TWD - Terceira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 8
Seis


Notas iniciais do capítulo

"Estamos planejando sair esta tarde"



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Acordei com a luz do sol invadindo as pequenas brechas da janela que tinha em minha cela. Me espreguicei e bocejei, aproveitando todo o espaço que eu tinha na cama, já que Daryl sempre acordava na primeira luz do dia. Enquanto ainda acordava de verdade, coloquei minhas mãos em baixo do travesseiro do caçador e toquei nas camisinhas, para contar quantas tinham e assim que as peguei, senti meu estomago dar uma volta enorme. Semana passada, estávamos com exatas cinco camisinhas e hoje, tínhamos quatro. O que não fazia sentido, já que Daryl e eu sempre tirávamos um tempo para nós, pelo menos a cada dois dias.

Ele estava transando comigo sem camisinha.

E eu não tinha notado.

A imagem de Lori e de seu parto veio à minha cabeça e isso fez com que os pelos dos meus braços se arrepiassem.

Eu não queria acabar como ela.

Guardei as camisinhas de volta no lugar que pertenciam e me vesti calmamente, aproveitando para pensar em diversas formas de confrontar Daryl por sua imensa estupidez. Peguei uma toalha, uma nova troca de roupa e fui em direção ao chuveiro coletivo, o qual descobrimos a poucos dias atrás. O lugar estava vazio e era iluminado pela luz do sol e mesmo com pouca iluminação, dava para se virar ver o que tinha ao meu redor. Tomei um banho rápido e refrescante, com a água fria que querendo ou não, já estava acostumada a usar. Lavei meu cabelo com os shampoos que Maggie encontrou no supermercado a uns tempos atrás e me lavei com um sabonete que mal fazia espuma.

Ao vestir meu uniforme do exército, o qual estava limpo e com cheiro de sabonete de coco, lembrei de Carol. Mesmo achando que ela sempre estava muito em cima de Daryl, eu gostava muito de sua presença. Como nenhum de nós achamos seu copo ontem durante buscas, fomos forçados a lhe dar um enterro simbólico, o mesmo que fizemos com Lori.

O corpo de T-Dog foi o único a ser enterrado.

Enquanto voltava para o bloco C, penteei meu cabelo molhado com as mãos e os deixei soltos, para secar. A cada passo que eu dava, sentia as pontas do meu cabelo baterem em minha cintura. Ele estava enorme. Maggie cortava o meu cabelo a cada dois meses e tirava uns dois dedos de pontas, para manter o corte e o comprimento. Mas eu acho que já está na hora de voltar a deixa-lo pelo menos no meio das costas, como era antes.

Ao chegar no refeitório improvisado que montamos no hall do bloco, notei que todos estavam tomando café da manhã, em silencio. Me servi um pouco do que quer que eles estavam comendo e me sentei entre as pernas de Daryl, em um degrau a baixo dele, na escada.

— Estão todos bem? – Uma voz conhecida perguntou, chamando nossa atenção

Rick estava bem ali, totalmente diferente do jeito que eu havia visto ele ontem. Aparentava ter tomado banho e tinha mudado de roupa, estava limpo, sem nenhum rastro de sangue. Nós o olhamos, surpresos por sua presença. Ele se aproximou de nós e parou a poucos passos da mesa onde seus filhos, os Greene e Glenn estavam sentados.   

— Sim, estamos. – Maggie lhe respondeu, lentamente

— E você? – Hershel perguntou a ele, soando interessado na resposta

Todos estávamos interessados.

— Eu limpei o bloco das caldeiras. – Rick nos contou, evitando de falar sobre seu estado emocional ou físico

— Quantos estavam lá? – Daryl perguntou logo em seguida

— Não sei. – Rick respondeu, balançando a cabeça suavemente – Uma dúzia, duas.... – Ele suspirou – Preciso voltar. Só queria ver o Carl.

— Rick, nós podemos tirar os corpos. – Glenn lhe disse, se levantando da onde estava sentado – Você não precisa...

— Preciso. – Rick disse, interrompendo as palavras do coreano e em seguida caminhou até a escada, onde Daryl e eu estávamos sentados e Oscar estava apoiado – Todos têm arma e uma faca? – Ele nos perguntou

— Sim. – Daryl respondeu por mim – Mas estamos ficando sem munição.

— Maggie e eu estamos planejando sair esta tarde. – Glenn contou e depois me olhou – Achamos que gostaria de vir conosco.

