TWD - Terceira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 4
Quatro


Notas iniciais do capítulo

"Quem diabos são vocês?"



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Quando acordei no dia seguinte, senti meu corpo muito mais descansado e disposto, pois agora nada se comparava a dormir em um colchão. Nós tomamos café o melhor que pudemos e revistamos todos os guardas mortos que encontramos no pátio. Levamos suas coisas para o hall do bloco C e colocamos tudo em cima de uma mesa redonda, no meio do cômodo.

E eu devo dizer, tinha coisas muito boas ali.

— Granadas de luz e de contenção. – Eu lhes mostrei, apontando para os objetos na mesa – Sinceramente não sei como pode funcionar com os caminhantes, mas acho uma boa leva-las.

— Não vou usar esse troço. – Daryl nos disse, erguendo um dos capacetes dos policiais mortos, e esse em questão, estava gosmento

— Podemos ferver tudo. – T-Dog sugeriu, erguendo uma luva que estava pior do que o capacete

— Nem com toda lenha da floresta. – Daryl negou na hora, colocando o capacete de volta na mesa – Não. Além disso, chegamos até aqui sem isso.

— Ele está certo. – Comentei com Rick, Hershel e T-Dog, enquanto apoiava as mãos na mesa – Todo esse material pode ser uma proteção, mas pesa e pode acabar nos ferrando.

— Hershel. – Escutamos Carol chamar

Nós olhamos para o portão de ferro que separava o hall do bloco de celas, onde Carol estava escorada e com um gesto, estava chamando Hershel para ir até ela.

— Está tudo bem? – Rick lhe perguntou

— É. – Carol respondeu sorrindo – Nada para se preocupar.

Rick concordou com a cabeça e Hershel seguiu Carol. Peguei uma das lanternas de cima da mesa e a testei, sem querer, a luz foi bem nos olhos de Daryl. Ele reclamou e colocou a mão sob os olhos e só as tirou, quando desliguei a lanterna e a guardei no bolso.

Mas talvez não tenha sido tão sem querer assim.

Ninguém mandou me deixar dormir sozinha esta noite.

Idiota.

Apertei os meus coldres e ajeitei minhas armas neles, tanto a pistola quanto a faca de combate. Os outros que iriam sair com a gente na busca da enfermaria e do refeitório vieram se arrumar. Uns colocaram os coletes dos policiais e outros, assim com Daryl e eu, não usaram nada. Eu sempre odiei usar coisas que pesavam no meu corpo e atrapalhavam nos meus movimentos, para mim, não era algo muito inteligente.

— Não vai precisar disso. – Rick disse ao filho, pois notou que ele estava experimentando um capacete – Eu quero que fique aqui.

— Está brincando. – Carl murmurou, olhando para o pai

— Não sabemos o que tem lá. – Rick explicou, encarando o filho – Se algo der errado, você pode ser o último homem de pé. Preciso de você pra cuidar das coisas aqui.

— Tudo bem. – Carl concordou, me parecendo relutante

— Ótimo. – Rick lhe disse e entregou um molho de chaves para ele, antes de se virar para a gente e respirar fundo – Vamos lá.

Daryl me segurou pela cintura e me puxou para andar ao seu lado. Ele não tinha a mínima ideia de que eu estava com um pouco de raiva dele, por ontem e isso era bem típico dele. Respirei fundo e estalei os dedos, enquanto os outros nos seguiam pelo hall em direção ao outro lado do bloco, onde não tínhamos explorado ainda.

Bom, era hora.

Depois de trancar o portão, para evitar que qualquer caminhante passasse por ele e chegasse no hall, nós seguimos pelo corredor com escuro com a ajuda das nossas lanternas. Seguimos atentos pelo único caminho disponível e quando viramos pela segunda vez, meu nariz ardeu. Com a ajuda das lanternas, nós iluminamos o chão mais à frente. Haviam vários mortos no chão, alguns em estado de decomposição. Eu não saberia dizer se eram todos caminhantes mortos ou se eram humanos mortos, mas agora não tinha diferença, eles eram uma coisa só.

