TWD - Terceira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 16
Doze


Notas iniciais do capítulo

"Nós conseguimos"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713425/chapter/16

Ao amanhecer, comecei o processo de arrumação das nossas coisas, recolhi tudo que tínhamos e coloquei em mochilas, três no total. Tomei um banho rápido, apenas para terminar de acordar e vesti o que restou do meu uniforme militar, a calça que estava começando a ficar gasta, minha camiseta com as mangas rasgadas e minha bota, a qual tinha aderido a um tom de marrom a muito tempo, deixando de ser bege. Apertei os coldres nas coxas e guardei minhas armas, tanto a branca quanto a de fogo. Guardei meus pentes em um dos bolsos da calça e em outro, algumas balas soltas, para emergências.

Estava tudo certo.

Assim que guardei nossas mochilas no carro, me afastei, caminhando em direção a Glenn e Daryl, enquanto prendia o cabelo em um rabo de cavalo.

Carl passou por nós, com a feição do rosto fechada, ele estava irritado. Vi que Rick tentou conversar com o filho, desistiu ao ver que dali não sairia nada bom, pois não era um bom momento.

Não era um bom momento pra ninguém.

— Nunca o vi tão irritado. – Glenn comentou para Rick, assim que ele se aproximou de nós – Nem com a Lori, ele só ficava calado.

— Ele ainda é uma criança. – Rick disse, depois de olhar para seu filho, um pouco distante de nós – É fácil esquecer.

Concordei silenciosamente e deia volta no carro em que estávamos próximos, para chegar até Daryl e sua moto, onde ele estava terminando de arrumar suas coisas.

— Tudo pronto? – Perguntei a ele

— É. – Ele respondeu e me olhou, enquanto vestia seu poncho mexicano, o qual ficava estranhamente tão bom nele – Sabe, o Merle nunca fez algo assim na vida inteira.

— É meio difícil admitir, mas ele nos deu uma chance. – Murmurei

Daryl concordou com a cabeça e eu estiquei minha mão até ele, para acariciar seu cabelo, o qual estava maior a cada mês e ele se recusava a me deixar corta-lo. Ele afastou a minha mão de seu cabelo e me puxou para um abraço apertado, seus braços se enrolaram em minha cintura assim que eu descansei a minha cabeça em seu peito, escutando seu coração bater.

— Tudo pronto? – A voz de Michonne chegou aos nossos ouvidos

— Sim. – Daryl respondeu por mim, ao me escutar resmungar algo contra seu peito, um resmungo incompreensivo

— Avisarei ao Rick. – Ela anunciou, meio alto, para todos saberem

Daryl e eu nos distanciamos e eu o ajudei a pegar o resto das coisas do chão. E enquanto escutava meus amigos conversarem entre si, se preparando, olhei ao redor, para a prisão.

Aquele lugar era nosso e ninguém o tomaria, a menos que deixássemos.

Hoje, esperaríamos a caça chegar ao caçador.

Hoje nos vingaríamos.

Assim que escondemos nossos carros e nos separamos em pontos estratégicos da prisão, esperamos o sinal.

Uma sirene, o alarme.

O som de motores chegou aos meus ouvidos e eu soube que estavam próximos. O som de explosão me fez apertar a metralhadora em minhas mãos e assim que escutei os primeiros tiros, respirei fundo, me preparando para o que aconteceria a seguir. Tiros contínuos ecoaram pelo campo e mais uma explosão aconteceu. Quando os tiros pararam e o silencio chegou, me certifiquei que estaria sob cobertura e esperei o sinal, tentando controlar minha ansiedade. Quase deixei um riso baixo escapar da minha garganta quando escutei suas vozes, mas permaneci em silencio, escutando seus passos.

Ao escutar o som da sirene e gritos, um sorriso maldoso se formou em meus lábios. Os primeiros tiros do nosso grupo vieram de Glenn, junto com um grito alto e claro: “SAIAM DAQUI”.

