O Legado escrita por Luna


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas.
Capítulo novinho, aproveitem :)
Obrigada aos que comentaram nos capítulos passados, me tiraram um peso de achar que tinha escrito uma coisa horrível e sem sentido. Eu já tinha agradecido? Não lembro, mas se sim agradeço novamente.
Me digam o que acharam desse, temos 74 pessoas acompanhando. Cadê vocês, povo? Eu sou bem legal, venham conversar comigo :)

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São os irmãos Nott na minha cabecinha



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No início, os filhos amam os pais. Depois de um certo tempo, passam a julgá-los. Raramente ou quase nunca os perdoam.”

Oscar Wilde

 

 

 

 

Na vida há poucas coisas que você pode afirmar com certeza, mas a verdade absoluta é que todos um dia morrerão. A única dúvida é quando, onde e como vai acontecer. Existem pessoas que já viram a morte, mas que perseveraram, outras que não tiveram tanta sorte… O mundo bruxo estava passando por um período de calmaria, fazia pouco mais de duas décadas que eles tinham saído de uma guerra e antes disso tiveram um pouco mais de uma década de paz. Você consegue imaginar o horror que seria estar vivo para ver outra guerra?

Eveline as viu, ela viu Grindewald ascender e cair, viu Tom Riddle crescer e se tornar o Lord das Trevas e o viu morrer vítima de seu próprio feitiço. Ela viu o horror das guerras trouxas, viu morte e dor, ela sentiu os ferimentos dos soldados como se tivesse sido feito em sua própria carne. Ela viu Albus Potter correr através de uma floresta escura, viu Anthony indo em busca de suas irmãs, viu Harry Potter chorando em pé ao lado de uma lápide.

Ela viu chuva, neve e sangue. Sentiu dor, medo e desespero. Viu antigos inimigos se juntando para defender seus bens mais preciosos, viu a força de uma mãe desesperada. Ela sabia o que as pessoas falavam sobre ela, nas suas costas, aos sussurros, porém ela não os julgava. Pensava que deveria realmente parecer uma louca quando estava em meio a um devaneio ou quando sua mente ficava tão cheia de imagens e sons que ela não conseguia se concentrar.

O pior é que ela não poderia contar o que viu a ninguém. Quem acreditaria nela? Ela nem mesmo conseguia entender suas visões, uma parte de sua mente lembrava da conversa que tinha tido com seus alunos horas atrás, sabia que tinha alertado o jovem Zabine e Amélia sobre algo, ainda conseguia ver vislumbres do que viu quando falou com a menina, mas nada era claro. O pior de seu dom era sua capacidade de ver coisas que já foram e que poderiam ter sido. O mais difícil era ela tentar diferenciar o que tinha se perdido no tempo e o que aconteceria.

Mas ela sabia a verdade cruel, as pessoas sempre falavam sobre querer saber o futuro, mas raramente gostavam do que ela falava.

 

Anthony se ofereceu para acompanhar Amélia até a torre da Corvinal, eles foram em silêncio boa parte do caminho. As pessoas pareciam estranhar vê-los juntos e de fato deveria ser estranho aos olhos dos outros ver os dois lado a lado, Amélia ficou se perguntando o que eles pensariam se soubessem a verdade. Desde que descobriu quem era seu pai se pegava pensando como seria se tivesse crescido como uma Zabine, não existiria Freya, só seria ela e Anthony. Toda a atenção e carinho do garoto iria para ela e não para Freya, Eliza e Blaise a esperariam na estação, talvez ela tivesse ganho um abraço do pai quando veio para a escola em seu primeiro ano. Eles teriam ido juntos comprar seu material, poderiam ter parado para tomar sorvete como uma família faria. Amélia imaginava muitas coisas, poucas eram reais.

Eles chegaram até a entrada que dava para o Salão Comunal e pareciam não saber como se despedir. Anthony tomou a decisão de abraçá-la e o fez surpreendendo a menina. Ele nunca tinha estado tão perto de Amélia, ela era alta para a idade, seus cabelos volumosos fizeram cócegas no nariz dele e por fim a soltou.

— Sabe, olhando você melhor dá para notar alguma semelhança. – Anthony disse.

— Você está mentindo. – Amélia sorriu. – Todos dizem que eu pareço a minha mãe, não devo ter nada dos Zabines.

— Ah, esse sorriso bonito aí, com certeza, veio do nosso pai. – Anthony pareceu experimentar a sensação de se referir a Blaise como pai de ambos.

Amélia olhou para trás para ver se alguém vinha, conferindo se ninguém tinha escutado nada.

— Tome cuidado, Anthony. – Ela falou nervosa. – Ninguém pode saber.

