O Legado escrita por Luna


Capítulo 46
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Gio Villari, espero que goste do pequeno adendo que coloquei. Achei sua dica super válida, obrigada.

Espero que gostem e me digam o que acharam.
Beijoos!!



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“Às vezes coisas belas entram em nossa vida de repente. Nem sempre podemos compreendê-las, mas temos que confiar nelas. Eu sei que você quer questionar tudo, mas também compensa apenas ter um pouco de fé.”

Tormenta

 

Os gritos do homem reverberaram pela câmara, as outras pessoas não pareciam se preocupar. A que lançava o feitiço encerrou o encanto e esperou que o pobre coitado recuperasse um pouco de suas forças.

— Vamos começar novamente. O que o ministro da Bulgária veio fazer aqui? – A voz da mulher era rouca e baixa, passava até certa inocência.

O homem olhou para as três figuras e demorou mais naquela que lhe dirigia a palavra. Seu rosto era coberto por uma máscara, mas conseguia ver seus olhos castanhos.

— Eu não sei. – Ele repetiu a resposta que vinha dando a mais de uma hora.

Com mais um feitiço a mulher o fez atingir a parede oposta e escorregar no chão desacordado.

— Ele pode realmente não saber de nada. – Um deles dissera.

A mulher não falou nada e foi em direção as escadas para sair das masmorras, com os outros dois a acompanhando. Ela chegou até uma sala iluminada e bem decorada. Sentou-se no sofá e esperou que os outros dois fizessem o mesmo.

Eles retiraram as máscaras e se livraram das capas pretas, por baixo tinha lindas e ricas roupas bruxas.

— Precisamos dar uma resposta a Vitorin, ele não se arriscará mais se não o tranquilizarmos sobre o motivo do Ministro ter vindo até Londres.

— Arriscar mais? Nós estamos nos arriscando aqui.

— Greg tem razão, Soph. Você acha mesmo que esses desaparecimentos não serão notados? Anos se passaram desde a Era Escura, mas ainda há pessoas que notarão coisas estranhas acontecendo. Temos que ser cautelosos.

— Só precisamos de algo para desviar a atenção. Com o mundo bruxo em polvorosa vamos poder atuar sem grandes preocupações. – Sophia sorriu friamente.

— Como o que? – Adria perguntou.

— Não sei... Matar Harry Potter, por exemplo. – Ela propôs para o total assombro dos outros dois.

*

Harry estava cansado, sem conseguir dormir e psicologicamente exaurido. O mundo bruxo dormia tranquilo sem saber dos perigos que o rodeava, nem ele sabia que perigos eram esses. Ainda lembrava de quando era só um garoto na escola, quando Hagrid lhe dissera que as guerras sempre começam com desaparecimentos. Dez pessoas já haviam desaparecido, quatro delas haviam voltados sem saber dar uma justificativa plausível para o sumiço sem explicação.

Suas medidas de controle não estavam se mostrando tão eficazes quanto supunha anteriormente. A comunicação com os gigantes tinham parado acerca de um mês, algumas criaturas das trevas estavam começando a aparecer em cidades trouxas, até Azkaban estava com um ar diferente, como se os prisioneiros soubessem do que estava por vir.

A sua única fonte de informação veio na forma de uma professora de adivinhação sinistra e uma jovem moça petulante e esquisita. Sem elas ele ainda estariam no escuro, sem fazer a menor ideia do que estaria acontecendo no mundo que ele prometeu proteger.

Sua onda de pensamentos parou quando ele notou a iluminação vinda do quarto de Albus e por um segundo seu coração falhou uma batida pensando que seu filho poderia ter voltado para casa. Mas sabia que aquilo não era possível, mas mesmo assim ele foi até lá e o que o encontrou não o surpreendeu. Não era a primeira vez que o encontrava ali.

James se virou assustando quando a porta do quarto abriu. Ele voltou a sua posição original quando Harry passou pela porta e se sentou no chão ao seu lado.

— Já está tarde para você estar acordado. – Harry não se importava com horários, mas cumpriu seu dever de pai, para caso Gina surgisse.

— Eu sinto a falta dele. O silêncio da casa é quase gritante, sabe?

— Eu sei. Também sinto a falta dele.

