Segundos do Coração escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo!
Espero que gostem e façam boa leitura.
Ps: Feliz Aniversário, Mai!



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Capítulo 4 - Apollo

— Você ficou louco! – Rujo um pouco alto para Brian. – Malditamente louco!

Brian não me escuta e continua caminhando em direção a quadra. As vezes ele era tão teimoso que me tirava do sério, eu não podia culpa-lo por isso, quando mamãe morreu ele tinha apenas treze anos e foi um tempo difícil para nós, e meu pai não era tão forte para lidar com três garotos mau humorados, pois é isso que erámos ainda.

Há algum tempo eu parei de me importar com as pessoas me perguntando porque havia largado a escola por tanto tempo, não que não me incomodasse, apenas não era problema de ninguém.

— Vamos lá, bro, estou curioso para ver o que Freyre ainda está escondendo, talvez ela seja ginasta ou algum assim! - Ele fala e não posso fazer nada a não ser segui-lo quando ele continua com a loucura.

— Renan vai chutar nossa bunda, Brian, e depois o pai vai encher nosso saco com toda merda possível. – Continuo dizendo.

— Você não está nem um pouco tentado então? – Ele pergunta parando no caminho e me olhando, e quando eu não respondo ele sorri. – Foi o que pensei.

Solto um suspiro frustrado e olho para cima tentando manter a calma.

— Renan não nos chutará de lá afinal. – Eu digo e Brian me olha curioso. – Freyre vai fazer isso por conta própria.

Rindo nós entramos e sentamos em uma das arquibancadas. Meus olhos passam rapidamente pelas garotas que usavam shorts curtos e pequenas regatas - ótimo uniforme se quer saber -, e não demorou até que a encontrei, em um canto conversando com Vivian.

— Ela é o erro no meio vários acertos. – Brian fala com os olhos nela também.

— Não, ela é o acerto no meio de vários erros. – Retruco e ele me olha com choque.

Não dando a mínima para o que ele estava pensando, passei os olhos pelo corpo de Freyre que era além de incrível. Ela era pequena, mas não lhe faltavam curvas, algumas pequenas tatuagens estavam espalhadas pelos seus braços, e apenas em um dos ombros havia uma maior, uma enorme rosa vermelha colorida com algumas aspirais em preto.

Mas essas não eram as melhores, um vislumbre de uma que parecia ser uma grande fênix aparecia abaixo de seu short na lateral da sua coxa direita. Na lateral da panturrilha esquerda tinha uma apenas em contornos e linhas escuras na forma de um cavalo, senti um tesão do caramba quando meus olhos subiram para os seus seios e porra tive que segurar um gemido, ela ou não usava sutiã ou usava um que não impedia a visão dos piercings que apontavam na blusa que usava.

Ela tinha malditos piercings nos bicos de seus peitos, e eu precisava me acalmar, não, eu precisava acalmar meu pau para não passar a vergonha de ter uma ereção na frente de Brian.

— Você está vendo a mesma coisa que eu, certo? – Brian pergunta impressionado. – A garota é um fodido gibi, o pai me colocaria para fora se eu tivesse tantas tatuagens!

Eu não estava prestando atenção no que ele dizia, não quando todos naquela quadra olhavam para Freyre, até mesmo Renan, o professor a olhava intensamente, certamente o mesmo olhar que eu tinha em meu rosto.

— Eu já volto. – Rosno para Brian e me levanto, fazendo minha curta caminhada pela quadra.

Só por cima de mim eu a deixaria passar por aquilo como se fosse uma arte em exposição. Nem fodendo que iria permitir isso.

                               Freyre

1°: Eu nunca me importei com os olhares horrorizados das pessoas que viam meu corpo todo tatuado.

2°: Foda-se se eles acham que por eu ter dezessete anos sou uma pobre garota louca que não tem a mínima ideia do que faz com o corpo.

 Meu pai teve certa dificuldade em aceitar meu estilo, mas desde que ele aceitou o resto podia muito bem enfiar suas opiniões naquele lugar.

Eu não estava constrangida por estar usando um sutiã sem bojo que não escondia meus piercings sobre a fina regada, mas eu não queria trazer problemas para Tobias por isso, eu ainda tinha algum senso afinal.

— Eu não posso participar, Vivian. – Falo para ela que estava maravilha com meu corpo, palavras dela, não minhas.

— Não acho que isso seja um problema. – Ela fala apontando sem qualquer descrição para meus peitos. – Mas se você não se sente bem sobre isso fale com o professor.

— Eu vou mesmo! – Digo com firmeza.

O professor Renan era aquele homem que você olha e pensa, merda, aquele cara poderia fazer minha calcinha cair com um simples penetrante olhar. Cabelos loiros e olhos verdes, malhado e alto, um príncipe encantado com cara de safado, com direito a cabelos levemente bagunçados e flutuantes quando o vento batia sobre eles.

