O Legado escrita por Luna


Capítulo 47
Capítulo 47


Notas iniciais do capítulo

Eita que o silêncio aqui é assustador



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As pessoas olhavam ao redor preocupadas, mães seguravam suas crianças como se vê-las indo para longe lhes doessem, os pais olhavam para os lados em busca de alguém que esclarecesse aquilo. Uma dúzia de Aurores estava espalhada pela Plataforma, eles se mantinham régios e com o olhar atento. Os civis não faziam ideia do motivo que levaria o Ministério querer Aurores vigiando o embarque, a notícia que tinha saído no jornal dias antes não dava respaldo para a necessidade de tanta proteção.

Um grupo de pessoas se mantinha o mais distante das pessoas sem levantar suspeitas, as crianças olhavam umas para as outras, suas expressões demonstravam a aflição que sentiam.

— Eles já deviam ter chego há trinta minutos. – Albus estava preocupado.

Harry olhou no relógio novamente e depois para a insígnia dos Aurores, respirou fundo e mexeu nos cabelos do filho.

— Eles podem ter demorado a sair. – Harry tentou tranquilizar a todos.

— Eu sabia que deveríamos ter ido busca-la. – Freya olhou acusadoramente para os pais.

— Ei! Foi o Potter que decidiu como seriam as saídas. – Blaise disse se eximido da culpa, mas também estava preocupado.

Harry revirou os olhos.

— Amélia está bem guardada, tenho um dos meus melhores aurores com ela. A demora terá uma justificativa razoável.

Os Nott chegaram antes de Amélia e Theodore reprimiu o sorriso de deboche que quis surgir e a piada que estava na ponta da sua língua.

— Está tudo bem? – Robin Nott perguntou a ninguém em particular.

— Amélia. – Nicholas notou a ausência da Corvinal. – Onde ela está?

— Ainda não chegou. – Scorpius respondeu.

Nicholas olhou para o irmão, Tim foi abraçar Rose, o gesto ocorrendo no automático. Ele segurou o rosto dela em suas mãos e perguntou se estava tudo bem. A menina paralisou e apenas balançou a cabeça afirmando. Somente quando Robin tossiu que Tim foi perceber o que estava fazendo.

— Nem todos os Sonserinos tem bom senso, pelo que parece. – Blaise soltou ao ver o rosto vermelho de Ron.

Munido de uma coragem que não sentia realmente Tim achou que o momento era o certo. Na verdade ele achava que não existiria momento certo, mas depois de uma conversa que teve com sua mãe ele entendeu algumas coisas e Robin estava certa, Rose era magnífica demais para ser escondida.

— Eh... – Tim limpou a garganta. – Sr. Weasley... e-eu... – Ele segurou na mão de Rose mais forte do que devia e a menina teve que segurar a careta. – Eu quero namorar a Rose.

Tim nem mesmo piscava. Ron ficou o encarando tentando entender o que estava acontecendo, seu rosto já passava de vermelho para um tom arroxeado, Hermione notando a falta de resposta do marido resolveu tomar as rédeas da situação.

— Isso é maravilhoso, Timothy.

— É? – Ron gritou.

— Claro, ele é um ótimo aluno, está na lista dos possíveis monitores para o 5º ano, e tem uma lista mínima de transgressões. Muito menor do que a sua, por sinal. – Hermione sorriu traquina para Ron.

— Desculpe, Sra. Granger, mas como a senhora sabe dessas coisas? – Tim perguntou curioso e bem mais nervoso.

— Eu faço parte do Conselho da escola.

— E isso lhe dá acesso a nossas informações? – Freya perguntou.

— Bem, sim. Por isso acho que posso dizer que você tem que se esforçar mais em Feitiços. Os NOM’s estão chegando e você não quer sair com um mísero Aceitável, certo?

— Mas como a senhora... – Scorpius iria começar a falar quando ela o interrompeu.

— Vocês são amigos da minha filha e dos meus sobrinhos, queria saber que tipo de pessoas vocês são. – Ela esclareceu.

Rose escondeu seu rosto com as mãos se sentindo mortificada. Gina tentava segurar o riso e Harry tinha a sobrancelha erguida. Os Sonserinos não tinham uma opinião sobre o assunto, embora Mary achasse a atitude muito controladora.

Ron olhava perigosamente na direção de Tim, o que fez Theo segurar a varinha por debaixo do sobretudo para o caso precisasse defender o filho. O ruivo parecia uma panela de pressão prestes a explodir, mas antes que tivesse chance de externar o que estava sentindo Mary chamou a atenção de todos.

— Ela chegou. Graças a Merlin!

Amélia vinha andando apressada com dois aurores em seu encalço. Ela parecia pálida e seu cabelo estava uma profusão de cachos bagunçados. James foi de encontro a ela e a abraçou forte, respirando aliviado pela primeira vez desde que saiu de casa.