James continuou passando as fotos, parando em uma que estava a família toda. Lily era tão pequena que não deveria ter mais de cinco anos.

— Ele sempre foi diferente. – James falou. – Uma parte de mim sempre soube que ele iria para Sonserina, talvez por isso eu brincasse tanto com o assunto. Queria acostumar a ele e a mim. Mas quando se tornou real, quando o chapéu gritou eu senti que o perderia. De repente não seríamos mais os Potter da Grifinória, não estaríamos no mesmo time, eu não o teria na Torre comigo... – Harry deixou que ele falasse sem o interromper. – Então eu o abandonei, não consegui lidar com o peso disso e me afastei dele porque não queria que ele percebesse minha falha. – James deu um sorriso cansado. – Por que lógico que ele perceberia, Albus sempre percebe as coisas. Eu senti raiva, sabe? Eu falhei com ele ali, mas prometi que nunca mais o faria. Nós temos uma promessa, quando não tivermos mais ninguém ainda teremos um ao outro.

— Ele nunca foi um leão desmiolado. – Harry riu fracamente.

— Não, ele sempre foi uma serpente astuciosa.

Harry encostou-se à cama e jogou a cabeça para trás.

— Eu também sinto a falta dele. – Harry confessou. – Eu sei que ele pensa que eu achei ruim ele ter ido para a Sonserina, mas eu senti tanto orgulho dele quanto senti de você e da Lils. É só que... tanta coisa aconteceu naquele ano, tanta coisa continua acontecendo.

James se virou para olhar para o pai, mas ele ainda estava com a cabeça no colchão e os olhos fechados. Ele reparou nas olheiras e como Harry parecia exausto.

— Eu vou explicar tudo a ele. – Harry continuou. – Ele vai entender que eu nunca o preteri, que o amo com tanta força quanto amo todos vocês.

— Você terá que ser mais convincente do que foi com a mamãe. – James soltou.

Harry engoliu em seco.

— Gina entendeu, acho que a raiva dela foi só não ter jogando uma azaração ferreteante naquele cretino. – Harry cuspiu as palavras.

— E por que você mesmo não fez isso? – James perguntou curioso. A inércia do pai em uma afronta direta contra um dos filhos também lhe deixou chateado.

— Seria difícil eu explicar para o Quim porque eu azarei o Ministro da Bulgária. – Harry tomou o álbum das mãos de James e foi passando as imagens até parar em uma. – Essa é minha preferida. Não víamos isso no meu tempo, talvez essa união seja o que vai nos salvar agora.

Antes que James pudesse perguntar o que aquilo significava Harry deu um beijo na sua cabeça e se levantou, novamente dizendo que já tinha passado da hora dele ir dormir.

James também gostava daquela foto. Ele tinha Amélia nos seus braços, Albus e Scorpius tinham dado uma trégua no que quer que estivesse acontecendo entre os dois e sorriam um para o outro, Rose estava grudada no braço de Albus, com Tim bem ao lado dela. Lily estava na outra ponta e parecia segurar Nicholas, o garoto tinha a expressão séria, mas em seguida olhava para a ruivinha e piscava. Anthony e Freya estavam sentados na grama, o garoto mantinha a postura ereta e séria, um Nott respeitável, a sonserina jogava o cabelo para o lado e sorria confiante. Eles estavam juntos e felizes e naquele momento era tudo que importava.

[...]

— Por que eu aturo você mesmo? – Nicholas perguntou.

— Porque sou sua melhor amiga e você me acha incrível. – Lily disse confiante.

Eles continuaram a andar pela livraria. Uma vez ou outra a ruiva olhava para trás apenas para confirmar se o Auror ainda estava por ali, mas sempre estava.

— Quanto tempo vamos ter que demorar mais? – Nicholas estava impaciente.

— Tim e Rose não se veem há semanas. Vamos dar algumas horas para eles. – Ela pegou um livro e leu a sinopse, depois de pensar um pouco o colocou na cesta.

— Não entendo o porquê de vir ao mundo trouxa. Temos ótimos lugares e livrarias no nosso mundo.

A menina se virou na direção dele e o olhou se questionando se ele estava falando sério mesmo.

— E depois de quanto tempo meu tio e seus avós ficarão sabendo que eles dois estavam aos beijos em um local público? – Lily revirou os olhos. – Às vezes me questiono se foi realmente sábio coloca-lo na Corvinal.

