A Mais Digna Das Heroínas escrita por Doyle


Capítulo 6
Ela está morta


Notas iniciais do capítulo


~ML~



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Seu anel começou a piscar, lembrando-o de que tinha que sair dali. Tomando sua princess nos braços, ele correu sem rumo até parar em frente a uma casinha de aspecto oriental. Não sabia o que o levara até ali, mas algo fez com que batesse na porta. De dentro dela saiu um homenzinho baixo, de cabelos grisalhos e camisa vermelha. Ele parecia muito familiar. O chinês agiu como se já estivesse esperando a visita, e fez com que Chat entrasse rapidamente.

O velho fez um sinal com a cabeça para uma esteira estendida no chão, e Chat Noir deitou Marinette ali.  Com delicadeza, o velhinho fez com que Chat Noir sentasse no chão. O anel piscou mais uma vez e Plagg caiu na mão de Adrien. Estranhamente, o chinês sequer piscou com a mudança. Adrien observou enquanto o outro andava de lá para cá, murmurando palavras sem sentido e pegando frascos de prateleiras aleatórias.

Quando ficou satisfeito com as ervas e loções, o homenzinho caminhou até a bancada e atirou um pedaço de queijo chamèmbert para Plagg, que pareceu muito contente com a manobra. Enfim, o velho sentou-se ao lado de Adrien e inclinou-se para pegar a bolsinha de cetim que Marinette carregava. Quando a abriu, Adrien perdeu a fala.

 Dentro da bolsinha havia outro kwami, vermelho com bolinhas pretas. Ladybug. Mas é claro! Agora tudo fazia sentido! Por isso Ladybug não apareceu durante a luta. Por isso Marinette se sacrificara. Marinette sempre sumia quando Ladybug estava presente. Mesmo quando a Temporizadora atacara, Ladybug e Marinette estavam ao mesmo tempo no mesmo lugar, mas duas Ladybugs apareceram. Seu coração tinha razão. Só havia uma garota, o tempo todo.

 Ele passara muito tempo sentindo-se culpado por amar igualmente as duas garotas. Sabia que não tinha sentido nenhum, mas, para ele, parecia que estava traindo as duas.

 O kwami de Marinette parecia abalado, e deitou-se no rosto dela. Cantando versos em mandarim antigo, que Adrien não conseguiu compreender, o homenzinho misturava o conteúdo de diversos frascos em um único recipiente. Pegou a papa e afastou os trapos de tecido do local onde Chat havia tocado, espalhando o creme por toda a região. Adrien engoliu em seco. O ferimento, que já parecia bastante ruim quando estava coberto, agora tinha um aspecto horrível. Havia um buraco enorme atravessando o corpo frágil da menina, e a pele ao redor estava enegrecida e inchada. As veias azuladas traçavam linhas volumosas pela pele, como rachaduras no ébano. Ele se levantou subitamente.

  – Como? – Adrien tentou ignorar o tom agudo de pânico que ouviu em sua voz – Como ela pode estar viva? Ela... Ela se sacrificou! Eu a matei! Ela não pode estar viva... – Adrien caiu de joelhos, o rosto banhado de lágrimas enterrado nas mãos – Eu a matei...

  O velhinho terminou sua tarefa e secou as mãos numa toalha.

  – Adrien... Precisamos conversar. Meu nome é Mestre Fu, e fui eu quem lhe dei seu anel e os brincos de Marinette. Quando eu lhe dei seu miraculous, fiz isso porque sabia que você o merecia. Os miraculous não foram feitos para fins malignos. Eles foram forjados na Idade Antiga para proteger a humanidade, e foram cedidos a heróis dignos. Não foi você quem a matou, Adrien, foi ela quem fez uma escolha.

  “Seu poder, o de destruição, não deve ser usado em pessoas. Por isso, ele não funcionou muito bem, como pode ver. Ele deveria ter desintegrado a garota, mas só abriu um buraco, e para isso eu tenho a solução. Ela estará bem, não se preocupe. Mas não posso dizer quanto tempo levará – pode demorar dias, ou semanas, porque preciso reconstituir muito do corpo dela, e alguns órgãos vitais foram bastante danificados. Sugiro que você também fique aqui até que ela esteja bem.”

  Adrien assentiu, fungando. De repente, lembrou-se de algo.

  – Espera. Como ela conseguiu retomar o controle do próprio corpo? E como ela aniquilou a maldade do akuma sem o ioiô?

  Mestre Fu sorriu.

  – Ela é muito forte, sabia? Com sua própria força de vontade, ela expulsou Hawk Moth por tempo o suficiente para por fim à crueldade da Revenger, e dessa maneira, conseguiu aniquilar a maldade sem precisar recorrer à magia do ioiô. Ela usou sua própria vitalidade para isso. Foi por isso que eu a escolhi... Ela é a mais digna de receber seus poderes.

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  Durante o tempo em que Marinette estava inconsciente, Adrien pôde pensar à vontade, o que nem sempre era uma coisa boa. Passava os dias silencioso, guardando uma vigília constante ao lado de sua lady, sua princess. Quase não comia. Dormia muito pouco, pois não queria sair do lado de Marinette, e quando Mestre Fu conseguia convencê-lo a descansar, pesadelos invadiam sua mente.

  O pesadelo mais frequente começava no salão, com Adrien parado imóvel enquanto Marinette chorava. Ele tentava correr até ela, mas seus pés pareciam colados no chão e sua voz não saía. Marinette olhava para ele, os olhos azuis refletindo uma melancolia tão profunda que o derrubava de joelhos. O sonho, então, mudava, e Adrien se via novamente naquele beco, ao lado de Marinette. Mas ele não estava ali para consolá-la; invocando seu Cataclysm, um sorriso cruel surgia em seu rosto e ele andava calmamente para a garota assustada no chão. Ele então soltava uma gargalhada e baixava a mão em direção ao rosto dela, desfigurando-o. Adrien acordava abruptamente, sentindo o grito angustiado de Marinette penetrando em sua alma.

  Seus dias eram repletos de melancolia e dor; suas noites, de medo. A única coisa que fazia sua espera suportável era, ironicamente, Marinette. A cada melhora dela, Adrien sentia seu coração bater mais forte, voltando à vida. A cada dia o buraco no corpo dela se fechava mais, e a plantinha da esperança que crescia em seu coração se tornava maior.

  Quando uma semana se passou, todo o corpo de Marinette estava reconstituído, e ela respirou pela primeira vez. O som cálido do ar entrando nos pulmões dela encheu o coração de Adrien de alegria, sentimento que ele não experimentava desde o momento em que ela deixou aquele restaurante. A cor voltou ao rosto dela, tingindo seus lábios de vermelho outra vez. Adrien não pôde conter as lágrimas que desciam pelo seu rosto. Quis chamar Mestre Fu, mas sua voz falhava.


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Notas finais do capítulo

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~ML~



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