Anthony assentiu, o seu sorriso tinha desaparecido. Ele se despediu dela e antes que pudesse tomar distância a ouviu lhe chamando.

— Me prometa que não contará nada a ele. – Ela suplicava com os olhos, estava assustada, ele pode notar. – Por favor, Anthony. Me prometa que ele não saberá de nada.

— Nós não podemos esconder para sempre, Amélia. Eu entendo que…

— Não. – Ela o cortou e o puxou para dentro do corredor. – Minha mãe fugiu por uma razão, Freya disse que Sophia é capaz de… Ninguém pode saber, okay?

— Papai vai proteger vocês. – Anthony parecia muito seguro do que dizia. – Amélia, nós protegemos nossa família, papai sempre nos protege, ele vai fazer o mesmo por você.

Amélia não sabia o que ele quis dizer com isso, novamente se pegou pensando o que eles tinham passado. Qual o motivo de precisar da proteção do pai?

 

Quanto mais pessoas sabem um segredo mais difícil é mantê-lo secreto. Dizem que por isso o Lorde das Trevas triunfou por tantos anos, ele não confiava em ninguém além dele próprio. Confiança não é algo que se deve dar a qualquer um, e você deve ser inteligente e não se deixar levar por emoções quando se trata de um segredo importante, principalmente um que coloca sua vida em risco. Por isso os que sabiam do segredo de Amélia entraram em um acordo, nenhuma palavra seria dita a respeito do tal assunto, nada seria falado, em momento algum, a ninguém. O problema é que quanto mais pessoas sabem um segredo mais difícil se torna mantê-lo em segurança, ou no caso mantê-las…

Rose não poderia enviar uma carta aos pais perguntando o que queria saber, também não queria perguntar a Scorpius, o loiro diria para ela não se meter no meio daquilo, mas para a sua sorte ela sabia de alguém que tinha um grande conhecimento do assunto e que não lhe faria perguntas.

 

— Os Zabine? – Tim perguntou estranhando o interesse da ruiva. – O que você quer saber sobre eles?

Bem, não lhe faria tantas perguntas.

— Tudo que você puder me dizer. – Rose falou sorrindo. Ela parou quando viu Tim estreitar os olhos. – Você pode me falar sobre eles, por favor.

O sonserino pareceu pensar no pedido, felizmente para Rose ele não se importava tanto assim em guardar segredos que não eram seus.

— Não é uma família antiga, pelo menos não no nosso meio. Os primeiros a virem à Inglaterra foram Anthony e Amélia Zabine. – Tim parou ao notar os nomes que tinham dito, Rose desviou os olhos e o garoto continuou. – Disseram que eram puros sangue vindos da Itália, ninguém questionou ao ver todo o dinheiro que eles tinham.

— Muito ricos?

— O suficiente para começarem uma amizade com os Malfoy. – Tim falou como se essa informação bastasse. – O filho deles, Pietro, ainda morava na Itália, veio para cá depois de um tempo com a esposa, Sophia. Uma mulher que poderia ter criado o significado de beleza, pelo que diz meu avô. Pietro morreu alguns anos depois, Blaise Zabine tinha alguns meses de vida.

— Só isso?

Timothy sorriu, causando calafrios em Rose.

— Ao que parece não era segredo o quanto Anthony e Amélia detestavam a nora, Sophia também não parecia ser a melhor das mulheres e mãe. A fortuna que ela tinha conseguido com o marido aumentou exponencialmente com os outros sete maridos que ela teve. Todos morreram, é claro.

— Ela os matou? – Rose perguntou assombrada com a possibilidade.

— Se o fez… bem, nunca foi pega. – Tim deu de ombros.

— Você sabe algo da última geração? – Rose quis aparentar estar despreocupada, mas torcer as mãos na barra da saia não foi muito inteligente.

— Poucos anos depois de terminar a escola Blaise se casou com Antonella Frontier, uma bruxa rica italiana, teve Anthony e Freya, como você deve saber e morreu.

— Tim…

— Por que você não me fala o que quer saber, Rose? – Ele pediu impaciente.

— Como eles são? Os Zabine.

— Puros sangue, arrogantes, bajuladores, ricos, preconceituosos, influentes…

— Timothy. – Rose o interrompeu. – Como eles são?

— Sophia é uma mulher perigosa, segundo meu avô, possui as maiores qualidades que uma mulher pode ter, beleza, riqueza e inteligência. Ele afirma que ela apoiou o Lorde das Trevas, mas nunca conseguiram nada contra ela, mesmo ela tendo participado de missões… – Tim pensou em uma termo que não causaria assombro em Rose. – nada políticas.

— Tortura, sequestro e morte? – Rose perguntou.