— Claro. – Concordei logo em seguida – Vocês podem contar comigo.

— Sabíamos que ia concordar. – Glenn comentou e depois se virou para Rick – Encontrei uma lista telefônica. Pegaremos munição e fórmula.

— Nós limpamos a sala do gerador. – Daryl contou a Rick, logo que Glenn terminou de falar – Axel está concertando, para o caso de uma emergência. Também irei varrer os andares mais baixos.

— Ótimo. – Rick comentou alto, dando uma olhada para Oscar e depois se virou, caminhando em direção ao portão que tinha vindo – Ótimo.

Rick Grimes ignorou o chamado de Hershel e fechou o portão quando passou, sumindo pela prisão a dentro.

Depois de tomar café, me preparei para sair e assim que estávamos todos prontos, me despedi de Daryl. Depois de passar um bom tempo em silencio no carro, durante o caminho, decidi despejar as minhas preocupações em cima dos meus amigos e os olhares que recebi, não foram os melhores.

— Como assim? – Maggie perguntou, olhando para trás, onde eu estava sentada – Sem camisinha? Você está no seu período fértil? Deus, você ao menos sabe o seu período de ovulação?

— Nem sei que dia da semana estamos! – Resmunguei alto, zangada, mas não com eles, com Daryl – Só sei que usamos apenas uma camisinha desde que chegamos na prisão e aquele caipira tem um péssimo habito de... – Me calei, antes que contasse mais do que eles precisavam saber sobre minhas relações sexuais

Não era legal contar muitos detalhes com Glenn logo ao lado.

— Já contou isso pra ele? – Maggie perguntou e só pelo seu timbre de voz, notei que estava preocupada, talvez estivesse me imaginando no lugar de Lori e depois se virou para seu namorado, assim que viu minha resposta negativa com a cabeça – Nós vamos procurar um teste, coloque a farmácia mais próxima na lista.

— Da última vez que alguém me pediu isso... – Glenn nos disse, com os olhos fixos na rua – Não quero que aquilo se repita.

— Nem eu. – Falei logo em seguida, rápido

— Na volta, iremos passar naquela farmácia que eu vi ontem. – Maggie nos disse, estava séria – Tiraremos isso a limpo.

Assim que o carro parou no estacionamento eu fui a primeira a descer, respirando o ar puro e fui seguida por Maggie e Glenn. Tirei a pistola do coldre e olhei ao redor. Os carros parados estavam cheios de poeira, indicando que ninguém encostava neles a um bom tempo.

— Do lado de fora está limpo. – Anunciei, olhando para os meus amigos

— Ok, vamos olhar. – Glenn disse, indicando o imóvel que tecnicamente seria uma creche nos tempos antigos

Ao ver que os dois estavam fazendo hora, decidi eu mesma pegar o corta vergalhão e abrir o cadeado que trancava a porta da creche. Quase deixei a ferramenta cair quando abri a porta, pois vários pombos saíram voando pelas nossas cabeças. Entreguei o corta vergalhão para Glenn e adentrei no local. A creche estava imunda, nada menos do que o esperado. Ao cruzar o corredor, escutei Maggie pedindo para Glenn pegar um pato de pelúcia e sorri, balançando a cabeça negativamente. Depois de passar uns cinco minutos procurando, a única coisa que eu achei foi formula, muita formula.

Daria para alguns dias e isso já nos deixava tranquilos.

— Ei. – Comentei ao sair da creche e encontrar Maggie e Glenn do lado de fora, conversando – Nós ganhamos na loteria da fórmula.

— Sério? – Maggie perguntou sorrindo – Graças a Deus.

— Eu encontrei feijões, pilhas, salsichas de coquetel, muita mostarda... – O coreano me contou, apontando para o carro – Podemos ir para a farmácia tranquilamente e aí poderemos voltar à prisão. Chegaremos a tempo para o jantar. 

— Eu gosto do silêncio. – Maggie comentou aleatoriamente, olhando para o céu – Lá em casa, podemos ouvi-los nas cercas, em qualquer lugar.

— E onde fica o lugar que chamam de lar? – Uma voz alta perguntou

Me virei subitamente e apontei minha pistola para o dono da voz. Um frio percorreu pela minha espinha assim que eu vi seu rosto. Merle Dixon estava se aproximando de nós, apontando seu revolver em nossa direção. O braço direito dele estava coberto por um metal estranho, era o mesmo braço que ele havia arrancado sua mão, lá em Atlanta.

