse ajuda-la. – Ele me fez essa mesma pergunta. Só que me perguntou por que eu tinha viajado ao Kansas. Disse a ele que tinha ido encontra-la....

— Terminei meu casamento recentemente, e precisava de uma mudança de ares. Como Robin já vivera aqui antes, achamos que passar uns dias aqui fosse uma boa ideia, até que decidíssemos o que iriamos fazer. – respondeu a morena, fazendo o máximo para dar o mínimo de detalhes possível.

— E qual exatamente é a natureza da sua relação com o senhor Locksley? – o delegado voltou a perguntar, fazendo com que Regina se sentisse cada vez mais nervosa. O que aquele delegado estava querendo com aquelas perguntas afinal?

Ao pensar naquela pergunta, a morena se deu conta de que a verdade era que não tinha uma resposta para ela. É claro que ela amava Robin, amava muito, faria qualquer coisa por ele, mas os dois nunca chegaram a conversar sobre o que eram um para o outro, nunca haviam dado um rotulo para o relacionamento deles. Talvez porque tivessem passado por muita coisa em um curto espaço de tempo, nunca tinham tido chance de ter uma conversa como aquela.

Por outro lado, ela sabia que o que sentia pelo loiro era um sentimento forte e avassalador, tinha certeza que queria e faria de tudo para passar o resto da vida ao seu lado. E foi com esse pensamento girando em sua mente que ela respondeu a pergunta que o delegado havia lhe feito, intimamente desejando que Robin concordasse com suas palavras: - Ele é meu namorado.

Sou??— a voz de Robin voltou à mente de Regina, exasperada e alegre. Mesmo na situação complicada na qual os dois estavam, ele não podia deixar de ficar feliz em saber que era assim que sua linda morena o via.

Lutando para não rir diante da surpresa que encontrara na voz do loiro, Regina o respondeu enquanto ainda esperava que o delegado se pronunciasse sobre a resposta que havia dado. – É. Você não fez um pedido oficial como manda o figurino, mas acho que depois de tudo que passamos ele não é mais necessário, não acha?— respondeu a morena, tendo que lutar para não sorrir ao ouvir a risada contente e momentaneamente descontraída de Robin.

— Entendo...e a quanto tempo vocês estão juntos? – questionou o delegado, em um tom de voz de quem está apenas esperando que a outra pessoa cometa um deslize para então derruba-la ao chão.

— Pouco mais de uma semana, desde quando ele foi me buscar no Kansas. – ela respondeu ao delegado, sua voz deixando claro que ele não iria conseguir muitas informações sobre o relacionamento deles como estava planejando.

Parecendo perceber a resistência da depoente com relação a aquele assunto, o delegado pareceu mudar de tática. – A senhora conhecia a vitima?

— Não. A primeira vez que a vi foi esta manha, de frente para um Starbucks. Eu sabia que ela era a ex-mulher de Robin, mas nunca a havia visto ou conversado com ela. – ao dizer aquelas palavras, Regina sentiu seu estomago se contrair. Sabia que o que havia em suas palavras eram apenas meias verdades, afinal, ela já havia visto Marian algumas vezes, por meio da ligação que compartilhava com Robin, mas essa era uma informação da qual o delegado jamais poderia tomar conhecimento, ou a veria como uma louca perigosa.

— E o que aconteceu essa manhã, senhora Mills? – a voz do delegado era mais desconfiada do que nunca, como se ele pudesse ver ou sentir que a morena escondia alguma coisa.

Fazendo o máximo para não se deixar abalar pelas desconfianças de seu interrogador, Regina começou a contar sua história, torcendo para que suas palavras soassem suficientemente verdadeiras para acabar com aquela postura desconfiada do delegado.

— Bom, quando saímos do hotel onde estamos hospedados essa manhã, Robin queria tomar um café, então paramos em uma Starbucks. A loja estava muito cheia, então eu fiquei esperando do lado de fora, e foi quando ela apareceu, vinda sei lá de onde.

— E o que aconteceu quando vocês se encontraram? – o delegado interrompeu o relato de Regina, sua expressão facial deixando bem claro que desconfiava das palavras da morena.

— Ela discutiu comigo. Começou a gritar, estava histérica. Disse que eu havia destruído o casamento dela, que eu tinha roubado o marido dela...me xingou de coisas horríveis, até que eu perdia a paciência. Estava cansada de ela falar de Robin daquela forma tão ofensiva, então...- Regina parou de falar, incerta de que deveria contar ao delegado que dera um tapa em Marian. Sabia que, embora não tenha passado de uma explosão por conta de todas as ofensas que tinha ouvido, mas ainda assim, uma agressão anterior poderia pesar muito no julgamento de seu caso.

