Segundos do Coração escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713561/chapter/5

Capítulo 5 - Freyre

Saíamos do jipe e Brian tinha um enorme sorriso que quase partia seu rosto no meio. Estávamos em um terreno há alguns minutos da escola, enormes muros escondiam o que quer estivesse lá dentro então eu não tinha a mínima ideia do que estávamos fazendo ali. 

Deveria ser algo bom pois até Apollo que era mais contido vibrava enquanto caminhava na terra seca em passos longos fazendo a poeira levantar.

O lugar não era muito grande, mas bem ‘’bonito’’, e ver aquele simples pedaço de terra me fez sentir falta de casa, e já era alguma coisa contando que eu estava em uma cidade grande que era feita de prédios e edifícios. 

— Você está pronta? - Pergunta Brian assim paramos em frente a um enorme portão de ferro. 

— Eu nasci pronta, mauricinho. – Respondo estalando a língua.

Brian sorri e bate no portão três vezes, Apollo me surpreende pegando minha mão. 

— Acredite em mim, esses caras vão querer te atacar se souberem que está sozinha. - Ele diz respondendo minha pergunta silenciosa. 

E pela segunda vez no dia, um dos irmãos me segurava junto a ele para evitar que outros caras se aproximassem, isso parecia tão ridículo que não segurava um revirar de olhos.

Ouço algumas correntes caírem e a trava do portão sendo destrancada, o portão se abre um pouco até que um cara de pouco mais de vinte anos reconhecer Apollo e Brian e abri-lo completamente.

E uau, aquele cara era lindo, uma barba espeça cobria seu rosto, os lábios finos e bem delineados naturalmente sorriam abertamente e os olhos azuis brilhavam enquanto ele puxava os dois ao meu lado para um abraço típico de amigos de longa data, e detalhe, ele usava uma roupa que sem dúvidas era usada para motocross.

Os olhos dele me alisaram sem rodeios e então caíram sobre a mão de Apollo que ainda estava na minha.

— E você é? – Ele pergunta com uma voz grossa.

— Ela é Freyre, meu pai é seu guardião por algum tempo. – Responde Brian.

— E você é...? – Pergunto com o mesmo tom curioso.

— Pra você eu posso ser quem quiser, Jamie Dornan, Dylan Bruce, Matt alguma coisa, basta dizer quem você quer eu serei! – Diz sorrindo para mim.

— Ele é Trent, apenas o ignore. – Responde Apollo dando um soco no ombro do amigo.

— Trent, se você quer conquistar uma garota basta ser quem você é e será uma tentativa bem sucedida. – Falo fazendo-os rir. – Bem, não viemos para algo?

Trente, o moreno de olhos azuis assovia e se volta para Apollo.

— Vocês estão juntos? – Questiona.

— Não, ele apenas está se certificando que não vou ser assediada ou algo assim, palavras dele. – Respondo sorrindo para Apollo que dá de ombros. – Ele faz parecer que estou prestes a entrar em uma jaula cheia de leões.

Os três gargalham alto e a mão de Apollo sobe para meu ombro, o apertando levemente.

— Gostei de você, Freyre. – Fala Trent. – Venham, vamos dar boas vinda a essa doce garota.

 Brian se abaixa e sussurra em meu ouvindo.

— Doce como um limão.

Mostro língua para ele e nós passamos pelo portão, não tinha como não ficar animada com aquilo, a excitação passava pelo meu corpo.

Era um fodido círculo de motocross aquele lugar, pilotos começavam a aquecer suas motos perto de uma garagem que tinha placa escrito “mecânica do Bento’’, não precisava ser um gênio para saber que era uma fachada e o que acontecia naquele terreno era ilegal.

Vários homens e algumas mulheres vestiam seus macacões de corrida enquanto aceleravam ao máximo suas motos, fazendo meu corpo estremecer.

— Se alguém me dissesse que vocês corriam sobre motos, eu perguntaria se a pessoa bateu com a cabeça em alguma quina. – Falo para Apollo.

— Fazemos isso há uns cinco anos, primeiro fui eu e quando Brian já estava com uma boa idade para aprender eu o trouxe. – Diz com um sorriso.