Playback, bitches.

Quando seus passos e gritos estavam próximos a mim, eu atirei, me certificando de mirar em qualquer coisa que se movia lá em baixo. Entre me cobrir e atirar, vi o processo de saída deles. Os civis estavam assustados e corriam por suas vidas e assim que chegaram nos carros, foram embora.

Um por um, todos partiram, temendo por suas vidas.

— Conseguimos? – Escutei Maggie berrar

— Conseguimos. – Glenn lhe respondeu, meio alto

— Vamos descer. – Falei alto, me levantando detrás da proteção

Encontramos Rick e parte do resto do grupo no portão do pátio, o qual levava ao campo. Todos estavam bem, ofegantes, mas bem.

E isso era o que importava.

— Nós conseguimos. – Rick comentou, assim que chegamos perto – Nós os expulsamos.

— Deveríamos ir atrás deles. – Michonne sugeriu, olhando para ele

— É o mais sensato a se fazer. – Sam disse, balançando a cabeça positivamente

— Pôr um ponto final nisto. – Daryl acrescentou, também estava de acordo

— Já terminou. - Maggie nos disse, juntando as sobrancelhas – Não os viu sair correndo?

— Podem voltar. – Contei, crispando os lábios

— É. – Glenn concordou logo em seguida – Não podemos arriscar. Ele não vai parar.

— Estão certos. – Carol comentou, olhando para nós – Não podemos viver assim.

— Vamos atacar Woodbury? – Maggie perguntou, perplexa – Quase não voltamos da última vez.

— Não me interessa. – Daryl resmungou alto, olhando para ela

— Pois é. – Rick murmurou e suspirou logo em seguida – Vamos ver os outros.

Concordei com a cabeça e os segui para o nosso bloco de celas, onde esperaríamos os outros voltarem. Sam caminhou ao meu lado, fazendo comentários baixos referentes a Woodbury, contando os pontos fracos da sua antiga cidade.  

Depois de esperar uns cinco minutos em pé, resolvi me sentar em um dos bancos do hall, colocando a metralhadora em cima da mesa. O lugar estava do mesmo jeito que tínhamos deixado, os cretinos nem ao menos se importaram de roubar alguma coisa, nos mostrando que estavam ali para nos matar e apenas para isto.

Beth foi a primeira a entrar, segurando Judith no colo. Rick caminhou até elas e deu um oi para a sua bebê. Carl foi o segundo a entrar, sendo seguido por Hershel e por Carol, pois ela tinha ido chamá-los de volta. Eles estavam carregando uma parte das coisas que tínhamos deixado no carro.

— Pai, eu vou para Woodbury. – O menino anunciou

— Carl... – Rick murmurou, passando a mão pelo rosto

Enquanto Rick estava resmungando, Daryl passou por mim e apertou meu ombro, dizendo alguma coisa em relação ao carro.

Provavelmente pegaria nossas coisas.

— Cumpri minha função lá, como todos vocês. – Carl lhe disse, olhando nos olhos do pai – Matei um soldado do Governador.

Olhei para o menino, meio perplexa com sua naturalidade de falar que tinha matado um ser humano, seu primeiro.

Carl estava tranquilo.

— Um soldado? – Hershel perguntou ao menino, olhando para seu rosto – Um moleque fugindo? Ele nos achou por acaso.

— Não, ele sacou a arma. – Carl negou

— Sinto muito ter que ter feito aquilo. – Rick disse ao filho, ele aparentava estar meio assustado com a informação

Até eu estava.

— Era o meu dever. – Carl disse a ele, olhando-o – Eu vou junto.

O filho de Rick se afastou e caminhou em direção ao bloco de celas.

— O moleque estava assustado. – Hershel nos contou – E estava entregando a arma.

— Ele disse que o outro sacou. – Rick comentou, olhando para o velho – O Carl falou que foi em legítima defesa.

— Eu estava lá. – Hershel lhe disse, sério – Ele não precisava atirar. Não tinha motivos.