Nicholas se fez de ofendido e passou por ela batendo propositalmente na cesta. Ela ainda passou alguns minutos escolhendo livros antes de ir procura-lo. Quando o encontrou viu que ele olhava partituras.

— Tia Fleur adora Bach. – Ela falou por cima do ombro dele o assustando levemente. – Disse uma vez que ele foi o maior compositor que já existiu.

— Então talvez você devesse apresentar Mozart a ela. – Ele disse sem interesse.

— Gostaria de vê-lo tocando alguma vez. – Os olhos dela brilhavam.

— O jovem rapaz toca? – Um funcionário da loja os interrompeu. Lily sentiu Nicholas se retesar.

— Sim, piano e violino. Dizem que muito bem. – Ela parou de falar quando ele pisou no seu pé.

— O piano na entrada funciona perfeitamente, o senhor pode usá-lo, se quiser.

Nicholas já estava negando, quando Lily agradeceu a oferta e o saiu puxando em direção à entrada. Ela o jogou no banquinho em frente ao piano e se sentou ao seu lado.

— O que você quer que eu faça, Lily Luna? – Ele não parecia feliz, mas se ela fosse sincera ele quase nunca parecia feliz.

— Ora, toque algo. – Ela pediu. – Vamos, Nick. Quando eu terei a oportunidade de vê-lo tocando? Tim diz que você o faz tão bem. Por favor!

Ele tocou as teclas, como se as saudasse. Jogou os ombros para trás e moveu a cabeça de um lado para o outro, fechou os olhos e começou. Lily não sabia que era possível mover os dedos tão rápido pelas pequenas teclas, Nicholas olhava para o piano concentrado alheio a todas as pessoas que paravam para ouvi-lo.

Aquilo era tão belo que Lily não conseguia desviar o olhar. O som parecia entrar nela e fazê-la reviver momentos tristes e felizes. Ele foi diminuindo a velocidade e agora a música fazia uma carícia suave deleitando a todos. Quando ele acabou pareceu despertar com as palmas e se virou para ver o sorriso orgulho e os olhos brilhantes de Lily e teve que reprimir o próprio sorriso. Não daria o gostinho para a ruiva.

Tim atualizava Rose dos últimos acontecimentos, a ruiva ouvia atenta, sem fazer perguntas. Nos últimos dias o garoto tinha andado passeando pela casa dos amigos, segundo ele Albus e Scorpius estavam bem, com mais sorrisos do que o de costume, Freya continuava temperamental e sarcástica, e Amélia silenciosa e quieta.

— Eliza parece uma águia em volta do ninho.

— É compreensível, não? – Rose fazia carinho na mão dele. – Todo cuidado é pouco agora.

— Por isso tem dois aurores nos seguindo para todo lado?

Rose olhou para os lados.

— Tio Harry sempre foi meio paranoico. Eles estariam aqui pela Lily não importando a situação. – Ela deu de ombros. – E como está sendo com a sra. Zabine?

— No começo deve ter sido muito estranho. Eliza era uma incógnita para todos nós e agora sabemos de Amélia e tudo mais. Mas Mary está indo bem, ela tem treinado com Eliza, ela é quase uma bruxa decente agora. – Tim gemeu depois da tapa que recebeu. – Ai! Foi o que a Mary falou, não eu.

— Como as coisas podem ir bem com esse tipo de comentário?

Tim sorriu e acariciou o rosto dela.

— Amor, isso é um elogio para nós. Significa que Eliza está tendo progresso. Mary é muito boa com feitiços, ela deveria estar no Ministério ou algo assim.

— Argh! Vocês tem que aprender a fazer elogios decentes. – Ela falou chateada.

— Vou tentar. – Tim ajeitou sua postura e sorriu. – Você está estonteantemente linda, seus cabelos parecem fogo vivo e o brilho dos seus olhos me faz questionar se é possível roubar o brilho das estrelas.

Rose sorriu envergonhada e o beijou.

— Quando os seus avós irão embora? – Ela tocou no assunto que sabia que era chato para ele, mas queria saber. – As visitas estão mais frequentes esse ano, eles disseram o motivo?