Podridão.

Glenn chacoalhou a latinha de spray e marcou o caminho que teríamos que fazer para voltar na parede, algo que estava fazendo a cada virada. Como estava ajudando ele a enxergar, apontando a minha lanterna para a parede, vi o momento em que Maggie acabou trombando com seu namorado e arfou alto. Todo mundo apontou a lanterna para eles e balançaram a cabeça negativamente, pois pensaram que era algo urgente. Nós voltamos a andar novamente pelo corredor, passando pelos mortos no chão e checando as celas abertas.

Estava tudo muito vazio.

Caminhei mais à frente deles e liderei o caminho com Daryl e Rick, como sempre costumava a fazer. Nós viramos no próximo corredor e apontamos nossas lanternas, o lugar estava vazio. Rick nos deu um aceno com a cabeça e nós avançamos, logo atrás dele. Desta vez, com a ajuda de T-Dog, Glenn marcou a parede com as flechas nos mostrando o caminho de volta. De novo, com calma, avançamos pelo corredor, evitando de pisar nos mortos que estavam espalhados pelos cantos. Paramos entre um corredor e o outro e apontamos nossas lanternas adiante, ele estava vazio. O único barulho que estava ecoando, era o barulho do spray usado por Glenn, de resto, estava tudo muito quieto. Como era uma bifurcação, quando avançamos, cada um se virou para um lado e checou como que estava o lugar, com a lanterna, mas não saímos do lugar, esperando com que Rick nos guiasse. Glenn marcou novamente o lugar que estávamos virando e seguiu entre a gente. Rick, Daryl e eu nos adiantamos e viramos pelo corredor seguinte, enquanto éramos seguidos pelo grupo. O barulho do spray nos disse Glenn estava marcando por onde viemos a cada lugar que virávamos. Com outra bifurcação a frente, Rick se adiantou, mas logo parou e deu alguns passos para trás.

— Pra trás. – Ele nos disse, enquanto apontava a lanterna para o corredor em que íamos virar – Pra trás. Pra trás.

O som de gemidos e grunhidos chegaram aos nossos ouvidos logo em seguida e nos apressamos para trás, enquanto apontávamos nossas lanternas para os caminhantes que estavam virando para o nosso corredor.

— Vamos!

Céus, haviam muitos deles.

Escutei as vozes da Maggie e do Glenn se misturarem antes de um grito dela. Daryl me segurou pelo braço e me puxou para onde ele estava indo, com uma pressa nada fora do anormal para a nossa situação. Ele me empurrou para dentro de um armário e chamou pelos outros. T-Dog, Hershel e Rick entraram como foguetes e Daryl fechou a porta, se abaixando ao meu lado e seu movimento foi copiado por todos nós.

Talvez eles passariam reto por nós.

— Onde estão o Glenn e a Maggie? – Rick perguntou baixo, se virando para nós quatro

— Nós temos que voltar. – Hershel lhe disse, no mesmo tom de voz baixo que Rick usava

— Mas pra que lado? – Daryl perguntou para ele, sussurrando

Rick se levantou lentamente e olhou pela janela da porta do armário onde estávamos. Daryl apertou minha perna e me olhou intensamente, me pedindo para tomar cuidado e ficar atenta, afirmei com a cabeça e respirei fundo, me levantando também. Quando todos se levantaram, Rick abriu a porta e nós saímos, agitados. Do lado de fora, não tinha nenhum sinal de caminhante. Segui Daryl de perto enquanto fazíamos nosso caminho de volta até o lugar em que talvez tenhamos nos separado de Maggie e Glenn, eu não fazia ideia de onde eles poderiam estar, mas sabiam que estavam bem.

Eles sabiam se cuidar.

Escutamos Hershel gritar e nós viramos. O que eu vi fez meu coração parar. Ele estava no chão, com um caminhante mordendo sua perna. Rick berrou puxando sua arma e atirou no caminhante, fazendo com que o barulho ecoasse por todo o lugar. Hershel começou a se arrastar para a nossa direção, sentindo dor.

