TWD - Terceira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 2
Dois


Notas iniciais do capítulo

"Esses molengas não têm chance"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713425/chapter/2

Paramos o comboio no meio de uma rua entre as florestas, era um lugar um pouco conhecido por nós, já que tínhamos passado o inverno todo nas redondezas, indo de um lugar para o outro. Glenn trouxe consigo um mapa e nós nos aproximamos do carro, enquanto Maggie pegava o mapa da mão do namorado e a esticava no capo de seu carro.

— Não temos mais nenhum lugar pra ir. – T-Dog comentou, encarando o mapa

— Quando este grupo se juntar com este, seremos cortados. – Maggie disse, sinalizando os grupos de caminhantes no mapa enquanto falava – Nunca chegaremos no sul.

— O que você acha? – Daryl me perguntou, se encostando no carro ao meu lado – Eram umas 150 cabeças?

— Isso foi semana passada. – Comentei com ele, balançando a cabeça negativamente – Pode ser o dobro disso agora, Daryl.

— Este rio pode atrasá-los. – Hershel nos disse, apontando para um riacho no mapa – Se nós formos rápido teremos chance de cortar pelo meio.

— Sim. – Concordei com ele, mas logo acrescentei – Mas se este grupo se juntar com este, - mostrei os grupos de caminhantes que Maggie já havia nos mostrado e ampliei o ponto de infecção – podem espalhar por este lado.

— Estamos bloqueados. – Maggie resmungou

— A única coisa a fazer é voltar até a 27 e ir pra Greenville. – Rick informou, apontando para o mapa   

— É. – T-Dog comentou coçando o pescoço – Nós já vasculhamos por lá. Passamos o inverno indo em círculos.

— É, eu sei. Eu sei. – Rick concordou com ele – Em Newnan, vamos para o oeste. Não fomos por lá ainda. Não podemos continuar de casa em casa. Precisamos achar um lugar para nos abrigarmos por umas semanas.

— Tá legal. – T-Dog concordou – Tudo bem se formos pelo riacho antes de irmos? Não vai demorar muito. Temos que nos abastecer de água. Podemos ferver depois.

— Vai fundo então. – Rick concordou com a ideia

Daryl e eu nos afastamos e caminhamos em direção a moto do irmão dele, eu abri a bolsa lateral e peguei uma garrafinha de água, estava com sede.

— Poderia chover. – Comentei, enquanto abria a tampa e depois dei um longo gole na água, matando um pouco da sede – O tempo está meio seco.

— É. – Daryl concordou, pegando as flechas que guardou na outra bolsa lateral da moto – Não seria ruim te ver com essa regata branca molhada.

Era o segundo comentário sobre o fato de eu estar usando uma regata e estar sem sutiã, pois todos os meus estavam sujos e as meninas estavam esperando nossa parada no riacho para lava-los junto com as roupas sujas, as quais não eram poucas.

— Lembre-se que não tem só você que pode acabar vendo. – Lhe disse, enquanto guardava a garrafinha na onde eu a achei e depois caminhei até ele, o puxando pelo colete até nossos corpos ficarem próximos – Sinto falta da gente, quase nunca ficamos sozinhos.

— Daremos um jeito nisso, ruiva.

Concordei com a cabeça e juntei nossos lábios, em um selinho demorado.

— Espero ansiosamente por isso. – Comentei com ele, quando o larguei

Ele soltou um riso concordando e voltou sua atenção para a sua besta.

— Ei. – Daryl disse, quando levantou o olhar e olhou para alguém atrás de mim – Enquanto os outros lavam as calcinhas e sutiãs, vamos caçar. Aquela coruja não deu nem pro cheiro.

Rick concordou com o comentário de Daryl e nós três saímos pela mata. Achamos um trilho de trem e o seguimos, caminhando em cima dele, atentos para qualquer barulho.

De comida ou de inimigo.

— Não acredito que eu comi uma coruja. – Resmunguei dando uma olhada para o lado, onde Daryl estava caminhando

— Já comeu coisa pior. – Ele retrucou para mim

— Comida é comida. – Rick comentou, olhando para a frente – Infelizmente hoje não podemos mais escolher.

— Eu escolho não saber o que eu estou comendo. – Murmurei

— Mas que pena. – Daryl comentou, parando de andar

Parei de andar também, pensando que ele ainda estava falando comigo e olhei para onde eles estavam olhando. Atrás do riacho, no campo, havia uma prisão. Muros altos e fortes com torres de vigias, porem o lugar estava lotado de caminhantes, todos uniformizados como detentos.

Quando encontramos os outros do grupo, Rick nos contou a grande ideia. No começo eu achei que ele estava brincando, mas depois quando vi que ele estava falando muito sério, achei que ele estava maluco. Ele queria invadir a prisão e tomar o campo.

Como aquilo não era mais uma democracia, seguimos seus desejos.