— Não, e sempre parecem vir sem ter data para irem embora. Vovô fica rodeando o escritório do papai e isso o deixa nervoso, eu posso perceber. Quando não fica por perto de mim e de Nick, sempre falando bobagens.

O clima pesou um pouco e aproveitando a nuvem negra Tim aproveitou.

— Como está na sua casa?

— Mamãe está mais tempo por lá, vive com um livro embaixo do nariz, embora tenha enfeitiçado a capa para não sabermos do que se trata. Papai anda tão nervoso que o porão agora vive com barulhos estranhos e uma vez saiu uma fumaça esverdeada de lá, ele apareceu minutos depois para dizer que ainda estava vivo. – Ela suspirou. – Eles continuam saindo e demorando horas, não nos dizem nada. Tento não alarmar o Hugo, mas ele já percebeu que tem algo estranho e esse ano ele vai para Hogwarts e estará mais perto de toda essa confusão.

Tim moveu sua cadeira de forma a ficar do lado de Rose e poder abraça-la.

— Scorp falou que o Sr. e Sra. Malfoy também estão saindo de casa, as datas coincidem. Isso é bom, certo? – Ele queria uma confirmação dela. – Quer dizer que eles estão fazendo algo, que Amélia e todos vocês vão ficar bem.

Rose balançou a cabeça e sorriu para o namorado. Aquele era um momento dos dois, não queria saber de avós, pais ou problemas. Eles teriam poucas horas para aproveitar. Ela se levantou e estendeu a mão para ele.

— Aqui tem uma loja cheia de jogos, um deles nós dançamos imitando uma imagem numa tela. – Ela falava empolgada.

— Dançar? – Ele perguntou inseguro.

— É muito divertido. Teddy nos trouxe aqui uma vez, Albus não sabe dançar nenhum pouco.

[...]

A Mansão Malfoy estava mais linda do que normalmente. Pequenos enfeites de fadas estavam espalhados pelo jardim, que parecia uma floresta encantada. Tinha vários enfeites de animais mágicos e a própria Adhara segurava um unicórnio de pelúcia.

Albus ocupou uma das mesas enquanto a família recepcionava os convidados. Seu estômago afundou quando ele sentiu Lily se jogar nos seus braços, se ela estava ali seu pai também estaria. Ele a deixou com os Nott, uma atitude meio impensada e disse que tinha que se retirar rapidamente. Com sorte Tim e Nicholas a protegeriam de qualquer palavra maldosa, ou Lily poderia fazer isso por si mesma. Ela não tinha travas na língua ou qualquer respeito por pessoas que feriam os sentimentos dos seus amigos.

Albus conseguiu respirar mais aliviado quando estava no seu quarto. Ele sentou na cama e colocou o rosto nas mãos. Ele não sabia por mais quanto tempo poderia se esconder de Harry, mas julgou que seria mais do que teve de fato.

— Acho que nunca o vi se escondendo de nada, Al. – Harry falou parado na porta. – Porque começar agora?

Ele não se virou.

— Eu posso explicar o que você ouviu, se me der a oportunidade. – Harry pediu com calma. Não tendo resposta escolheu começar. – O homem com quem estávamos conversado é Ministro da Bulgária, ele veio até nós a pedido do Quim, estávamos em uma confraternização para conseguir apoio com... bem... com algo que precisamos que ele nos ajude. Ele é um homem de uma época antiga, com valores e ideias ultrapassadas. O que ele sabe de Hogwarts é a ideia equivocada que muitos bruxos estrangeiros carregam. Voldemort deixou uma marca na sua casa, algo difícil de apagar e as pessoas não esquecem. Ele perguntou dos nossos filhos, e depois de falarmos ele falou sobre a Sonserina e que por ele expurgaria toda os alunos da casa, e manteria um auror com cada um deles. Falou que era bom ter um auror com você, para caso você se desviasse do caminho...

— Por que você não falou alguma coisa? – Albus gritou, se levantando da cama e se virando para Harry. – Você deveria ter falado alguma coisa.

— Não é tão simples, Al. – Harry falou em um sussurro se contrapondo ao filho.

— Você não fez nada. – Albus fechou o punho para controlar a vontade de arremessar algo na direção do pai.

— Eu sei que você está com raiva agora...

— Eu não estou com raiva, estou com dor, uma dor que dilacera meu coração e você me colocou nesta posição, você me faz sentir isso... A pessoa que era suposto a me amar mais do que qualquer coisa.