Desculpe se fiz você acabar com a fantasia de príncipes doce das histórias infantis com essas informações quentes sobre meu novo professor de educação física, era apenas uma verdade!

Ele me olhou quando parei perto dele e varreu meu corpo sem disfarçar.

Não me incomodou nem nada, a primeira coisa que você tem que aprender a lidar quando faz alguma arte em seu corpo são com os olhares.

— Vim pedir permissão para ficar sentada durante a aula, sei que é minha primeira aula na escola mas eu realmente acho que hoje não é um bom dia para jogar. – Falo rapidamente querendo sair logo dali para não ter que entrar em detalhes.

— Entendo. – Ele diz sorrindo com dentes perfeitos e tão brancos que poderiam me cegar, sem exagero! – Tudo bem, vou te dar um desconto de iniciante, mas não se acostume com isso.

— Não sonharia com isso. – Revido ''brincando''.

Me viro para dar o fora dali e trombo contra um peito duro, um cheiro de perfume masculino delicioso misturado com o cheiro doce de bala de uva verde chegou em mim, e me segurei para não respirar mais fundo para sentir mais e mais aquilo. Culpo meus hormônios.

— E ai professor. – Apollo cumprimenta segurando meus ombros. – Deve ter chegado até você que meu pai é o guardião de Freyre e que ela está morando com a gente.

Me afastei dele e encarei seu rosto depois voltei para o professor, que tinha um brilho divertido no olhar.

Foda-se que Apollo estava dando um aviso ao professor sobre mim! Estava dizendo em curtas palavras que ele não deveria se envolver comigo mais que necessário entre aluna e professor.

Eu queria quebrar a cara dele bem ali.

— Claro, Apollo. – Renan diz movendo os olhos para mim. – Da próxima vez vista algo mais descente mocinha, você está dispensada desta aula.

Forcei minha boca para ficar fechada, ele não tinha dito aquilo!

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, professor Renan se virou e foi reunir as outras alunas, e mesmo que ele não estivesse olhando levantei minha mão e lhe dei o dedo do meio.

Minha bunda que eu vestiria algo mais descente porque um professor tarado teve o gostinho de dizer isso para mostrar alguma coisa.

— Vamos. – Apollo fala segurando minha mão que ainda estava levantada.

Vivian acena para mim com um sorriso travesso enquanto eu estava sendo arrastada de volta para o vestiário. Pedi duas vezes para Apollo soltar minha mão, mas ele me ignorava e continuava a andar mais rápido do que minhas pernas podiam acompanhar.

— Vista o outro uniforme. – Ele rosna para mim como um maldito cão selvagem.

Eu estalo minha língua e bato com o dedo contra os lábios, agradecendo pelo vestiário estar completamente vazio.

— Eu acho que não, bonito. – Falo olhando para aquele céu escuro que eram seus olhos que brilhavam com raiva.

 - Estou falando sério porra!

— Oh meu Deus, ele xinga! – Rio alto e ele me olha furioso. – Muito para lidar, Apollo? Pobrezinho, e isso porque é apenas meu segundo dia perto de você.

Faço um som de tsc, tsc, e rapidamente ele está perto de mim com o rosto quase grudado no meu.

— Você gosta de chamar atenção, não é? – Ele murmura na minha cara e eu pude sentir seu cheiro novamente.

— Não, eu não sou esse tipo, não faço nada para agradar ninguém. E isso? – Falo e passo os meus dedos indicadores sobre meus piercings nos mamilos. – Mostra como vocês são hipócritas de almas pobres por julgarem alguém por tão pouco.

— Eu não estou julgando você. – Ele fala incrédulo.

— Então por que se sentiu no direito de ir até lá e me arrastar para fora da quadra?

— Eu fiz isso para te poupar dos olhares que estavam em cima de você. – Apollo quase rosna ao falar.

Meu Deus, ele era mesmo um idiota!

— Como se eu me importasse com isso. – Falo com sarcasmo.

— Eu me importo quando algo assim pode me obrigar a quebrar a cara de alguém. – Rebate.

Não seguro uma risada, o que o deixa mais irritado, merda agora eu estava entendendo.

— Apollo D’Luca é possessivo, que cômico. – Digo me afastando dele para pegar meu outro uniforme.

O retiro da bolsa que estava dentro do armário e começo a deslizar meu short para baixo, o tirando.

— O que você está fazendo? – Ele pergunta com a voz rouca, e socorro, eu o estava afetando mesmo.

— Você me pediu para trocar de uniforme pelo que ouvi. – Respondo e dou um passo para sair de dentro do short ficando apenas de calcinha. – Eu vi você olhando, bem, você e Brian. Queria saber como era?

Aponto para a tatuagem que cobria toda a lateral do meu corpo, a linda fênix que fiz no último ano, completamente colorida em cores vibrantes como verde, laranja, azul, roxo e vermelho.