— Por que demoraram tanto? – Ele perguntou a ela.

— Senhor. – Ben saudou Harry.

— O que o fez demorar tanto? O trem sairá daqui minutos, vocês deveriam estar aqui há quarenta minutos. – Harry tinha entrado em modo “Chefe dos Aurores”.

— Fomos seguidos, Senhor. – Ele disse preocupado. – Dois bruxos em vassouras, nós não temos notícias do Justin, ele deveria vigiar o perímetro aéreo.

— Vocês foram atacados? – Mary foi em direção a Amélia para conferir se ela estava machucada.

— Não, senhora. Eles ficaram a uma distância que conseguíamos vê-los, mas não fizeram movimentos de ataque. – Ben se virou para Harry. – Acho que eles apenas queriam que soubéssemos que eles estavam ali, Senhor. O que é tão preocupante quanto. Peço permissão para seguir com o plano que lhe informei mais cedo.

Harry olhou para Amélia que agora estava entre Mary e Blaise, ela tinha os olhos arregalados e a boca entreaberta e Harry sabia que ela tremia.

— Avise aos outros. – Harry demandou.

Blaise tossiu e olhou significativamente para Harry e depois para o auror.

— Ah, esse é Benedict Shacklebolt, o primeiro da sua turma e o responsável pela segurança de Amélia.

— Só Ben, por favor. – Ele pediu. – Desculpe, mas eu tenho que ir. O trem sai em dois minutos e tenho que organizar o esquadrão.

Ben fez um cumprimento para Harry e saiu apressado no meio das pessoas que já lotavam a plataforma.

— Deixe-me adivinhar, Plano 1 A? – Albus cruzou os braços e ficou com o semblante sério.

Harry parecia culpado, mas Gina não deixaria que o filho amolecesse o coração de manteiga do marido.

— É isso ou passar o resto do ano trancado no Castelo e quando digo isso me refiro a não chegar nem mesmo perto do Lago Negro. – Ela olhava dura para Albus. – Escute-me bem, Albus Severus Potter, dê um passo em direção a qualquer coisa perigosa e você será mandando direto para um ensino em casa. Eu fui clara?

Albus olhou para baixo e assentiu.

— Vocês tem que entrar agora ou o trem sairá. – Astória os alertou.

Eles tiveram tempo apenas de darem abraços rápidos antes de correrem em busca de uma cabine vazia.

— Você não acha que foi um pouco dura com ele? – Astória perguntou a Gina.

O semblante da ruiva demonstrava culpa, mas também resignação.

— Ele tem metade do DNA desse aí – Apontou com a cabeça para Harry. – Com sorte não terá herdado o azar de sempre se enfiar em coisas perigosas.

— Eu não me enfiava em nada. – Harry se defendeu.

— Por favor, não vamos nem começar a falar sobre isso. – Hermione pediu. – Eles estarão protegidos, é isso que importa.

Eles demoraram até encontrar uma cabine vazia, foram achar uma próxima de onde os Corvinais sempre ficam. Lily e Nicholas se despediram dos outros e disseram que tentariam encontrar seus amigos.

James sentou encostado na janela, Amélia ocupou o lugar ao lado dele e segurou sua mão. Rose sentou ao seu lado e Tim sentou no chão com a cabeça encostada na perna dela. Os outros foram ocupando os espaços restantes. Eles se olharam e Scorpius resolveu quebrar o silêncio.

— Então, o sr. Weasley não azarou o Tim. – Ele lançou um sorriso para o amigo. – Como fica a aposta?

O riso durou um tempo, até irem morrendo aos poucos.

— Alguém vai explicar o que é o Plano 1 A? – Freya olhou para os Potter e Rose em busca de resposta.

James ainda olhava para fora da janela quando avistou a resposta para a pergunta da sonserina.

— Aquilo é o Plano 1 A. – Ele apontou para fora e todos olharam.

Os ombros de Albus caíram, James olhou com aceitação triste e Rose não parecia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Aurores voavam do lado de fora do trem, em uma formação coordenada e quase sincronizada, dois deles pareciam ter se colocado para acompanhar a viagem bem do lado da janela deles.

— É vigilância constante. Quando não tivermos um professor do nosso lado teremos um auror. – Albus esclareceu para eles. – Eles não se manterão distantes mais, ficarão do nosso lado, como carrapatos.

— Mas eu pensei que vocês sempre tivessem aurores do lado de vocês. – Scorpius falou.

— Não dessa forma, eles sempre mantêm uma distância segura. Às vezes nós nem sabemos que eles estão lá. – James respondeu. – Vocês alguma vez viram um auror quando iam até o povoado?

Freya olhou para Tim e Scorpius já compreendendo o que aquilo significava.