— E então? – questionou o delegado, parecendo pela primeira vez verdadeiramente interessado no relato que estava ouvindo.

— Eu me descontrolei. Simplesmente não suportava mais ouvi-la falar de Robin daquela forma tão debochada, tão fria. Então eu...eu...acabei dando um tapa na cara dela. Tudo que eu queria era que ela parasse de falar, e quando dei por mim, a marca da minha mão já brilhava no rosto dela. – respondeu a morena, sentindo o olhar pesado do delegado sobre si.

— Então a senhora agrediu a vitima, pouco tempo antes de ela ser atropelada e perder a vida? É isso que está me dizendo? – voltou a questionar o agente publico, sua voz enfim perdendo um pouco da descrença anterior.

— Sim. É exatamente isso que estou dizendo. Eu não tive a intenção, foi uma explosão de raiva...mas sim, eu agredi Marian. – respondeu à morena, sentindo em seus ombros o peso de cada palavra que pronunciava.

— Depois, Robin saiu da cafeteria e nos encontrou discutindo. Marian continuou a nos ofender, ela simplesmente não se cansava. Acabamos saindo de perto dela, tentando nos afastar o mais rápido possível. Por um ou dois minutos, realmente acreditamos que tínhamos conseguido nos livrar dela, mas ai...ela bloqueou nosso caminho e veio pra cima de mim. Ela estava enfurecida, louca, seus olhos brilhando de tanta raiva....eu...- a aquela altura, a morena se lembrou do que realmente havia acontecido, as lágrimas inundando seus olhos ao rever o corpo de Marian caindo sobre o asfalto. Por mais que se trata-se de uma mulher horrível, não merecia ter morrido daquele jeito. E depois, Robin ficara tão perdido, tão sem ação...

Respirando fundo para tentar ao máximo controlar a emoção que sentia, para tentar colocar seus pensamentos em ordem, Regina voltou a falar, desta vez alterando os fatos, para que fosse ela, e não Robin, a empurrar Marian para o asfalto: - Eu só quis afasta-la de mim, tira-la de meu caminho. Ela estava furiosa, tive certeza de que se tivesse chance ela iria me matar...então eu agi por impulso, empurrei-a para longe e ela acabou...ela...caiu e...

A morena não teve chance de terminar sua fala, as lágrimas rolando livremente por suas faces avermelhadas. O delegado voltou a interrompê-la, sua voz soando mais dura do que antes. Parecia que agora, que realmente parecia considerar plausível a história da depoente, ele tivesse endurecido ainda mais sua postura, tratando-a como uma verdadeira criminosa.

— Então a senhora teria agido em legitima defesa? Apenas tentou se defender e a vitima se desequilibrou e acabou sendo atropelada? – perguntou, parecendo ainda não estar convencido sobre aquela teoria de legitima defesa...como se farejasse que havia algo que estava sendo escondido, e tentasse forçar a depoente a falar.

— Teria não, eu agi. – respondeu à morena, elevando um pouco mais a voz. Precisava que o delegado acreditasse em sua história, caso contrario estaria em apuros, ou pior que isso, o delegado poderia voltar à atenção para Robin e o loiro poderia se complicar, o que por sua vez era a ultima coisa que ela queria. – Só queria me defender, queria afasta-la de mim, não pensei que ela poderia cair e acabar sendo atropelada.

— E o senhor Locksley? Ele não fez nada para tentar te proteger, para tentar afastar a vitima? Ele é bem mais forte do que vocês duas, porque não agiu como um escudo? Por que não tentou parar Marian? Ou será que ele tentou e a senhora está querendo fazer com que eu acredite em outra versão dos fatos senhora Mills?

A aquelas palavras do delegado, Regina sentiu seu estomago afundar. O medo pelo que poderia acontecer dali em diante formando um nó em seu estomago. O delegado desconfiava de Robin, isso estava nítido em sua voz, em seu olhar...ela tinha que fazer alguma coisa, dizer alguma coisa que fosse suficiente para terminar com as desconfianças do delegado, para faze-lo verdadeiramente crer na versão que estava contando.

— Tudo aconteceu muito rápido. Rápido demais para que Robin pudesse ter qualquer reação. Quando ele se deu conta do que estava acontecendo, Marian já estava no chão, já tinha sido atropelada. – falou a morena, tentando mostrar em sua voz o nível de emoção necessária para transmitir verdade em suas palavras.