Não sei se Glenn havia reconhecido ele, mas eu nunca poderia esquecer do irmão do meu namorado.

— Merle... – Eu disse seu nome, meio surpresa

Merle deu risada ao nos reconhecer e abaixou a arma. Seu rosto estava do mesmo jeito que eu me lembrava, a única diferença é que estava sujo de sangue.

— Gostosa! – Merle disse rindo – Nossa!

Ele colocou seu revolver no chão e ainda rindo, caminhou em nossa direção, com os braços erguidos, mas parou quando escutou um aviso de Maggie, pedindo para ele não se aproximar.

— Ei, afaste-se!

— Tudo bem, querida. – Merle disse a ela, enquanto alternava o olhar entre Glenn e eu – Jesus.

— Você sobreviveu. – Glenn comentou lentamente, olhando para ele

— Poderiam me dizer se meu irmão está vivo? – Merle perguntou, logo em seguida

— Sim, ele está. – Lhe respondi, afirmando com a cabeça

Maggie nos olhou, totalmente perdida. Ela não sabia que esse homem na nossa frente era o irmão mais velho de Daryl.

— Ei, gostosa. – Merle disse sorrindo – Leve-me até ele e estaremos quites por tudo que aconteceu em Atlanta. Sem ressentimentos, está bem? – Ele riu quando notou que não estávamos abaixando nossas armas e depois olhou para o metal em seu braço, com uma faca logo na ponta – Gostaram disso? Pois é. – Ele balançou o braço – Bem, eu encontrei um depósito de suprimentos médicos. Eu mesmo fiz. É bem legal, não?

— Eu falarei para o Daryl que você está aqui, vivo. – Ignorei seus comentários e o avisei – Conhecendo ele como conheço, ele virá logo em seguida te encontrar.

— Espera aí. – Merle disse se aproximando alguns passos – Espera um pouco.

— Ei! – Glenn ergueu sua pistola e disse em tom de aviso – Ei!

— Espera aí, gostosa. – Merle deu mais um passo em minha direção – Só de termos nos encontrado é um milagre. Que isso, vamos lá, pode confiar em mim.

— Caso tenha esquecido, meu nome é Gabriela. – Falei alto, estava me irritando com o jeito que ele estava se referindo a minha pessoa, sempre com desrespeito – Você que tem que confiar na gente. E eu já te disse, você fica aqui. Daryl virá te encontrar.

Merle Dixon sorriu novamente e de um jeito rápido, pegou sua pistola da cintura e atirou em nossa direção. Joguei meu corpo para o chão e torci para que Glenn e Maggie tivessem feito o mesmo. Ao escutar um vidro se quebrando, senti o peso de Merle sobre mim e o empurrei para o lado. Ele me segurou pelo braço com sua única mão e conseguiu me imobilizar, usando aquele metal nojento que tinha sobre o braço direito, colocando-o em minha garganta.

Eu sei que ele não pensaria duas vezes em me matar.

Coloquei minhas mãos no metal e tentei afasta-lo, mas parei quando senti um outro metal gelado encostar em minha cabeça. Uma arma.

Glenn e Maggie apontaram suas armas para ele, mas os vi fraquejar ao me ver imobilizada, com uma arma em minha cabeça.

— Calma lá. – Merle disse alto, olhando para eles – Calma lá os dois.

—- Solte-a! – Maggie grunhiu – Solte-a já!

— Coloquem as armas no carro. – Merle mandou, ignorando meus amigos e quando viu que eles não iam obedecer, usou o revolver para empurrar a minha cabeça – Eu disse para colocarem as armas no carro. – Ele ficou satisfeito por vê-los cooperar e riu – Muito bem, pessoal, agora nós vamos dar um passeio.

— Não iremos ao acampamento. – Resmunguei para ele

— Não, nós iremos a outro lugar. – Merle me contou e roçou seu rosto na minha cabeça – Vamos nos divertir.  – Ele levantou seu olhar para o coreano e sorriu para ele – Entrem no carro, você irá dirigir Glenn.

Ao ver que Merle não desistiria, Glenn cuidadosamente segurou a mão da namorada e a levou até o carro. Merle nos levantou do chão e pegou minha pistola para ele, antes de me empurrar para entrar no carro.

Pela primeira vez em muito tempo, estava querendo matar um Dixon.


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Notas finais do capítulo

Antes de mais nada, nada é o que parece, só queria dizer isso mesmo.



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