— Mas eles estavam lá, eles sempre estão lá. – Albus disse.

— Isso não pode ser tão ruim, pode? – Amélia queria sentir uma ponta de esperança.

— Há quatro anos houve uma comoção em Azkaban e umas ameaças que papai julgou poderem ser reais, foi a primeira vez que ele colocou o Plano 1 A em prática. Uma vez, nós estávamos com a mamãe no Beco Diagonal procurando um presente para meus avós, só que no mesmo dia estava tendo a inauguração do livro de um cara famoso na Floreios, houve uma agitação, pessoas saíram correndo e gritando. Os aurores não sabiam disso e estavam tão tensos que acharam que era um atentado. – James relembrou. – O jornal falou sobre isso durante semanas. Tinha fotos dos aurores em formação de defesa e nós no centro com caras de idiotas sem saber o que estava acontecendo.

— Imagine estar andando nos jardins com alguém do seu lado escutando suas conversas, ou ir até a Dedos de Mel com um cara azeda empunhando uma varinha. Já imagino os olhares, comentários e como a Skeeter vai ter sua semana feita com isso. – Albus bufou.

— Mas um auror não chama tanta atenção. – Freya jogou para eliminar a teoria nefasta que já tomava forma em sua mente, depois do riso cansado de James ela sabia que estava certa. – Isso é brincadeira, certo?

— O que é brincadeira? – Tim perguntou.

— Terá um auror para cada um de nós, o que significa que... – Scorpius falou e Amélia completou.

— Quanto mais de nós estiver em um lugar mais aurores terá.

Eles olharam para fora mais uma vez. Dessa vez tinha uma bruxa parada do lado da janela. Ela tinha prendido seu cabelo com uma trança que balançava atrás de si por causa do vento, quando notou que estava sendo observada ela sorriu e piscou para eles antes de empinar a ponta da vassoura subindo e outra pessoa ocupar seu lugar.

— Quem é essa?

— Acácia. – Scorpius respondeu James. – Nós a conhecemos nas férias.

Quando as novidades do dia pareciam ter acabado Ben entrou na cabine que eles ocupavam.

— Não seria melhor vocês se dividirem em duas cabines? – Ele perguntou quando notou que tinha que se desviar das pernas.

— Não. – Eles responderam em conjunto.

— Não vai me dizer que isso vai começar agora? – Albus perguntou inconformado.

— Não, não. Quer dizer, tem aurores no trem. Eu só vim para proteger a cabine, um dos meus colegas já fez o mesmo na cabine que sua irmã e seu primo estão ocupando.

Rose olhou alarmada para os primos.

— Lily...? – Rose jogou no ar.

— Não teve a melhor das reações, mas há bem pouco que uma segundanista pode fazer a um auror treinado. Não se preocupem, Laila está viva e com todos os membros intactos.

— Como isso vai funcionar, Ben? – James perguntou amigável. Ele conhecia o auror desde que nasceu. Kingsley mesmo sendo Ministro da Magia e muito ocupado sempre encontrava um tempo para fazer uma visita e segundo ele a comida de Molly era a melhor, um bom jantar em um domingo era algo que ele raramente recusava.

Dessa forma os meninos cresceram vendo o Ministro trazer seu filho, o rapaz era sempre muito centrado, por ser um ótimo auror logo se tornou de confiança de Harry e estava a frente das mais importantes missões. Ele nunca ficou responsável diretamente pela segurança dos filhos do Chefe, isso ficava a encargo de aurores de nível mais baixo. Mas agora as coisas eram diferentes, a ameaça era real e tangível, Ben pode perceber mais cedo quando buscava Amélia em sua casa.

Ele olhou para os rostos preocupados e deu um sorriso triste. Scorpius afastou um pouco e ele teve um mínimo espaço para se sentar.

— Seus pais não querem que eu fale sobre isso, mas eu acho um erro. Vocês já são grandes, e vão facilitar mais nosso trabalho se souberem o risco que estão correndo. – Ele saiu pulando o olhar para cada um. – Os Nott não estão visados, ou Freya e Anthony, mas eles sempre estão por perto, pelo que nos informaram, logo correm risco também.

— Você está falando da minha avó?

— Estou falando de pessoas que querem destruir nosso estilo de vida, que querem pregar doutrinas que já deveriam ter sido esquecidas. E que vão fazer qualquer coisa para conseguir isso, seja matando uma menina fruto de um relacionamento entre uma nascida trouxa e um sangue puro. – Ele olhou para Amélia e depois voltou o olhar para Albus. – Seja matando os filhos daqueles que salvaram o nosso mundo.

— Então o risco é maior do que Sophia Zabine? – Scorpius perguntou.

Ben parou para pensar, parecia analisar suas próximas palavras.

— O risco é bem maior que Sophia Zabine.


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