— Devo perguntar se seu pai sabe sobre isso?

— Ele finge que não sabe. – É sua resposta.

— Vocês vão me deixar correr? – Pergunto olhando para os três.

— Não. – Responde Apollo sério.

— Sim. – Falam Trent e Brian.

Espero os três que estavam tendo uma conversa silenciosa apenas enquanto se olhavam e cruzo os braços.

— Escuta, você me tirou da escola antes da aula acabar no meu primeiro dia lá, então foda-se! Eu vou aproveitar as duas horas que temos antes de irmos embora. – Decreto sobre um Apollo rapidamente mal humorado e um Trent e Brian com sorrisos presunçosos.

— Isso ai, garota vamos nos sujar naquele barro. – Exclama Brian.

— Você sabe ao menos pilotar, lobinha? – Pergunta Apolo também cruzando os braços me enfrentando.

— Melhor que você. – Respondo afiada

Sempre soube que meu pai quis ter um filho menino, e então eu cheguei e bem, ele acabou me criando como uma moleca, não que eu estivesse reclamando, ele me criou melhor que qualquer pai no mundo.

— Há! Essa eu pago pra ver. – Diz Trent euforico.

Apollo dá um tapa na cabeça de cada um mais acaba sorrindo para os dois antes de olhar para mim, com os olhos brilhando de algo que eu sinceramente preferia não saber o que era.

Nunca iria admitir, mas ele já havia mexido o suficiente com meus hormônios naquele dia.

Paramos na garagem e espero até que todos falm com Apollo e Brian, que pareciam pessoas diferentes ali, pareciam muito mais descontraídos naquele lugar.

Trent me apresentou para todos que sorriam e apertavam minha mão, ele me contou que Bento realmente trabalhava como mecânico ali mas ganhava muito mais com apostas de motocross.

Meg a mulher de Bento me abraçou e disse que estava animada para me ver correr, falou que não era sempre que uma nova garota aparecia por ali, ela me disse que sentia muito quando contei porque moraria com Tobias. Todos me receberam bem, e quando voltei de dentro da garagem, Brian revirou os olhos quando o resto dos caras me prendiam com os olhos, mas eu realmente fiquei bem no macacão vermelho de Meg.

— Você pode correr na minha moto. – Fala Trent que a aquecia junto as outras.

— Eu vou correr ao lado dela. – Apollo diz e sem dizer mas nada foi vestir seu próprio macacão.

Converso animadamente com Trent enquanto observava as primeiras motos que entravam no círculo para correr, faziam manobras e saltos e merda, eu estava fascinada com tudo aquilo.

Brian foi um dos que correu primeiro, sua moto azul zumbia e girava no ar a cada salto que ele dava, e quando voltou para a garagem estava com um sorriso louco no rosto.

— Preparada?

Quase tenho um infarto quando Apollo fala parando ao meu lado. Estava tão focada na corrido que não percebi quando ele parou ao meu lado.

Trent me passa o capacete e dá um polegar para cima, me desejando sorte.

— Sim, e você? – Respondo mesmo sentindo minhas pernas tremerem violentamente.

— Nasci preparada, lobinha.

Talvez depois de correr eu perguntaria a ele porque ele me chamava assim, mas naquele morrendo eu iria correr.

                                   Apollo

A cada curva que Freyre fazia eu sentia o nervosismo em meu corpo. Ela pilotava bem, mas isso não mudava o fato que ela estava fazendo isso em um lugar desconhecido e cheio de lama.

Mantive a velocidade para correr ao seu lado, e toda vez que ela se levantava na moto me dando um vislumbre do seu corpo naquele macacão apertado, meu pau latejava em minhas calças.

Estava assim desde que ela tirou a roupa na minha frente e exibiu todas aquelas tatuagens, me deixando examina-las como se não fosse nada demais para ela. Se ela fosse como as outras, eu poderia dizer que ela estava tentando me provocar, mas ela não era. Aquilo era Freyre apenas sendo ela mesma, e eu a admirava por isso.