Me chame de vadia, descarada, não me importo, meu corpo não era uma vergonha para mim e nunca séria.

— É linda. – Apollo diz chegando mais perto.

Estico minha mão para fazê-lo parar.

— Se você quer ver, tem que ver inteira. – Sussurro e tiro minha regata e rapidamente ficando de costas para ele poder olhar por toda a tatuagem.

Estava ciente que estava quase nua na frente de um cara que mal conhecia, e foda-se, isso mexia comigo. Nunca tinha transado com ninguém, tinha feito outras coisas mas nunca passado para a próxima fase.

— É impressionante, e essas flores ficaram incríveis. – Sinto o dedo de Apollo tocar minhas costas e logo me afasto colocando rapidamente a saia e a blusa ridícula do uniforme.

— São jasmins, era a flor favorita do meu pai. – Digo, soltando meu cabelo do elástico apenas para prendê-lo mais forte novamente. – Se você contar para alguém que o deixei me ver assim, corto suas bolas foras e dou para minha cadela comer.

Apollo me olha mais suave e dá um sorrisinho torto.

— E compartilhar essa visão do paraíso com alguém? Nem morto. – Eu estremeço com suas palavras e merda isso não estava certo.

— Ótimo, não sou para o bico de qualquer um saiba disso. – Brinco e acrescento. – Tenho certeza que alguém como eu não é permitido no paraíso.

— No meu você é vip! – Diz ainda sorrindo.

Mostro minha língua para ele e seu sorriso aumenta.

— Isso é legal. – Fala sobre meu outro piercing.

— Doí pra caralho para colocar, então só fica legal depois de um bom tempo.

— Tem mais algum além desses? – Pergunta com as mãos nos bolsos da calça jeans escura.

Sorrio maliciosamente para ele, sabendo que o deixaria constrangido com o que ia falar.

— Tenho mais um, mas acho que você ficaria ainda mais chocado, melhor mantermos sua inocência sobre isso. – Digo fingindo seriedade e os olhos dele quase saltam de seu rosto.

— Você está falando sério? – Questiona e eu quase podia ver sua mente rodando e imaginando o lugar.

— Claro que não seu pervertido! – Dou um tapa em seu ombro e nós dois rimos.

— Acho que estou aliviado, se tivesse falando a verdade não dormiria esta noite. – Mais uma vez lhe dou um tapa, e desta vez mais forte.

— Babaca.

Rindo nós dois saímos do vestiário, não pedir os olhares curiosos nos julgando enquanto caminhávamos pela quadra. As meninas jogavam uma partida de vôlei, eu amava jogar e quase fiquei triste por não participar, mas então meus olhos encontraram os de Felipa, a falsa ruiva.

Ela me encarava com raiva me observando andar ao lado de Apollo, quando passamos perto dela eu ouvi seu sussurro raivoso.

— Me aguarde vadia.

Olhei para aquela cobra e dei um sorriso mortal, se ela se metesse comigo ela sairia com o rabo entre as pernas rapidinho.

— Estou esperando, puta. – Falo de volta dando meu dedo do meio pela segunda vez naquele dia.

A risada baixa e rouca de Apollo me fez olhar para ele.

— Você é uma peça, lobinha. – Ele fala.

— Eu gosto de ser uma. – Dou de ombros.

Topamos com Brian do lado de fora da quadra escorado na parede conversando animadamente com uma menina muito bonita.

Garotos...

Assim que nos viu, ele rapidamente a dispensou, focando sua atenção em mim e em seu irmão. Fiquei imaginado o que ele prometeu para ela pra que ela saísse tão sorridente.

— Aonde vocês estavam? – Ele pergunta dando um olhar sujo para Apollo.

— Nem um piu. – Digo aos dois. – Apollo estava apenas me esperando trocar o uniforme desde que eu estava inapropriada para a aula.

— Quem disse isso? – Pergunta Brian, sua voz soava irritada.

— Renan. – Responde Apollo com o mesmo tom.

— Pro inferno aquele bunda mole, você estava quente naquela coisa, e isso. – Ele aponta sem restrições em direção os meus seios. – São incríveis, acho que vou fazer nos meus.

— São sexy em homens, se eu fosse você faria. – Digo com sinceridade. – Poderia te levar em um amigo meu.

— Eu vou pensar sobre isso. – Brian diz com excitação e eu sabia que ele faria mesmo.

— Chega desse assunto, e vamos logo. – Fala Apollo esfregando as mãos.

— Vamos aonde? – Questiono curiosa.

— Eu e Brian vamos te ensinar como matar uma aula de verdade. – Ele responde dando um sorriso ao seu irmão que logo fazia um high five com o mais velho.

Animada eu segui os dois para fora da escola, e no fundo eu sabia que nada de bom poderia sair dessa escapulida, e isso só me fez ficar mais animada ainda.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



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