— Você teve essa impressão, Hershel. – Rick disse logo em seguida

Parecia que estava tentando convencer a si mesmo que o filho era inocente.

— Rick. – Hershel disse meio alto, olhando para ele – Escute, ele o executou.

Sai de perto deles, balançando a cabeça negativamente e pensando o quanto o mundo de hoje arruinou Carl, o qual, por mais que se mostrava adulto, ainda era uma criança. Talvez, pensando agora, ter matado a própria mãe foi a causa disso tudo. Eu tirei a infância de uma criança.

Porra, Gabriela.

Parabéns. 

Uns minutos antes de sairmos, entreguei a mochila de Daryl para Michonne guardar dentro do carro que usaríamos para voltar até Woodbury. Encostado no carro, estava Sam, meu irmão de farda, ele estava de braços cruzados, olhando além das nossas cercas.

— Quer mesmo fazer isso? – Perguntei a ele, me encostando no carro, ao seu lado – Sam, o negócio vai ser feio.

— Eu sei. – Ele comentou, olhando de relance para mim – Mas é por isso que eu vou.

— Não acho que fará bem pra você. – Murmurei, respirando alto

Sam virou o rosto para me olhar e olhou em meus olhos, durante longos segundos, antes de soltar um riso.

— Nossa, você mudou. – Ele me disse, balançando a cabeça negativamente enquanto me olhava – Ou melhor, essas pessoas te mudaram.

Aceitei aquilo como um elogio, já que eu realmente tinha mudado e tinha consciência disso. Depois de conhecer essas pessoas, depois de passarmos tantas coisas juntos, é normal mudar.

Mudei pra melhor.

O som da moto de Daryl nos fez olhar para o lado e acompanhá-lo. O caçador parou a moto uns centímetros mais à frente do carro onde estávamos e desceu, carregando uma jaqueta de couro consigo.

— Aqui. – Daryl me estendeu a minha jaqueta e assim que eu a peguei, ele acrescentou – Pra você parar de tremer igual a um frango.

— Que comparação ótima. – Murmurei para ele, erguendo uma sobrancelha enquanto o olhava e vestia a jaqueta – Você soube? – Perguntei um tanto quanto animada e isso o fez aderir a uma feição de desconfiança

Aposto que estava pensando que eu tinha aprontado alguma coisa.

— Soube o que? – Daryl me perguntou, logo em seguida

— Glenn e Maggie. – Respondi, com um grande sorriso nos lábios – Eles vão se casar.

A feição de surpresa de Daryl foi substituída por uma de diversão, assim que me ouviu soltar um gritinho de animação, feito uma menina de dez anos, ou menos.

— Espalhando a notícia? – Maggie perguntou rindo, estava caminhando em nossa direção, com seu noivo ao seu lado e assim que chegou perto o suficiente de nós, olhou para Daryl – Se ela está agindo assim hoje, imagina ontem quando eu contei. Achei que ia morrer sufocada de tantos abraços.

— Eu também vou casar e não ganhei abraços. – Glenn murmurou, olhando de canto de olho na minha direção

Dei risada e pulei em cima dele, o abraçando com força.

— Imagina quando ela for a noiva. – Sam comentou com Maggie, quando eu larguei de Glenn – Vai sair dando abraços em todo mundo.

— Ah, vai se ferrar. – Resmunguei, lhe dando um tapa fraco no braço

Mas mesmo assim não deixei de sorrir, estava feliz, feliz por eles. Daryl estava se mantendo em silencio e aposto que tinha ficado assustado com a insinuação de casamento, o nosso casamento. Eu não era iludida o suficiente para comparar o caçador com o coreano, sabia que eram pessoas diferentes e por isso, não esperava que Daryl se ajoelhasse na minha frente, me estendendo um anel de brilhantes enquanto me pedia para ser sua esposa.

Aquilo não aconteceria.