O grupo inteiro chegou as cercas laterais da prisão para executar o plano e Rick, com a ajuda de uma ferramenta começou a corta-la, o tamanho suficiente para passarmos. Glenn e Maggie cuidaram de um caminhante próximo de nós e depois voltaram as suas posições.

— Cuidado na retaguarda. – Rick nos alertou

— Pode deixar. – Lori lhe disse

Com a ajuda de Rick e Daryl, fui a primeira a entrar no buraco da cerca e ajudei o restante a entrar, segurando a cerca. Assim que Rick, o ultimo entrou, Daryl e eu lacramos a cerca, para evitar que qualquer coisa entrasse depois de nós. Olhei ao redor, sentindo meu corpo arrepiar. Havia apenas mais uma cerca que nos separava dos caminhantes do campo, e eles estavam gemendo e grunhindo tão alto que eu não ficaria surpresa se mais deles viessem. Ao voltar minha atenção para a cerca, dei um passo para trás, meio surpresa com o caminhante que estava perto de onde tínhamos acabado de entrar, batendo contra a cerca tentando nos alcançar.

Daryl tocou em minha cintura e me avisou com um olhar silencioso que tínhamos que andar. Nós corremos e alcançamos os outros facilmente. Os caminhantes estavam se jogando nas cercas, tentando nos alcançar a todo custo, gemendo e grunhindo como se não houvesse amanhã.

E realmente, para eles não iria existir um amanhã.

Ao chegar perto do portão da cerca que nos levaria para um dos portões de entrada, eu o abri, enquanto puxava minha faca, no caso se houvesse algum caminhante perdido entre as cercas. Daryl passou na minha frente e liderou o caminho, com sua besta em punhos. Agora estávamos entre os dois portões principais da prisão. O grupo deixou as mochilas no chão e eu aproveitei para checar se meu pente reserva de balas estava no meu bolso.

Não podíamos cometer erros.

Daryl parou ao meu lado, olhando para a prisão, assim como todos nós. Eu nunca pensei que um dia lutaria para entrar e dormir em uma dessas.

Mas hoje em dia, fazemos até o impossível para sobreviver. 

— É perfeito. – Rick murmurou alto e depois se virou para nós, enquanto apontava para um portão entre uma das torres, o qual estava misturando os caminhantes do campo e do pátio – Se pudermos fechar aquele portão, impediremos que mais cheguem no pátio. – Ele ergueu a voz, pois os caminhantes estavam balançando as cercas ao nosso redor – Podemos eliminar esses caminhantes. Vamos tomar o campo até à noite.

— E como fecharemos o portão? – Hershel lhe perguntou

— Eu posso fechar. – Me pronunciei e mesmo com Daryl negando, continuei – Vocês me cobrem. Querendo ou não, eu sou a mais rápida entre a gente. Posso fazer isso numa boa.

— Tá ficando maluca? – Daryl perguntou num rosnado – Nem pensar!

— Não temos tempo para isso agora. – Resmunguei, me virando para Daryl

— É suicídio. – Maggie comentou, balançando a cabeça negativamente

— Tenho outros planos para você, Gabriela. – Rick me disse e depois apontou para Glenn – Você, Maggie, e Beth atraiam o máximo que puderem pra lá. – Apontou para onde viemos – Matem-nos pela cerca. – Ele se virou para o meu namorado e apontou para uma torre de vigia – Daryl, suba lá na outra torre. Carol, você já está atirando bem. Vá devagar. Não temos muita munição para desperdiçar. – Depois se virou para o velhote e seu filho – Hershel, você e o Carl pegam esta torre.

— Tá bom. – Carl concordou

— Gabriela. – Rick me olhou e apontou para o portão – Nós vamos correr para o portão, cuidaremos das costas um do outro.

— Entendido. – Afirmei com a cabeça, enquanto guardava a faca e pegava minha pistola com o silenciador – Beleza, vamos nessa.

Lori entregou para Rick um cadeado e nós dois caminhamos até o portão que dava para o campo. Glenn, T-Dog, Maggie e Beth começaram a atrair a atenção dos caminhantes próximos e assim que estava mais ou menos tudo livre, a esposa de Rick abriu o portão para a gente passar.