— Eu amo você. – Harry deu um passo, mas parou quando viu o menino recuar para longe.

— Não o suficiente. – Lágrimas escorreram pelo rosto dele. Albus se virou e as enxugou, fechou os olhos com força para evitar que mais saíssem.

— Você nasceu em uma manhã chuvosa e fria, você quase nunca chorava ou reclamava, sempre teve olhos inteligentes e sempre foi sagaz. Tão inteligente quanto Hermione deve ter sido na infância, bem menos tolo que James e Teddy na hora de pregar peças. – Harry se colocou as costas de Albus. – Eu sempre soube que você seria brilhante e magnífico, eu lhe disse na plataforma que não haveria problema se fosse parar na Sonserina. Você é Albus Severus, sabe de onde veio seu nome, sabe o que Snape representou na minha vida. Se não por isso, eu conheço você, Al. Eu o criei, dei tudo de mim, como pode sequer pensar que eu poderia achar que você tem qualquer inclinação para as trevas?

Harry virou o menino para si, o rosto continuava molhado. Ele passou os dedos para limpar as lágrimas que ainda desciam.

— Em qualquer outra situação aquele homem ainda estaria em Sain’t Mungus. Mas nós precisamos dele, Al. Não poderia falar ou fazer nada que o ofendesse. Você sempre estará em primeiro lugar e acredite quando digo que quando eu não fiz nada para ir contra o que ele disse eu estava colocando você em primeiro lugar, a sua segurança, de seus irmãos, dos seus amigos e de nossa família.

Albus ergueu seu rosto rapidamente. Por todo aquele tempo ele julgou que seu pai tivesse uma visão horrível dele. Que por ser um sonserino Harry achasse que ele estava um passo mais perto de ser um bruxo das trevas, saber a verdade, o motivo que o fez ficar em silêncio acalmou sua mente. Quando a sensação ruim passou outra tomou lugar quando o significado das palavras de Harry tomou forma em sua mente.

Harry engoliu em seco diante do olhar que recebia do filho.

— Vocês estão buscando aliados em outros países? – Albus perguntou preocupado.

Harry soltou um riso cansado e se afastou.

— Sempre estamos buscando aliados. – Deu a mesma resposta que havia dado ao jornal semanas atrás.

— Pai. – Albus chamou. – Quão ruim as coisas estão?

Com passos pequenos Harry foi andando até ele e o puxou para um abraço, ficou feliz quando teve o gesto correspondido. Pode respirar aliviado depois de semanas com aquele aperto na garganta.

— Ruim o bastante para termos Aurores em Hogwarts esse ano. – Harry ainda o manteve preso em seus braços, mesmo quando ele fez que iria se afastar. – Estou perdoado?

— Acho que não há o que perdoar.

[...]

Ron não era o único que lançava olhares enviesados para os Sonserinos do recinto. Harry se mantinha em uma conversa interessante com Blaise, com eventuais interrupções de Draco para dizer como Harry ainda era idiota e estúpido. Hermione, Gina e Astória conversavam em outro canto junto a Neville que tinha novidades sobre os novos arranjos que estivera fazendo com Astória.

Eliza estava sendo apresentada para algumas pessoas, Mary se mantinha por perto apontando o que sabia de mais relevante sobre elas, Hannah se botou para andar com as duas, por ser dona do Caldeirão Furado ela sabia de ótimas histórias.

A maioria das pessoas olhava desconfiada para eles, não entendendo o motivo deles estarem lá.

A reunião começou quando Minerva chegou, dessa vez sozinha sem a companhia de Eveline. Cada um deles ocupou seu lugar na mesa e pararam para ouvir as últimas atualizações de Minerva. Ela falou por alguns minutos sem ser interrompida, antes de passar a palavra a Harry.

— A última pessoa que desapareceu foi Heitor Blackwell. Ele trabalha do Departamento de Cooperação Internacional em Magia, voltou ao trabalho há três dias e disse que tinha viajado em uma emergência. Foi notado um resquício muito fraco de magia da memória e magia das trevas. Mas nada forte o suficiente para seguirmos.

— Nosso temor é que aconteça influência pela Imperius. – Hermione continuou lamentosa. – Não temos como controlar cada um que entra no Ministério.