— Ei, Rick. – Glenn o cumprimentou, assim que o viu caminhar na nossa direção e logo acrescentou – Maggie e eu vamos ficar. Não sabemos onde está o Governador. Se ele voltar, o deteremos.

— Só vamos nós cinco? – Daryl perguntou, saindo de seu silencio – Muito bem.

— Tomem cuidado, os dois. – Eu lhes disse, respirando fundo – Nos vemos quando voltarmos.

Assim que os vi concordar, me afastei deles e caminhei até a moto, onde me sentei na garupa e abracei Daryl pela cintura. Fechei os olhos por alguns segundos e respirei fundo novamente.

Seriamos em cinco.

Cinco pessoas para atacar uma cidade.

Assim que todos que iriam sair se preparam, o resto do grupo que iria ficar abriu os portões e nós saímos, em direção a Woodbury. Mas nós não contávamos que no meio do caminho, encontraríamos o comboio de carros do Governador, parado em meio a estrada, com corpos de mortos espalhados por todo o lado. Desci da moto segundos depois que Rick, Sam e Michonne tinham descido do carro em que estavam. Aproveitei o fato de Daryl e Michonne estarem matando caminhantes próximos e me espreguicei, para depois caminhar desviando dos corpos do chão. Havia um caminhão militar logo do meu lado, me lembrando de que além do carro militar que eles haviam deixado em nosso campo, eles tinham mais material militar, material roubado e sujo de sangue de homens bons.

Talvez dos meus homens.

— Esses são os homens do Governador. – Sam anunciou, depois de olhar ao redor, na direção dos mortos

Rick passou por mim e foi diretamente em direção ao jipe que estava mais à frente, matou um caminhante que estava se alimentando do motorista morto e depois olhou ao redor.

Um barulho ao meu lado quase me fez pular de susto, assim como os outros. Tirei minha pistola do coldre e apontei para o vidro do caminhão militar, em direção a uma mulher, a qual apoiava as duas mãos no vidro e nos olhava. Enquanto Rick se aproximava de nós, Daryl abriu a porta do caminhão e mandou a mulher sair, com um aceno apressado de mão. Acompanhei os movimentos da mulher com a minha pistola e assim que ela percebeu, levantou as mãos. Atrás dela, meu namorado checava se tinha mais alguém escondido no caminhão e quando viu que não tinha, fechou a porta.

— Qual seu nome? – Perguntei a ela, analisando seu rosto

Parecia aterrorizada.

E olha que não tínhamos feito nada.

— Essa é a Karen. – Sam me contou e com a mão, abaixou minha arma – É inofensiva, não é, Karen?

A mulher olhou para Sam e balançou a cabeça positivamente.

— Certo, Karen. – Murmurei alto, voltando a guardar a pistola no coldre, enquanto a olhava – Precisamos saber o que aconteceu.

Assim que ela abriu a boca para nos contar, detalhe por detalhe, precisei tentar não mostrar a minha feição de surpresa. Karen nos contou como que o Governador pirou e atirou em todo mundo e também nos disse como conseguiu se passar por morta, para não morrer também.

Ela também nos contou que ele havia fugido.

E que Andrea tinha fugido para a prisão.

Mas ela nunca chegou até nós.

Chegamos a Woodbury depois do anoitecer, recebendo a única luz possível para a iluminação, a Lua. Os portões da cidade estavam fechados e por isso, redobramos os cuidados. A minha frente, estava Rick, liderando o caminho, meio abaixado enquanto empunhava sua metralhadora. Daryl, Sam, Michonne e Karen estavam logo atrás de nós, imitando os passos de Rick.

Olhei ao redor, assim que passei pelo bangalô branco enfeitado por bandeiras dos Estados Unidos. Estávamos a uns bons passos dos portões assim que um tiro acertou o chão, perto meus pés, um tiro de aviso. Daryl, Rick e Sam, os quais estavam com as armas pesadas começaram a atirar em direção ao posto de guarda do portão da cidade no mesmo segundo, nos dando tempo para corrermos até um carro próximo e nos protegermos. Karen grunhiu assustada e se abaixou logo atrás de mim, me virei para olha-la, durante alguns segundos e constatei que ela não tinha sido ferida, enquanto os tiros ecoavam ao nosso redor.