Rick e eu contornamos o ônibus caído perto do portão quando passamos e começamos a cuidar das costas um do outro, como o planejado. Ao passar pelo ônibus, nós começamos a correr e por isso eu lhe deixei ir um pouco mais na frente, enquanto atirava nos caminhantes que estavam atrás de nós, deixando que ele lidasse com os da frente. Ao meu lado, um caminhante caiu no chão, com uma flecha atravessada em sua cabeça. Eu não cheguei a olhar para a torre quando Daryl estava, mas lhe agradeci com um gesto de mão e apressei meus passos até Rick. Os tiros dos meus amigos começaram a ecoar e os caminhantes a cair. Quando cheguei até Rick, quase topei com ele, pois não tinha visto ele parar subitamente, quando o chão a sua frente foi acertado com tiros. Ao fundo, Carol gritou desculpas. Balancei a cabeça negativamente. Quando chegamos ao portão, me virei de costas a Rick e atirei nos caminhantes que estavam se aproximando de nós, enquanto ele trancava o portão com o cadeado. Parecia que os caminhantes tinham acordado e eles sabiam que estávamos e por isso, apressei Rick com um assobio, enquanto mirava brevemente na cabeça dos caminhantes e apertava o gatilho. Assim que terminou, Rick correu até a porta da torre que estava ao nosso lado e a abriu, me chamando para entrar e foi o que eu fiz, sem nem pensar por um segundo. Rick fechou a porta assim que eu passei e logo em seguida os caminhantes restantes começaram a arranha-la, querendo entrar.

— MANDEM BALA! – Escutamos Daryl berrar

Os tiros vieram sem pausas e Rick e eu nos apressamos para subir no topo da torre, onde tivemos a felicidade de achar uma sniper, a qual eu felizmente troquei pela minha pistola e comecei a atirar. Quando o último caminhante caiu e o silencio veio, fui a primeira a descer e sair da torre, sendo seguida por Rick. O grupo estava perto da nossa torre, ofegantes, olhando para o campo que tínhamos acabado de limpar, maravilhados e orgulhosos.

Nós merecíamos.

Deixei a sniper no chão e corri em direção a Daryl, me jogando em seus braços para um abraço enquanto ria. Em seguida, escutei Rick gritar.

Era um grito de vitória.

Quando anoiteceu, me ofereci para fazer uma ronda no perímetro do campo, enquanto Daryl estava de guarda em cima do ônibus virado. Havia um sentimento de segurança dentro de mim que eu não sentia desde a fazenda. Algo me dizia que essa prisão seria boa para nós, bom, pelo menos por hoje.

— Ei. – Escutei a voz de Daryl, perto de mim

— Oi. – Murmurei, lhe olhando de relance – Pensei que estava de guarda.

— Estava. – Ele me disse, se aproximando de mim, estava segurando uma vasilha com comida – Seu jantar.

Ele estava usando um poncho mexicano que tínhamos achado a alguns dias atrás, era engraçado vê-lo vestido assim. Estava uma mistura de caipira com mexicano meia-boca.

Sem perguntar o que era, agradeci com um olhar e peguei a vasilha, e com a mão, comecei a comer. Ao fundo, escutamos Beth começar a cantar alguma coisa. Eu não conhecia a música, mas todos na fogueira estavam gostando. Daryl me esperou terminar de jantar e nós dois caminhamos em direção ao grupo e a fogueira. Nos sentamos perto de Glenn e esperamos a música acabar, escorados um no outro.

— Lindo. – Hershel elogiou suspirando

— É melhor irmos dormir. – Rick nos disse – Vou fazer a guarda ali. Temos um grande dia amanhã.

— O que quer dizer? – Glenn perguntou para ele, lentamente

— Olha, sei que estamos todos exaustos. – Rick comentou, olhando para nós enquanto falava – Esta foi uma grande vitória. Mas temos que forçar. Só um pouco mais. A maioria dos caminhantes estão vestidos como guardas e prisioneiros. – Ele ficou alguns segundos em silencio – Parece que este lugar sucumbiu bem cedo. Pode significar que o suprimento pode estar intacto. Pode ter uma enfermaria, uma cantina, sala de armas. Ela fica fora da prisão, mas não muito longe. A sala do diretor tem informações do local. Armas, alimentos, remédios. Este lugar pode ser uma mina de ouro.

— Estamos com pouca munição. – Hershel comentou – Vai acabar antes de fazermos diferença.

— É por isso que temos que entrar lá, mano a mano. – Rick nos informou e respirou fundo – Depois de tudo que passamos, podemos conseguir, eu sei disso. – Ele se inclinou na direção do filho – Esses molengas não têm chance. 

Carl soltou um riso e o pai se levantou, caminhando para o lugar que ele disse que ficaria de guarda. Lori se levantou com um pouco de dificuldade por causa da barriga e seguiu o marido, em direção as cercas.

Dei uma olhada em Daryl e sussurrei umas coisas para ele, o incentivando a me de ajudar a arrumar nossa cama. Depois de alguns segundos, ele largou a preguiça e me ajudou com o trabalho. Como sempre, nós nos instalamos um pouco longe do grupo para termos mais privacidade, ao longo do possível.

Deitada no máximo de conforto que tínhamos no chão, nos braços de Daryl, me permiti aproveitar a noite ao ar livre e ficar olhando para o céu. Não havia muitas estrelas, mas estava bonito mesmo assim. Me aconcheguei em seus braços e fechei os olhos, relaxando.

Tínhamos muito trabalho para fazer amanhã.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "TWD - Terceira Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.