Os bruxos começaram a discutir entre si.

— Temos que agir como nos velhos tempos. Ficarmos atentos aos nossos amigos e colegas de trabalho, tentarmos notar a menor das diferenças. – Arthur parecia cansado e fadigado.

— Mas o que eles estão fazendo aqui? – Zacharias Smith perguntou de seu lugar.

Eles reviraram os olhos em conjunto, se tivessem combinado não teria saído tão sincronizado. Eles estavam fartos dos olhares de suspeita e sempre pararem a conversa quando eles chegavam.

— Eles se juntaram a Ordem. – Minerva esclareceu. – São aliados agora.

— Estamos aqui por lealdade. – Ele disse. – Como podemos ficar aqui com eles provavelmente informando ao inimigo todos os nossos passos?

— A menina Amélia está em perigo. – Luna sentava quase na ponta da mesa. – É justo os pais dela estarem aqui lutando para proteger seu tesouro.

Smith sorriu com deboche e veneno.

— Que eu saiba Mary não é mãe de ninguém e duvido muito que ela arrisque um fio de seu cabelo sedoso pela vida da mestiça.

Mary espremeu os olhos e sua mão se apertou em volta da varinha.

— Eu sou a mãe deles. Eu. Anthony e Freya podem não ter estado no meu ventre, partilhado do meu sangue e minha magia, mas eu os escolhi como meus filhos, eu os amei. Eles são meus filhos. E eu protegerei Amélia com o mesmo ímpeto que protegerei meus filhos, porque ela é família. É isso que fazemos pela família, nos sacrificamos, nós morremos por eles. – Mary tinha fogo nos olhos. – Acha que Lufa-Lufa é a casa da lealdade? Nós sonserinos aprendemos sobre lealdade desde nossa primeira noite na escola, enquanto vocês ficavam se digladiando pelos corredores por não escolher que vencedor apoiar no torneio tribuxo, nossa casa representava união. Nós erámos uma família e nós protegemos os nossos. Nunca mais ouse duvidar da minha capacidade para proteger minha família.

Ela nem tinha notado quando tinha se erguido da cadeira. Mas Smith a imitou, também segurando a varinha.

— Vocês serpentes só ajudam a si próprios.

— O que você sabe sobre ajudar o próximo? Você é a criatura mais egoísta e egocêntrica que eu tive o azar de cruzar o caminho. Enquanto nós serpentes – Ela apontou para si e Astória. – Estávamos tentando tirar as crianças do Castelo antes da Batalha eminente onde você estava? Onde estava a lealdade lufana que não o permitiu ajudar nem mesmo seus colegas? Crianças confusas e assustadas. Nós ficamos lá, mesmo com medo, mesmo que nossos pais estivessem nos esperando do outro lado para nos levar em segurança para longe dali.

— Expelliarmus! – Os dois se viraram na direção do feitiço e viram as varinhas seguras na mão de Harry. – Vocês não vão começar um duelo aqui.

Astória puxou Mary para que ela se sentasse.

— Eles permanecerão aqui, em cada reunião, porque confiamos neles. E isso já está resolvido. – Minerva bateu a bengala no chão. – Acho que era apenas isso que tínhamos para hoje, se me dão licença tenho uma reunião com o Conselho da escola para explicar o motivo de termos Aurores esse ano na nossa proteção adicional.

— Diretora, não sabemos se podemos confiar neles. – Hermione a alertou.

— Não se preocupe, querida. Harry e eu já elaboramos uma história para o Conselho e o jornal.

Minerva soltou um suspiro e foi em direção a lareira, felizmente ela já tinha se retirado quando Eliza apontou a varinha na direção de Zacharias e lançou o feitiço fazendo com que as pernas dele bambeassem incontrolavelmente, Blaise logo fez o feitiço de convocação e tirou a varinha dele.

— Da próxima vez espere uma azaração que irá fazê-lo se arrepender de ter aberto a boca. – Eliza chegou bem perto dele. – Vocês ingleses são muito contidos, nós franceses não temos muita paciência.

Gina tentava controlar o riso, mas desistiu quando Luna começou a gargalhar bem ao seu lado. Isso foi seguido pelos outros e ninguém parecia nem levemente levado pela ideia de lançar o contra-feitiço.


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