— No mínimo. – Tim esperou um pouco antes de continuar, Rose estava estranhamente pálida. – Blaise foi como qualquer criança nascida naquela época, não muito diferente do meu pai ou do Sr. Malfoy, então com as palavras de Sebastian Nott, um bando de fracos, moleques de guerra.

— O que isso quer dizer?

— Que eles não eram cruéis o suficiente para serem dignos comensais da morte.

— Então o Sr. Zabine…

— Não, ele nunca recebeu a marca, mas teria recebido se o Lorde tivesse sobrevivido.

— E sobre a esposa? – Rose perguntou depois de um tempo em silêncio.

— Pelo que eu sei dela você gostaria de conhecê-la. Uma mulher determinada, independente, forte, não era muito sensível. Minhas fontes não são muito seguras, Rose. Cada um fala o que quer, mas depois de um tempo Antonella não foi vista com bons olhos na sociedade bruxa.

— Por que?

— Separação não é algo que é visto facilmente no nosso mundo, ainda mais entre puro-sangue. Quando ela pediu…

— Foi ela que quis se separar? – Rose perguntou surpresa.

— Sim, pelo que eu escutei. O casamento não estava indo bem, ela pediu a separação e saiu de casa. – Tim explicou. – Voltou para a casa da família Frontier com o filho, outra afronta, já que muitos acham que a criança tem que ficar com a família paterna. A separação no nosso mundo demora para acontecer, muitos casamentos são feitos com ligação mágica, algo que não pode ser quebrado facilmente e pelo que dizem Sophia estava atrasando ainda mais os procedimentos.

— Mas eles voltaram. – Rose falou.

— Ninguém entendeu. Um dia eles estavam juntos, ela estava usando as joias da família Zabine e algumas semanas depois anunciaram a chegada de um novo filho. Antonella morreu quando Freya nasceu.

Rose assentiu com a cabeça, essa parte da história ela conhecia.

— Você acha que ela seria uma boa mãe?

— Talvez… É difícil saber. – Tim pensou um pouco. – Acho que ela não era uma má pessoa, talvez fosse uma boa mãe.

— Ela não abandonou o Anthony. – Rose falou querendo achar um motivo para Antonella ser uma boa pessoa, ela não entendia porque era tão importante enxergar a mulher como um ser humano decente.

— É, ela não o abandonou.

Todas aquelas informações pareceram ter aberto algo na mente de Rose. Se ela tivesse pensado mais a respeito do assunto teria visto que perguntar aquilo era um erro.

— Como é sua família, Tim?

O sorriso falso de Timothy sumiu de seu rosto e no lugar surgiu uma expressão fria e distante.

— Isso é algum tipo de pesquisa, Rose? Está analisando as famílias bruxas? – Ele perguntava friamente. – Talvez buscando notas para ver qual de nós tem mais possibilidade de se tornar um bruxo das trevas.

— Não seja estúpido, Tim. – Rose falou ultrajada e envergonhada. – Eu só… é só curiosidade.

— Curiosidade? – Tim sorriu. – Vamos lá, não tivemos natais quentinhos com chocolate a meia-noite, não tivemos beijos de boa noite e nossos pais não ião aos nossos quartos em noites de tempestade. Eu não pergunto o que você e sua gente faz, Weasley.

O garoto saiu com passos duros deixando Rose estática sem saber como agir. Alguns minutos tinham se passado quando ela escutou passos e ergueu o rosto vendo Tim parado na porta da sala.

— Meu avó era um comensal da morte, ele criou meu pai para ser um comensal da morte, ele acredita que trouxas e mestiços deveriam morrer. O fato de eu estar aqui falando com você já me faria ser azarado. Meu pai… meu pai… – Tim não conseguia encontrar as palavras. – Ele se esforça. Minha mãe… ela…

— Está tudo bem, Tim. – Rose caminhou até ele o tocando no braço. – Desculpa, eu não deveria ter perguntado.

— Ela tenta nos proteger. Ela não nos deixa mais sozinhos com meus avós e isso é algo a se levar em conta. – Ele continuou. – Ela não é uma mulher afetuosa ou gentil, nem amável. Quer dizer, ela diz que se importa com nós três, mas você não vai ver ela fazendo nossos biscoitos preferidos apenas porque está com saudade.

Tim deu um sorriso frio para Rose e naquele momento ela prometeu a si mesma que ia tentar não julgar mais os irmãos Nott. Ela não fazia a menor ideia do que era crescer em uma família sem carinho, atenção, sem amor explícito. O que ele poderia acrescentar sobre sua família se perdeu no abraço apertado que Rose lhe deu. Era a primeira vez que ela fazia algo assim e por um instante o garoto achou que Rose poderia sentir seu coração batendo acelerado.

 


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