Meu Deus, o que faríamos agora?

Maggie e Glenn surgiram por um corredor, correndo e pararam ao ver o que tinha acontecido. Com a ajuda do coreano, Rick conseguiu apoiar Hershel e deixa-lo de pé. Hershel passou seus braços pelos ombros dele e foi aí que escutamos os grunhidos e gemidos, cada vez mais altos e próximos. Sem esperar com que Rick nos pedisse para lidar com eles, troquei minha faca por minha pistola e comecei a atirar nos caminhantes que estavam se aproximando de nós.

Eles estavam vindo dos dois lados.

Como só tinha um caminho para seguir, o do meio, deixei com o que o grupo fosse na frente enquanto matava os caminhantes e os atrasava. Daryl gritou pelo meu nome e eu corri, encontrando eles mais à frente no corredor em frente a uma porta, a qual o T-Dog estava tentando arrombar.

— DEPRESSA! – Rick gritou, olhando para onde os caminhantes estavam vindo

Quando T-Dog abriu a porta, esperei todos entrarem para passar e assim que entrei, Daryl fechou a porta. Ajudei ele e o T-Dog a manterem a porta fechada, empurrando nossos corpos contra a porta para que os caminhantes que a estavam empurrando, não conseguissem abrir.  O T-Dog se inclinou um pouco para o lado e pegou um pedaço de ferro, ele nos pediu licença e trancou a porta usando o ferro.

Me aproximei de Hershel e dos outros, os quais estavam mantendo ele deitado no chão. Tinha um buraco na perna dele, estava sangrando muito.

— Segure-o pra baixo. – Rick nos disse – Tudo bem. – Ele tirou seu cinto da sua cintura e amarrou na perna de Hershel, um pouco em cima de onde ele havia sido mordido – Tudo bem. – Ele repetiu e pegou seu machado do chão – Só tem um jeito de te manter vivo.

Cobri minha boca com a mão quando vi o que ele ia fazer e procurei o olhar de Daryl assim que escutei o grito de Hershel. Meu namorado estava ajudando Maggie e Glenn a segurarem o velho e a cada grito dele, eu sentia vontade de chorar junto com sua filha. Hershel só parou de gritar quando desmaiou e isso aconteceu quando sua perna foi totalmente cortada.

— Jesus. – Murmurei, passando a mão pelo rosto

— Ele está sangrando. – Rick comentou com a gente

— Abaixem-se. – Daryl disse baixo, olhando de mim para Rick

Quando Rick e eu nos abaixamos, Daryl se levantou bruscamente, apontando a sua besta para algo que estava atrás de nós. Mesmo abaixada, eu me virei e dei de cara com um grupo de prisioneiros vivos, atrás de uma grade. Deveria ter uns cinco ali, nos encarando. Daryl passou por nós e ficou um pouco mais a frente, apontando a besta para eles.

— Minha nossa. – Um dos detentos disse chocado

Eu me levantei, olhando de Rick para Daryl, sem saber o que fazer.

— Quem diabos são vocês? – O caçador perguntou para eles

— Quem diabos são vocês? – Um dos detentos devolveu a pergunta

— Ele está sangrando. – Rick nos disse – Vamos voltar. Venha cá. Pressione o joelho. Com força! Pressione.

Glenn estava ajudando Rick a cuidar de Hershel, enquanto eu estava de olho em Daryl e nos detentos. Como minha arma já estava na minha mão, deixei ela abaixada, para não assustar eles, já que eu não sabia se algum deles estava armado. Já bastava o Daryl com a besta.

— Por que não vêm pra cá? – Daryl perguntou, olhando para os caras

— Sem movimentos bruscos. – Adicionei, segurando minha pistola com as duas mãos – Devagar.

Um a um, os detentos saíram de trás da grade e se juntaram a nós no refeitório.