Houve um breve silencio e isso bastou para a mulher que vivia na cidade do Governador se levantar e gritar.

— Tyreese! – Ela berrou – Sou eu, não...

Ela se calou assim que me escutou resmungar e a puxei por sua camiseta, em direção ao chão, onde estávamos.

— Fica abaixada! – Lhe disse em um outro resmungo

— Karen! – Uma voz estranhamente conhecida gritou de volta – Karen, você está bem?

— Eu estou bem! – Karen gritou e se levantou novamente, levantando as mãos, enquanto se afastava de mim

— Cadê o Governador? – O homem perguntou, ainda gritando

— Ele atirou em todos, matou todo mundo. – Karen lhe respondeu, alto

Olhei para o lado assim que notei Daryl se mexer, ele estava em alerta.

— Por que está com eles? – O homem berrou, perguntando

— Eles me salvaram. – Karen respondeu, num tom de voz alto e claro

— Nós vamos sair! – Rick berrou, atraindo nossos olhares para si

— Não. – Daryl disse baixo, balançando a cabeça negativamente

— Estamos saindo. – Rick avisou, alto

Assim que ele se levantou e ergueu as mãos, eu o imitei. Crispando os lábios enquanto tirava o dedo do gatilho. Sam, Daryl e Michonne seguiram nossos gestos e se levantaram, erguendo suas mãos. Segui Rick de perto, enquanto caminhávamos em direção a entrada de Woodbury e assim que chegamos perto o suficiente, as pessoas lá de dentro abriram o portão. O dono da voz conhecida era Tyreese, o homem que a uns dias atrás, procurou abrigo em nossa prisão. Ao seu lado, estava sua irmã, Sasha.

— O que estão fazendo aqui? – Tyreese nos perguntou, assim que nos viu abaixar nossas mãos

— A gente vinha terminar tudo, até virmos o que o Governador fez. – Rick lhe respondeu, depois de olhar o lado, na nossa direção

— Ele os matou. – Tyreese disse, balançando a cabeça negativamente

— Sim. – Rick comentou e em seguida respirou fundo - A Karen contou que a Andrea fugiu para ir à prisão.

— Ela não chegou lá. – Eu lhe disse, colocando de outra maneira o que Rick queria dizer para ele – Talvez ela esteja aqui.

Depois de atravessar a cidade com Tyreese e Sasha, e seguir em direção ao lugar onde Andrea talvez estaria presa, um sentimento muito ruim se apoderou do meu corpo. Estar ali me fazia lembrar de tudo de ruim que o ser humano é capaz de fazer.

— Foi aqui que ele nos prendeu. – Comentei com eles

— O Governador prendia gente? – Tyreese perguntou surpreso

— Ele fazia mais do que isso. – Daryl lhe disse, num tom de voz frio

Quando viramos no corredor, apontando nossas armas para a porta no fim do corredor. Havia algo dentro da sala que estava vazando sangue.          

— Quem vai abrir? – Michonne nos perguntou, quebrando o silencio

Eu me adiantei em direção a porta e estendi a minha mão, até tocar no metal gelado. Rick e Daryl se aproximaram da porta, com as armas levantadas.

— Um, - Contei aos sussurros – dois...

Quando falei três, empurrei a porta bruscamente e levantei a pistola, apontando para dentro da sala. Havia um caminhante morto, perto de uma cadeira de tortura. A respiração pesada de Rick me fez olhar para onde ele encarava, perto da porta, de onde estávamos, conseguíamos ver pés femininos.