Trent não fez questão de esconder sua atração por ela, e eu queria apenas lhe dizer para manter distância, mas eu não era tão hipócrita assim e Freyre chutaria minhas bolas se o fizesse.

Ela gritava independência e liberdade, ela tinha a aparência de um lobo, um belo lobo selvagem mas que não atacaria se não fosse incomodado, mas também que brigaria por sua presa.

— Qual é Apollo, vá correr e pare de me vigiar como uma maldita babá! – Ela grita sobre os rugidos das motos.

Já estávamos cobertos de lama e teríamos que parar para ir embora, ela não parecia se importar com isso.

— Vamos voltar, temos que ir para casa. – Grito de volta.

— Eu vou apenas dar uma última volta, você pode me esperar lá. – Freyre fala e antes que eu possa dizer algo ela acelera a moto, quase voando.

Porra nenhuma eu a deixaria correr em alta velocidade sozinha naquele círculo, não estava louco ainda.

Mas o pior já tinha acontecido antes que pudesse impedi-la de tal loucura. Olhei em choque quando ela derrapou na curva seguinte e caiu rolando da moto, parando apenas quando trombou em uma das grades.

Vi Brian correr com o rosto pálido até ela com Trent logo atrás, não me vi correndo na moto ou descendo dela, mas um instante depois eu estava ajoelhado ao lado de Freyre, tirando seu capacete.

— Merda, bro, o pai vai nos matar. – Brian fala ajoelhando do outro lado.

— Freyre, Freyre! – A chamo chocalhando seus ombros mas ela mantinha seus olhos fechados.

— Vamos leva-la para o hospital. – Sugere Trent.

Meus olhos semicerraram quando um sorriso surgi nos lábios dela, e seus olhos se abriram cheio de humor.

— Você estava fingindo? – Brian pergunta recuperando a cor no rosto, e merda, ele estava ficando com raiva.

Freyre solta uma risada mas geme logo em seguida quando tenta se levantar.

— Antes fosse, mas foi bom ver você com medo pela primeira vez. – Ela responde. – Acho que quebrei meu braço, me ajude a tirar isso.

— Saiam que eu a ajudo. – Meg fala ficando ao seu lado. – Não se preocupe querida, eu já quebrei minha perna duas vezes correndo sobre uma moto.

— Eu estou bem, realmente. – Freyre reponde e puxa o zíper do seu macacão para baixo.

— Caiam fora daqui! – Digo a todos os caras que tinham se amontoado perto dela. – Vão procurar o que fazer.

Alguns me deram sorrisos maliciosos antes de se virarem e saírem do círculo.

— Sem dúvidas isso é um braço quebrado ou trincado, mas já está bem inchado. – Murmura Meg.

Dava para ver que seu braço estava com um ângulo errado e certamente muito inchado, e não consegui nem ao menos me importar com o fato que ela estava apenas com um sutiã na parte de cima.

— Vamos para o hospital. – Rosno e Brian estremece.

— Deus, o pai vai realmente nos matar. – Ele diz.

— Não vai. – Freyre fala chamando nossa atenção. – Vamos para casa e esperar até o horário que a aula terminar, depois vocês ligam para Tobias e dizem que cai no banheiro, infelizmente quebrando um braço.

A encaro com surpresa, e Meg dá um olhar orgulhoso a ela.

— Eu realmente gosto de você, sestra! – Fala Brian como se tivesse recebido a resposta de uma oração.

Freyre dá de ombros como se não fosse nada.

— Eu quis fazer isso, ninguém me obrigou, não deixaria vocês se ferraram por um erro meu. – Ela diz simplesmente.

— Tudo bem, vão se trocar que eu a ajudo daqui. – Meg fala e então nos dá um olhar afiado. – Vão antes que eu enfie minha bota em seus traseiros, D’Luca!

Brian sorri e eu resmungo enquanto nos afastamos, mas antes pude ouvir Freyre rindo de algo que Meg havia dito e eu só conseguia pensar em como ela era forte e resistente para rir quando estava com um braço quebrado.

A mais forte e incrível lobinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Segundos do Coração" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.