O primeiro a sair tinha o cabelo um pouco comprido e um bigode pequeno, em sua cintura, tinha uma arma colocada do lado da frente da calça de presidiário. O segundo tinha a pele escura e era uns centímetros mais baixo do que o primeiro. O terceiro também era negro, era um pouco mais alto do que o primeiro e muito mais alto do que o segundo. O quarto era branco e tinha cabelos loiros, ele também cultivava um bigode, não era nem alto e nem baixo. Agora o quinto, esse era alto e largo.

— O que aconteceu com ele? – O primeiro detento perguntou, olhando por cima dos nossos ombros onde Hershel estava

— Foi mordido. – Daryl lhe respondeu bruscamente

— Mordido? – Ele perguntou e tirou do cós da calça sua arma

— Opa, opa. – Falei para ele, apontando minha pistola para ele – Calma aí, cara. Ninguém precisa se ferir.

Atrás de nós, Rick dava instruções a Maggie e a Glenn, enquanto lidava com a situação de Hershel. T-Dog estava cuidando da porta, ele estava pontando sua arma para os presidiários enquanto alternava o olhar entre nós todos.

— Têm suprimentos médicos? – Glenn perguntou para os presidiários e nem esperou a resposta, pois foi andando para onde eles estavam a momentos atrás e entrou na cozinha

—- Opa, aonde pensa que vai? – O detento negro, alto e largo perguntou, mas mesmo assim o nosso coreano não voltou

Os caminhantes do lado de fora bateram mais forte na porta, atraindo a atenção dos presidiários para eles por alguns momentos.

— Quem diabos são vocês, afinal? – O primeiro detento a sair, o qual estava segurando a arma perguntou bruscamente

— Não parecem um grupo de resgate. – O loiro de bigode comentou, nos olhando

— Essa daqui é do exército. – O detento negro e baixo disse aos seus companheiros, apontando levemente para mim – Estão vendo a tatuagem no braço? Ela deve comandar o resgate.

— Se é o que esperam, não somos. – Falei para eles, depressa

— Vamos nessa, precisamos ir. – Rick nos apressou – Agora! Vamos lá!

Glenn passou por nós empurrando uma mesa com rodas e a colocou perto de Rick, o qual estava tentando manter Hershel de pé com Maggie. Eles colocaram Hershel deitado em cima da mesa com a ajuda de Glenn.

— Minha nossa! – O cara loiro de bigode exclamou, olhando para a perna cortada do nosso amigo e doutor

— T, a porta! – Rick gritou para ele

— Pirou? – Um dos prisioneiros perguntou quando T-Dog avançou apara a porta – Não abra!

— Deixa com a gente! – T-Dog disse alto, para eles e depois me olhou – Vem me ajudar.

Troquei minha arma pela minha faca de um jeito rápido e quando T-Dog abriu a porta, um caminhante uniformizado de guarda entrou, estava sozinho. Corri em sua direção e joguei meu peso contra seu corpo, o empurrando, assim que ele bateu as costas na parede, levantei sua viseira e finquei minha faca em seu olho esquerdo. Me afastei um pouco e deixei seu corpo cair no chão, ao meu lado.

Rick passou pela porta, empurrando a mesa, acompanhado pelos outros e chamou Daryl, o qual ainda estava parado no mesmo lugar apontando a besta para os detentos. Mas assim que ele veio com a gente, nós dois ficamos com o trabalho de dar cobertura enquanto o resto do grupo cuidava de Hershel e o empurrava pelos corredores.

— Por aqui. – Rick nos falava, indicando as flechas de tinta – Por aqui. Não, não. Voltem!

Quando viramos novamente, havia um caminhante nos seguindo. Rick gritou para Daryl cuidar dele e meu namorado acertou uma flecha no meio da cabeça do caminhante.

— Vamos! – Daryl nos chamou, assim que pegou sua flecha de volta

Seguindo as indicações que Glenn havia feito umas horas antes, ficou realmente mais fácil de encontrar o caminho de volta até o bloco C.

— Vamos, vamos! – Rick os apressou

— Cuidado. – Falei para eles

— Parem, parem. – Rick nos disse e assim que parou, apontou a lanterna para trás

— Sigam a lanterna. – Um dos detentos falava, estavam próximos – Vamos nessa.


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