— Então, na sua versão dos fatos, o senhor Locksley não teve nenhuma participação no que aconteceu a vitima? – continuou o delegado, ainda parecendo desconfiar da história contada pela morena.

— Essa é a verdade. – falou Regina, desesperada para por fim a aquele interrogatório interminável e cansativo. Tudo que ela queria naquele momento era voltar para o hotel e dormir. Dormir até que aquela tempestade passasse por sua cabeça e trouxesse de volta os dias de calmaria e felicidade.

—---------

— Não se preocupe amor, não adianta ficarmos preocupados agora, temos que esperar para ver o que vai acontecer. Além do mais, não quero pensar mais nisso. Chega de preocupações está bem? Ao menos por esta noite...- respondeu a morena, levantando a cabeça do peito do loiro e encarando seus olhos azuis.

Robin não respondeu de imediato. Permaneceu um momento em silencio, apenas fitando os olhos castanhos de Regina. Sua expressão era extremamente preocupada, mas depois de se passarem um ou dois minutos sua expressão se desanuviou por um instante, e ele recebeu um tímido sorriso enquanto pronunciava sua resposta: - Quando será que vou conseguir dizer não para você hein morena?

— Espero que nunca. – foi a resposta dela, que também sorriu, levantando um pouco mais o rosto e encostando seus lábios na bochecha de Robin, bem pertinho da boca, sentindo a barba do loiro pinicar sua pele.

Aquele fora um dia estressante, cheio de emoções fortes, e a noite também não tinha sido das melhores, já que ela fora atormentada por pesadelos e Robin nem mesmo conseguira dormir, mas no fim das contas, eles estavam juntos, tinham sobrevivido, e era nisso que morena queria focar sua mente.

Robin, por sua vez, tinha quase que o mesmo pensamento de Regina. Embora aquele tivesse sido um dia cheio de atribulações e problemas, tudo que ele mais queria era fazer com que a morena se sentisse bem e segura. Queria aproveitar cada momento que tivesse ao lado dela, cuidar para que ela fosse feliz.

Com esse pensamento em sua mente, o loiro puxou a morena para mais perto de si, aproximando seus lábios dos dela e a beijando de leve, sentindo seu coração se aquecer, preenchido pela presença dela. Regina tinha razão, não havia nada que pudessem fazer naquele momento, apenas esperar que o amanhecer trouxesse algo de melhor para suas vidas.

— Sabe o que mais me entristeceu nessa história toda? – perguntou à morena, voltando a aninhar a cabeça no peito de Robin.

— O que? – questionou o loiro, repentinamente preocupado com o que estaria se passando na mente de Regina.

— Com tudo que aconteceu, acabei nem conhecendo a colina e.... fiquei sem descobrir qual era a surpresa que você tinha preparado pra mim. – foi à resposta dela, fazendo com que Robin se lembrasse de como aquele era para ter sido um dia feliz, mas que se transformara em uma verdadeira tormenta descontrolada.

— Podemos ir lá agora se você quiser. – as palavras saíram da boca de Robin sem que ele realmente tivesse pensado nelas, mas naquele momento ele se deu conta de que sim, poderia levar Regina até lá agora se ela quisesse. Tinha certeza de que a surpresa que havia preparado continuava intacta, e que iria ficar assim até que os dois aparecessem lá, e também sabia que, se esse fosse o desejo de sua linda morena, ele a levaria lá agora, no meio da madrugada.

— Não. Hoje não. Sei que era uma surpresa especial, e quero que seja em um dia especial também. Um dia em que não tenhamos o mundo querendo desabar sobre as nossas cabeças. – respondeu à morena, uma risada amarga escapando de sua garganta.

Robin não respondeu. Sabia que Regina estava certa. Tudo que eles precisavam naquele momento era descansar, se recuperar do dia difícil que haviam tido. Tentando fazer o máximo fazer com que a morena se sentisse bem e conseguisse dormir novamente, o loiro apertou mais os braços em torno do corpo dela, afagando seus cabelos negros até que sentiu a respiração dela se tranquilizar e ficar regular e continua.

— Boa noite meu amor. Não se preocupe, eu estou aqui. Vou velar seu sono e garantir que tudo fique bem, eu prometo. – falou baixinho, depositando um beijo no topo da cabeça de Regina e continuando a acarinhar os cabelos dela, até que a exaustão finalmente venceu o combate que a tanto tempo estava travando contra ele.


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Notas finais do capítulo

E então? Choraram? Se emocionaram?
torceram? se enfureceram?
Espero que tenham gostado do capitulo, aguardo ansiosa por reviews com as opiniões de vocês!
Beijoos