— Andrea! – Michonne murmurou, preocupada

Assim que ela correu em direção a Andrea, largou sua espada no chão. O grupo entrou na sala e a visão que eu tive não foi nada agradável. Andrea estava sentada no chão, encostando as costas na parede ao lado da porta, ela estava pálida e seus olhos estavam avermelhados.

— Eu tentei impedi-lo. – Andrea nos contou, olhava para Rick, o qual tinha acabado de se ajoelhar na sua frente

— Está queimando de febre. – Michonne avisou, depois de colocar a mão em sua testa

Andrea abaixou a cabeça por alguns segundos, moveu sua mão tremula e ensanguentada até a gola de sua camiseta e a abaixou até seu pescoço, nos mostrando uma mordida. Um grunhido involuntário escapou dos meus lábios e eu passei a mão pelo rosto, a mordida estava feia e não podíamos fazer nada para ajudá-la. Daryl veio para o meu lado e ali ficou, olhando atentamente para a mulher ferida.

— Judith, Carl, o resto deles...

— De nós. – Rick interrompeu Andrea – O resto de nós.

— Ainda estão vivos? – Andrea perguntou, depois de balançar a cabeça positivamente

— Sim, estão. – Rick lhe respondeu

— Que bom que os encontrou. – Andrea disse, olhando para Michonne, depois de sorrir aliviada – Ninguém consegue viver sozinho agora.

Michonne concordou com a cabeça, ela estava tentando não chorar.

— Nunca pude. – Daryl comentou e logo em seguida senti seu braço me abraçar pelos ombros, me puxando para mais perto – E antes também não dava.

— Só queria que ninguém morresse. – Andrea nos disse, antes de se ajeitar e respirar fundo – Posso fazer eu mesma.

— Não. – Michonne negou logo em seguida

— Não, é preciso. – Andrea lhe disse, com um sorriso nos lábios – Enquanto ainda posso. – Ela desviou o olhar e encarou Rick – Por favor. Sei como funciona a trava se segurança.

Mordi meus lábios e fechei os olhos, sentindo as lagrimas molharem as minhas bochechas. Aposto que se ela soubesse que sorrir e dizer coisas relacionadas a acontecimentos passados não fazia bem para o nosso emocional, tenho certeza que pararia com aquilo. Ao abrir meus olhos, vi que Rick já tinha entregado seu revolver na mão de Andrea.

— Não vou sair daqui. – Michonne a comunicou, com o tom de voz sério

Andrea concordou e passou seu olhar por nós, antes de voltar a encarar o policial.

— Eu tentei. – Andrea comentou, sua voz estava embargada

— Sim. – Rick concordou baixo, olhando-a nos olhos – Você tentou.

Rick se levantou e no mesmo instante senti Daryl apertar o meu ombro. Sabia o que aquilo significava, estava na hora, tínhamos que sair. Dei uma última olhada em direção a Andrea e respirei fundo, deixando que o caçador me conduzisse em direção ao corredor. Assim que todos menos Michonne saíram, Rick encostou a porta e a fechou. Tyreese estava sentado em uma pilha de pallets, nos olhando. Ele sabia o quão difícil era aquilo. Abracei Daryl e escondi meu rosto em seu peito, enquanto o sentia me apertar o quanto queria.

Quando o som do tiro veio, o ar pareceu faltar em meus pulmões.

O ônibus escolar foi o meio de transporte que escolhemos para levar o resto dos habitantes de Woodbury para a prisão. Era o mais sensato a fazer, em uma situação como aquela. Vi que assim que chegamos na prisão, o nosso grupo estranhou a decisão, mas nos apoiou no final das contas. Enquanto as pessoas saiam do ônibus e eram recebidas por Hershel com apertos de mãos, eu olhei ao redor, para a prisão.

Aquele era um recomeço, não só para nós, mas também para os novos integrantes do grupo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Penúltimo capitulo da terceira temporada, só posso dizer que o próximo vai deixar as coisas muito mais complicadas para Gabriela e o grupo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "TWD - Terceira Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.